Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente
Quando alcançamos o corredor, paro de tentar me soltar para atacar Jeanine. Minhas costelas doem no local onde Peter me socou, mas a dor não é nada se comparada ao pulso de triunfo em minhas bochechas.
Peter me leva até minha cela sem dizer uma única palavra. Fico parada no centro do quarto por um longo período, encarando a câmera localizada no canto esquerdo de trás. Quem será que está me observando toda hora? Serão os traidores da Audácia, para que eu não fuja, ou os membros da Erudição, para me estudar?
Quando meu rosto esfria e minhas costelas param de doer, eu me deito.
Uma imagem dos meus pais flutua em minha mente assim que fecho os olhos.
Uma vez, quando eu tinha 11 anos, parei na porta do quarto deles para observá-los arrumando a cama juntos. Meu pai sorria para minha mãe, e eles esticavam e alisavam os lençóis em perfeita harmonia. Percebi, pela maneira como ele olhava para ela, que a respeitava ainda mais do que respeitava a si mesmo.
Nenhum egoísmo ou insegurança o impedia de perceber toda a bondade que havia dentro dela, como muitas vezes ocorre com as outras pessoas. Talvez esse tipo de amor só seja possível dentro da Abnegação. Eu não sei.
Meu pai: nascido na Erudição, criado na Abnegação. Ele costumava ter dificuldade em atender as exigências da facção que escolheu, assim como eu. Mas tentava e sabia reconhecer o verdadeiro altruísmo.
Agarro o travesseiro junto ao peito e mergulho o rosto nele. Não choro. Apenas
sofro.
A tristeza não é tão pesada quanto a culpa, mas rouba mais de nós.
+++
– Careta.
Acordo assustada, ainda agarrada ao travesseiro. Há uma mancha molhada no colchão sob meu rosto. Sento-me na cama, esfregando os olhos com as pontas dos dedos.
As sobrancelhas de Peter, que costumam curvar-se para cima no meio da testa, estão franzidas.
– O que houve? – Seja lá o que for, não pode ser nada bom.
– Sua execução foi marcada para amanhã de manhã, às oito horas.
– Minha execução? Mas ela... ainda não desenvolveu o soro certo; ela certamente não ia...
– Ela disse que continuará as experiências com Christopher, não com você.
– Ah. – É tudo o que consigo dizer.
Agarro o colchão e balanço o corpo para a frente e para trás, para a frente e para
trás. Amanhã, minha vida acabará. Talvez Christopher sobreviva tempo o bastante para escapar durante a invasão dos sem-facção. A Audácia elegerá um novo líder. Todas as questões abertas que deixarei para trás serão facilmente resolvidas.
Aceno com a cabeça. Não tenho mais família, não tenho nenhuma questão mal resolvida, não terei nada a perder.
– Eu poderia ter perdoado você, sabia? – digo. – Por tentar me matar durante a iniciação. Eu provavelmente teria perdoado você.
Nós dois ficamos em silêncio por alguns segundos. Não sei por que disse isso.
Talvez seja só porque é a verdade, e, se há uma noite para ser honesto, a noite é esta. Esta noite serei honesta, altruísta e corajosa. Serei Divergente.
– Eu nunca pedi que você me perdoasse – diz ele, e se vira para ir embora.
Mas, antes de sair, ele para na porta e fala:
– São 9h24.
Dizer para mim as horas é um pequeno ato de traição, e, portanto, um ato comum de coragem. Talvez seja a primeira vez que vejo Peter agir verdadeiramente como um membro da Audácia.
+++
Morrerei amanhã. Faz muito que não tenho a certeza de nada e, portanto, isso me parece uma dádiva. Esta noite, nada. Amanhã, o que quer que venha depois da vida. E Jeanine ainda não sabe como controlar os Divergentes.
Quando começo a chorar, agarro o travesseiro junto ao peito e deixo as lágrimas caírem. Choro muito, como uma criança, até que meu rosto esquenta, e sinto que estou quase passando mal. Posso fingir ser corajosa, mas não sou.
Acho que agora seria a hora de pedir perdão por todas as coisas que fiz, mas sei que minha lista nunca estaria completa. Também não acredito que o que quer que aconteça depois da vida dependa de uma listagem correta das minhas transgressões. Isso soa demais como um conceito da Erudição para mim, que tem mais a ver com precisão do que com sentimento. Na verdade, não acredito que o que vem depois dependa de maneira alguma dos meus atos.
É melhor eu fazer o que a Abnegação me ensinou: voltar-me para longe de mim mesma, projetar-me sempre para fora, esperando que, no que quer que venha depois, eu seja melhor do que sou agora.
Abro um pequeno sorriso. Gostaria de poder dizer aos meus pais que vou morrer
como alguém da Abnegação. Acho que eles se orgulhariam de mim.
Autor(a): Fer Linhares
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 13
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manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23
Continua ❤️
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manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21
Brigadaaa! Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35
Continuaaa! Faz maratonaaa!
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manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08
Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!
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manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24
Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora
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manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16
Cnttt
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manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10
Continuaaa
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Postado em 25/09/2016 - 21:24:21
Aaai deusss! Continuaaa