Fanfics Brasil - Capítulo IV - Perdão Intento Perderte - Trendy

Fanfic: Intento Perderte - Trendy | Tema: RBD, trendy, dulce y poncho, dulce maria, poncho herrera


Capítulo: Capítulo IV - Perdão

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Quando meu celular despertou às 9:30 naquela manhã, eu queria apenas um martelo para deixa-lo em pedacinhos. Tinha dormindo pouco mais de três horas e estava com uma dor de cabeça terrível, enquanto meu corpo todo doía. Respirei bem fundo, procurando coragem para me levantar. Não estava ali de férias, como havia falado para Alfonso quando nos encontramos. Tinha que estar no estúdio às 11:00, senão Rodrigo, meu assessor, me mataria. Já havia adiado o início do disco por muito tempo, e agora eu já não tinha mais escapatória. Precisava seguir em frente, continuar minha carreira que estava em pausa há mais de 2 anos.


- Bom dia. – falei, enquanto entrava na cozinha, após tomar um banho rápido e trocar de roupa, encontrando Alfonso só de calça de moletom, preparando o café da manhã para Julia. – Pularam da cama, hein. – eu sorri, dando um beijo estalado na bochecha de Julia, que sorriu de volta para mim. – E você, mocinha? O que vai fazer hoje?


- Bom dia, Dulce. – ele me respondeu seco, passando a panqueca que ele fazia da frigideira para o prato que estava em frente a Julia. – Filha, qual cobertura você quer? – ele sorriu para a pequena, deixando o tom de voz ríspido só para mim.


- Caramelo! – ela exclamou, animada. – Mamãe, hoje o papai vai me levar pra conhecer a cidade. – seus olhinhos brilhavam. – Ele também falou que eu vou poder escolher o brinquedo que eu quiser lá na loja que ele vai me levar. – ele se aproximou, colocando a calda de caramelo por cima da panqueca, enquanto ria dela contando tudo tão animada.


- Hm! Vai ser um desafio para você achar algo que já não tenha, não é mesmo? – ela riu, e eu mexi em seus cabelos, depositando um beijo em sua testa. – Não vai dar trabalho para o papai, hein. – caminhei em direção ao armário, pegando um copo e o preenchendo com água, enquanto tirava uma aspirina da cartela.


- Você está bem? – ele olhou de relance para mim, enquanto terminava outra panqueca.


- Sim, só um pouco de dor de cabeça, não dormi muito. – dei um sorriso fraco, pegando uma xícara para tomar café.


- Você quer panqueca? – ele não olhava pra mim.


- Não... obrigada. Só vou tomar esse café mesmo e preciso ir. – respondi, enquanto tomava um gole do café, me encostando na bancada.


- Onde você vai, mamãe? – Julia levantou o olhar curiosa.


- Vou no estúdio, meu amor. – sorri para ela, assoprando um pouco o café que se encontrava demasiadamente quente.


- Ah! Com o tio Rodrigo? – não pude deixar de reparar que Alfonso levantou o olhar.


- Sim. – eu respondi, não antes de olhar de relance para Alfonso e dar uma leve risada.


- Você ainda trabalha com o Noriega? – ele perguntou com descaso, enquanto experimentava a panqueca que havia feito.


- Sim... – respondi, sem entender seu tom. – Nós voltamos a trabalhar juntos para esse novo disco. Ele está sendo de muito apoio.


- Ele ainda está com a Paty? – Alfonso voltava a me olhar.


- Não... faz bastante tempo que terminaram. – dei outro gole no café. – Bem antes de nós. – dei de ombros, colocando a xícara na pia.


- Entendi. – ele voltou sua atenção para as panquecas novamente. – Ju, como está a panqueca? – ele riu, ao ver que Julia já estava toda lambuzada de caramelo.


- Uma delícia! – ela exclamou, tirando uma risada de nós dois.


- Eu não vou limpar essa baguncinha não, essa é por sua conta. – dei dois tapinhas no ombro de Alfonso quando passei por ele e recebi um olhar terno, para minha surpresa. – Preciso ir agora, antes que eu me atrase com o trânsito dessa cidade.


- Você quer que eu te leve? – ele perguntou, já se levantando.


- Não precisa, já pedi um Uber. – balancei o celular que estava na minha mão. – Logo chega.


- OK, qualquer coisa que precisar, você sabe... – ele voltou a se sentar. – Como estão as coisas? Digo, com a carreira... Você vai voltar?


- Sim. – respondi animada. – Acabei adiando mais do que deveria. Na verdade, até uns dois meses atrás eu estava pensando em adiar por muito mais tempo. Mas vi que eu não poderia mais fugir disso e que precisava seguir minha vida. – ao ouvir a última frase, Alfonso abaixou a cabeça, brincando com o garfo em sua mão.


