Fanfic: Intento Perderte - Trendy | Tema: RBD, trendy, dulce y poncho, dulce maria, poncho herrera
Poncho’s POV
Quando me ligaram avisando que as gravações tinham sido canceladas devido à alguns imprevistos no set, eu não pensei duas vezes em pegar o primeiro voo para a Cidade do México. Estava com tantas saudades assim dos meus ex companheiros? Não. Normalmente eu nem me importaria tanto com essas reuniões e com o fato de eu não estar presente na maioria delas. Mas algo me chamava; ou melhor, alguém.
Me convenci de que estava morrendo de saudades da Julia, e seria essa uma oportunidade para passar um tempinho com a minha pequena. Isso de forma alguma era mentira, eu realmente sentia a falta dela, mas, preciso confessar, não era só por ela. Mesmo que eu dissesse que não, eu ansiava por ver a Dulce.
Eu continuava extremamente frustrado com a última vez em que nos vimos, e como as coisas acabaram da pior maneira, me levando a assinar o divórcio que ela tanto queria. Mas ao mesmo tempo que a mágoa que eu carregava me fazia querer nunca mais vê-la na minha frente, meu coração ainda batia mais forte quando eu lembrava da nossa última vez, ou quando eu ouvia a voz dela do outro lado da linha quando precisava falar com a Julia. E assim, num impulso, em uma decisão totalmente irracional, quando vi já estava no check in do aeroporto, apenas com uma mochila nas costas.
Não querendo fazer alardes e sabendo que a minha confirmação poderia, talvez, espantar a Dulce desse reencontro, mandei mensagem para o Christopher quando estava a caminho do aeroporto, perguntando se ele poderia me buscar para que fossemos juntos até a casa de Anahí. Como bom amigo, ele topou na hora, e quando eu desci do avião, ele já estava à minha espera.
Quando avistei, ainda de longe, Dulce sentada na beira da piscina com as outras meninas, fui surpreendido por um misto de emoções que eu nunca havia sentido. Ao mesmo tempo que eu queria correr até ela e pega-la em meus braços, pedindo que todos os nossos problemas fossem esquecidos e que parássemos com essa bobeira de separação, eu também queria falar umas duras verdades na cara dela por ter me feito acreditar que tudo estava resolvido.
E por mais que eu tivesse tentado me conter, para não estragar o clima da nossa reuniãozinha, já que eu sabia o quanto isso era importante para todos, não consegui me segurar quando tive um momento a sós com ela. E, de alguma forma, eu já sentia o arrependimento bater na porta.
Eu estava chateado, e Dulce não era nenhuma santa nessa história toda, mas ela não merecia ser tratada daquela forma. Queria irrita-la por tudo o que havia acontecido, mas passei dos limites, tocando em um ponto que começava a se tornar sensível dentro do nosso relacionamento, e que eu sabia que nenhuma mulher, mãe, gostaria jamais de ouvir. Infelizmente, quando percebi, já tinha feito.
Respirei fundo, observando Anahí e Dulce se retirarem, começando a me sentir frustrado pelo o que havia feito. Pensei em ir atrás delas, e pedir desculpa, mas com certeza receberia um esporro da loira que havia presenciado tudo. Decidi que era melhor voltar para o bar e ajudar Christopher com as batidas que ele havia inventado de fazer.
- Poncho? – ouvi a voz de Maite, interrompendo meus pensamentos, antes que eu pudesse me mover.
- Oi Mai. Achei que estivesse na piscina.
- Estava. – ela se aproximou. – Mas como as meninas desapareceram, resolvi vir descobrir o paradeiro delas.
- Ah, elas foram para a cozinha. – respondi, apontando para o lado oposto.
- Ah... – ela deu uma leve risada, me deixando confuso. – Estão vivas, então. Depois eu encontro elas. Como você está, Ponchito? Faz tempo que não nos falamos.
- Ah, tudo bem, Mai. Muito trabalho, como sempre.
- Eu vi, hein! Vocês já estão indo para a quinta temporada, não é? – ela disse, se encostando no corrimão da escada.
- Sim! Felizmente, nossa audiência está nos surpreendendo cada vez mais. As previsões são de muitas outras temporadas pela frente, se as coisas continuarem assim. – falei, orgulhoso.
