Fanfics Brasil - Capítulo 36 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 36 (2ª Temporada)

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Mas ainda respiro. Não profundamente; não o bastante para me satisfazer, mas respiro. Peter fecha as minhas pálpebras. Será que ele sabe que não estou morta? Será que Jeanine sabe? Será que ela consegue ver que estou respirando?
– Leve o corpo para o laboratório – diz Jeanine. – A autópsia será esta tarde.
– Tudo bem – responde Peter.
Peter empurra a mesa. Ouço murmúrios por todos os lados, enquanto passamos por um grupo de membros da Erudição. Minha mão desliza para fora da beirada da mesa ao virarmos o corredor e esbarra na parede. Sinto uma pontada de dor nas pontas dos dedos, mas não consigo mover a mão, por mais que eu tente.
Dessa vez, ao descermos o corredor cheio de traidores da Audácia, ele está silencioso. Peter caminha devagar a princípio, depois vira mais uma vez o corredor e acelera o passo. Ele quase corre no corredor seguinte, e, de repente, para. Onde estou? Não posso já estar no laboratório. Por que ele parou?
Os braços de Peter deslizam sob meus joelhos e ombros, e ele me levanta. Minha cabeça desaba sobre seu ombro.
– Para alguém tão pequena, você é pesada, Careta – murmura ele.
Ele sabe que estou acordada. Ele sabe.
Ouço uma série de bipes, depois algo deslizando. Uma porta sendo destrancada.
– O que... – A voz é de Christopher. Christopher! – Meu Deus! Oh...
– Poupe-me do seu chororô, está bem? – diz Peter. – Ela não está morta; só está
paralisada. O efeito vai passar em cerca de um minuto. Agora, prepare-se para correr.
Não entendo.
Como será que Peter sabe?
– Deixa que eu a carrego – diz Christopher.
– Não. Você atira melhor do que eu. Pegue minha arma. Eu a carregarei.
Ouço o som da arma sendo retirada do coldre. Christopher acaricia minha testa. Os dois começam a correr.
A princípio, só consigo ouvir o som dos seus pés no chão, e minha cabeça quica dolorosamente. Sinto um formigamento nas minhas mãos e pés.
– Esquerda! – grita Peter para Christopher.
De repente, ouço um grito vindo do fundo do corredor:
– Ei, o que...?!
Um disparo. Depois, nada.
Mais correria.
– Direita! – grita Peter. Ouço outro disparo, depois mais outro.
– Nossa – murmura ele. – Espere, pare aqui!
Sinto um formigamento descendo pela minha espinha. Abro os olhos enquanto Peter abre outra porta. Ele a atravessa correndo e, logo antes de a minha cabeça bater no batente, levanto o braço e o agarro.
– Cuidado! – digo, com a voz engasgada. Minha garganta ainda continua tão apertada quanto quando ele injetou o líquido em mim e tive dificuldade em
respirar. Peter vira de lado para me ajudar a atravessar a porta, depois a fecha com o calcanhar e me deixa cair no chão.
A sala na qual entramos está quase vazia, exceto por uma fileira de latas de lixo vazias encostadas em uma das paredes e uma porta quadrada de metal em outra, grande o bastante para caber uma das latas.
– Dul – diz Tobias, agachando-se ao meu lado. Seu rosto está pálido, quase amarelo.
Há tanto que eu quero dizer. A primeira coisa que escapa da minha garganta é:
– Dulce.
Ele solta uma risada fraca.
– Dulce – conserta ele, encostando os lábios nos meus. Enrosco os dedos em sua camisa.
– A não ser que queiram que eu vomite em cima de vocês, é melhor deixar isso para depois.
– Onde estamos? – pergunto.
– Este é o incinerador de lixo – diz Peter, batendo na porta quadrada. – Eu o desliguei. Ele nos levará até um beco. Depois, é melhor sua mira estar perfeita, Quatro, se você pretende sair vivo do setor da Erudição.
– Não se preocupe com minha mira – responde Christopher. Como eu, ele está descalço.
Peter abre a porta do incinerador.
– Você primeiro, Dul – diz ele.
A canaleta de lixo tem cerca de noventa centímetros de largura e um metro e vinte de altura. Enfio uma perna dentro dela e, com a ajuda de Christopher, ergo a outra também. Meu estômago parece afundar de nervoso enquanto escorrego pelo curto cano de metal. Depois, uma série de rolamentos bate contra as minhas costas enquanto deslizo sobre eles.
Sinto cheiro de fogo e cinzas, mas não estou queimada. Depois, desabo, e meu braço se choca contra uma parede de metal, fazendo com que eu solte um grunhido. Aterrisso em um chão de cimento, com força, e a dor do impacto atravessa minhas canelas.
– Ai.
Afasto-me, mancando, da abertura, depois grito:
– Podem vir.
Quando Peter chega, de lado, e não em pé, minhas pernas já doem menos. Ele solta um grunhido e se arrasta para longe da abertura a fim de se recuperar da queda.
Olho ao redor. Estamos dentro do incinerador, que está completamente escuro, exceto por linhas de luz brilhando no formato de uma pequena porta do outro lado.
Em alguns lugares, o chão é feito de metal sólido. Em outras, há grades de metal.
O cheiro de lixo em decomposição e de queimado enche o espaço.
– Isso é para você jamais dizer que nunca a levei a um lugar legal – diz Peter.
– Eu nem sonharia em insinuar isso – respondo.
Christopher aterrissa no chão, em pé, mas depois se ajoelha com uma careta de dor.
Eu o ajudo a se levantar, então me aproximo do seu corpo. Todos os cheiros, visões e sensações do mundo parecem amplificados. Eu estava quase morta, mas agora estou viva. Graças a Peter.
Logo Peter.
Ele caminha sobre a grade de metal e abre a pequena porta. A luz invade o
incinerador. Christopher afasta-se, junto comigo, do cheiro de fogo do forno de metal, entrando na sala de cimento onde ele está localizado.
– Está com a arma? – pergunta Peter a Christopher.
– Não – diz Tobias. – Achei melhor atirar as balas pelo nariz, então a deixei lá em cima.
– Ah, cala a boca.
Peter estende outra arma para a frente e deixa a sala do incinerador. Entramos em um corredor úmido, com canos expostos no teto de apenas cerca de três metros de comprimento. A placa ao lado da porta no final do corredor diz SAÍDA.