- Fico feliz por você. – ele já não me olhava mais.


- Obrigada. Logo vamos gravar o disco, lançaremos novo single, começarei uma nova turnê. – acabei me lembrando do tempo que passaria longe da minha pequena, fazendo meu coração apertar. – A única coisa que me deixa triste é que vou ter que ficar um tempo longe dessa menininha. – falei, enquanto ia em direção a ela e a abraçava por trás, enchendo-a de beijos. – Julia, não. – comecei a rir, quando ela sujou meu nariz de caramelo.


- Mamãe, você vai deixar eu ir em um show seu? – ela riu, enquanto Alfonso se levantava para pegar um pano e limpar a bagunça que ela estava fazendo.


- Claro meu amor, mas você não poderá ir em todos, porque alguns serão em outros países. – ele se aproximou de nós, se abaixando na altura de Julia e limpando seu rosto e suas mãos que estavam sujos.


- Filha, como você faz essa bagunça? – ele perguntava rindo.


- Ahhh, mamãe! – ela fez o maior bico do mundo. – Mas eu quero ir em todos. – ela me contestou, e eu recebi um olhar curioso de Alfonso.


- Mas você não pode, amor. Você ta muito pequenininha pra ficar viajando tanto assim. Você precisa fazer suas coisas de criança, não acha? Brincar, correr por aí, ficar com seus amiguinhos. Além disso. – arrumei a franjinha dela que caía nos olhos. – Você precisa fazer companhia para os seus avós, suas tias, seu pai. Eles ficariam muito triste de ficar longe de você assim.


- O papai não pode vir junto? – ouvi Alfonso rir, já próximo da pia.


- O papai tem um trabalho diferente, você sabe disso. Ele tem que fazer os filmes dele, as séries, como ele faria isso se ele fosse viajar com a gente? – ela me olhou, buscando uma resposta. – Você precisa cuidar dele. – a essa altura, ele apenas acompanhava a discussão, se divertindo.


- Ah, mas eu já quase não vejo o papai mesmo. – ela deu de ombros, fazendo o sorriso dele desaparecer. – Então não vai adiantar muito, mamãe.


- Filha... – ele se aproximou dela. – Logo o papai acaba as gravações da série aqui em Los Angeles, e vou tirar um tempinho para ficar com você. – ele acariciou sua bochecha, enquanto eu ficava olhando meio abobalhada para aquela relação que os dois tinham e que eu pouco pude acompanhar, devido a todos os acontecimentos. – Eu vou para o México para ficar mais pertinho de você, vou trabalhar um tempinho lá, enquanto sua mamãe não está. – ele sorriu, e ela logo lhe retribuiu. – Você vai cuidar de mim, então?


- Ta bom, papai. – ela riu, lhe dando um abraço e um beijo estalado na bochecha. Eu sorri com a cena, tendo a certeza que tudo ficaria bem para ela nessa nova etapa da nossa vida.


~


Ah, que saudades que eu estava de Los Angeles! Eu sempre gostei muito de morar no DF, mas LA tinha roubado meu coração desde o primeiro dia. Havia me mudado à trabalho, para participar de um antigo projeto em um reality show, em 2014, mas acabei ficando muito mais do que esperado. Foram 5 anos morando nessa cidade maravilhosa, que tanto me trazia boas lembranças. Apesar do nosso término, Alfonso e eu passamos ótimos momentos vivendo aqui. Foi nessa cidade em que nos encontramos, por acaso, logo na minha primeira semana (e causamos nosso primeiro de muitos incêndios em LA). Foi aqui também em que voltamos a namorar, que fomos morar juntos, que noivamos. Voltamos ao México para nos casarmos perto de nossas famílias, mas logo estávamos de volta, vivendo intensamente nosso romance pelas ruas dessa cidade. Vivemos aventuras merecedoras de um livro.


Estava tão imersa em pensamentos, matando a saudades da cidade, que mal percebi quando o motorista estacionou em frente ao estúdio. Agradeci, e logo já estava na calçada em frente ao prédio, admirando a arquitetura dos edifícios ao redor, abrindo um enorme sorriso no rosto. Pela primeira vez em muito tempo, estava animada, quase extasiada!


Olhei para a porta de vidro à minha frente, pensando em tudo o que aquilo significava. Era o começo de uma nova vida, de um novo capítulo, de uma nova história. Ainda tinha muitas coisas para resolver com relação ao meu casamento fracassado, mas ao menos com a minha carreira, tudo já se encaminhava bem. Respirei fundo, ainda sorrindo, e caminhei firme em direção ao prédio.


Logo encontrei alguns produtores conhecidos, outros que eu já havia trabalhado, algumas pessoas da gravadora e acabei conversando por uns 10 minutos na recepção com eles, que aparentavam estar muito felizes com a minha volta. Quando já ia em direção ao elevador, a porta se abriu e dela saiu Noriega. 