- Quem diria, Ponchito. Galã de série americana. – ela respondeu, me fazendo rir.
- Falou a rainha das telenovelas mexicanas, né? – ela riu, negando com a cabeça.
- Mas Poncho, se você me permite perguntar... – ela falou, adotando um tom de voz cauteloso, e eu já previa o que vinha pela frente. – Como você está? Com a Dul, e tudo mais? Estamos preocupados com vocês.
- Ah... – desviei meu olhar do dela, desconfortável. – Bem, eu não estou. Não queria que tivéssemos chegado a esse ponto, mas era o que ela queria, e eu não poderia força-la a ficar comigo, né? – sorri, sem graça. – Acho que tudo vai ficar bem, com o tempo. As coisas vão melhorar, mas agora não estamos no melhor momento. Faz duas semanas que tornamos tudo oficial, e realmente não foram dias fáceis.
- Eu sinto muito, Ponchito. – ela se aproximou, afagando meu braço. – Realmente, o tempo é o melhor remédio. Espero que algum dia possam recuperar a amizade que sempre foi tão forte entre vocês. A Julia vai precisar muito desses papais incríveis dela. – ela sorriu, tentando me reconfortar. – Vocês estão ligados para sempre.
- Nesse momento, não sei se isso é algo bom ou ruim. Às vezes é uma tortura ter que vê-la e manter esse contato.
- Mas é agora, Poncho. Como você mesmo disse, tudo vai melhorar. Tenha fé, amigo. – ela me deu um tapinha no ombro, tentando me animar, e eu ia agradecer pelo apoio, mas fomos interrompidos por uma pirralhinha que descia as escadas correndo para pular no meu colo, me dando o melhor abraço do mundo.
- Papai!!! – Julia gritou, animada, me fazendo sorrir.
- Pequena. – a peguei no colo, abraçando-a com toda a saudade que eu sentia. – Como você está, minha princesa?
- Bem papai! Eu tava com saudades de você. – ela respondeu, encostando a cabeça no meu ombro, olhando para Mai. – Oi tia Mai. – ela sorriu, sapeca, fazendo Maite rir.
- Oi, princesa. Esqueceu de ir cumprimentar a tia, né? – Mai deu um beijo na bochecha dela, fazendo-a rir.
- Desculpa tia. – ela desviou sua atenção de Mai, me encarando. – Papai, cadê a mamãe? To com fome. Tia Any falou pra descer que já íamos almoçar.
- Hum... eu não sei. – olhei para Mai, procurando uma resposta.
- Você quer ir comigo ver se já está pronto? – Mai respondeu, estendendo os braços para ela.
- Sim! – ela pulou do meu colo para o de Mai.
- Bom, eu vou lá ver o que o tio Ucker está aprontando então, daqui a pouco nos vemos, ok princesa?
- Ta bom, papai.
Dei um beijo em sua bochecha e fui em direção ao bar, meu destino inicial antes de Maite aparecer.
Christopher cantarolava todo animado, enquanto batia algo no liquidificador, e ao me aproximar, pude perceber a bagunça que ele estava fazendo.
- Anahí vai te matar, sim ou claro? – perguntei, rindo, enquanto me sentava no banquinho do outro lado do balcão.
- Ah cara, essa é a residência presidencial, tem que ter alguém para limpar isso. – ele respondeu, rindo. – Experimenta aí e me diz se está bom. – ele empurrou um copo com um líquido rosa, que eu peguei fazendo uma cara estranha. – Para de julgar sem experimentar. – ele me repreendeu, me arrancando uma risada.
- Ok. – respondi, levando o copo aos lábios e experimentando aquele líquido doce. – Até que não está ruim. – ele revirou os olhos enquanto eu ria de sua expressão. – Brincadeira, cara. Está bom. Acho que as mulheres vão gostar.
- É claro que está bom. – ele falou, convencido. – Quem foi que preparou, né?
Ele continuou o que estava fazendo, enquanto eu tomava mais um pouco da batida de morango. Logo eu imergi em meus pensamentos, ignorando sua presença.
- Poncho? – Christopher chamou, acredito que pela quarta vez. – Alô, o que está acontecendo contigo?
- Oi. – respondi, voltando a prestar atenção nele. – O que foi?
