Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente
Christopher
Não consigo caminha por estes corredores sem me lembrar dos dias que passei como prisioneiro aqui, descalço, a dor pulsando dentro de mim a cada vez que me movia. E, junto com essa memória, vem outra, de quando esperei Dulce Saviñón seguir para a morte, de meus punhos cerrados batendo na porta, de seu corpo inerte nos braços de Peter quando ele me disse que ela fora apenas drogada.
Odeio este lugar.
Não está mais tão limpo quanto antes, quando era o complexo da Erudição; agora, está destruído pela guerra, com marcas de tiros nas paredes, vidros quebrados e lâmpadas estilhaçadas por todos os cantos. Caminho sobre pegadas sujas e sob luzes tremeluzentes até a cela dela e ganho permissão para entrar sem qualquer questionamento, porque carrego o símbolo dos sem-facção, um círculo vazio em uma tira preta ao redor do braço, e as feições de Alexandra em meu rosto. Christopher Uckermann costumava ser um nome vergonhoso, mas agora é um título poderoso.
Dul está agachada no chão, dentro da cela, ao lado de Anahí e em uma posição diagonal em relação a Cara. Minha Dul deveria parecer pálida e pequena, porque ela é, afinal, pálida e pequena, mas parece preencher toda a cela.
Seus olhos redondos encontram os meus, e ela se levanta, abraçando a minha
cintura com força e apoiando o rosto no meu peito.
Aperto seu ombro com uma das mãos e corro a outra pelos seus cabelos, ainda estranhando o fato de seu cabelo só ir até o pescoço. Fiquei feliz quando ela o cortou, porque aquele era o corte de uma guerreira, e não de uma garota, e eu sabia que era disso que ela precisaria.
– Como você conseguiu entrar? – pergunta ela em uma voz baixa mas clara.
– Sou Christopher Uckermann – respondo, e ela ri.
– Certo. Sempre me esqueço. – Ela se afasta apenas o suficiente para olhar para mim. Há uma expressão vacilante em seus olhos, como se ela fosse uma pilha de folhas prestes a serem espalhadas pelo vento. – O que está acontecendo?
Por que você demorou tanto?
Ela soa desesperada, suplicante. Este lugar traz lembranças horríveis para mim, mas para ela é ainda pior. A caminhada até a sua execução, a traição do irmão, o soro do medo. Preciso tirá-la daqui.
Cara olha para nós, interessada. Sinto um certo desconforto, como se minha pele não me servisse mais. Odeio ser observado.
– Alexandra bloqueou toda a cidade – conto a elas. – Ninguém pode dar um passo sem a autorização dela. Há alguns dias, ela fez um discurso, afirmando que deveríamos nos unir contra nossos opressores, as pessoas do lado de fora.
– Opressores? – indaga Anahí. Ela retira um frasco do bolso e derrama o conteúdo na boca. Imagino que sejam analgésicos para a ferida em sua perna.
Enfio as mãos nos bolsos.
– Alexandra, e muitas outras pessoas, na verdade, acreditam que não deveríamos deixar a cidade apenas para ajudar um monte de gente que nos enfiou aqui só para nos usar depois. Eles querem tentar recuperar a cidade e resolver nossos próprios problemas, e não sair e resolver os problemas dos outros. É claro que estou apenas parafraseando – digo. – Acho que essa opinião é muito conveniente para a minha mãe, porque, enquanto continuarmos presos aqui, ela estará no comando. Se sairmos da cidade, ela perderá imediatamente o controle sobre nós.
– Ótimo. – Dul revira os olhos. – É claro que ela escolheria a opção mais egoísta de todas.
– Mas até que faz sentido. – Anahí segura com firmeza o frasco em suas mãos. – Não estou dizendo que não quero sair da cidade e ver o que existe lá fora, mas já temos problemas suficientes aqui. Como vamos ajudar um bando de gente que nem conhecemos?
Dul reflete sobre o problema, mordendo a parte de dentro da bochecha.
– Não sei – admite.
Meu relógio indica que são três horas. Estou aqui há tempo demais. Tempo o bastante para levantar a suspeita de Alexandra. Eu disse a ela que viria aqui para romper meu relacionamento comDul, e que não demoraria muito. Não sei se ela acreditou.
– Ouçam, eu vim aqui principalmente para alertá-las – digo. – Eles estão começando os julgamentos de todos os prisioneiros. Vão injetar o soro da verdade em todas vocês, e, se ele funcionar, serão condenadas como traidoras.
Acho que todos nós queremos evitar isso.
– Condenadas como traidoras? – pergunta Dul, indignada. – Como revelar a verdade para toda a cidade pode ser considerado um ato de traição?
– Foi um ato de desacato aos seus líderes – respondo. – Alexandra e seus seguidores não querem deixar a cidade. Eles não vão agradecer a vocês por terem mostrado aquele vídeo.