- Dulce! – ele exclamou, me abraçando. – Ouvi os burburinhos lá de cima que você havia chegado. Vim te resgatar, antes que esses produtores te arrastem com eles. – nós rimos, enquanto entrávamos no elevador.


- Rod, como está tudo? Estão esperando há muito tempo?


- Não. Alguns nem chegaram. – ele deu de ombros. – Mas já temos trabalho a fazer. Chegaram algumas músicas incríveis para que você dê uma olhada.


- Ah... – suspirei. – Vocês receberam as que eu mandei?


- Sim... – ele me olhou desconcertado. – Bom, acho que vale a pena você dar uma olhada nessas.


- Rod, vocês sabem que eu quero um álbum mais íntimo para esse retorno. E já sei que vocês vão querer me encher de músicas comerciais e... – meu tom de voz já mostrava a minha chateação.


- Dulce, Dulce, mi reina. – ele se virou para mim, levando suas duas mãos ao meu rosto. – Se acalma, ok? Vamos ver, vamos dar uma chance, e depois discutimos com todos as suas ideias. Vai dar certo, confia em mim. – ele piscou, depositando um beijo em minha testa em seguida. Eu suspirei, sabendo o que já me esperava.


~


- Eu acho essa música perfeita para entrar para o disco e ainda forte concorrente para primeiro single. – respirei fundo, ouvindo um dos responsáveis da gravadora.


- Eu acho que se colocarmos uma batida mais pop-eletrônica, vamos conseguir um resultado ainda melhor. Dulce, o que acha? – tinha minhas mãos no rosto, impaciente com toda aquela discussão. – Dulce? – senti alguém me cutucando, e olhei para Noriega, que apontou com a cabeça para o cara que falava comigo.


- Oi? – respondi.


- O que acha? – ele percebeu que eu não havia entendido sua pergunta. – O que acha da música que estamos discutindo?


- Ah... – respirei fundo novamente. – Eu até gostei da batida, mas achei a letra muito superficial. Não condiz com o que eu quero para o disco, não tem absolutamente nada a ver com os sentimentos que eu estou trazendo para essa nova etapa.


- Se formos trazer o que você sente para esse disco, será um disco para tocar em velórios. – ouvi alguém retrucar.


- Carlos. – Noriega o repreendeu.


- Nós estamos aqui há três horas, já passamos por diversas músicas, e você parece não gostar de nada, Dulce. – o tal Carlos respondeu e eu voltei minha atenção para ele.


- Por que vocês estão me trazendo músicas completamente comerciais! – me irritei. – Eu passei por isso nos meus outros três discos, e vocês sabem disso. Sempre a mesma discussão, eu sempre preciso brigar para fazer o disco a minha maneira. Eu já havia avisado ao Julio que se quisessem trabalhar comigo, dessa vez as coisas seriam do meu jeito, integralmente. – me levantei, pegando algumas folhas que estavam comigo. – Depois de te ver naquela festa, meu coração disparou e eu me sentia uma adolescente de 15 anos, me apaixonando pela primeira vez... – fui lendo algumas letras, jogando algumas folhas em cima da mesa, enquanto todos me encaram impacientes. – Pelo amor de Deus! Eu tenho quase 35 anos, vocês se deram conta disso? 35, não 25 e muito menos 19. – joguei as folhas que ainda estavam em minhas mãos. – Como vocês querem que eu cante isso? Vocês sabem que meu público não tem mais 12 anos, sim? – andava de um lado para o outro, irritada. – Eu acabei de sair de um casamento, e vocês querem que eu cante uma letra onde eu conheci um cara em uma festa e me apaixonei com borboletas no estômago como se eu tivesse 15 anos? Vocês conseguem enxergar o quanto isso é absurdo? – ninguém se atrevia a falar nada. – Isso não condiz com nenhum aspecto da minha vida. Isso não condiz com o meu público. Eu preciso fazer algo real, algo que venha da minha alma, algo que eu me identifique. – parei em frente ao Carlos. – E não, isso não significa que o meu disco vai ser para velório, por mais que eu esteja passando por um divórcio. Isso significa que meu disco vai retratar a minha vida, vai ser uma forma de expressar o que eu sinto. Vai contar a minha história, e não a história de uma jovem de 20 anos. – respirei fundo. – Quando vocês quiserem trabalhar sério e me ouvirem como artista, me avisem. – falei pela última vez, e fui em direção a porta, me retirando do estúdio.