- Perguntei se você pode levar para as meninas. – ele colocou três copos com a batida na minha frente.
- Acho que a Any não está tomando álcool. – respondi, devolvendo um copo para ele.
- Sério? – ele riu, enquanto colocava algumas garrafas no lugar.
- Todos achamos estranho. Mas enfim... – dei de ombros.
- Poncho, você está bem? – ele guardava os copos que estavam espalhados, colocando uma jarra com a batida em cima do balcão.
- Sim, ué, por quê?
- Está muito distraído. – ele respondeu, enquanto dava a volta e se sentava em um banco de frente para mim, puxando o copo que eu havia devolvido e tomando um gole da batida.
- Só pensando em algumas coisas.
- Dulce?
- O que você acha? – sorri, meio sem graça.
- Cara, vocês realmente não tinham volta?
- Para ela, não. – suspirei.
- Como assim? O que você fez, parceiro? – ele terminou de tomar sua bebida, colocando o copo em cima do balcão.
- A pior coisa que um homem pode fazer em um relacionamento.
- Putz, cara. – ele balançou a cabeça negativamente, entendendo o que eu havia dito. - E ela não perdoou mesmo?
- Não. – respirei fundo, abaixando o olhar. – Eu tentei, um milhão de vezes, mas ela estava irredutível. Quis o divórcio a qualquer custo. Chego até a pensar que... – parei de falar, balançando a cabeça, incomodado com o que estava pensando.
- O quê?
- Ah, eu acho que ela está saindo com outro cara.
- Vocês não acabaram de se separar? – ele me indagou, com um olhar confuso.
- Sim, mas antes da nossa audiência, quando ela esteve em LA, eu a vi com seu assessor. O Noriega, você conhece?
- Hum... acho que não. Mas você tem certeza disso?
- Eu vi, Ucker. E depois ela disse que estava saindo com ele, em uma briga que tivemos antes dela voltar para o México. – mexi um pouco no copo, meio distraído. – Mas depois ela me disse que não tinha nada com ele, que havia falado só para me magoar. Não sei... Ela queria tão desesperadamente esse divórcio, que me deixa em dúvida.
- Eu acredito nela, Poncho.
- Por quê? – arqueei a sobrancelha, estranhando seu comentário.
- Qual é, Poncho. Estamos falando da Dulce, cara. – ele riu, enquanto eu esperava uma explicação. – Ela continua sendo uma adolescente de 15 anos com relação ao “amor”. É uma romântica. Ela jamais faria isso enquanto vocês não estivessem oficialmente separados.
- Não sei, Ucker. A Dulce mudou muito.
- A Dulce nunca muda, Poncho.
~
Tivemos um almoço bem animado. As mulheres não pararam de fofocar um minuto, enquanto as crianças conversavam alegremente. Acabei ficando um pouco mais afastado, conversando com Christian e Christopher na maioria do tempo.
Logo que acabaram de comer, as crianças ficaram loucas para pular na piscina, mas as mães entraram em ação e disseram que era para elas irem brincar um pouco, pois não podiam nadar logo depois de comer. Apenas fiquei observando de longe a forma com que Dulce se comunicava com Julia, e senti um sorriso se abrindo em meu rosto. Julia a escutava sempre, e dificilmente questionava o que a mãe falava. Era preciso apenas uma palavra de Dulce para que ela fizesse o que a mãe pedia; a pequena a respeitava demais, e era bonito ver a relação mãe e filha que as duas cultivavam. Era inquestionável que Dulce fazia um trabalho incrível.
Depois que as crianças foram brincar dentro da casa, nos reunimos ao redor da piscina, cada um em uma cadeira de sol, as mulheres já começando a ficar apenas de biquíni para aproveitar o sol.
- Poncho, você realmente não sente falta de cantar? – Anahí perguntou, mudando o assunto da roda.
- Nem um pouco. – respondi, rindo.
- Ah, eu duvido que você não sente falta de estar na frente de uma plateia de 50 mil pessoas gritando o seu nome. – Christian falou, pegando uma cerveja.
