Fanfics Brasil - Capítulo 6 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 6 (3ª Temporada)

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Christopher



Há alguma coisa no ar.
Tenho essa sensação ao atravessar o refeitório carregando a minha bandeja e ver um grupo sem-facção inclinado sobre potes de aveia, as cabeças próximas umas das outras. Seja lá o que for acontecer, será em breve.
Ontem, ao deixar o escritório de Alexandra, esperei um pouco no corredor para bisbilhotar sua próxima reunião. Antes de ela fechar a porta, ouvi-a dizer algo a respeito de uma manifestação. O que me incomoda é o seguinte: por que não me falou nada a respeito?
Ela não deve confiar em mim. Isso significa que não devo estar me saindo tão bem como seu falso braço direito quanto achei que estava.
Sento-me com o mesmo café da manhã de todas as outras pessoas: um pote de aveia com uma pitada de açúcar mascavo e uma xícara de café. Observo o grupo sem-facção enquanto levo colheradas de aveia até a boca, sem sentir o gosto da comida. Um deles, uma garota de cerca de quatorze anos, não para de olhar o relógio.
Já comi metade do café da manhã quando ouço os gritos. A garota sem-facção salta da cadeira, ansiosa, como se tivesse levado um choque, e todos correm em direção à porta. Estou logo atrás deles, abrindo caminho entre os mais lentos no saguão da Erudição, onde o retrato de Jeanine Matthews continua no chão, estraçalhado.
Um grupo sem-facção já está reunido do lado de fora, no meio da avenida Michigan. Uma camada de nuvens pálidas cobre o sol, tornando o dia brumoso e embotado. Ouço alguém gritar “Morte às facções!”, e outras pessoas o imitam, transformando a frase em um grito de guerra, até encher os meus ouvidos, Morte às facções, morte às facções. Vejo punhos erguidos, como os membros entusiasmados da Audácia costumavam fazer, mas sem a sua alegria. Os rostos deles estão retorcidos pelo ódio.
Abro caminho pelas pessoas e, de repente, vejo o que está no centro da multidão: os enormes recipientes da Cerimônia de Escolha jazem caídos, seus conteúdos espalhados sobre a avenida, misturando carvão, vidro, pedra, terra e água.
Lembro-me de quando cortei a palma da mão para derramar meu sangue sobre o carvão, em meu primeiro ato desafiador contra meu pai. Lembro como me senti forte e a onda de alívio que se seguiu. Fuga. Esses recipientes foram a minha fuga.
Edward está entre eles, com cacos de vidro reduzidos a pó sob seus calcanhares e uma marreta erguida sobre a cabeça. Ele marreta um dos recipientes virados, amassando o metal. A pancada levanta uma nuvem de carvão.
Preciso me segurar para não o atacar. Ele não pode destruir aquilo, não aquele recipiente, não a Cerimônia de Escolha, não o símbolo do meu triunfo.
Essas coisas não deveriam ser destruídas.
Mais gente se junta à multidão, não apenas sem-facção, com suas braçadeiras pretas com círculos brancos vazios, mas pessoas de todas as antigas facções, de braços nus. Um homem que percebo claramente ter pertencido à Erudição por causa do cabelo repartido com cuidado sai correndo do meio da multidão no exato momento em que Edward ergue a marreta para mais um golpe. Ele agarra o cabo da marreta com as mãos macias e manchadas de tinta, bem acima das mãos de Edward, e eles empurram um ao outro, com os dentes cerrados.
Vejo uma cabeça ruiva do outro lado da multidão. É Dul, vestindo uma camisa azul larga e sem mangas, que deixa à mostra partes das tatuagens da facção em seus ombros. Ela tenta correr até Edward e o homem da Erudição, mas Anahí a agarra com as duas mãos.
O rosto do homem da Erudição fica roxo. Edward é mais alto e forte. Ele não tem a menor chance de vencer, e foi tolice sua tentar. Edward arranca o cabo da marreta das mãos do homem da Erudição para golpear novamente o recipiente.
Mas ele está desequilibrado, tonto de raiva, e a marreta atinge o ombro do homem da Erudição com toda a força. O metal quebra seus ossos.
Por um instante, tudo o que ouço são os gritos do homem da Erudição. É como se todos ao redor tivessem parado para recobrar o fôlego.
De repente, a multidão entra em frenesi, todos correndo em direção aos recipientes, a Edward, ao homem da Erudição. Eles se chocam uns contra os outros e contra mim, seus ombros, cotovelos e cabeças me atingindo sem parar.
Não sei para onde correr: para o homem da Erudição, para Edward, para Dul? Não consigo pensar; não consigo respirar. A multidão me empurra na direção de Edward, e eu agarro o seu braço.
– Solte isto! – grito por cima do ruído da multidão. Seu único olho brilhante me encara, e ele cerra os dentes, tentando se soltar.
Golpeio suas costelas com o joelho. Ele tropeça para trás, soltando a marreta.
Eu a seguro perto da minha perna e corro em direção a Dul.
Ela está em algum lugar à minha frente, tentando alcançar o homem da Erudição. Vejo o cotovelo de uma mulher atingir sua bochecha, lançando-a para
trás. Anahí empurra a mulher para longe.
De repente, alguém dispara uma arma. Uma, duas, três vezes.
A multidão se dispersa, todos fugindo aterrorizados do perigo das balas, e tento ver se alguém foi atingido, mas a confusão de corpos em movimento é intensa demais. Não consigo ver quase nada.
Dul e Anahí estão agachadas ao lado do homem da Erudição, cujo ombro está destruído. Seu rosto está ensanguentado, e suas roupas estão sujas, com marcas de pegadas. Seu cabelo penteado da Erudição está desarrumado. Ele não se move.
A poucos metros de distância, Edward está deitado em uma poça do seu próprio sangue. A bala atingiu sua barriga. Há outras pessoas no chão também, que não reconheço, que foram pisoteadas ou baleadas. Suspeito que a intenção tenha sido acertar apenas Edward e que as outras pessoas tenham sido vítimas acidentais.
Olho ao redor freneticamente, mas não vejo o atirador. Quem quer que tenha feito aquilo parece ter se misturado à multidão.
Largo a marreta no chão, perto do recipiente amassado, e me ajoelho ao lado de Edward, com as pedras da Abnegação ferindo os meus joelhos. Seu único olho se move de um lado para outro sob a pálpebra. Ele está vivo por enquanto.
– Precisamos levá-lo a um hospital – digo para quem estiver ouvindo. Quase todos já se foram.
Olho para trás, para Dul e o homem da Erudição, que não se moveu.
– Ele está...? – tento perguntar.
Os dedos dela estão pousados sobre a garganta dele, à procura do batimento cardíaco, e seus olhos estão arregalados e vazios. Ela balança a cabeça. Não, ele não está vivo. Não pensei que estivesse.
Fecho os olhos. A imagem dos recipientes está impressa em minhas pálpebras, e vejo-os caídos, seus conteúdos amontoados em uma pilha no meio da rua. Os símbolos do nosso antigo estilo de vida destruídos, um homem morto e vários feridos, e tudo isso para quê?
Para nada. Para a visão vazia e limitada de Alexandra: uma cidade onde as facções são arrancadas das pessoas contra as suas vontades.
Ela queria que tivéssemos mais do que cinco escolhas. Agora não temos nenhuma.
Percebo, então, que não posso ser seu aliado, que nunca pude.
– Precisamos ir embora – diz Dul, e sei que ela não está se referindo a sair da avenida Michigan ou a levar Edward para o hospital; está se referindo à cidade.
– Precisamos ir embora – repito.