Andei pelo corredor a passos firmes, visivelmente irritada com toda aquela situação. Tudo o que eu mais queria agora era construir aquele disco da forma que ele merecia ser construído. Queria colocar todo o meu coração, a minha alma. Que fosse ele a porta dos meus sentimentos. Que a minha mensagem chegasse ao meu público da forma mais íntima e desnuda possível. Que eles realmente enxergassem o ser humano que há por trás da cantora, da artista Dulce María. Era a mesma luta em todos os discos. Já havia passado por isso 3 vezes, e de alguma forma havia conseguido vencer. Mas dessa vez eu já estava cansada, e havia deixado bem claro, quando assinamos o contrato com a gravadora, que as coisas seriam diferentes para o DM4. Mas, aparentemente, a mensagem não havia chegado a todos.


- Dulce... – Noriega se aproximou cauteloso. – Você está bem? Quer água?


- Sim... – suspirei. – Desculpa pelo surto. Mas é que...


- O que foi aquilo da garota se apaixonando na balada? – ele me interrompeu, rindo. – Dulce, por Dios! Você está certa! Era uma loucura. – eu ri, me sentindo um pouco mais leve. – Você sabe que eu sempre estou contigo. – ele levou uma mão ao meu rosto, me fazendo olhar pra ele. – Se você quiser brigar, eu vou brigar contigo. DM4 vai ser totalmente seu. Senão eu não me chamo Rodrigo Noriega. – ele acariciou meu rosto e eu o abracei, sentindo ele retribuir no mesmo instante.


- Obrigada, Rod. – dei um beijo em seu rosto, e voltei a mira-lo. – Por tudo. Você tem sido um anjo nesse meu retorno. Se não fosse por você, não sei como estaria fazendo tudo isso. – ele sorriu.


- Eu sempre te admirei muito, María. E sempre vou lutar pela tua carreira, porque eu acredito muito em você. – eu sorri com suas palavras. – Vamos fazer o seguinte: eu preciso ir em uma reunião, para discutir as cotas de divulgação, e tentar ganhar mais espaço para você. Eu já avisei eles, antes de sair, que precisa haver uma mudança, e que agora você estava totalmente no comando. Todos concordaram. Então, você é a boss. – rimos. – Agora você volta lá, revisa mais algumas músicas com eles, faz um esforcinho para encontrar alguma que você goste, vê com o diretor do estúdio para gravarem algumas demos, apresenta suas composições também, ouça as sugestões que eles têm a fazer, porque também são pessoas extremamente competentes e que sei que podem te ajudar muito.


- Tudo bem. – sorri, vencida. – Mas se começarem com essa palhaçada de novo...


- Não vão. Eu acho que eles entenderam. – ele riu. – Eu preciso ir, mas eu volto daqui umas três horas. Quero ouvir algumas demos quando eu voltar, hein!


- Sim senhor. – bati continência rindo, e logo nos despedimos para que eu pudesse voltar ao estúdio.


~


Poncho’s POV


Já passava das 18:00 quando decidi encerrar o passeio com Julia. Ela já estava um pouco cansada, começando a ficar manhosa, e achei que fosse melhor assim. Depois que Dulce saiu, demoramos ainda um bom tempo para nos arrumarmos, e assim, quando saímos de casa, já estava na hora do almoço. Foi um desafio arrumar Julia sozinho, não estava acostumado. Como na maioria das vezes em que eu ficava com ela era quando ia para o México, sempre tinha ajuda da minha mãe. Essa foi uma das poucas vezes que estava totalmente sozinho.


Ela havia me dado um baile no banho, molhando todo o banheiro e a mim, enquanto ria e se divertia. Às vezes tive que falar mais sério com ela, para que não nos atrasássemos mais ainda, mas não era o meu ponto forte. Era difícil não sorrir com toda aquela bagunça que ela aprontava, mesmo que fosse me dar um trabalhão para organizar tudo depois. Eu sentia tanta a falta dela, que tudo o que ela fazia era um espetáculo para mim. Morar tão longe me fazia perder muitos acontecimentos em sua vida, fazendo com que eu ficasse bobo com tudo que ela fazia de novo quando eu a via. Era então difícil repreende-la quando estávamos juntos. Esse papel eu acabava deixando para Dulce.


Levei-a para conhecer a calçada da fama de Hollywood antes de irmos almoçar em um restaurante que ficava próximo e que eu e Dulce sempre frequentávamos quando estávamos juntos. Ela se divertia com tudo o que via pela frente. Fazia perguntas que me deixava totalmente sem resposta. Era incrível ver o quanto ela já estava tão grande e esperta.


Quando fomos ver o letreiro de Hollywood ela não parou de falar por um segundo o quanto era bonito e grande e que dava para uma pessoa morar naquelas letras. Mas o lugar no qual ela mais se divertiu foi na loja de brinquedos. Demorou quase uma hora para enfim escolher um boneco do Superman.


- Filha, um Superman? Você tem certeza? – perguntei, estranhando sua escolha. – É tão pequeno, e é de menino, meu amor.


