Fanfics Brasil - Capítulo 33 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 33 (2ª Temporada)

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– Dulce.
Acordo assustada. A sala onde estou agora, para uma experiência qualquer que eles querem fazer comigo, é grande, com monitores na parede dos fundos, luzes azuis brilhando logo acima do chão e fileiras de bancos acolchoados no meio. Estou sentada no banco mais ao fundo da sala, com Peter à minha esquerda. Continuo não conseguindo dormir o suficiente.
Agora, não queria nem ter acordado. Caleb está em pé a poucos metros de distância, apoiado em um dos pés, em uma postura de insegurança.
– Você chegou a deixar a Erudição em algum momento? – pergunto.
– Não é tão simples assim. – Começa ele. – Eu...
– É simples assim, sim. – Quero gritar, mas minha voz soa inexpressiva. –
Quando foi exatamente que você traiu nossa família? Antes de nossos pais
morrerem ou depois?
– Fiz o que precisava fazer. Você acha que compreende a situação, Dulce, mas não compreende. Toda essa situação... ela é muito maior do que você imagina. – Seus olhos imploram para que eu compreenda, mas reconheço o tom de sua voz. É o tom que ele usava quando éramos mais jovens, para me censurar. É um tom condescendente.
A arrogância é uma das falhas do coração daqueles que pertencem à Erudição.
Sei disso. Ela muitas vezes está presente no meu.
Mas a ganância é outra. E eu não tenho essa falha. Portanto, estou na metade do caminho, como sempre.
Eu me levanto.
– Você ainda não respondeu a minha pergunta.
Caleb dá um passo para trás.
– A questão aqui não é a Erudição, mas todo o mundo. Todas as facções e a cidade. E o que se encontra do lado de fora da cerca.
– Não importa – digo, mas isso não é verdade. A frase “do lado de fora da cerca” atiça a minha curiosidade. Do lado de fora? Como isso pode ter a ver com o que se encontra do lado de fora?
Um pensamento se forma no fundo da minha mente. Víctor disse que o ataque de Jeanine contra a Abnegação foi motivado por uma informação que a Abnegação possuía. Será que essa informação tem algo a ver com o que está lá fora também?
Afasto momentaneamente esse pensamento.
– Pensei que sua maior preocupação fossem os fatos. E a liberdade de informação. E quanto a esse fato, Caleb? Quando... – Minha voz treme. – Quando foi que você traiu nossos pais?
– Sempre fui da Erudição – diz ele suavemente. – Mesmo quando eu deveria pertencer à Abnegação.
– Se você está com a Erudição, eu o odeio. Assim como nosso pai o odiaria.
– Nosso pai. – Caleb dá uma pequena risada debochada. – Nosso pai era da
Erudição, Dulce. Jeanine me contou. Ele era da turma dela na escola.
– Ele não era da Erudição – digo, depois de alguns segundos. – Ele escolheu deixá-los. Escolheu outra identidade, assim como você, e se transformou em outra coisa. Só que você escolheu esse... esse mal.
– Você soa exatamente como alguém da Audácia – diz Caleb, irritado. – É sempre uma coisa ou outra, não é? Não há nuança alguma. O mundo não funciona assim, Dulce. O mal depende do ponto de vista de quem o vê.
– Não importa o que acontecer, sempre considerarei que controlar mentalmente uma cidade inteira é um ato de maldade. – Sinto o meu lábio tremendo. – Continuarei achando que entregar a própria irmã para que ela seja estudada e executada é um ato de maldade!
Ele é meu irmão, mas quero despedaçá-lo.
No entanto, em vez de tentar fazer isso, acabo me sentando novamente. Nunca conseguiria feri-lo o suficiente para fazer com que sua traição parasse de doer em mim. E ela dói em todas as partes do meu corpo. Aperto os dedos contra o peito, para massageá-lo e tentar afastar um pouco a tensão acumulada.
Jeanine e seu exército de cientistas da Erudição e traidores da Audácia entram na sala, enquanto enxugo lágrimas das minhas bochechas. Pisco rapidamente para que ela não consiga ver meu choro. Ela quase nem olha para mim.
– Que tal vermos os resultados? – anuncia ela. Caleb, que agora está ao lado dos monitores, aperta um botão, e eles são ligados. Palavras e números que eu não entendo surgem nas telas.
– Descobrimos algo extremamente interessante, srta. Saviñón. – Nunca a havia visto tão animada. Ela está quase sorrindo, mas nem tanto. – Você tem uma abundância de um tipo de neurônio, chamado, simplesmente, de neurônio-espelho. Alguém gostaria de explicar para a srta. Saviñón exatamente o que os neurônios-espelho fazem?
Todos os cientistas da Erudição levantam a mão ao mesmo tempo. Ela aponta para uma mulher mais velha, que está na frente.
– Neurônios-espelho disparam tanto quando alguém realiza um determinado ato quanto quando observa outra pessoa realizando o mesmo ato. Eles nos permitem imitar comportamentos.
– Pelo que mais eles são responsáveis? – Jeanine passa os olhos pela sua “turma”, da mesma maneira que meus professores faziam nos níveis superiores.
Outro cientista da Erudição levanta a mão.
– Pelo aprendizado da linguagem, a compreensão da intenção de terceiros baseada em seus comportamentos e... – Ele franze a testa. – E pela empatia.
– Para sermos mais específicos – diz Jeanine, sorrindo para mim dessa vez, um sorriso largo que enruga as suas bochechas –, alguém com muitos neurônios-espelho fortes pode ter uma personalidade flexível, capaz de imitar terceiros de
acordo com a situação, em vez de permanecer constante.
Entendo por que ela está sorrindo. Sinto como se minha mente estivesse rachada, e seus segredos estivessem derramando sobre o chão, para que eu pudesse finalmente vê-los.
– Uma personalidade flexível – diz ela – provavelmente significaria aptidão para mais de uma facção, não acha, srta. Saviñón?
– Provavelmente – respondo. – Então, se você conseguir fazer com que uma simulação suprima essa habilidade em particular, poderíamos acabar logo com isso.
– Uma coisa de cada vez. – Ela faz uma pausa. – Devo admitir que acho estranho você estar tão ansiosa para ser executada.
– Não, não acha. – Fecho os olhos. – Você não acha isso nem um pouco estranho. – Suspiro. – Agora, posso voltar para minha cela?
Devo parecer indiferente, mas não estou. Quero voltar para o meu quarto para poder chorar em paz. Mas não quero que ela saiba disso.
– Está bem, mas não se acomode muito – diz ela. – Teremos um soro de simulação para testar em breve.
– É – digo. – Tanto faz.