- Não, gente. Foi ótimo o tempo do RBD, e sim era incrível estar na frente de um público gigantesco gritando que te ama, mas não era realmente algo no qual eu sentia que fazia bem e que gostava muito. – meu olhar acabou encontrando o de Dulce, que logo desviou o seu, dando um sorriso discreto. – Eu não odiava, mas tampouco me via fazendo isso pelo resto da vida.
- Ai Poncho, todo mundo sempre amou sua voz. – Anahí retrucou.
- Todo mundo quem? – eu ri. – E vocês sabem que minha verdadeira paixão sempre foi a atuação e foi aí que eu me dediquei nesses últimos 12 anos. Nunca me senti tão completo.
- Poderia pelo menos ter gravado um disco solo para matar nossa vontade. – Maite comentou, fazendo todos rirem.
- Falando em cd solo... – Christian tomou um gole da cerveja que havia pego. – Logo teremos um DM4, não é, Docinho?
- Sim, Dul! – Anahí exclamou, animada, despertando Dulce que parecia viajar em seus pensamentos. – Nos conte, como está indo?
- Ah... – ela se ajeitou na cadeira. – Acabamos de escolher as músicas, no fim do mês tem gravação e começo do próximo ano, lançamento. – ela sorriu, feliz.
- Até que enfim, hein! – Christian respondeu. – Último disco foi em 2017, você é louca? Deixar a gente assim, sem material, por quase 4 anos.
- Tinha uma filha pra criar, né. – ela riu. – Você fala, mas faz quantas décadas que você não lança material novo, hein?
- Você me respeita, María. – Christian falou, se fingindo de ofendido.
- Ai gente, que saudades de gravar disco novo. – Anahí disse.
- Bem que poderíamos gravar um disco novo né? Se não fosse esse aí. – Christian me olhou.
- Amigo, não é só o Poncho que não tem interesse em gravar disco novo do RBD. – Christopher respondeu, dando uma batidinha no ombro do amigo, enquanto nós riamos.
- Bando de estraga prazer mesmo, viu. – Christian negou com a cabeça. – Saibam que vocês estão impedindo o nosso sonho aqui, espero que durmam com esse peso na consciência.
Continuamos batendo papo por mais algum tempo, até que as crianças voltaram ao jardim prontas para se jogarem na enorme piscina. É claro que as mães não deixaram, vida de criança não era fácil assim. Só depois de lambuzarem eles de protetor solar, foi que deram o sinal verde.
Eu não estava muito afim de dar um mergulho, assim como os meninos, mas o calor era tanto que decidi tirar a camiseta e ficar só de bermuda. Quem sabe mais tarde, pensei.
Ao contrário de nós, as mulheres estavam loucas para se divertirem junto com as crianças, e Christian já estava lá, fazendo o trabalho que deveria ser dos maridos, passando protetor solar nas costas delas, enquanto Christopher e eu o invejávamos. Fiquei com uma pontinha de ciúmes quando chegou a vez da Dulce, mas deveria me acostumar. Aquele não era mais o meu papel há algum tempo, e jamais voltaria a ser.
Por mais que eu tentasse, não conseguia desviar meus olhos de Dulce. Eu já tinha visto e ficado com mulheres lindas, maravilhosas, algumas deusas que andavam por essa Terra. Mas a Dulce... ela era mulher mais linda que eu já tinha visto em todos os meus 37 anos de existência. Eu sempre havia sido louco por ela, desde a nossa adolescência, e o que eu posso dizer é que o tempo a fez ainda melhor. Eu ainda sentia os mesmos arrepios de quando a conheci.
Mas nesse dia ela estava especialmente radiante. O biquíni preto, que eu conhecia perfeitamente cada parte, apenas destacava ainda mais suas curvas, naquele corpo que parecia ter sido esculpido pelos deuses. As pernas bem torneadas, aquela barriga lisinha, a cintura... Caramba! Acho que eu nunca tive tanta vontade de beija-la e te-la para mim como naquele momento.
Continuei com os olhos vidrados nela, quando a mesma pulou na piscina, se divertindo com Any e Mai. Não conseguia acreditar que nunca mais teria aquela mulher para mim. Christopher e Christian conversavam animadamente ao meu lado, mas minha atenção era toda dela.
Após algum tempo, as três decidiram sair da piscina e se sentaram em suas cadeiras de sol novamente. Dulce saindo da piscina, jogando o cabelo molhados para trás, simplesmente me fez perder o fôlego.