- É pequeno, mas ele faz um montão de coisas papai. – ela me mostrava todos os “poderes” que o boneco tinha. – E é de criança papai, aqui não ta falando nada que é de menino. – ela esfregou a caixa na minha cara, me fazendo sorrir com suas palavras. Como ela podia ser tão pequena e tão inteligente? – E eu gosto dele, porque me lembra você. Ele é alto, o cabelo igual o seu. E é bonito, igual você também. – ela riu. – Ele vai namorar minha Barbie malibu.


- Ta bom, ta bom, já estou convencido. – eu ri, enquanto pegava o brinquedo para levar ao caixa.


Passeamos mais um pouco, tomamos sorvete e fomos brincar em um parquinho. Corri com ela para todos os lados e parecia que sua energia não acabava. Quando me senti um pouco cansado, deixei-a brincando com as outras crianças e me sentei em um banco próximo. Fiquei observando-a e só então percebi o quanto ela tinha do jeito de Dulce. Era uma miniatura da Dulce, na verdade. De mim só havia herdado os olhos verdes e alguns cachinhos no cabelo, que contrariavam o cabelo liso natural de Dulce. Mas o jeito de falar, o jeito de se portar, era marrenta como a mãe. Teimosa, gênio forte, mas ao mesmo tempo amorosa e doce.


Foi inevitável que meus pensamentos passassem de filha para mãe. E então me lembrei do que Dulce havia aprontado. Divórcio. Ela tinha, finalmente, tido coragem de entrar com os papéis e dar aquele passo que eu jamais daria. Ela sabia muito bem que se fosse depender de mim para tomar essa atitude, ela continuaria sendo minha esposa para o resto da vida. Afinal, tecnicamente, não havia sido eu quem tinha a largado, mas ao contrário. Ela que me deixou, voltando para o México com a nossa filha. Eu não queria isso, jamais quis. Por mim, nós teríamos conversado, teríamos nos acertado. E de certa forma, eu ainda pensava assim. Quando ela me disse que viria à Los Angeles com Julia, eu sabia que estava aí a minha oportunidade, já que era quase impossível encontra-la no México, quando ela fugia de mim mais do que o diabo foge da cruz. Dulce, orgulhosa, teimosa, ressentida, magoada, jamais havia me dado a oportunidade de explicar alguma coisa, de conversar, de pedir perdão, de pedir para voltar. Ela simplesmente não queria mais olhar na minha cara, e fazia de tudo para que isso realmente acontecesse. Foi um ano de inúmeras tentativas de me aproximar, de nos conciliarmos, mas ela nunca me dava espaço, tempo, nada.


E para mim, aquela intimação foi como um balde de água fria. Eu não podia acreditar que, em um mês, tudo acabaria. Tudo acabaria e sem ao menos ter uma chance de dar certo. Dulce era a mulher da minha vida, e disso eu nunca duvidei. Eu sempre nos imaginei envelhecendo juntos, com uma penca de filhos, felizes como nunca. Nossa história de amor daria um livro de romance que poucos são capazes de escrever. E me doía ainda mais pensar que tudo isso poderia nunca acontecer, e que a culpa era minha.


- Papai, quero ir embora. – fui interrompido de meus pensamentos quando Julia se aproximou, meio chorosa. – Quero a mamãe. – ela estendeu os braços para que eu a pegasse no colo.


- Meu amor, sua mãe está ocupada ainda, provavelmente. – falei meio incerto. – Vamos dar mais uma volta, o que acha? Posso te mostrar a praia. – sorri tentando anima-la, mas não adiantou muito.


- Ta bom. – ela suspirou, um pouco chateada.


Levei-a até o carro e íamos em direção à Santa Mônica quando percebi que de nada adiantaria aquela viagem, já que Julia estava quase chorando e provavelmente me daria trabalho quando chegássemos lá.


- Você quer ir pra casa, meu amor? – perguntei, parando o carro e me virando para ela.


- Eu quero a mamãe. – ela começou a chorar e eu suspirei.


- Não chora, Ju. O que você acha de buscarmos a mamãe então? – ela esfregava os olhinhos. – Ju, fala com o papai. – levei a mão em seu rostinho, enxugando as lágrimas que ela já derramava. – Se você não falar para o papai o que você quer fazer, não tem como eu adivinhar. O que você acha? Vamos buscar a mamãe, e depois podemos jantar juntos. Você sempre quer que nós saiamos juntos, não quer ficar com o papai e a mamãe hoje, hein? – baguncei seu cabelo, fazendo ela rir um pouco.


- Pode ser, papá!


- Então para de chorar. Não vai chegar chorando pra ver a mamãe, não é? – fiz cara de bravo e ela riu mais.


- Já parei, papá.


