Fanfics Brasil - Capítulo 7 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 7 (3ª Temporada)

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Dul


Anahí não para de girar uma pedra preta na mão enquanto conversamos. Demoro alguns segundos para perceber que a pedra, na verdade, é um pedaço de carvão, do recipiente da Audácia da Cerimônia de Escolha.
– Não queria falar nesse assunto, mas isso não sai da minha cabeça – diz ela. –
Dos dez iniciandos transferidos que começaram a nossa iniciação, apenas seis continuam vivos.
À nossa frente, encontram-se o edifício Hancock e, depois dele, Lake Shore Drive, o calçadão tranquilo sobre o qual certa vez passei voando como um pássaro. Caminhamos pela calçada rachada lado a lado, as roupas manchadas pelo sangue já seco de Edward.
Ainda não caiu a ficha que Edward, o mais talentoso iniciando transferido da nossa iniciação, o garoto cujo sangue limpei do chão do nosso dormitório, está morto. Ele está morto.
– E, dos legais – digo –, restamos apenas eu, você, e... talvez Myra.
Não vejo Myra desde que ela deixou o complexo da Audácia com Edward, logo depois que uma faca de manteiga arrancou seu olho. Sei que eles terminaram o relacionamento pouco depois disso, mas nunca soube para onde ela foi. De qualquer maneira, acho que nunca troquei mais do que algumas poucas palavras com ela.
As portas duplas do edifício Hancock já estão abertas, penduradas nas dobradiças. Uriah disse que chegaria mais cedo para ligar o gerador, e, de fato, quando aperto o botão do elevador, ele acende sob a minha unha.
– Você já esteve aqui antes? – pergunto ao entrarmos no elevador.
– Não – responde Anahí. – Quer dizer, nunca entrei no edifício. Acabei não vindo na tirolesa, lembra?
– Lembro. – Encosto-me na parede. – Você deveria tentar ir antes de irmos embora.
– É verdade. – Ela está usando batom vermelho. Isso me lembra a maneira como as crianças às vezes ficam com a boca suja de doces. – De vez em quando, entendo o lado de Alexandra. Aconteceram tantas coisas horríveis, que às vezes acho que seria uma boa ideia ficar aqui e apenas... tentar arrumar esta bagunça antes de nos envolvermos em outra. – Ela sorri um pouco. – Mas é claro que não vou fazer isso. Nem sei por quê. Acho que por curiosidade.
– Já conversou com sua família a respeito disso?
Às vezes, esqueço que Anahí não é como eu, sem qualquer lealdade familiar que a prenda a um lugar. Ela tem mãe e uma irmã mais nova, ambas antigas integrantes da Franqueza.
– Eles precisam cuidar da minha irmã – diz ela. – Não sabem se é seguro lá fora e não querem colocá-la em risco.
– Mas eles aceitariam se você fosse embora?
– Eles aceitaram quando me juntei a outra facção. Aceitarão isso também – explica. Ela encara a ponta dos seus pés. – Eles desejam apenas que eu leve uma vida honesta, sabe? E não posso fazer isso aqui. Tenho certeza de que não posso.
A porta do elevador se abre, e o vento nos atinge de imediato, ainda quente, mas com indícios do frio de inverno. Ouço vozes vindas do telhado e subo a escada até elas. A escada balança um pouco a cada degrau que subo, mas Anahí a segura até eu alcançar o topo.
Uriah e Zeke estão lá, lançando pedrinhas para fora do telhado e ouvindo o estilhaçar das janelas que elas atingem. Uriah tenta esbarrar no cotovelo de Zeke antes que ele lance uma pedra, para que erre o alvo, mas Zeke é rápido demais.
– Ei – dizem em uníssono quando veem Anahí e eu.
– Espera aí, vocês dois por acaso são irmãos? – pergunta Anahí, sorrindo.
Os dois riem, mas Uriah parece um pouco atordoado, como se não estivesse completamente conectado com o presente ou o lugar. Acho que perder alguém como ele perdeu Marlene pode fazer isso com uma pessoa, mesmo que não seja o que aconteceu comigo.
Não há presilhas para a tirolesa no telhado, e não é para isso que viemos aqui.
Não sei qual foi o motivo dos outros, mas eu queria estar no alto, ver o mais longe possível. Mas todo o terreno a oeste de onde estou é preto, como se estivesse coberto por um lençol escuro. Por um instante, acredito ver uma pequena luz brilhar no horizonte, mas depois ela desaparece, como uma ilusão de ótica.
Os outros estão em silêncio, como eu. Será que estamos pensando a mesma coisa?
– O que vocês acham que existe lá fora? – pergunta Uriah afinal.
Zeke dá de ombros, mas Anahí chuta uma resposta.
– E se for apenas mais do mesmo? Apenas... mais cidades em ruínas, mais facções, mais de tudo?
– Não pode ser – diz Uriah, balançando a cabeça. – Deve haver outra coisa.
– Talvez não haja nada – sugere Zeke. – As pessoas que nos colocaram aqui podem simplesmente estar mortas. Pode estar tudo vazio.
Sinto um calafrio. Nunca havia pensado nisso, mas ele está certo. Não sabemos o que aconteceu lá fora desde que nos colocaram aqui nem quantas gerações viveram e morreram desde então. Talvez sejamos os últimos sobreviventes da terra.
– Não importa – digo com mais severidade do que gostaria. – Não importa o que existe lá fora. Precisamos ver com nossos próprios olhos. Depois lidaremos com isso.
Ficamos parados ali por um bom tempo. Meu olhar segue as beiradas acidentadas dos prédios, até que as janelas acesas se misturam, formando uma linha. De repente, Uriah pergunta para Anahí sobre o tumulto, e nosso momento quieto e silencioso passa, como que carregado pelo vento.