Estou viva e indo embora.


 


 


 


 


 


 


                                                              +++


 


 


 


 


 


O trecho entre a sede da Audácia e a sede da Erudição não parece o mesmo na direção contrária. Acho que tudo parece diferente quando você não está a caminho da sua própria morte.
Quando alcançamos o final do beco, Christopher encosta o ombro em uma das paredes e se inclina apenas o suficiente para ver o que há depois da esquina. Com o rosto inexpressivo, ele coloca um dos braços para fora do beco, apoiando-o na parede do prédio, e dispara duas vezes. Tapo os ouvidos com os dedos e tento não prestar atenção aos disparos e do que eles me lembram.
– Rápido – diz Christopher.
Nós corremos. Primeiro Peter, depois eu, e Christopher por último, descendo a avenida Wabash. Olho para trás a fim de ver contra o que Christopher atirou e vejo dois homens no chão, atrás da sede da Erudição. Um deles não está se movendo, e o outro está agarrando o braço e correndo em direção à porta de entrada. Eles enviarão reforços atrás de nós.
Estou desnorteada, provavelmente por causa da exaustão, mas a adrenalina me mantém correndo.
– Sigam o trajeto menos lógico! – grita Christopher.
– O quê? – diz Peter.
– O trajeto menos lógico! – diz Christopher. – Para que eles não nos encontrem!
Peter vira à esquerda, descendo outro beco, cheio de caixas de papelão com cobertores puídos e travesseiros manchados. Acho que essa devia ser uma moradia dos sem-facção. Ele salta sobre uma caixa e eu a atropelo, chutando-a para trás de mim.
No final do beco, ele vira à esquerda, em direção a um pântano. Voltamos para a avenida Michigan. Estamos completamente visíveis da sede da Erudição, caso alguém de lá resolva olhar para a rua.
– Péssima ideia! – grito.
Peter vira a próxima rua à direita. Pelo menos todas as ruas aqui estão liberadas.
Não há placas de rua caídas para desviar ou buracos para saltar. Meus pulmões doem, como se eu tivesse inalado veneno. Minhas pernas, que antes doíam, agora estão dormentes, o que é melhor. Ouço gritos de algum lugar longe.
De repente, eu me dou conta de algo: a coisa mais ilógica a se fazer é parar de
correr.
Agarro a manga da camisa de Peter e o arrasto até o prédio mais próximo. Tem seis andares de altura, com janelas largas organizadas em uma grade e divididas por pilastras de tijolos. A primeira porta que tento abrir está trancada, mas Chistopher dispara contra a janela ao lado dela, que se estilhaça, e destranca a porta por dentro.
O edifício está completamente vazio. Não há uma única cadeira ou mesa. E há janelas demais. Caminhamos em direção à escada de emergência, e rastejo sob o primeiro lance, para que nos escondamos sob os degraus. Christopher senta-se ao meu lado e Peter de frente para nós, com os joelhos encostados no peito.
Tento recuperar o fôlego e me acalmar, mas não é fácil. Eu estava morta. Eu estava morta, e depois não estava mais, mas por quê? Por causa do Peter? Peter? Eu o encaro. Ele ainda parece tão inocente, apesar de tudo o que já fez para provar que não é. Seu cabelo, brilhante e escuro, continua arrumado, como se ele não tivesse acabado de correr um quilômetro e meio a toda velocidade. Seus olhos redondos vasculham a escada, depois param em meu rosto.