Mandei uma mensagem para Dulce avisando que íamos passar pelo estúdio, antes que voltasse a dirigir. Observava Julia pelo retrovisor e ela estava com os olhos pesados, lutando contra o sono. Mas quando chegamos, ela logo pulou para fora do carro, correndo animada em direção ao prédio.


- Julia, devagar, filha! – tranquei o carro correndo, com medo de perde-la de vista. Mas não deu certo e quando olhei, ela já tinha entrado no prédio.


Apertei os passos, mas do lado de fora já avistei Dulce. Com Noriega. Julia abraçou a mãe e logo foi para o colo de Noriega, me fazendo bufar irritado. Nunca fui com a cara dele, e agora muito menos, quando ele estava brincando e rindo com minha esposa e filha.


- Alfonso! – Dulce exclamou, me fazendo respirar fundo ao ouvir ela me chamando assim. – Hey... – ela mudou o tom de voz conforme eu me aproximava com a cara amarrada.


- Oi Dulce. Oi Rodrigo. – cumprimentei ele. – Você recebeu minha mensagem?


- Não. Que mensagem? – ela pegou o celular no bolso da calça, procurando. – Ah...


- Vamos jantar juntos mamãe. Eu, você e o papai. Ele que deu a ideia. – Julia sorria, parecendo ter espantado o sono que até agora pouco estava lhe pegando.


Dulce trocou olhares com Noriega, e eu me peguei totalmente celoso.


- Algum problema? – perguntei, um pouco irritado.


- É que... – ela alternava seu olhar entre Noriega e eu.


- Não, Dulce, não tem problema. – ele sorriu, colocando Julia no chão. – Pode ir jantar com a sua família. Nós deixamos para outra hora.


- Tem certeza? – eu observava a cena, começando a ficar inquieto. O que eles estavam aprontando? O que esse cara queria com ela? Ele estava a chamando para sair, era isso?


- Sim, ainda temos muito tempo para discutir as músicas e os próximos passos. Você fica aqui até sexta, não?


- Sim. – ela sorriu para ele, parecendo não se importar com a minha presença e a da filha. – Combinamos depois, então. – e então ela se despediu dele, o abraçando por...


1.


2.


3.


4.


5.


5 segundos!!!! Eu estava indignado com aquela cena. O que estava rolando entre eles? O que estava acontecendo? Dulce realmente havia seguido em frente?


Eu andei irritado na volta para o carro, enquanto Julia contava tudo o que tínhamos feito durante a tarde.


- Dulce, onde você quer jantar? – perguntei, depois de colocar Julia na cadeirinha e entrar no carro, fechando a porta com um pouco de força. – Dulce? – perguntei novamente, quando não obtive resposta, mas Dulce não ouviu, já que mantinha uma conversa animada com a filha. – Dulce? – perguntei impaciente, mas sem resposta. – Julia, pelo amor de Deus, você pode parar de falar um pouco para eu poder falar com a sua mãe? – exclamei irritado, e um silêncio colossal tomou conta do carro. Respirei fundo, me virando para Dulce, que me olhava indignada, ao contrário de Julia, que estava assustada.


- Alfonso, não precisa falar assim. – ela finalmente respondeu, sem entender.


- Eu só quero saber onde nós vamos comer. – mudei meu tom de voz, tentando ser mais paciente.


- Onde você quiser. – Dulce respondeu, irritada, e eu bufei, enquanto ela voltava a conversar animada com Julia.


O jantar não havia sido como eu planejara em minha mente. O clima estava evidentemente pesado, depois da minha explosão no carro. Dulce não estava muito afim de papo comigo, me cortando muitas vezes quando eu perguntava algo relacionado a ela e como havia sido o dia no estúdio, enquanto Julia conversava com ela o tempo inteiro, não me dando muita bola quando eu tentava conversar. No fim, eu não as culpava. Havia deixado meu ciúmes tomar conta de mim e acabei descontando nelas.


Quando finalmente fomos para casa, Julia acabou dormindo no carro. Pedi para que Dulce fosse na frente para abrir o apartamento, enquanto eu a carregava. Quando chegamos na cobertura, fui diretamente para o quarto da pequena para coloca-la para dormir. Ela resmungou um pouquinho e acabou abrindo os olhos, quando a coloquei na cama.


- Oi filha, já estamos em casa. Pode continuar dormindo. – ela se mexeu, se ajeitando na cama, e eu a cobri, depositando-lhe um beijo na testa. – Desculpa o papai, por ter explodido com você no carro. – sussurrei, enquanto mexia em seu cabelo. Ela tirou a chupeta e colocou a mãozinha no meu rosto.


- Ta tudo bem papá. Eu amo você. – ela fez carinho no meu rosto, se arrumando em seguida e fechando novamente os olhos.


- Eu também te amo, meu amor. – sorri, vendo aquele anjinho pegar no sono novamente, e então saí do quarto, tentando não fazer muito barulho.