- Poncho. – Christopher me chamou, tentando segurar o riso. – Você está animado, hein? – olhei para ele sem entender, e logo o vi cair na gargalhada junto com Christian.
Foi só aí que reparei no volume que se formava no meu short. Voltei a olhar para eles, meio desesperado, esperando que me ajudassem, mas eles não conseguiam parar de rir, chamando a atenção das meninas.
- Gente, o que foi? – Anahí indagou.
- Nada. Estão rindo de uma piada. – falei, um pouco nervoso, enquanto pegava rapidamente minha camiseta para esconder o volume. – Any, onde é o banheiro?
Ela me explicou e eu sai dali rapidamente, deixando elas sem entender o que acontecia. Christian e Christopher continuavam rindo como loucos, e eu só esperava que eles conseguissem pelo menos mentir sobre o motivo pelo qual estavam assim.
Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Seria essa a maior vergonha que eu havia passado na minha vida?
Não foi muito difícil encontrar o banheiro. Logo que entrei, fechei a porta e me encostei na mesma, fechando os olhos e tentando pensar em coisas que fizessem eu “me acalmar”.
- Belo lugar para ficar assim, hein Alfonso? – murmurei, um pouco irritado comigo mesmo.
Demorou uns 5 minutos para que aquele volume finalmente sumisse e eu pudesse sair dali. Mas antes, lavei o rosto, respirando fundo, tentando tirar Dulce dos meus pensamentos.
- Como você pode ter tanto poder sobre mim? – falei, enquanto olhava o meu próprio reflexo no espelho.
Enxuguei o rosto e em poucos minutos saí daquele banheiro, pensando em voltar para o jardim, mas acabei encontrando Dulce na cozinha.
- Hey... – murmurei, cauteloso.
- Oi. – ela não olhou para mim, me fazendo suspirar.
- O que faz? – me aproximei, olhando por cima de seu ombro, curioso.
- Só preparando um suco para as crianças, elas estão com sede. – ela continuava atenta ao que fazia, sem me olhar, e isso me incomodava.
- Quer ajuda?
- Não. – Dulce respondeu, seca.
- Dulce, me desculpa por hoje. – ela continuou preparando o suco, sem me responder. – Eu jamais deveria ter falado daquele jeito com você. Fui um estúpido, sinto muito.
- Ok, Poncho, já foi. – finalmente ela olhou para mim, deixando o que estava fazendo. – Você pode... – ela fez sinal para que eu desse passagem para ela, e só então percebi que eu estava na frente da geladeira.
- Dulce... – murmurei, dando espaço para ela passar, observando-a enquanto a mesma pegava um pouco de água, logo voltando ao balcão e ficando de costas para mim.
- Poncho, esquece isso. Por que não volta para a piscina? Estão todos te esperando.
Suspirei, um pouco frustrado. Pensei em deixar para lá, e voltar para a piscina, mas eu não conseguia. Foi então que me aproximei mais dela, tocando em sua cintura, observando ela se arrepiar. Ao contrário do que eu esperava, ela não me repeliu, apenas ficando imóvel, enquanto eu depositava um beijo em seu ombro.
- Eu te amo tanto. – sussurrei em seu ouvido, em um momento de fraqueza, e aos poucos ela se virou de frente para mim.
Encostei meu corpo no dela, prensando-a no balcão, enquanto levava minha mão ao seu rosto, acariciando-o. Ela fechou os olhos, suspirando, me arrancando um sorriso. Ela ainda tinha as mesmas reações ao meu toque, e eu amava saber o quanto eu a afetava.
- Poncho... – ela murmurou bem baixinho, voltando a abrir os olhos, me mostrando aqueles castanhos intensos.
Aos poucos, aproximei meu rosto do dela, sentindo sua respiração quente, enquanto ela subia suas mãos pelo meu peito. Fechei os olhos, a ponto de colar nossos lábios, mas fomos interrompidos por uma baixinha que entrou correndo na cozinha.
- Mamãe! – Julia chegava gritando.
- Julia! – Dulce me empurrou, passando as mãos pelos cabelos, tentando se recompor. – Julia, o que está fazendo aqui? Vai molhar a casa inteira!