– O que foi? Por que está olhando para mim desse jeito?
– Como você fez aquilo?
– Não foi tão difícil. Tingi um soro de paralisia de roxo e o troquei pelo soro mortal. Troquei o fio que deveria ler seu batimento cardíaco por um fio morto. A parte do monitor cardíaco foi mais difícil; precisei de um pouco de ajuda da
Erudição e de um controle remoto. Você não entenderia, mesmo que eu tentasse explicar.
– Mas por que você fez aquilo? – pergunto. – Você me quer morta. Você estava disposto a me matar com as próprias mãos! O que o fez mudar de ideia?
Ele contrai os lábios, mas por um longo tempo não desvia o olhar. Depois, abre a boca, hesita e finalmente diz:
– Não consigo ficar endividado com ninguém. Está bem? A ideia de dever algo a você estava me deixando doente. Eu acordava no meio da noite com vontade de vomitar. Em dívida com uma Careta? É ridículo. Completamente ridículo. E eu não consegui aguentar.
– Do que você está falando? Você me devia alguma coisa?
Ele revira os olhos.
– No complexo da Amizade. Alguém atirou contra mim. A bala estava na altura da cabeça; ela teria me atingido entre os olhos. E você me empurrou para fora do caminho. Estávamos quites antes disso. Quase matei você durante a iniciação, e
você quase me matou durante a simulação de ataque; estávamos quites, certo?
Mas depois daquilo...
– Você é louco – diz Christopher. – Não é assim que o mundo funciona... com todo mundo mantendo um saldo.
– Tem certeza? – Peter ergue as sobrancelhas. – Não sei em qual mundo você vive, mas, no meu, as pessoas só fazem coisas umas para as outras por dois motivos. Ou elas querem algo em troca, ou sentem que devem alguma coisa.
– Esses não são os únicos motivos para alguém fazer algo por você – falo. – Às vezes, as pessoas podem amar você. Bem, não você, mas...
Peter solta uma risada de deboche.
– É exatamente esse o tipo de baboseira que espero da boca de uma Careta
delirante.
– Acho que devemos sempre nos assegurar de que você nos deva alguma coisa, então – diz Christopher. – Ou você vai correr para o lado de quem fizer a melhor oferta.
– É – concorda Peter. – É mais ou menos assim que funciona.
Balanço a cabeça. Não consigo me imaginar vivendo da maneira que ele vive, sempre me lembrando de quem me deu o que e do que preciso dar de volta, incapaz de sentir amor, lealdade ou perdão, como um homem de um olho só, procurando pelo olho de outra pessoa para furar. Isso não é viver. É uma versão mais pálida da vida. Onde será que ele aprendeu a viver assim?
– Então, quando vocês acham que podemos sair daqui? – pergunta Peter.
– Em algumas horas – diz Christopher. – É melhor irmos para o setor da Abnegação. É lá que os sem-facção e os membros da Audácia que não estão programados para a
simulação estarão agora.
– Fantástico – diz Peter.
Christopher coloca o braço ao meu redor. Encosto a bochecha no seu ombro e fecho os olhos, para não precisar olhar para Peter. Sei que precisamos conversar sobre muitas coisas, embora não saiba exatamente o quê, mas não podemos conversar aqui ou agora.