Respirei fundo, um pouco cansado depois daquele dia cheio de passeios. Ia direto para o meu quarto, quando observei a luz da sala acesa e fui até lá, encontrando Dulce já em seu notebook, com fones de ouvido, concentrada. Encostei no batente do corredor, cruzando meus braços e observando-a por longos segundos. Ela começou a batucar no notebook, acredito que conforme a música passava, e me peguei sorrindo bobo. Ela estava linda. Há muitos anos havia deixado as madeixas ruivas para trás, sendo a última vez em 2015, pouco antes de eu a pedi-la em casamento. Desde então, nunca largou o castanho, e eu não podia dizer que sentia falta do ruivo. Ela sempre ficou maravilhosa com qualquer cor de cabelo. E olha que ela já mudou muito!


Mas naquele momento, eu não sabia dizer se em algum momento eu a havia visto tão linda daquele jeito. Talvez fosse a enorme saudade que apertava meu peito toda vez que eu pensava nela. Mas ali, naquela sala, toda concentrada em seu notebook, ela parecia reluzir uma luz que há tempos eu não via. E a única vontade que eu tinha era de toma-la em meus braços e proclamar todo o amor que eu sentia e que chegava a me sufocar nas noites mais frias.


- Poncho? – ela tirou o fone, me encarando. Estranhei ela me chamar pelo apelido, e acabei demorando pra responder. – Poncho? O que faz aí? – ela colocou o notebook sobre a mesa de centro, esperando uma resposta.


- Ah, nada. – suspirei. – A pequena já está dormindo. – caminhei até o sofá, me sentando, enquanto abria alguns botões da camisa.


- Ela deu muito trabalho hoje? – ela perguntou, voltando a mexer no notebook, mas sem tira-lo da mesa de centro.


- Não, só ficou um pouco chorosa no final da tarde, mas porque já estava cansada e com saudades de você. – ela me lançou um sorriso fraco, sem perder a atenção no que fazia. – Me desculpa por hoje. Eu acabei me irritando atoa. Não foi justo, nem com ela, nem com você.


- Ta tudo bem. Fiquei bastante irritada, mas já passou. – ela riu.


- O que está fazendo? – perguntei, tentando olhar o que se passava no notebook.


- Ah, mas que curioso. – ela riu, virando um pouco a tela. – Estou ouvindo algumas demos que gravamos hoje.


- Posso ouvir? – perguntei, abrindo um sorriso sapeca.


- Não. – ela semicerrou os olhos, fazendo cara de desconfiada, mas logo riu. – Ok, mas uma só. – ela me estendeu os fones, e eu me levantei, me sentando ao seu lado. – Não ta muito boa, é só uma demo mesmo, temos muitas coisas para mexer ainda e...


- Só coloca pra tocar. – eu sorri e ela assentiu, dando play em seguida.


Coloquei os fones e logo fui invadido por uma melodia calma, que foi tomada pela voz indescritível de Dulce. Se eu pudesse ouvir suas músicas 24 horas por dia, eu ouviria. Não tinha uma voz no mundo que tivesse tanto poder sobre mim quanto a dela. Eu não conseguia explicar o quanto eu amava ouvi-la cantar.


- Você que escreveu?


- Aham. – ela falou meio tímida, desviando seu olhar do meu.


Comecei a prestar mais atenção na letra e então entendi a mensagem.


“Sigo aqui sabiendo que no debería, sigo aquí llorando sin parar, sabiendo que tú no cambiarás...”


Senti um arrepio na espinha e tentei encontrar o olhar de Dulce, mas ela olhava para baixo, brincando com a própria mão, parecendo estar nervosa.


“Prisionera de tus besos, prisionera de tu piel, atada a tu recuerdo, condenada estoy, prisionera de tu espacio, prisionera de tu amor, atada a tu recuerdo, condenada estoy.”


Fechei os olhos por alguns segundos e procurei as mãos de Dulce. Coloquei a minha mão sobre a dela, acariciando levemente. Quando abri os olhos, seu olhar estava em mim, e escutando aquela melodia, me perdi no castanho de seus olhos, que naquela noite estavam mais intensos que o normal.


“Es inútil seguir así, mi cabeza ya no cree en ti, pero mi tonto corazón a veces sí.”


E foi olhando em seus olhos que eu percebi todo o amor que ela ainda sentia e que eu achava que já havia se transformado em mágoa, rancor. Pensava que tudo o que eu havia feito ela passar, teria apagado todo o amor que ela sentia por mim. Mas não, ele continuava ali. Ela ainda me amava, ela não conseguia esconder isso, não ali, tão perto de mim. E naquele momento, minha esperança se reacendeu, e eu sabia que as coisas não precisam terminar daquele jeito. Que poderíamos nos dar mais uma chance, que tudo poderia ser consertado.