- Deixa a menina, Dulce! – ouvimos a voz de Anahí se aproximando e eu decidi que era hora de voltar para a piscina.
~
O sol estava quase se pondo quando Christopher decidiu buscar o violão que estava em seu carro. As crianças continuavam na piscina, mas conforme o vento começou a ficar um pouco mais forte, as mamães decidiram que já era hora de saírem antes de ficarem resfriados. Organizamos as cadeiras em roda, enquanto as crianças se enrolavam em suas toalhas, se aninhando no colo das mães. Algumas já estavam com fome, e por isso deixamos uma mesa com alguns petiscos e bebidas no meio da roda.
- Tio Chris, o que é isso? – Juan perguntou, apontando para o violão.
- Um violão, para tocarmos música. – Christopher respondeu, sorrindo. – E aí gente, o que acham de a gente relembrar algumas canções?
- Eu simplesmente AMEI a ideia. – Anahí respondeu, empolgada.
- Sim! Qual poderíamos cantar? – Maite disse.
- Eu acho que deveríamos começar com nosso maior sucesso. – Christian comentou.
- A que vocês escolherem, estará ótima. – Dulce finalmente se pronunciou.
E foi assim que começou uma grande discussão sobre quais músicas eles poderiam cantar naquele tão curto espaço de tempo. Fiquei alheio à roda, já sabendo que não participaria do coral. Em determinado momento, Julia cansou de tentar entender o que estava acontecendo, saindo do colo da Dulce para vir até mim.
- Papai, o que ta acontecendo? – ela estendeu os bracinhos para mim, que prontamente a peguei no colo.
- São loucos, meu amor. – respondi, rindo. – Que saudades que eu estava de você, princesa. – a abracei, depositando um beijo no topo de sua cabeça.
- Eu também, papai. Muitas assim ó. – ela disse, esticando os braços. – Hoje a mamãe fez panqueca pra mim.
- Ah é? – eu ri, sabendo que Dulce odiava fazer essa que era talvez a minha única especialidade culinária.
- Aham. Não tava tão gostosa quando a sua, papai, mas eu não falei nada pra mamãe pra ela não ficar triste. – ela deitou a cabeça em meu peito, enquanto eu arrumava sua toalha para que ela não ficasse com frio.
- Ah meu amor, que bonito você fazer isso pela mamãe. Você precisa cuidar muito dela, sabia? – ela colocou sua mãozinha sobre a minha, me fazendo sorrir. – Agora que o papai não está, você vai ter que cuidar dela por mim.
- Eu vou cuidar, papai. – ela brincava com a minha mão, começando a se distrair. – Eu queria que você ainda morasse com a gente.
- Nós já te explicamos, filha, que a mamãe e eu não moramos mais juntos. Mas isso não muda nada o amor que sentimos por você. – ela me olhou. – Sempre estaremos juntos para te amar e te cuidar, nunca se esqueça disso, ok? – ela sorriu, me dando um beijo estalado na bochecha.
- Poncho? – ouvi a voz de Anahí me chamando, e quando vi, a roda inteira nos encarava.
- Sim?
- Você não vai dizer nada? – ela continuou.
- Ué, sobre o que? – me fiz de desentendido.
- Sobre as músicas. Quais você prefere?
- É que... – respirei fundo, sabendo que seria bombardeado após essa resposta. – Any, galera, eu não vou cantar. – e uma explosão de perguntas começou.
- Como assim você não vai cantar?
- Você está louco?
- Você não pode fazer isso com a gente.
- Poncho, pelo amor de Deus, para com isso.
- Cara, é uma vez só, qual é?
- Gente, gente, por favor. – tentei acalma-los. – Vocês sabem que eu não gosto, não é a minha praia, por favor, respeitem isso.
- Só uma musica, por favor, Ponchito. – Anahí me olhou, com cara de pidona.
- Não, essa eu vou deixar passar, galera. Sinto muito.
- Papai, por que você não quer cantar? – Julia perguntou.
- Alá, está vendo? Até a pestinha Herrera-Saviñon quer que você cante. – Christian falou.
- Filha... – suspirei, olhando para Julia. – O papai não gosta de cantar, é só isso.
