Fanfics Brasil - Capítulo 30 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 30 (2ª Temporada)

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Eu li em algum lugar, uma vez, que o choro desafia a explicação científica. Lágrimas são apenas para lubrificar os olhos. Não há razão real para as glândulas lacrimais produzirem lágrimas por causa das emoções.


Eu acho que nós choramos para libertar as partes de animal em nós, sem perdermos a humanidade. Porque dentro de mim há uma fera que rosna, grunhe e se esforça para a liberdade, para Christopher, e, acima de tudo, para a vida. E por mais que eu tente, não consigo matá-la.


Ao invés, soluço em minhas mãos.


Esquerda, direita, direita. Esquerda, direita, esquerda. Direita, direita. Nossas voltas, em ordem, do nosso ponto de origem – minha cela – para nosso destino.


É uma nova sala. Nela, há uma cadeira parcialmente reclinada, como uma cadeira de dentista. Num canto há uma tela e uma mesa. Jeanine senta nela.


— Onde ele está? — pergunto.


Eu tenho esperado por horas para perguntar isso. Dormi e sonhei que estava seguindo Christopher na sede da Audácia. Não importava quão rápido eu corria, ele estava sempre muito à frente, e eu o observava sumir nos cantos, vendo lampejos de uma manga ou o salto de um sapato.


Jeanine me lança um olhar inquisitivo. Mas ela não está com dúvida. Está jogando comigo.


— Christopher — falo de qualquer maneira. Minhas mãos tremem, mas não por medo dessa vez – por raiva. — Onde ele está? O que você está fazendo com ele?


— Eu não vejo razão para te dar essa informação — Jeanine diz. — E já que você não é influenciável, não vejo modo de você me dar uma razão, a menos que queira mudar os termos do nosso acordo.


Eu queria gritar para ela que é claro, é claro, que prefiro saber sobre Christopher à minha Divergência, mas eu não grito. Não posso tomar decisões precipitadas. Ela vai fazer o que pretende fazer com Christopher, eu sabendo o que é ou não. É mais importante que eu entenda completamente o que está acontecendo comigo.


Eu inspiro pelo nariz, e expiro pelo nariz. balanço minhas mãos. Me sento na cadeira.


— Interessante — ela comenta.


— Você não deveria estar comandando uma facção e planejando uma guerra? — pergunto. —  O que você está fazendo aqui, aplicando testes em uma garota de dezesseis anos?


— Você escolhe diferentes formas de se referir a si mesma dependendo do que é conveniente — ela diz, se recostando na cadeira. — Às vezes você insiste que não é uma garotinha, e às vezes insiste que é. O que eu estou curiosa para saber é: como você realmente se enxerga? Como um ou como outro? Como ambos? Como nenhum?


Eu faço minha voz monótona e concreta, como a dela.


— Eu não vejo razão para fornecer essa informação.


Ouço um fraco bufar. Peter está cobrindo sua boca. Jeanine lança um olhar a ele, e sua risada se transforma sem esforço numa crise de tosse.


— Zombaria é infantil, Dulce — ela diz. — Isso não lhe cai bem.


— Zombaria é infantil, Dulce — eu repito na minha melhor imitação da voz dela. — Isso não lhe cai bem.


— O soro — Jeanine diz, encarando Peter.


Ele dá um passo à frente e se atrapalha com uma caixa preta na mesa, tirando uma seringa com uma agulha já presa a ela.


Peter começa a vir em minha direção, e eu estico minha mão.


— Permita-me — eu digo.


Ele olha para Jeanine para permissão, e ela responde:


— Tudo bem, então.


Ele me entrega a seringa e eu espeto a agulha na lateral do meu pescoço, apertando o êmbolo. Jeanine aperta um dos botões com seu dedo, e tudo fica preto.


 
________________________________________________________________
 


Minha mãe está em pé no corredor, com seu braço esticado sobre a cabeça, então ela pode segurar a barra. Seu rosto está virado, não para as pessoas sentadas ao meu redor, mas para a cidade em que passamos enquanto o ônibus dá guinadas para frente. Vejo rugas em sua testa e ao redor de sua boca enquanto ela faz uma carranca.


