Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente
Anahívolto para o banheiro. Todos ficamos imóveis.
– Não quero parecer insensível – diz Víctor –, mas precisamos ir, antes que a Audácia e os sem-facção consigam entrar no prédio. Se é que eles já não entraram.
Ouço algo bater contra a janela e viro o rosto rapidamente, acreditando, por um
milésimo de segundo, ser Fernando tentando entrar. Mas é apenas a chuva.
Seguimos Cara para fora do banheiro. Agora, ela é a nossa líder. É quem conhece
melhor a sede da Erudição. Ela é seguida por Anahó, depois por Víctor e, por último, por mim. Deixamos o banheiro e nos encontramos em um corredor da
Erudição, exatamente igual a qualquer outro: branco, claro, estéril.
Mas esse corredor está mais movimentado do que qualquer outro que eu já tenha visto. Pessoas vestindo o azul da Erudição correm de um lado para outro, em grupos ou sozinhas.
– Eles estão na porta da frente! Subam o mais alto possível! – grita um deles.
– Eles desativaram os elevadores! Corram até as escadas! – grita outro.
De repente, em meio ao caos, percebo que esqueci o atordoador no banheiro.
Estou desarmada novamente.
Traidores da Audácia também passam correndo por nós, embora pareçam menos desesperados que as pessoas da Erudição. Eu me pergunto o que Johanna, a Amizade e a Abnegação estão fazendo em meio a esse caos. Será que estão cuidando dos feridos? Ou será que estão se posicionando entre as armas da Audácia e os inocentes da Erudição, recebendo os tiros em nome da paz?
Sinto um calafrio. Cara nos guia até uma escada, e nos juntamos a um grupo de pessoas da Erudição, aterrorizadas, subindo um, dois, três lances de escada.
Depois, Cara abre uma porta com o ombro, mantendo a arma próxima ao peito.
Reconheço este andar.
É o meu andar.
Meus pensamentos ficam lentos. Quase morri aqui. Desejei a morte aqui.
Desacelero o passo e me afasto do grupo. Não consigo escapar do meu torpor, embora pessoas passem correndo por mim. Víctor grita alguma coisa, mas sua voz soa abafada. Anahí volta e me agarra, arrastando-me até a Sala de Controle A. Dentro da sala de controle, vejo fileiras de computadores, mas não consigo enxergá-los de verdade; é como se uma névoa cobrisse meus olhos. Pisco para tentar dissipá-la. Víctor se senta diante de um dos computadores, e Cara diante de outro. Eles enviarão todos os dados dos computadores da Erudição para os computadores das outras facções.
Atrás de mim, a porta se abre.
E ouço Caleb perguntar:
– O que vocês estão fazendo aqui?
+++
Sua voz me acorda do torpor. Viro-me e dou de cara com sua arma.
Seus olhos são idênticos aos da minha mãe, com um tom pálido de verde, quase cinzento, embora sua camisa azul faça com que a cor deles pareça mais potente.
– Caleb – digo. – O que pensa que está fazendo?
– Estou aqui para impedir o que quer que vocês estejam fazendo! – Sua voz treme, assim como a arma em sua mão.
– Estamos aqui para salvar os dados da Erudição que os sem-facção querem destruir – explico. – Não acho que você vai querer nos impedir.
– Isso não é verdade – diz ele, depois gira a cabeça na direção de Marcus. – Por que você o traria se não estivesse tentando descobrir algo a mais? Algo mais importante para ele do que todos os dados da Erudição?
– Ela contou para você a respeito disso? – pergunta Víctor. – Você, uma
criança?
– Ela não me contou nada, a princípio – diz Caleb. – Mas não queria que eu escolhesse um lado sem conhecer os fatos!
– O fato – diz Víctor – é que ela morre de medo da realidade, e a Abnegação não morria. Aliás, não morre. Nem sua irmã. Pelo menos essa qualidade ela tem.
Faço uma careta. Mesmo quando ele está me elogiando, sinto vontade de bater nele.
– Minha irmã – diz Caleb, suavemente, olhando novamente para mim – não sabe no que está se metendo. Não sabe o que você quer mostrar para todo o mundo... não sabe que isso destruiria tudo!
– Estamos aqui por um propósito! – Víctor está quase gritando agora. – Nós completamos nossa missão, e está na hora de fazermos o que fomos enviados aqui para fazer!
Não sei a que propósito ou missão Víctor está se referindo, mas Caleb não parece confuso.
– Nós não fomos enviados aqui – diz Caleb. – Não temos responsabilidades sobre mais ninguém, a não ser nós mesmos.
– Esse é exatamente o tipo de pensamento interesseiro que aprendi a esperar de qualquer pessoa que tenha passado tempo demais ao lado de Jeanine Matthews.
Você está tão disposto a preservar seu conforto que seu egoísmo está destruindo sua humanidade!
Não quero mais ouvir isso. Enquanto Caleb encara Víctor, giro o corpo e chuto seu pulso com força. O impacto o choca, e sua arma cai. Chuto-a com a ponta do pé, fazendo-a deslizar sobre o chão.