 


 


 


                                                                +++


 


 


 


 


Alguém sacode meu ombro. Acordo assustada, com os olhos arregalados,
vasculhando o ambiente, e vejo Christopher ajoelhado sobre mim. Ele está vestindo uma jaqueta de traidor da Audácia, e um dos lados da sua cabeça está coberto de sangue. O sangue escorre de uma ferida em sua orelha. Ele perdeu a parte de cima dela. Faço uma careta.
– O que aconteceu?
– Levante-se. Temos que correr.
– Ainda não está na hora. Ainda não se passaram duas semanas.
– Não temos tempo para explicações. Vamos.
– Meu Deus. Christopher.
Sento-me na cama a jogo os braços ao redor dele, encostando o rosto em seu pescoço. Seus braços me envolvem e me apertam. Uma sensação de calor e conforto atravessa meu corpo. Se ele está aqui, estou segura. Minhas lágrimas tornam sua pele escorregadia.
Ele se levanta e me puxa para cima, e isso faz meu ombro ferido pulsar de dor.
– Reforços chegarão em breve. Vamos.
Deixo que ele me leve para fora do quarto. Conseguimos descer o primeiro corredor sem dificuldade, mas, no segundo, encontramos dois guardas da Audácia, um homem jovem e uma mulher de meia-idade. Christopher dispara duas vezes em poucos segundos e acerta os dois tiros, um na cabeça e outro no peito. A mulher, que recebeu o tiro no peito, desaba contra a parede, mas não morre.
Seguimos em frente. Por um corredor, depois por outro, todos iguais. A mão de
Christopher, agarrada à minha, nunca fraqueja. Sei que, se ele é capaz de lançar uma faca e fazer com que ela atinja a ponta da minha orelha, ele também é capaz de atirar com precisão contra os soldados da Audácia que estiverem esperando por nós. Passamos por cima de corpos caídos, provavelmente as pessoas que Christopher matou quando foi me buscar, e finalmente alcançamos a saída de incêndio.
Christopher larga a minha mão para poder abrir a porta, e o alarme de incêndio zune em meus ouvidos, mas continuamos correndo. Estou arfando, sem ar, mas não me importo, porque estou quase escapando, e este inferno está quase acabando.
Minha visão começa a escurecer nas extremidades, então agarro o braço de Christopher com força, confiando nele para guiar-me com segurança até o final da escada.
Os degraus acabam sob meus pés e abro os olhos. Tobias está prestes a abrir a porta de saída, mas eu o seguro.
– Preciso... recuperar o fôlego...
Ele para, e eu apoio as mãos nos joelhos, inclinando o corpo para a frente. Meu ombro ainda está latejando. Franzo a testa e olho para ele.
– Vem, vamos sair daqui logo – diz ele, insistentemente.
Meu estômago afunda. Encaro seus olhos. Eles são azul-escuros, com uma mancha azul-clara na íris direita.
Seguro seu queixo e puxo seus lábios para os meus, beijando-o lentamente e suspirando ao me afastar.
– Não podemos sair daqui – digo –, porque isto é uma simulação.
Ele me levantou com a mão direita. O Christopher de verdade teria se lembrado da
ferida em meu ombro.
– O quê? – pergunta ele, irritado. – Você não acha que eu saberia se estivesse sob o efeito de uma simulação?
– Você não está sob o efeito de uma simulação. Você é a simulação.
Olho para cima e falo, em voz alta:
– Você terá que se esforçar mais do que isso, Jeanine.
Tudo o que preciso fazer agora é acordar e sei como fazer isso. Já fiz isso antes, na minha paisagem do medo, quando quebrei o tanque de vidro simplesmente encostando a palma da mão nele ou quando fiz uma arma aparecer na grama para atirar nos pássaros que desciam sobre mim. Tiro uma faca do bolso, uma faca que não estava lá antes, e desejo que minha perna seja tão dura quanto diamante.
Tento cravar a faca em minha coxa, mas a lâmina dobra.