— O que foi? — pergunto a ela.


— Há tanto a ser feito — ela diz, com um pequeno gesto para fora das janelas do ônibus. — E tão poucos de nós restamos para fazer.


Está claro ao que ela está se referindo. Além do ônibus há entulhos tão longe quanto eu posso ver. Do outro lado da rua, um prédio está em ruínas. Fragmentos de vidro nos becos. Eu me pergunto o que causou tamanha destruição.


— Onde estamos indo? — pergunto.


Ela sorri para mim, e eu vejo rugas diferentes das anteriores, nos cantos de seus olhos.


— Nós vamos para a sede da Erudição.


Eu franzo as sobrancelhas. A maior parte da minha vida foi gasta evitando a sede da Erudição. Meu pai costumava dizer que ele nem mesmo gostava de respirar o ar de lá.


— Por que estamos indo para lá?


— Eles vão nos ajudar.


Por que eu sinto uma angústia no estômago quando penso no meu pai? Imagino seu rosto, intemperizado por uma vida de frustração com o mundo ao seu redor, e seu cabelo, mantido curto pelos padrões da Abnegação, e sinto o mesmo tipo de dor no meu estômago quando não como nada em muito tempo – uma dor vazia.


— Algo aconteceu ao papai? — pergunto.


Ela balança a cabeça.


— Por que você pergunta isso?


— Eu não sei.


Eu não sinto dor quando olho para minha mãe. Mas sinto que cada segundo que nós passamos apenas poucos centímetros afastadas, é um que eu devo gravar em minha mente até que toda a minha memória tome forma. Mas se ela não é permanente, o que ela é?


O ônibus para, e as portas se abrem. Minha mãe anda pelo corredor e eu a sigo. Ela é mais alta que eu, então olho por entre seus ombros, para o topo de suas costas. Ela parece frágil, mas não é.


Eu desço para o chão. Pedaços de vidro estalam sob meus pés. Eles são azuis e, julgando pelos buracos no prédio à minha direita, costumavam ser janelas.


— O que aconteceu?


— Guerra — minha mãe diz. — Isso é o que nós tentávamos tanto evitar.


— E a Erudição vai nos ajudar... fazendo o quê?


— Temo que tudo que seu pai disse sobre a Erudição tenha afetado seu julgamento — ela diz gentilmente. — Eles cometeram erros, é claro, mas eles, como todo mundo, são uma mistura de bem e mal, não só um ou o outro. O que nós faríamos sem nossos médicos, cientistas, professores?


Ela alisa meu cabelo.


— Tenha o cuidado de lembrar-se disso, Dulce.


— Eu vou — prometo.


Nós continuamos andando. Mas algo sobre o que ela disse me incomoda. Foi o que ela disse sobre o meu pai? Não – meu pai está sempre reclamando sobre a Erudição. Foi o que ela disse sobre a Erudição? Eu salto sobre um grande pedaço de vidro. Não, não pode ser isso. Ela estava certa sobre a Erudição. Todos os meus professores eram da Erudição, assim como o médico que curou o braço da minha mãe quando ela o quebrou há muitos anos atrás.


É a última parte. Tenha o cuidado de lembrar-se. Como se ela não fosse ter a oportunidade de me lembrar depois.


Eu sinto algo mudar em minha mente, como se algo que estivesse fechado, acabou de abrir.


— Mãe? — chamo.


Ela olha para mim. Uma mecha de cabelo loiro cai de seu coque e toca sua bochecha.


— Eu te amo.


Aponto para uma janela à minha esquerda, e ela explode. Pedaços de vidro chovem sobre nós.


_________________________________________________________________


Não quero acordar num quarto na sede da Erudição, então não abro os olhos de imediato, nem quando a simulação acaba. Tento preservar a imagem da minha mãe e o cabelo caindo sobre sua bochecha tanto tempo quanto posso. Mas quando tudo o que vejo é a vermelhidão das minhas próprias pálpebras, eu as abro.


— Você vai ter que fazer melhor que isso — falo para Jeanine.


Ela responde:


— Isso foi só o começo.




manoellaaguiar_ : Contuando linda bjss {#emotions_dlg.kiss}


 


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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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