– Você precisa confiar em mim, Dulce – diz ele, com o queixo tremendo.
– Depois que você a ajudou a me torturar? Depois que você a ajudou a quase me matar?
– Não a ajudei a tort...
– Mas você não a impediu, não é? Você estava lá, e apenas assistiu...
– O que eu poderia ter feito? O que...
– Você poderia ter tentado, seu covarde! – grito tão alto que meu rosto esquenta e lágrimas escorrem. – Tentado e fracassado, porque você me ama!
Soluço, apenas para respirar ar o bastante. Tudo o que consigo ouvir são os dedos de Cara contra o teclado, enquanto ela se dedica à tarefa que viemos fazer.
Caleb não parece ter uma resposta. Seu olhar de súplica gradualmente desaparece, substituído por uma expressão vazia.
– Vocês não vão encontrar o que estão procurando aqui. Ela não armazenaria arquivos tão importantes em computadores públicos. Isso seria ilógico.
– Então, ela não destruiu os arquivos? – diz Víctor.
Caleb balança a cabeça.
– Ela não acredita na destruição de informação. Apenas na sua contenção.
– Ainda bem – diz Víctor. – Onde ela os armazenou?
– Não vou dizer.
– Acho que eu sei – digo. Caleb disse que ela não manteria a informação em um computador público. Portanto, deve estar mantendo-a em um computador privado: o computador do seu escritório ou o do laboratório sobre o qual Maite me falou.
Caleb não olha para mim.
Víctor pega o revólver de Caleb e gira-o em sua mão, fazendo com que o punho da arma se projete para fora. Depois, ele lança o braço para o lado, atingindo meu irmão sob o queixo. Os olhos de Caleb parecem revirar e ele desaba no chão.
Não quero nem saber como Víctor aprendeu essa manobra.
– Não podemos permitir que ele fuja e conte a alguém o que estamos fazendo –
diz Víctor. – Vamos. Cara pode cuidar do resto, certo?
Cara acena com a cabeça, sem levantar o rosto do computador. Sentindo-me enjoada, sigo Víctor e Anahí para fora da sala de controle, em direção à escada.
+++
O corredor agora está vazio. Há pedaços de papel e marcas de pegadas nos
ladrilhos. Eu, Víctor e Anahí corremos em fila até a escada. Encaro a parte de trás da cabeça dele, onde o formato do seu crânio aparece sob seu cabelo cortado rente.
Tudo o que consigo ver ao olhar para ele é o cinto voando em direção a Christopher e o punho da arma atingindo o queixo de Caleb. Não me importo com o fato de ele ter machucado Caleb. Eu teria feito o mesmo. Mas o fato de ele ser alguém que sabe machucar as pessoas, mas que sai por aí proclamando ser o líder altruísta da Abnegação, de repente me deixa tão irritada que mal consigo enxergar direito.
Especialmente porque eu o escolhi. Ele, e não Christopher.
– Seu irmão é um traidor – diz Víctor, ao virarmos o corredor. – Ele merecia coisa pior. Não precisa olhar para mim assim.
– Cala a boca! – grito, empurrando-o com força contra a parede. Ele fica surpreso demais para me empurrar de volta. – Eu o odeio, e você sabe disso! Eu o odeio pelo que fez a ele, e não estou falando do Caleb.
Eu me aproximo do rosto dele e sussurro:
– E, embora talvez não atire em você, eu certamente não o ajudarei se alguém tentar matar você. Portanto, é melhor rezar para que não nos encontremos nessa situação.
Ele me encara, aparentando indiferença. Eu o solto e sigo novamente em direção
à escada, seguida por Anahí. Ele também me segue.
– Para onde estamos indo? – pergunta ela.
– Caleb disse que o que estamos procurando não está em um computador público, portanto só pode estar em um computador privado. Que eu saiba, Jeanine só tem dois computadores privados. Um em seu escritório e outro em seu laboratório.
– Então, para qual devemos ir?
– Maite disse que o laboratório de Jeanine era extremamente bem protegido – digo. – E eu já estive em seu escritório; é uma sala comum.
– Então... o laboratório.
– É no último andar.
Alcançamos a porta da escada e, quando a abro, um grupo de membros da Erudição, incluindo algumas crianças, está descendo a toda velocidade. Agarro-me ao corrimão e abro caminho entre eles com o cotovelo, sem olhar para seus rostos, como se eles não fossem humanos, mas apenas uma massa que devo tirar do meu caminho.
Espero que o fluxo de pessoas acabe, mas elas continuam vindo do andar seguinte, em uma onda contínua de indivíduos vestidos de azul, sob a fraca luz azulada, com o branco dos olhos brilhando como lâmpadas e contrastando com tudo ao redor. Seus soluços de terror ecoam no vão de cimento centenas de vezes, como gritos de demônios com olhos brilhantes.