 


 


 


 


                                                             + + +


 


 


 


 


No dia seguinte, Alexandra pisa nos pedaços do retrato de Jeanine Matthews no saguão da sede da Erudição e anuncia novas regras. Antigos membros de facções estão misturados aos sem-facção, e o lugar está tão lotado que há pessoas até do lado de fora, querendo ouvir o que a nossa nova líder tem a dizer.
Filas de soldados sem-facção se posicionam junto às paredes, os dedos pousados sobre os gatilhos das armas. Eles nos mantêm sob controle.
– Os acontecimentos de ontem deixaram claro que não podemos mais confiar uns nos outros – diz Alexandra. Ela parece pálida e exausta. – Vamos introduzir mais estrutura na vida de todos, até que a nossa situação esteja mais estável. A primeira dessas medidas será um toque de recolher: todos devem retornar a suas habitações às nove da noite. Ninguém deve deixar sua habitação até as oito da manhã do dia seguinte. Guardas patrulharão as ruas o tempo todo para garantir a nossa segurança.
Solto uma risada de desdém, mas tento disfarçar tossindo. Anahí dá uma cotovelada na minha costela e leva o dedo aos lábios. Não sei por que ela se importa tanto. Não há como Alexandra me ouvir da frente do saguão.
Maite, uma antiga líder da Audácia, afastada pela própria Alexandra, está a poucos metros de mim, de braços cruzados. Sua boca se contorce, formando um sorrisinho debochado.
– Também já está na hora de nos prepararmos para o nosso novo modo de vida, sem facções. A partir de hoje, todos começarão a aprender os trabalhos que os sem-facção têm feito desde sempre. Depois, todos nós assumiremos esses trabalhos em turnos rotativos, além das outras tarefas que foram tradicionalmente feitas pelas facções. – Alexandra sorri, mas sem sorrir de verdade. Não sei como ela consegue. – Todos contribuiremos da mesma forma para a nossa cidade, como deve ser. As facções nos dividiram, mas agora seremos unidos. Agora e sempre.
Ao meu redor, os sem-facção comemoram, mas fico inquieta. Não é que discorde dela, mas os membros de facções que se revoltaram contra Edward ontem não aceitarão tudo isso com passividade. O controle de Alexandra sobre a cidade não é tão forte quanto ela acredita.


 


 


 


 


                                                                 + + +


 


 


 


 


Não quero ter que abrir passagem pela multidão depois do anúncio de Alexandra, então atravesso os corredores até encontrar uma das escadas de fundos, a que usamos para chegar ao laboratório de Jeanine há poucos dias. Naquela situação, os degraus estavam repletos de corpos. Agora, estão limpos e gelados, como se nada tivesse acontecido ali.
Quando estou passando pelo quarto andar, ouço um grito e sons de briga. Abro a porta e dou de cara com uma confusão de pessoas, todas jovens, mais novas do que eu, e todas usando braçadeiras dos sem-facção, cercando um jovem caído.
Não é apenas um jovem, mas um jovem da Franqueza, vestindo preto e branco da cabeça aos pés.
Corro até eles, e, ao ver uma garota sem-facção preparar-se para chutá-lo outra vez, grito:
– Ei!
Não adianta. O chute atinge a costela do rapaz da Franqueza, e ele solta um gemido, contorcendo o corpo.