 


 


 


                                                               +++


 


 


 


 


Acordo com lágrimas nos olhos. Acordo com o grito de frustração de Jeanine.
– O que é? – Ela agarra a arma da mão de Peter e cruza a sala rapidamente, encostando o cano na minha cabeça. Meu corpo enrijece e fica frio. Ela não atirará em mim. Sou um problema que ela não consegue resolver. Ela não atirará em mim.
– O que é que revela para você que se trata de uma simulação? Fale. Fale ou eu
mato você.
Levanto-me vagarosamente da cadeira e fico em pé, pressionando a minha pele ainda mais contra o cano da arma.
– Você realmente acha que vou contar? Acha que eu acredito que você realmente vai me matar sem descobrir a resposta para essa pergunta?
– Sua garota idiota. Você acha que a questão aqui é você e seu cérebro anormal?
A questão aqui não é você, nem eu. A questão é manter esta cidade segura de pessoas que a mergulhariam no inferno!
Junto o que resta das minhas forças e me lanço contra ela, arranhando qualquer pele que minhas unhas conseguem encontrar e cravando-as o máximo possível. Ela berra muito alto, e o som do seu grito faz meu sangue ferver. Soco o seu rosto com força.
Dois braços me envolvem e me puxam para longe dela, e um punho atinge a lateral do meu corpo. Solto um gemido e me lanço contra ela novamente, mas
Peter me segura.
– A dor não me fará revelar nada. O soro da verdade não me fará revelar nada.
As simulações não me farão revelar nada. Sou imune aos três.
O nariz dela está sangrando, e há arranhões em suas bochechas e na lateral do seu pescoço, que começam a ficar vermelhos com o sangue que brota. Ela me encara, tapando o nariz com os dedos, com o cabelo bagunçado e a mão livre tremendo.
– Você falhou. Você não é capaz de me controlar! – grito, tão alto que minha garganta dói. Paro de tentar me soltar e me encolho contra o peito de Peter. – Você nunca será capaz de me controlar.
Solto uma risada sem alegria, uma risada louca. Saboreio sua expressão irada e o ódio em seus olhos. Ela era como uma máquina, fria e sem emoção, movida unicamente pela lógica. E eu a quebrei.
Eu a quebrei.




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Autor(a): Fer Linhares

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Quando alcançamos o corredor, paro de tentar me soltar para atacar Jeanine. Minhas costelas doem no local onde Peter me socou, mas a dor não é nada se comparada ao pulso de triunfo em minhas bochechas.Peter me leva até minha cela sem dizer uma única palavra. Fico parada no centro do quarto por um longo período, encaran ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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