Fanfics Brasil - Capítulo 11 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 11 (3ª Temporada)

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Dul



O trem Desacelera quando nos aproximamos da cerca, um sinal da condutora de que devemos saltar em breve. Christopher e eu estamos sentados na porta do vagão, que se move devagar sobre os trilhos. Ele coloca o braço ao redor do meu ombro e encosta o nariz no meu cabelo, respirando fundo. Olho para ele, para a sua clavícula, que escapa da gola da camiseta, e para a curva tênue do seu lábio e sinto um calor crescer dentro de mim.
– No que está pensando? – sussurra ele ao meu ouvido.
Volto à realidade bruscamente. Olho para ele o tempo todo, mas não assim.
Sinto que ele acabou de me pegar fazendo algo vergonhoso.
– Nada! Por quê?
– Por nada. – Ele me puxa mais para perto, e eu encosto a cabeça em seu ombro, respirando fundo o ar fresco. O ar ainda tem cheiro de verão, de grama torrando sob o calor do sol.
– Parece que estamos nos aproximando da cerca – digo.
Dá para perceber, porque os prédios estão desaparecendo, dando lugar aos campos pontilhados pelo brilho ritmado dos vagalumes. Atrás de mim, Caleb está sentado perto da porta, abraçando os joelhos. Seu olhos encontram os meus no pior momento, e quero gritar para as partes mais sombrias dele, para que ele possa enfim me ouvir e entender o que fez comigo, mas apenas o encaro de volta, até que ele não aguenta mais e desvia o olhar.
Levanto-me usando a barra da porta para me equilibrar, e Christopher e Caleb fazem o mesmo. A princípio, Caleb tenta ficar atrás de nós, mas Christopher o empurra para a frente, até a beirada do vagão.
– Você primeiro – diz ele. – Um, dois três e... já!
Ele empurra Caleb apenas o suficiente para fazê-lo saltar do vagão, e meu irmão desaparece. Christopher salta em seguida, e eu fico sozinha dentro do vagão.
É idiotice sentir saudade de algo quando há tantas pessoas de quem eu deveria estar sentindo saudade, mas a verdade é que já sinto saudade deste trem e de todos os outros que me carregaram através da cidade, da minha cidade, depois que juntei coragem o suficiente para andar neles. Corro os dedos pela parede do vagão, depois salto. O trem está se movendo tão devagar que tento compensar na minha aterrissagem, acostumada a ter que correr contra o momentum, e desabo no chão. A grama seca arranha as palmas das minhas mãos e eu me levanto, procurando Christopher e Caleb na escuridão.
Antes de encontrá-los, ouço Anahí:
– Dul!
Ela e Uriah vêm ao meu encontro. Ele está carregando uma lanterna e parece bem mais alerta do que mais cedo, o que é um bom sinal. Há mais luzes e vozes atrás deles.
– Seu irmão veio? – pergunta Uriah.
– Veio. – Enfim vejo Christopher segurando o braço de Caleb e vindo ao nosso encontro.
– Não sei como alguém da Erudição não consegue entender isso – diz Christopher –, mas você não vai conseguir fugir de mim.
– Ele tem razão – fala Uriah. – Quatro é rápido. Não tão rápido quanto eu, mas, sem dúvida, mais rápido do que um Cimento como você.
Anahí solta uma risada.
– Um o quê? – pergunta ela.
– Um Cimento. É um trocadilho. Vem de “conhecimento”, por causa da Erudição... entendeu? É como chamar alguém de Careta.
– As pessoas da Audácia usam gírias muito estranhas. Maricote, Cimento... Vocês têm algum apelido para os membros da Franqueza?
– É claro que sim – diz Uriah, sorrindo. – Imbecis.
Anahí empurra Uriah com força, e ele derruba a lanterna. Christopher solta uma gargalhada e nos guia em direção ao restante do grupo, a alguns metros de distância. Maite balança a lanterna no ar para chamar a atenção de todos.
– Vamos lá – diz ela. – Johanna e as caminhonetes estão a cerca de dez minutos a pé daqui, então é melhor seguirmos em frente. Se eu ouvir um pio de qualquer um de vocês, espancarei a pessoa até ela desmaiar. Ainda não saímos da cidade.
Nós nos aproximamos uns dos outros. Maite caminha alguns metros à frente e de costas, no escuro, ela me lembra Alexandra, com braços e pernas esguios e definidos, e os ombros puxados para trás, tão segura de si que é quase assustadora. Sob a luz das lanternas, mal consigo ver a tatuagem de gavião na sua nuca. Foi a primeira coisa sobre a qual conversamos quando ela aplicou meu teste de aptidão. Maite me disse que o gavião simbolizava um medo que ela havia superado, o medo do escuro. Será que esse medo ainda a incomoda, depois de se esforçar tanto para enfrentá-lo? Será que medos desaparecem de fato ou apenas perdem o seu poder sobre nós?
Ela está cada vez mais longe de nós, em um ritmo mais de corrida do que de caminhada. Está ansiosa para deixar a cidade, para escapar deste lugar onde o irmão foi assassinado e ela assumiu um papel de destaque, mas foi frustrada por uma mulher sem-facção que nem deveria estar viva.
Ela está tão à frente que, quando os tiros são disparados, vejo apenas a sua lanterna desabar, e não seu corpo.
– Dividam-se! – ruge Christopher sobre o som dos nossos gritos, do nosso caos. – Corram!
Em meio à escuridão, procuro a sua mão, mas não encontro. Saco a arma que Uriah me deu antes de sairmos e a aponto para a frente, ignorando a maneira como segurá-la faz minha garganta se fechar. Não posso correr na escuridão da noite. Preciso de luz. Corro na direção do corpo caído de Maite, de sua lanterna.