Quando alcançamos o sétimo andar, o fluxo de pessoas diminui, depois acaba.
Passo as mãos nos braços para me livrar dos fantasmas de pelos, mangas e pele que encostaram em mim na subida. Consigo ver o topo das escadas de onde estou.
Também vejo o corpo de um guarda, com o braço inerte para fora da escada, e, em pé sobre ele, um homem sem-facção com um tapa-olho.
Edward.
+++
– Olha quem está aqui – diz Edward. Ele está em pé no topo de um pequeno lance de escada, com apenas sete degraus, e eu estou embaixo. O guarda traidor da Audácia encontra-se entre nós, com os olhos imóveis e uma mancha escura no peito, onde alguém, provavelmente Edward, atirou.
– Essa é uma roupa estranha para alguém que deveria odiar a Erudição. Pensei que você estivesse em casa, esperando o seu namorado voltar como um herói.
– Como você já deve ter percebido – digo, subindo um degrau –, o plano nunca foi esse.
A luz azul lança sombras sob as maçãs do seu rosto. Ele leva a mão às costas.
Se ele está aqui, isso significa que Maite também já subiu. Isso, por sua vez, significa que Jeanine talvez já esteja morta.
Sinto a presença de Anahí perto das minhas costas e ouço sua respiração.
– Vamos passar por você – digo, subindo mais um degrau.
– Eu duvido – responde ele. Ele saca sua arma. Eu me jogo para a frente, sobre o guarda caído. Ele dispara, mas estou agarrando seu punho, e ele não consegue mirar direito.
Meus ouvidos zunem, e meus pés procuram se equilibrar sobre as costas do guarda morto.
Anahí lança um soco sobre minha cabeça. Seu punho atinge o nariz de Edward. Não consigo me equilibrar sobre o corpo do guarda e caio de joelhos, cravando as unhas no pulso de Edward. Ele me empurra para o lado e dispara novamente, atingindo a perna de Anahí.
Arquejando, Anahí saca sua arma e dispara. A bala atinge a lateral do corpo de Edward, que dá um berro e solta a arma, desabando para a frente. Ele cai sobre mim, e eu bato com a cabeça em um dos degraus de cimento. O braço do guarda morto está machucando minhas costas.
Víctor pega a arma de Edward e a aponta para nós.
– Levante-se, Dul – diz ele. Depois, vira-se para Edward: – E você, não se mova.
Procuro com a mão a beirada de um degrau e puxo meu corpo para fora do espaço entre Edward e o guarda morto. Edward senta-se, com dificuldade, sobre o guarda, como se ele fosse uma almofada, agarrando a lateral do corpo com as duas mãos.
– Você está bem? – pergunto a Anahí.
Seu rosto se contorce.
– Ai. Estou. Ele atingiu o lado da perna, e não o osso.
Estendo o braço, para ajudá-la a se levantar.
– Dulce – dizVíctor. – Precisamos deixá-la.
– Como assim deixá-la? – pergunto, irritada. – Não podemos deixá-la! Poderia acontecer algo terrível!
Víctor encosta o dedo indicador no meu esterno, entre as minhas clavículas, e inclina-se sobre mim.
– Ouça bem – diz ele. – Jeanine Matthews provavelmente fugiu para o seu laboratório ao primeiro sinal do ataque, porque lá é o lugar mais seguro do edifício.
E, a qualquer momento, ela pode decidir que a Erudição perdeu e que é melhor deletar os dados do que correr o risco de que alguém os encontre, e toda a nossa missão terá sido em vão.
E eu terei perdido todo mundo: meus pais, Caleb e, por fim, Christopher, que nunca me perdoará por ter me aliado a seu pai, especialmente se eu não tiver como provar que valeu a pena.
– Vamos deixar a sua amiga aqui. – Seu bafo fede. – E vamos seguir em frente, a não ser que você prefira que eu vá sozinho.
– Ele tem razão – diz Anahí. – Não temos tempo. Eu ficarei aqui e impedirei
que Ed siga vocês.
Faço que sim com a cabeça. Víctor recolhe o dedo, mas onde ele tocou fica dolorido. Esfrego o lugar para afastar a dor e abro a porta no topo da escada. Olho para trás antes de atravessar a porta, e Anahí abre um sorriso de dor, apertando a coxa com a mão.
Autor(a): Fer Linhares
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A sala seguinte parece mais um corredor: é larga, mas não comprida, com azulejos azuis, paredes azuis e o teto azul, todos do mesmo tom. Tudo brilha, mas não consigo saber de onde a luz está vindo.A princípio, não vejo nenhuma porta, mas, quando os meus olhos se acostumam com o choque de cor, vejo um retângulo na ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 13
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manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23
Continua ❤️
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manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21
Brigadaaa! Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35
Continuaaa! Faz maratonaaa!
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manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08
Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!
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manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24
Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora
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manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16
Cnttt
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manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10
Continuaaa
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Postado em 25/09/2016 - 21:24:21
Aaai deusss! Continuaaa