– Eles são iguais a Jeanine! – Ela faz um gesto de raiva, como se quisesse bater em alguma coisa, mas percebesse que não há nada em que bater. – Estão dispostos a fazer qualquer coisa para abafar a verdade, e para quê? Para serem reis de seu pequeno mundinho? É ridículo.
Não quero admitir, mas, de certa maneira, concordo com minha mãe. Não devo nada às pessoas de fora desta cidade, mesmo sendo Divergente. Não sei bem se quero me oferecer a elas para solucionar os problemas da humanidade, seja lá o que isso signifique.
Mas realmente quero ir embora, da mesma maneira desesperada que um animal quer escapar de uma armadilha. Selvagem e raivoso. Disposto a tudo.
– Seja como for – digo com cuidado –, se o soro da verdade surtir efeito, você será condenada.
– Se surtir efeito? – pergunta Cara, desconfiada.
– Divergente – explica Dul, apontando para a própria cabeça. – Lembra?
– Fascinante. – Cara rearruma o coque improvisado, prendendo de volta uma mecha rebelde de cabelo. – Mas atípico. Segundo a minha experiência, a maioria dos Divergentes não consegue resistir ao soro da verdade. Por que será que você consegue?
– É o que você e todos os membros da Erudição que já me aplicaram uma
injeção gostariam de saber – responde Dul, irritada.
– Que tal nos concentrarmos? Quero evitar ter de ajudá-las a fugir da prisão – digo. De repente, sinto-me desesperado por um pouco de conforto. Estendo a mão na direção de Dul, e seus dedos vêm ao encontro dos meus. Não somos do tipo que faz contato físico à toa; cada contato entre nós parece importante, uma onda de energia e alívio.
– Tudo bem, tudo bem – diz ela, com mais suavidade. – Qual é o seu plano?
– Vou convencer Alexandra a deixar que você seja a primeira das três a testemunhar – digo. – Tudo o que você precisa fazer é bolar uma mentira que inocente Anahí e Cara e contá-la sob o efeito do soro da verdade.
– Que tipo de mentira faria isso?
– Achei melhor deixar você se encarregar dessa parte. Já que você mente melhor.
Ao falar isso, sei que minhas palavras tocam um ponto delicado entre nós. Dul mentiu para mim tantas vezes. Ela me prometeu que não se ofereceria para morrer no complexo da Erudição quando Jeanine exigiu o sacrifício de um Divergente, mas se ofereceu mesmo assim. Disse que ficaria em casa durante o ataque da Erudição, e depois a encontrei na sede da Erudição, trabalhando com meu pai. Entendo por que ela fez todas essas coisas, mas isso não significa que elas não nos afetaram.
– É. – Dul encara os próprios sapatos. – Está bem, vou pensar em alguma
coisa.
Apoio a mão em seu braço.
– Vou conversar com Alexandra sobre seu julgamento. Vou tentar adiantá-lo.
– Obrigada.
Sinto o ímpeto, já familiar, de saltar para fora do meu corpo e conversar diretamente com a mente dela. Percebo que é o mesmo ímpeto que me faz querer beijá-la toda vez que a vejo, porque a menor distância entre nós já me incomoda. Nossos dedos, que estavam entrelaçados com folga há alguns instantes, agora estão agarrados uns aos outros. A palma da sua mão está úmida, e a minha é áspera em alguns lugares, onde agarrei muitas barras de trens em movimento. Agora, ela parece pálida e pequena, mas seus olhos me fazem pensar em céus abertos que nunca vi de verdade, apenas vislumbrei em sonhos.
– Se vocês forem se beijar, por favor me avisem para que eu não olhe – pede
Anahí.
– É o que vamos fazer – diz Dul, e é o que fazemos.
Encosto em sua bochecha a fim de prolongar o beijo, segurando sua boca junto à minha, para que eu possa sentir todas as partes onde nossos lábios se encostam e todas as partes onde se afastam. Saboreio o ar que compartilhamos no segundo seguinte, e a maneira como seu nariz roça o meu. Penso em algo que quero dizer, mas é íntimo demais, então engulo as palavras. Um instante depois, decido que não me importo.
– Queria que estivéssemos sozinhos – digo ao dar um passo atrás para sair da cela.
Ela sorri.
– Eu quase sempre quero isso.
Ao fechar a porta, vejo Anahí fingir que está vomitando, Cara rir e Dul com as mãos pendendo ao lado do corpo.
Comentem e favoritem!!!
Obg
Autor(a): Fer Linhares
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Dul – acho que vocês são todos idiotas. – Minhas mãos estão fechadas sobre o colo, como as de uma criança dormindo. Meu corpo está pesado por causa do soro da verdade. O suor se acumula nas minhas pálpebras. – Vocês deveriam estar me agradecendo, não me questionando.– Quer di ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 13
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manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23
Continua ❤️
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manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21
Brigadaaa! Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35
Continuaaa! Faz maratonaaa!
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manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08
Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!
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manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24
Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora
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manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16
Cnttt
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manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10
Continuaaa
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Postado em 25/09/2016 - 21:24:21
Aaai deusss! Continuaaa