 


 


                                                                   +++


 


 


 


 


Enquanto caminhamos pelas ruas que um dia chamei de minhas, conversas nascem e morrem, e olhos encaram meu rosto e corpo. Eles acreditavam que eu havia morrido havia menos de seis horas. E tenho certeza de que a notícia da minha suposta morte chegou aqui, porque Jeanine sabe espalhar notícias. Noto que alguns dos sem-facção por quem passamos estão marcados com manchas azuis.
Eles estão programados para uma simulação.
Agora que estamos aqui, seguros, percebo que há cortes na sola dos meus pés, resultantes da nossa correria sobre calçadas ásperas e cacos de vidro das janelas quebradas. Meus pés ardem a cada passo. Concentro-me na dor, para não precisar me concentrar nas pessoas que me encaram.
– Dul? – grita alguém diante de nós. Levanto a cabeça e vejo Uriah e Anahí na calçada, comparando revólveres. Uriah solta sua arma sobre a grama e corre
até mim. Anahí o segue, mas mais devagar. Uriah levanta os braços para me abraçar, mas Christopher apoia uma mão em seu ombro e o impede. Sinto uma onda de gratidão. Acho que não conseguiria aguentar o abraço, as perguntas ou o sentimento de surpresa de Uriah agora.
– Ela passou por maus bocados – diz Christopher. – Só precisa dormir. Ela ficará aqui na rua, no número trinta e sete. Venha visitá-la amanhã.
Uriah franze a testa e olha para mim. Pessoas da Audácia não costumam compreender restrições, e tudo o que Uriah conheceu em sua vida foi a Audácia.
Mas ele parece respeitar a opinião de Christopher sobre mim, porque acena com a cabeça e diz:
– Está bem. Amanhã.
Anahí estica o braço quando passo por ela e aperta meu ombro delicadamente. Tento andar mais ereta, mas meus músculos parecem uma gaiola,
mantendo meus ombros curvados. Os olhos seguem-me pela rua, perfurando minha nuca. Sinto-me aliviada quando Christopher nos guia pela passagem que leva à entrada da casa cinza que costumava pertencer a Víctor.
Nem consigo imaginar a força que Christopher precisa juntar para atravessar a porta.
Para ele, essa casa deve conter ecos dos gritos dos seus pais, dos estalos de cinto e das horas passadas dentro de armários apertados e escuros. No entanto, ele não parece apreensivo ao me guiar, junto com Peter, até a cozinha. Parece até andar mais ereto. Mas talvez Christopher seja assim mesmo. Quando ele deveria ser fraco, é forte.
Maite, Harrison e Alexandra estão na cozinha. Fico surpresa em vê-los. Encosto o ombro na parede e fecho os olhos com força. O contorno da mesa de execução está impresso nas minhas pálpebras. Abro os olhos. Tento respirar. Eles estão conversando, mas não consigo ouvir o que dizem. Por que Alexandra está aqui, na
casa de Víctor? Onde está Víctor?
Alexandra envolve Christopher com um dos braços e encosta em seu rosto com o outro, apertando sua bochecha contra a dela. Ela lhe diz algo, e ele sorri e se afasta. Mãe e filho, reconciliados. Não sei se isso foi uma boa escolha.
Christopher me vira e, com uma das mãos no meu braço e outra na minha cintura, para não encostar na ferida em meu ombro, guia-me em direção à escada.
Subimos os degraus juntos.
No segundo andar, estão os antigos quartos de Christopher e dos seus pais, separados por um banheiro e mais nada. Ele me leva para o seu quarto e fico
parada por um instante, olhando o lugar onde ele passou a maior parte da sua vida.
Ele mantém a mão em meu braço. Desde que deixamos o vão da escada do prédio, ele está encostando em mim como se imaginasse que eu poderia ruir caso não me segurasse firme o bastante.