 


 


 


+ + +


 


 


 


O hospital improvisado na sede da Erudição cheira a produtos químicos, o que quase faz meu nariz coçar. Fecho os olhos enquanto espero por Alexandra.
Estou com tanta raiva que não quero nem ficar sentado ali. Quero apenas arrumar minhas malas e ir embora. Ela deve ter planejado aquela manifestação, ou não saberia a respeito dela um dia antes, e já devia ter imaginado que a situação sairia de controle, considerando o quanto os ânimos estão alterados. Mas ela fez o que queria mesmo assim. Fazer um grande espetáculo contra as facções foi mais importante para ela do que a segurança das pessoas e a possível perda
de vidas. Isso nem deveria me surpreender.
Ouço a porta do elevador se abrir, e a sua voz:
– Christopher!
Ela corre até mim e agarra minhas mãos, que estão grudentas por causa do sangue. Seus olhos escuros estão arregalados de medo, e ela pergunta:
– Você está ferido?
Está preocupada comigo. Pensar nisso acende uma pontada de calor dentro de mim. Ela deve me amar se está preocupada comigo. Ainda deve ser capaz de amar.
– O sangue é de Edward. Eu ajudei a carregá-lo até aqui.
– Como ele está? – pergunta ela.
Balanço a cabeça.
– Morto.
Não sei como contar de outra maneira.
Ela se encolhe, soltando minhas mãos, e se senta em uma das cadeiras da sala de espera. Minha mãe acolheu Edward depois que ele desertou a Audácia. Ela deve tê-lo ensinado a ser um guerreiro novamente, depois que ele perdeu seu olho, sua facção e seu chão. Nunca soube que eles eram tão próximos, mas agora compreendo, vendo o brilho das lágrimas nos olhos dela e o tremor em seus dedos. É o máximo de emoção que a vejo demonstrar desde a minha infância, desde que meu pai a empurrava contra as paredes da sala da nossa casa.
Afasto a lembrança, como se estivesse tentando enfiá-la em uma gaveta pequena demais.
– Sinto muito – digo. Não sei se estou sendo sincero ou se digo aquilo apenas para que ela acredite que ainda estou do seu lado. Depois, pergunto, tímido: – Por que não me avisou sobre a manifestação?
Ela balança a cabeça.
– Eu não sabia de nada.
Está mentindo. Eu sei. Decido permitir que minta. Preciso evitar conflitos, para que ela continue a acreditar que estou do seu lado. Ou talvez eu simplesmente não queira insistir na questão, com a morte de Edward pairando sobre nós. Às vezes, é difícil saber onde a estratégia termina e a minha compaixão por minha mãe começa.
– Ah. – Coço a parte de trás da minha orelha. – Você pode entrar para vê-lo se quiser.
– Não. – Ela parece distante. – Sei bem como é um cadáver. – Ela parece
estar ainda mais longe.
– Talvez seja melhor eu ir embora.
– Fique – pede ela, e toca a cadeira vazia que há entre nós. – Por favor.
Sento-me ao seu lado e, embora eu diga a mim mesmo que sou apenas um agente infiltrado obedecendo sua suposta líder, sinto-me como um filho oferecendo conforto à mãe em luto.
Permanecemos sentados, os ombros encostados e as respirações entrando no mesmo ritmo, e não falamos uma palavra.




Comentem!!!!


 



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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