– Ei! – grito de novo, e desta vez a garota se vira. Ela é muito mais alta do que eu, uns bons quinze centímetros, mas só sinto raiva, não medo.
– Afaste-se – ordeno. – Afaste-se dele.
– Ele está violando o código de vestuário. Estou agindo dentro do meu direito e não recebo ordens de quem ama as facções – diz ela com os olhos colados na tatuagem à mostra sobre a minha clavícula.
– Becks – diz o garoto sem-facção ao seu lado. – Esta é Saviñón, a garota do vídeo.
Os outros parecem impressionados, mas a garota apenas solta um risinho debochado.
– E daí?
– E daí que precisei machucar muitas pessoas para sobreviver à iniciação da Audácia e farei o mesmo com você se for necessário.
Abro o zíper do meu moletom azul e o jogo para o garoto da Franqueza, que me encara do chão, o sangue escorrendo de um corte na sobrancelha. Ele se levanta, ainda com a mão sobre a costela, e cobre os ombros com o moletom, como um cobertor.
– Pronto – digo. – Agora ele não está mais violando o código de vestuário.
A garota avalia a situação, tentando decidir se quer ou não brigar comigo.
Quase consigo ouvir o que ela está pensando, que sou pequena, portanto um alvo fácil, mas sou da Audácia, por isso não deve ser tão simples me derrotar. Talvez ela saiba que já matei outras pessoas, ou talvez simplesmente não queira se meter em encrenca, mas está perdendo a coragem; dá para notar, pela maneira insegura como move a boca.
– É melhor você ficar ligada – ameaça ela.
– Posso garantir que não preciso – respondo. – Agora caia fora daqui.
Fico ali apenas o bastante para ver o grupo se dispersar, depois continuo
andando. O garoto da Franqueza me chama.
– Espere! O seu moletom!
– Pode ficar! – grito de volta.
Viro o corredor, achando que encontrarei outra escada, mas entro em mais um corredor vazio, idêntico ao anterior. Tenho a impressão de ouvir passos atrás de mim e me viro depressa, pronta para enfrentar a garota sem-facção, mas não há ninguém.
Devo estar ficando paranoica.
Abro uma das portas do corredor principal, esperando encontrar uma janela que me ajude a me orientar, mas encontro apenas um laboratório revirado, béqueres e tubos de ensaio espalhados sobre os balcões. O chão está coberto de papéis rasgados, e estou agachada para pegar um deles quando a luz se apaga.
Corro até a porta, mas meu braço é agarrado, e sou puxada para o canto.
Alguém cobre minha cabeça com um saco enquanto outra pessoa me empurra contra a parede. Luto contra eles, tentando me livrar do tecido que cobre meu rosto, e tudo o que consigo pensar é De novo, não, de novo, não. Giro o meu braço e consigo libertá-lo, desferindo um soco e atingindo o ombro ou o queixo de alguém, não sei ao certo.
– Ei! – diz uma voz. – Isso doeu!
– Não queremos assustar você, Dul – fala outra voz –, mas o anonimato é essencial em nossa operação. Não vamos machucar você.
– Então me soltem! – digo, quase rugindo. Todas as mãos que estão me segurando contra a parede me soltam.
– Quem são vocês? – pergunto.
– Somos os Leais – responde a voz. – E somos muitos, mas não somos ninguém...
Não consigo segurar o riso. Talvez seja o choque, o medo, ou o meu coração
agitado desacelerando depressa, minhas mãos tremendo aliviadas.
A voz continua:
– Ouvimos dizer que você não é leal a Alexandra Johnson e seus lacaios sem-facção.
– Isso é ridículo.
– Não tão ridículo quanto revelar sua identidade a alguém sem que isso seja necessário.
Tento enxergar através do saco que cobre minha cabeça, mas ele é grosso demais e a sala está muito escura. Tento relaxar o corpo contra a parede, mas é difícil sem conseguir me orientar pela visão. Quebro a lateral de um béquer sob meu pé.
– Não, não sou leal a ela. E daí?
– E daí que isso significa que você quer ir embora – diz a voz. Sinto uma pontada de emoção. – Queremos pedir um favor seu, Dul Saviñón. Faremos uma reunião amanhã à meia-noite. Queremos que traga seus amigos da Audácia.
– Tudo bem – digo. – Mas deixem eu perguntar uma coisa: se verei quem vocês são amanhã, por que é tão importante cobrir a minha cabeça hoje?
Por um instante a pergunta parece desorientar a pessoa com quem estou
conversando.
– Um dia traz muitos perigos – diz a voz. – Nós nos encontraremos amanhã, à meia-noite, no lugar onde você fez a sua confissão.
De repente, a porta se abre, o vento faz o saco roçar minha bochecha, e ouço passos rápidos pelo corredor. Quando consigo tirar o saco da cabeça, o corredor já está silencioso. Olho para o saco, que, na verdade, é uma fronha azul-escura com as palavras “Facção antes do sangue” pintadas nela.
Quem quer que sejam essas pessoas, elas certamente são dramáticas.
No lugar onde você fez a sua confissão.
Eles só podem estar se referindo a um lugar: a sede da Franqueza, onde sucumbi ao soro da verdade.


 


 


 


 


                                                            + + +


 


 


 


 


Quando enfim retorno ao dormitório aquela noite, encontro um bilhete de Christopher escondido sob o copo d’água na minha mesa de cabeceira.


VI–
O julgamento do seu irmão será amanhã de manhã e será reservado. Não posso ir, pois levantarei suspeitas, mas vou informar você do veredicto assim que possível. Depois poderemos pensar em algum plano.
Não importa o que aconteça, tudo acabará em breve.
– IV




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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