Fanfics Brasil - Capítulo 9 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 9 (2ª Temporada)

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Um dos sem-Facção acendeu uma fogueira para esquentarmos nossa comida. Os que querem comer reúnem-se em uma roda em volta de uma bacia enorme de metal onde se encontra a fogueira, primeiro aquecendo as latas e distribuindo colheres e garfos, depois passando as latas de mão em mão, para que todos possam comer um pouco de tudo. Tento não pensar no número de doenças que poderiam se espalhar assim enquanto mergulho a minha colher em uma lata de sopa.
Edward senta-se no chão ao meu lado e pega a lata de sopa da minha mão.
– Então vocês eram todos da Abnegação, não é? – Ele enfia vários pedaços de
macarrão e um de cenoura na boca, e passa a lata para a mulher à sua direita.
– Sim, nós éramos. Mas, como você já sabe, eu e Christopher nos transferimos, e... – De repente me dou conta de que não devo contar a ninguém que Caleb juntou-se à Erudição. – Caleb e Susan ainda são da Abnegação.
– E o Caleb é seu irmão. Você abandonou a sua família para juntar-se à Audácia?
– Você está parecendo alguém da Franqueza – respondo, irritada. – Que tal guardar suas opiniões para si mesmo?
Therese inclina-se em nossa direção.
– Na verdade, ele costumava ser da Erudição, e não da Franqueza.
– É, eu sei. Eu...
Ela me interrompe:
– Eu também era, mas fui obrigada a sair.
– O que houve?
– Eu não era inteligente o bastante. – Ela dá de ombros e pega uma lata de
feijão da mão de Edward, mergulhando sua colher dentro dela. – Minha nota no teste de inteligência da iniciação não foi boa o bastante. Então, eles disseram
“Passe o resto da vida limpando o laboratório de pesquisa ou vá embora”. Decidi ir embora.
Ela olha para baixo e limpa a colher com a língua. Pego os feijões dela e passoos
para Christopher, que encara o fogo.
– Há muitos de vocês da Erudição? – pergunto.
Therese balança a cabeça.
– Na verdade, a maioria é da Audácia. – Ela acena com a cabeça na direção de Edward, e ele franze a testa. – Os outros são da Erudição, da Franqueza e alguns poucos da Amizade. Ninguém é reprovado na iniciação da Abnegação, então temos poucas pessoas de lá, exceto por algumas que sobreviveram ao ataque da simulação e procuraram abrigo aqui.
– Acho que o fato de haver tantas pessoas da Audácia não deveria me surpreender – digo.
– É verdade. A iniciação deles é uma das piores, e existe aquela coisa da velhice.
– Coisa da velhice? – pergunto.
Olho para Christopher. Agora ele está prestando atenção e sua aparência é quase normal, com os olhos pensativos e escuros sob a luz da fogueira.
– Quando os membros da Audácia atingem um certo grau de deterioração física explica ele –, são convidados a deixar a facção. De uma maneira ou de outra.
– Qual é a outra maneira? – Meu coração dispara, como se já conhecesse a resposta que eu não consigo encarar sem perguntar.
– Digamos apenas que, para algumas pessoas, é melhor morrer do que se tornar um sem-facção – responde ele.
– Essas pessoas são idiotas – diz Edward. – Prefiro ser um sem-facção do que um membro da Audácia.
– Sorte a sua que você veio parar aqui, então – observa Christopher, friamente.
– Sorte? – Edward solta uma bufada irônica. – É. Sou muito sortudo, com meu único olho e tal.
– Lembro-me de ouvir boatos que diziam que você provocou aquele ataque – diz
Christopher.
– Como assim? – intervenho. – Ele estava vencendo, só isso, e Peter ficou com inveja, então ele...
Vejo o sorrisinho no rosto de Edward e paro de falar. Talvez eu não saiba de tudo o que ocorreu durante a iniciação.
– Houve um incidente antes – explica Edward. – E Peter não saiu vitorioso dele.
Mas isso certamente não justifica uma faca de manteiga no olho.
– Concordo com você – responde Christopher. – Se isso o faz se sentir melhor, ele levou um tiro à queima-roupa no braço durante o ataque da simulação.
Isso realmente parece fazer Edward se sentir melhor, porque ele passa a sorrir ainda mais.
– Quem atirou nele? Você?
Christopher balança a cabeça.
– Dul.
– Muito bem – diz Edward.
Eu aceno com a cabeça, mas me sinto um pouco enojada por ser parabenizada por isso.
Bem, nem tão enojada assim. Afinal de contas, foi Peter.
Encaro as chamas abraçarem os pedaços de madeira que as alimentam. Elas se movem e se transformam, como os meus pensamentos. Lembro-me da primeira vez que me dei conta de que nunca havia visto um membro idoso da Audácia.
Lembro-me também de quando percebi que meu pai era velho demais para subir os caminhos do Fosso. Agora compreendo isso melhor do que gostaria.
– Você sabe dizer como as coisas andam agora? – pergunta Christopher a Edward. – Todos os membros da Audácia se juntaram à Erudição? A Franqueza fez alguma coisa?
– A Audácia está dividida – diz Edward com a boca cheia. – Metade se encontra na sede da Erudição, e a outra metade na sede da Franqueza. O que restou da Abnegação está aqui, conosco. Não aconteceu muita coisa até agora. Exceto pelo que aconteceu com vocês, é claro.
Christopher acena com a cabeça. Fico um pouco aliviada em saber que pelo menos metade dos membros da Audácia não nos traiu.
Como colherada após colherada, até ficar de estômago cheio. Depois, Christopher arruma catres e cobertas, e eu encontro um canto vazio para deitarmos. Quando ele se abaixa para desamarrar os sapatos, vejo o símbolo da Amizade na parte inferior das suas costas, com os galhos curvando-se sobre sua espinha. Quando ele ajeita o corpo, piso nos lençóis e o abraço, roçando a tatuagem com os dedos.
Christopher fecha os olhos. Espero que o fogo minguante nos esconda enquanto acaricio as suas costas, tocando cada tatuagem, sem vê-las. Imagino o olho fixo da Erudição, a balança desequilibrada da Franqueza, as mãos unidas da Abnegação e as chamas da Audácia. Com a outra mão, encontro a chama tatuada sobre o tórax de Christopher. Sinto a respiração pesada dele contra a minha bochecha.
– Queria que estivéssemos sozinhos – diz ele.
– Eu quase sempre quero isso – respondo.