- Poncho, fala sério. Você realmente não gosta? De verdade? Porque eu nunca vi alguém que não goste de cantar. – Christian retrucou, me fazendo revirar os olhos.
- Não é que eu não goste...
- Então canta, caray! – Anahí exclamou, sem paciência.
- Não, gente, por Dios! Eu não canto bem, para que vocês querem a minha contribuição nisso?
- Para de ser complexado, Alfonso Herrera. – Anahí disse, ficando emburrada.
- Poncho, vamos lá. – Maite tentou intervir. – O que custa?
- Eu não canto desde o nosso último show, pelo amor de Deus. – respondi, já ficando irritado, e recebi um olhar desconfiado de Dulce. - Totalmente sem prática, seria uma porcaria.
- Olha aqui Alfonso, eu não demorei 12 anos, DOZE anos, para reunir todo mundo, para você se recusar a cantar com a gente. – Anahí disse, já irritada também.
- Meu Deus, por que vocês não podem me respeitar? Eu não gosto, eu não quero, eu não canto bem.
- Eu sempre disse o quanto a sua voz é linda e como as palavras soam tão mais bonitas quando você as diz. – Dulce, pela primeira vez, se manifestou sobre o assunto.
- Eu já disse que não, está decidido. – respondi, depois de um tempo de silêncio constrangedor, gerado pelo comentário dela.
- Poncho, todo mundo aqui ama a sua voz. Acredita na gente. – Maite tentou me convencer, mas ainda em vão.
- Eu não acho, e eu não me sinto bem fazendo isso. Não tentem insistir mais, por favor.
- Poncho, você tem certeza que não vai cantar por bem? – Dulce falou novamente, fazendo com que a atenção de todos se voltasse para ela.
- Hã? – perguntei, sem entender.
- Você sabe que eu te conheço perfeitamente. – ela deu um sorriso sapeca. – Tem certeza que quer usar essas desculpinhas para não cantar?
- Dulce... – suspirei, entendendo o que ela queria dizer.
- Não estou entendendo nada. – Christian reclamou.
- Poncho, eu vou contar o seu segredo, e você sabe que vai ser muito pior se eles souberem. – ela sorriu, convencida, me fazendo respirar fundo. Intimidade é uma merda mesmo, né?
- Que segredo? – Anahí já se empolgava novamente, enquanto Dulce continuava me olhando, sabendo que estava fazendo um inferninho na minha vida.
- Conta logo, María! – Christian já se agitava também.
- Não conta nada, Dulce. Não ouse. – a fitei, com os olhos semicerrados.
- Eu vou contar. – ela ameaçou, rindo.
- Dulce! – respondi, irritado.
- Você vai cantar? – ela perguntou.
- Não.
- Tem certeza?
- Sim.
- Então ok, eu vou mesmo contar. – ela sorriu, se divertindo com toda a situação.
- Dulce, por Dios, cala a boca. – até eu já começava a rir daquela discussão.
- Você já repensou? – ela perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Dulce, pelos nossos 18 anos juntos, fique quieta. – respondi, negando com a cabeça.
- Se eu tenho informação privilegiada, por que não utiliza-la? – ela piscou pra mim, me provocando.
- Por Dios, Dulce María, desembucha logo! – Christian se intrometeu.
- Sua última chance, Ponchito... – ela sorriu pra mim, mas eu continuei negando com a cabeça. – Bom, gente, é o seguinte...
- Dulce. – a repreendi.
- Nosso último show não foi a última vez que o Poncho cantou...
- O quê? – todos exclamaram ao mesmo tempo.
- Dulce! – exclamei, frustrado. – Para, por favor.
- Eu sempre pedia para ele cantar para mim, e ele já fez isso diversas vezes. Inclusive, ele gosta bastante. – a cada palavra de Dulce, eu sentia mais vontade de me enfiar em um buraco e nunca mais sair.
- Já sabemos quem é a falsa desse grupo... – Christian disse, fazendo todos rirem.
- Poncho, vamos! Se você gosta, por que não canta? – Anahí perguntou.
- Porque eu realmente acho que não canto bem, e só a Dulce conseguia me convencer a isso. – respondi, um pouco aborrecido.
- Você sempre foi uma das minhas vozes preferidas. Eu poderia te ouvir pelo resto da vida. – Dulce me olhava ternamente, e eu estava completamente surpreendido com seus comentários.
