Fanfics Brasil - Capítulo 12 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 12 (3ª Temporada)

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Christopher



Meu braço lateja, como um segundo batimento cardíaco, por causa do tiro que levei de raspão. A mão de Dul esbarra na minha quando ela a levanta para apontar na direção de algo à direita: uma série de construções compridas e baixas, iluminadas por lâmpadas azuis de emergência.
– O que é aquilo? – pergunta Dul.
– São as outras estufas – explica Johanna. – Elas não exigem muita mão de obra, mas cultivamos e criamos produtos em grande quantidade lá, como animais, material bruto para tecidos e trigo, entre outras coisas.
Os painéis das estufas brilham sob a luz das estrelas, obscurecendo os tesouros que imagino existirem dentro delas, como pequenas plantas cheias de frutas penduradas dos seus galhos ou fileiras de batateiras enfiadas na terra.
– Vocês não as mostram aos visitantes – digo. – Nós nunca vimos essas estufas antes.
– A Amizade guarda alguns segredos – diz Johanna com orgulho.
A estrada que seguimos é longa e reta, marcada por rachaduras e lombadas.
Nas laterais, encontram-se árvores retorcidas, postes de luz quebrados, antigos cabos de eletricidade. De vez em quando, encontramos um pedaço isolado de calçada, com ervas daninhas arrebentando o concreto, ou uma pilha de madeira em decomposição onde antes havia uma casa.
Quanto mais tempo penso sobre esta paisagem, que todo patrulheiro da Audácia foi ensinado a acreditar ser normal, mais vejo uma velha cidade surgir ao meu redor, com construções mais baixas do que as que deixamos para trás, mas tão numerosas quanto as outras. Uma cidade antiga que foi transformada em um campo para que a Amizade pudesse cultivar seus produtos. Em outras palavras, uma cidade antiga que foi demolida, incendiada e completamente destruída, onde até as estradas desapareceram e a natureza tomou conta dos escombros.
Boto a mão para fora da janela, e o vento passa pelos meus dedos como mechas de cabelo. Quando eu era muito jovem, minha mãe fingia que conseguia moldar objetos de vento e me dava coisas para usar, como martelos e pregos, espadas ou patins. Era um jogo que fazíamos de noitinha, no jardim em frente à nossa casa, antes que Víctor voltasse do trabalho. Era algo que ajudava a nos distrair do nosso medo.
Na caçamba da caminhonete, atrás de nós, viajam Caleb, Anahí e Uriah.
Anahí e Uriah estão próximos o bastante para que seus ombros encostem, mas olham em direções diferentes, mais como estranhos do que amigos. Logo atrás de nós, vem outra caminhonete, dirigida por Robert, com Cara e Peter. Maite deveria estar com eles. Pensar nisso me faz sentir oco, vazio. Ela aplicou meu teste de aptidão. Ela me fez pensar, pela primeira vez, que eu poderia deixar a Abnegação. Que eu precisava fazer isso. Sinto que devo algo a ela, mas ela morreu antes que eu pudesse pagar a dívida.
– Chegamos – anuncia Johanna. – Este é o limite das patrulhas da Audácia.
Não há qualquer cerca ou muro separando o complexo da Amizade do mundo externo, mas eu me lembro de monitorar as patrulhas da Audácia a partir da sala de controle para me certificar de que não passassem do limite, marcado por uma série de placas com um X. As patrulhas eram estruturadas para que o combustível de suas caminhonetes acabasse se elas fossem longe demais, um delicado sistema de controle equilibrado, que preserva a nossa segurança e a deles. Percebo agora que o sistema era também uma forma de guardar o
segredo da Abnegação.
– Você já ultrapassou o limite? – pergunta Dul.
– Algumas vezes – diz Johanna. – Era responsabilidade nossa lidar com esse tipo de situação quando ocorria.
Dul a olha de maneira estranha, e ela dá de ombros.
– Toda facção tem seu soro – explica Johanna. – O soro da Audácia oferece alucinações, o da Franqueza oferece a verdade, o da Amizade oferece a paz, o da Erudição oferece a morte... – Ao ouvir aquilo, Dul estremece de maneira
visível, mas Johanna continua, como se nada tivesse acontecido. – E o da Abnegação apaga a memória.
Apaga a memória?
– Como a memória de Amanda Ritter – digo. – Ela disse, “Há muitas coisas que ficarei feliz em esquecer”, lembra?
– Sim, muito bem – diz Johanna. – A Amizade é encarregada de administrar o soro da Abnegação a qualquer pessoa que ultrapasse o limite, em uma quantidade que a faça esquecer apenas aquela experiência. Tenho certeza de que alguns já conseguiram escapar sem que percebêssemos, mas não muitos.
Ficamos calados. Reviro aquela informação na minha mente sem parar. Há algo profundamente errado em roubar as memórias de uma pessoa. Embora eu saiba que era necessário manter a cidade segura pelo tempo que fosse preciso, pensar sobre o assunto me causa um desconforto no fundo do estômago. Se você rouba as memórias de uma pessoa, você muda quem ela é.
Dentro de mim, cresce a sensação de desconforto, porque, quanto mais nos afastamos dos limites das patrulhas da Audácia, mais perto estamos de ver o que existe do lado de fora do único mundo que jamais conheci. Sinto pavor, empolgação, confusão e outras centenas de sentimentos ao mesmo tempo.
Vejo algo adiante, na luz da manhãzinha, e agarro a mão de Dul.
– Vejam – digo.



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Autor(a): Fer Linhares

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Dul O mundo além do nosso é cheio de estradas, edifícios escuros e cabos deeletricidade arrancados.Não existe vida nele, pelo que consigo ver; nenhum movimento e nenhum som, fora o vento e meus próprios passos.É como a paisagem de uma frase interrompida, com um lado pairando no ar, inacabado, e o outro, um assunto completa ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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