 


 


 


 


                                                +++


 


 


 


 


Caio no sono, embalada pelo som de conversas distantes. Ultimamente, tenho mais
facilidade em cair no sono quando há barulho ao meu redor. Consigo concentrar-me no barulho, não nos pensamentos que invadiriam a minha mente se houvesse silêncio. O barulho e a atividade são os refúgios dos enlutados e dos culpados.
Quando acordo, o fogo se reduziu a uma pequena brasa, e apenas alguns poucos sem-facção continuam acordados. Demoro alguns segundos para descobrir por que acordei: ouvi as vozes de Alexandra e Christopher a alguns metros de mim. Fico imóvel, esperando que eles não descubram que estou acordada.
– Você vai ter que me explicar o que está acontecendo aqui, se quiser que eu
considere ajudá-la – diz ele. – Embora eu ainda não entenda por que precisa de mim.
Vejo a sombra de Alexandra na parede, tremeluzindo com o fogo. Ela é esguia e forte como Christopher. Seus dedos embaraçam-se em seu cabelo enquanto ela fala:
– O que você gostaria de saber exatamente?
– Fale-me sobre o gráfico. E o mapa.
– Seu amigo acertou quando disse que o mapa e o gráfico listavam nossos abrigos secretos. Mas errou a respeito da contagem de população... mais ou menos. Os números não incluem todos os sem-facção, apenas alguns deles. E aposto que você consegue adivinhar quais são.
– Não estou com paciência para adivinhações.
Ela suspira:
– Os Divergentes. Estamos contando os Divergentes.
– Como você sabe quem eles são?
– Antes do ataque da simulação, uma das ações da campanha da Abnegação foi um teste de pessoas sem-facção, para detectar certas anomalias genéticas. Às vezes, os testes incluíam uma segunda aplicação do teste de aptidão. Outras vezes, a questão era mais complicada. Mas eles nos explicaram que suspeitavam que nossa população Divergente é maior do que a de qualquer outro grupo da cidade.
– Não entendo. Por que...
– Por que os sem-facção têm uma população Divergente tão grande? – Pelo tom da sua voz, ela deve estar sorrindo. – É claro que aqueles que não conseguem confinar-se a uma única forma de pensar teriam uma chance maior de deixar uma facção ou de ser reprovados nas iniciações, certo?
– Não era isso o que eu ia perguntar. Quero saber por que você se importa com a quantidade de Divergentes que existem.
– A Erudição está à procura de mão de obra. Eles a encontraram temporariamente na Audácia. Agora, vão procurar mais, e nós somos a opção mais óbvia, a não ser que descubram que nós contamos com mais Divergentes do que qualquer outro grupo. Caso eles não descubram, quero saber quantos de nós somos resistentes às simu lações.
– Entendo, mas por que a Abnegação estava tão interessada em descobrir quem é Divergente? Não era para ajudar Jeanine, era?
– É claro que não. Mas, infelizmente, não sei. A Abnegação não estava disposta a revelar informações que, segundo eles, só serviam para aliviar a nossa curiosidade.
Eles nos contaram apenas o que acreditavam que devería mos saber.
– Estranho – murmura ele.
– Talvez você deva questionar o seu pai a respeito disso – sugere ela. – Foi ele quem me falou sobre você.