Ouço, mas sem ouvir, os tiros, os gritos e as pessoas correndo. Ouço, mas sem ouvir, o batimento do meu coração. Agacho-me ao lado do feixe de luz que ela deixou cair e pego a lanterna, com a intenção de apenas agarrá-la e sair correndo, mas, sob a luz, vejo o rosto dela. Está brilhando de suor, e seus olhos estão girando sob as pálpebras, como se ela estivesse procurando alguma coisa, mas estivesse cansada demais para achar.
Uma das balas atingiu sua barriga, e a outra, o seu peito. Maite não vai sobreviver. Eu posso até estar com raiva dela por ter lutado comigo no laboratório de Jeanine, mas ela continua sendo Maite, a mulher que guardou o segredo da minha Divergência. Minha garganta se aperta quando me lembro da vez que a segui para dentro da sala do teste de aptidão, com os olhos fixos em sua tatuagem de gavião.
Seus olhos se viram na minha direção e me encaram. Ela franze as sobrancelhas, mas não fala nada.
Mudo a posição da lanterna, travando-a com o polegar, e seguro a sua mão, apertando seus dedos suados.
Ouço alguém se aproximar e aponto a lanterna e a arma na mesma direção.
O feixe de luz atinge uma mulher usando uma braçadeira dos sem-facção, que aponta uma arma para a minha cabeça. Disparo, cerrando os dentes com tanta força que eles rangem.
A bala atinge a barriga da mulher, e ela solta um grito, atirando cegamente na direção da luz.
Olho mais uma vez para Maite. Seus olhos estão fechados, e seu corpo está imóvel. Apontando a minha lanterna para o chão, corro para longe dela e da mulher em quem acabei de atirar. Minhas pernas doem, e meus pulmões ardem.
Não sei para onde estou indo, se estou correndo para perto ou para longe do perigo, mas continuo correndo pelo máximo de tempo possível.
Por fim, vejo uma luz a distância. A princípio, acho que é outra lanterna, mas, ao me aproximar, percebo que é maior e mais estável do que uma lanterna. É um farol. Ouço o som de um motor e me agacho na grama alta para me esconder, desligando a minha lanterna e mantendo a arma apontada. A caminhonete desacelera, e ouço uma voz:
– Maite?
Parece a voz de Anahí. A caminhonete é vermelha e enferrujada: um veículo da Amizade. Eu me levanto, apontando a lanterna para mim mesma, para ela saber que sou eu. A caminhonete para a alguns metros de mim, e Anahí salta do banco do carona, me abraçando. Eu repito a cena na minha cabeça para torná-la real: o corpo de Maite desabando, as mãos da mulher sem-facção cobrindo a própria barriga. Não está dando certo. Nada parece real.
– Graças a Deus – diz Anahí. – Entre. Vamos encontrar Maite.
– Maite morreu – digo com clareza, e a palavra “morreu” torna aquilo tudo real para mim. Enxugo as lágrimas das minhas bochechas com as costas das mãos e me esforço para controlar minha respiração trêmula. – Eu... eu atirei na mulher que a matou.
– O quê? – Johanna parece desvairada. Ela se inclina para fora do banco do
motorista. – O que disse?
– Maite se foi – repito. – Eu vi tudo.
A expressão de Johanna é ocultada por seu cabelo. Ela respira com dificuldade.
– Bem, então vamos encontrar os outros.
Entro na caminhonete. O motor ronca quando Johanna pisa no acelerador, e chacoalhamos sobre a grama à procura dos outros.
– Você viu algum deles? – pergunto.
– Alguns. Cara, Uriah. – Johanna balança a cabeça. – Ninguém mais.
Seguro a maçaneta da porta e aperto. Se eu tivesse me esforçado mais para encontrar Christopher... Se não tivesse parado para ficar com Maite...
E se Christopher não tiver sobrevivido?
– Eles devem estar bem – diz Johanna. – O seu garoto sabe se virar.
Concordo com a cabeça, não muito convencida. Tobias sabe se virar, mas, em um ataque, a sobrevivência é acidental. Não é uma questão de habilidade ficar parado onde nenhuma bala o atinja ou atirar no escuro e acertar uma pessoa que você não estava vendo. É tudo uma questão de sorte ou providência, dependendo da sua crença. E eu não sei, nem nunca soube, bem no que acredito.
Ele está bem ele está bem ele está bem.
Christopher está bem.
Minhas mãos tremem, e Anahí aperta o meu joelho. Johanna segue em direção ao ponto de encontro, onde viu Uriah e Cara. Vejo o ponteiro do velocímetro subir, depois parar no número cento e vinte. Esbarramos uma na outra no banco do carona, sendo jogadas de um lado para outro pelo terreno irregular.
– Ali! – Anahí aponta. Há um amontoado de luzes à nossa frente. São pequenos pontos que parecem lanternas com outras luzes ao redor, como faróis.
Chegamos mais perto, e o vejo. Christopher está sentado na capota da outra caminhonete com o braço encharcado de sangue. Cara está parada diante dele com um kit de primeiros socorros. Caleb e Peter estão sentados na grama, a alguns metros de distância. Antes que Johanna consiga frear por completo, abro a porta e salto da caminhonete, e corro em direção a ele. Christopher se levanta, ignorando as ordens de Cara para ficar parado, e nos encontramos, e ele me abraça com o braço que não está ferido e me levanta do chão. Suas costas estão molhadas de suor, e, quando ele me beija, tem gosto de sal.
Todos os nós de tensão dentro de mim se desfazem de repente. Sinto, por apenas um instante, que estou refeita, nova em folha.
Ele está bem. Estamos saindo da cidade. Ele está bem.




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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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