– Tenho quase certeza de que Víctor não entrou mais neste quarto depois que
eu fui embora – diz Christopher. – Não tinha nada fora do lugar quando voltei.
Membros da Abnegação não fazem muitas decorações, já que elas são vistas como algo egoísta. Mas Christopher tem tudo o que nos permitiam ter. Uma pilha de jornais escolares. Uma pequena prateleira de livros. E, por incrível que pareça, uma escultura de vidro azul em sua cômoda.
– Minha mãe trouxe isso escondido para mim quando eu era criança. Ela me disse para escondê-la. No dia da cerimônia, coloquei-a sobre a cômoda ao sair de casa. Para que ele pudesse ver. Um pequeno ato de rebeldia.
Aceno com a cabeça. É estranho estar em um lugar que carrega uma única
lembrança de maneira tão completa. Este quarto é o Christopher de dezesseis anos, prestes a escolher a Audácia, para fugir do seu pai.
– Vamos cuidar do seu pé. – Mas ele não se move, apenas desliza os dedos até a parte de dentro do meu cotovelo.
– Está bem.
Entramos no banheiro adjacente, e eu me sento na beirada da banheira. Ele se senta ao meu lado, com a mão em meu joelho, enquanto abre a torneira e tampa o ralo. A água derrama para dentro da banheira, cobrindo as unhas dos meus pés.
Meu sangue torna a água rosa.
Ele se agacha dentro da banheira e coloca o meu pé no colo, pincelando os cortes mais profundos com uma toalha de rosto. Não sinto nada. Mesmo quando ele joga espuma de sabonete sobre os cortes, não sinto nada. A água da banheira fica cinza.
Pego o sabonete e o esfrego nas mãos, até que minha pele fica coberta deespuma branca. Estico o braço e passo os dedos nas mãos de Christopher, com cuidado, para limpar as linhas nas palmas e os espaços entre seus dedos. É bom fazer alguma coisa, limpar alguma coisa e poder tocá-lo novamente.
Molhamos todo o chão do banheiro ao jogarmos água um no outro para tirar o sabonete. A água faz com que eu sinta frio, mas tremo e nem ligo. Ele pega uma toalha e começa e enxugar minhas mãos.
– Eu não... – Minha voz soa como a de alguém que está sendo estrangulado. – Minha família está toda morta ou me traiu; como posso...
Minhas palavras não fazem sentido. Os soluços dominam meu corpo, minha mente, tudo. Ele me puxa para perto do seu corpo, e a água da banheira encharca as minhas pernas. Seu abraço é apertado. Ouço seu coração e, depois de um tempo, encontro uma maneira de deixar que seu ritmo me acalme.
– Serei a sua família agora.
– Eu te amo – digo.
Eu já disse isso uma vez, antes de partir para a sede da Erudição, mas ele estava dormindo. Não sei por que nunca disse quando ele podia ouvir. Talvez temesse confiar-lhe algo tão pessoal quanto minha devoção. Ou temesse não saber de verdade o que é amar alguém. Mas agora acho que a coisa mais assustadora foi eu não ter dito, antes que fosse quase tarde demais. Não ter dito antes que fosse quase tarde demais para mim.
Sou dele, e ele é meu, e sempre foi assim.
Ele me encara. Espero, agarrada aos seus braços para me equilibrar, enquanto ele pensa no que responder.
Ele franze a testa ao olhar para mim.
– Fala outra vez.
– Christopher, eu te amo.
A água torna sua pele escorregadia. Ele cheira a suor, e a minha camisa gruda em seus braços quando ele os desliza pelo meu corpo. Ele encosta o rosto no meu pescoço e me beija logo acima da clavícula, depois no pescoço, depois nos lábios.
– Eu também te amo.



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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