- Nós também concordamos com a Dul, Ponchito. – Maite, que estava do meu lado, abriu um sorriso largo, afagando meu braço.
- Sim, Alfonsito, eu também sempre gostei muito da forma como você canta. Sua voz rouca faz tudo parecer tão melhor. – Anahí piscou, me fazendo sorrir com seu comentário.
- Cada um tem uma voz completamente distinta uma da outra aqui, cara, e por isso éramos um grupo, para que nos completássemos. – Christopher falou. – E sem você, ficamos incompletos.
- Canta com a gente, Herrera. – Christian pediu e foi então que eu percebi o olhar terno de todos, os sorrisos de incentivo e eu sabia que não conseguiria mais recusar.
- Canta, papai! – Julia se intrometeu, nos fazendo rir.
- Ok, eu canto.
~
- Meninos, sabem uma música que eu sempre achei maravilhosa, mas que infelizmente acabou ficando de lado nos nossos shows? – Anahí falou, enquanto Christopher tirava o violão da capa. – Es por amor.
- Eu amo essa música! – Maite comentou, sorrindo.
- Foi uma injustiça não nos deixarem canta-la. – Dulce respondeu, com um olhar triste.
- É realmente uma ótima música. – Christopher posicionou o violão no colo, começando a dedilha-lo. – Acho que eu consigo tira-la aqui. O que vocês acham de finalmente fazermos justiça a ela? – ele sorriu, e como se fosse mágica, o olhar de todos se iluminaram, me fazendo sorrir ao vê-los daquela forma.
- Está decidido, então. – respondi.
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Christopher começou a entoar a música no violão, fazendo todos ficarem alegres, inclusive as crianças. Anahí, Dulce e Maite se sentaram juntas, se abraçando, enquanto se mexiam de um lado para o outro. Julia, que ainda estava em meu colo, começou a bater palmas no ritmo da música, me fazendo rir.
- Si estamos lejos y olvidamos... – Anahí começou, sorrindo. - Lo que podemos compartir...
- Cada minuto de la vida... – logo a voz forte de Christian foi ouvida, e eu comecei a sentir uma nostalgia que há tempos não sentia. - Se pierde como un día gris...
- Es por amor que brilla el sol, es por seguir al corazón que gira el mundo... – todos cantamos juntos. - ...y no se detendrá. – as crianças dançavam desajeitadas, vendo, talvez, pela primeira vez, a nossa “banda” cantar. - Y por amor hay que salir, cruzar sin miedo a la frontera... – a sensação que eu sentia era indescritível, e eu já não sabia mais porque eu me recusava tanto a cantar. - ...y dejar la puerta abierta.
Olhei para a Dulce, já sabendo que a próxima estrofe nos esperava. Ela sorriu, um sorriso tão lindo que parecia ser capaz de acabar com todos os nossos problemas. Nosso olhar cúmplice denunciava que aquele amor, aquele carinho, jamais acabaria.
- La lluvia atrapa los recuerdos... – cantamos juntos, e eu não conseguia evitar que meus pensamentos voltassem para a época do RBD, quando vivemos tantas aventuras, ela e eu. - Los hace nuestros hasta el fin... – continuamos nos encarando por alguns segundos, parecendo ser impossível desviar nossos olhares.
- Ya nada es como queremos... cuando dejamos de sentir... – Maite finalizou a segunda parte.
[...]
- Es por tu amor que brilla el sol y por seguir tu corazón... – cantamos pela última vez.
- Llegaras... – Dulce fechou os olhos, deixando que sua voz tomasse conta de seu ser. - A donde quieras... – eu não tinha dúvidas que ela seria para sempre a mulher da minha vida.
Dulce e Poncho... uma loucura esses dois, né? Uma hora se amam, outra se odeiam, depois se amam de novo. Não sei lidar hahaha
Vocês gostaram desse especial? Ele não puxa muito o plot de Dulce e Poncho, mas eu quis trazer essa participação dos outros quatro RBDs até para dar uma noção de como todos estão nesse futuro da fic mesmo (e aproveitar a timeline dentro da própria história).
Espero que tenham gostado!
Até a próxima :)
Autor(a): sabrinasm
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