– Sobre mim? O que ele falou sobre mim?
– Que suspeitava que você fosse Divergente. Ele estava sempre de olho em você. Reparando no seu comportamento. Ele prestava muita atenção em você. Por isso... por isso, pensei que você estaria seguro com ele. Mais seguro do que
comigo.
Christopher permanece em silêncio.
– Hoje, vejo que eu provavelmente estava errada.
Ele continua em silêncio.
– Eu gostaria... – Ela começa a dizer.
– Não se atreva a pedir desculpa. – Sua voz treme. – Isso não é algo que você pode consertar com uma ou duas palavras, com alguns abraços ou coisa parecida.
– Tudo bem. Tudo bem. Não vou pedir desculpa.
– Por que os sem-facção estão se reunindo? O que vocês pretendem fazer?
– Queremos derrubar a Erudição. Quando nos livrarmos deles, será difícil nos impedirem de tomar o governo.
– Você quer que eu a ajude a fazer isso? A derrubar um governo corrupto e substituí-lo por uma tirania sem-facção. – Ele ri com desdém. – De jeito nenhum.
– Não queremos ser tiranos – insiste ela. – Queremos estabelecer uma nova sociedade. Uma sociedade sem facções.
Minha boca fica seca. Sem facções? Um mundo onde ninguém sabe quem é ou onde pertence? Não consigo nem imaginar isso. Só consigo imaginar o caos e o isolamento que isso provocaria.
Christopher solta uma gargalhada.
– Certo. E como vocês planejam derrubar a Erudição?
– Às vezes, mudanças trágicas exigem medidas trágicas. – A sombra de Alexandra ergue um ombro. – Imagino que isso envolverá um alto grau de destruição.
Sinto um arrepio ao ouvir a palavra “destruição”. Em alguma parte obscura do meu ser, anseio por destruição, desde que seja a Erudição a ser destruída. Mas a palavra agora tem um significado novo para mim, desde que testemunhei a sua verdadeira aparência: corpos vestidos de cinza jogados sobre meios-fios e calçadas, líderes da Abnegação baleados em seus próprios jardins, ao lado de suas caixas de correio. Aperto o rosto contra o catre sobre o qual estou dormindo, tão forte que minha testa dói, só para tentar mandar essa lembrança para longe, longe, longe.
– Quanto ao motivo pelo qual preciso de você – diz Alexandra. – Para conseguirmos levar isso a cabo, precisamos da ajuda da Audácia. Eles contam com armas e experiência de combate. Você poderia fazer a ponte entre eles e nós.
– Você acha que sou importante para a Audácia? Bem, não sou. Sou apenas uma pessoa que não tem medo de muita coisa.
– O que estou sugerindo é que você se torne importante. – Ela se levanta, e sua sombra se estende do chão até o teto. – Tenho certeza de que você daria um jeito de conseguir isso, se quisesse. Pense nisso.
Ela puxa o cabelo encaracolado para trás e o amarra em um nó.
– A porta está sempre aberta.
Alguns minutos depois, ele se deita novamente ao meu lado. Não quero admitir que estava bisbilhotando, mas quero dizer a ele que não confio em Alexandra nem nos sem-facção, nem em qualquer pessoa que fale de maneira tão natural em destruir uma facção inteira.
Antes que eu consiga juntar coragem para falar, a respiração dele torna-se constante, e ele cai no sono.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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