Tirei os fones sem desviar meu olhar do dela, enquanto entrelaçava minha mão na sua. Ela olhou para baixo, observando aquele movimento, e eu levei a outra mão em seu rosto, acariciando-o, enquanto ela fechava aos olhos com o meu toque. Aproximei meu rosto do dela, fechando os olhos enquanto colava nossos lábios. E Dulce teve a reação que eu jamais pensei que teria. Ao invés de me afastar, de me empurrar, de impedir que aquilo continuasse, ela levou as duas mãos ao meu rosto, me puxando para um beijo que eu desejava há mais de um ano. Sem ao menos me dar conta, ela já procurava espaço em minha boca, para que nossas línguas se reencontrassem, naquele que foi um dos beijos mais carregados de sentimentos que poderíamos ter dado em todos esses 18 anos de idas e vindas. Era saudade, era paixão, era carinho, era amor. E eu sentia o quanto ela ansiava pelo meu amor, enquanto eu respondia de forma que ela entendesse o quanto eu ansiava pelo dela.


Ela já tinha suas mãos entrelaçadas em meu pescoço, quando decidi colar ainda mais nossos corpos, me inclinando sobre ela, enquanto ela aos poucos ia deitando seu corpo, me dando espaço para encaixar o meu acima dela. Nossas línguas continuavam em uma dança ininterrupta, enquanto suas mãos subiam e desciam pela minha nuca, me deixando totalmente arrepiado. Por um momento eu esqueci que ainda habitávamos o planeta Terra, que estávamos em Los Angeles e que nossa filha dormia no quarto ao lado. Sentia que estávamos em um mundo só nosso, onde só existia nós dois, onde todos os problemas haviam sumido, onde tudo o que eu havia feito tinha sido apagado de nossas lembranças, onde ela jamais havia me perdoado, porque simplesmente não havia nada para perdoar.


Mas aquele beijo, cheio de saudade, de repente se transformou, e a paixão tomou conta de nossos corpos. Nossas línguas se procuravam como se precisassem uma da outra para sobreviver, enquanto suas mãos, que antes estavam em minha nuca, já desciam pelas minhas costas, em seguida tocando meu abdômen por baixo da camisa. Pressionei mais meu corpo no dela, descendo minha mão para sua cintura, que já ansiava para arrancar sua blusa.


Um pouco sem fôlego, ela mordeu levemente meu lábio inferior, puxando-o, pausando o beijo. Eu passei minha mão pela sua barriga, por baixo da blusa, acariciando-a. Nos encaramos por alguns segundos, antes que eu começasse a beijar seu queixo, logo descendo os beijos para o seu pescoço. Em um movimento rápido, tirei sua blusa, enquanto ela terminou de desabotoar minha camisa, jogando as peças no chão.


Voltei a trabalhar em seu pescoço, enquanto ela arfava, de olhos fechados, roçando sua perna em minha cintura, me deixando ainda mais louco por tê-la. Ela subia e descia suas mãos pelas minhas costas, passando levemente suas unhas, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se eriçassem. Ela me empurrou, fazendo com que eu me sentasse, para que em seguida ela ficasse sobre o meu colo, voltando a me beijar com paixão. Nossos corpos gritavam um ao outro, desejando que fossemos um só.


Apertei-a em meu abraço e comecei a subir minha mão pelas suas costas, afim de abrir o fecho do sutiã, o que consegui fazer sem dificuldade. Em poucos segundos, a peça estava jogada no chão junto com as outras roupas. Ela então se afastou novamente, e começou a beijar meu pescoço, dando leves chupadas. Eu respirei fundo, sentindo seus lábios trabalharem em um dos meus pontos fracos, enquanto sentia o bico de seus seios roçarem meu peito desnudo, fazendo-me arrepiar.


- Me perdoa. – eu sussurrei em seu ouvido, em um momento totalmente irracional, fazendo-me arrepender de ter dito no mesmo instante, já que eu senti seus beijos pararem em seguida. – Amor? – abri os olhos e encontrei os seus já marejados. – Dulce... – tentei me aproximar, mas ela se afastou. – Dulce, não faz isso. – a essa altura já eram meus olhos que ficavam marejados.


- Nã-ão. – ela gaguejou, enquanto eu tocava sua cintura, tentando aproxima-la novamente. – Poncho, não. – ela fechou os olhos, e eu percebi que ela respirou fundo. – Isso não deveria estar acontecendo. – reparei que uma lágrima já escorria pelo seu rosto, e logo tratei de limpa-la, mas ela novamente me afastou, agora saindo do meu colo.


- Dulce, meu amor, nós podemos resolver isso. – meu tom era suplicante. – Por favor, me dá uma chance de fazer as coisas ficarem certas.


- Você não vai mexer comigo de novo, Poncho, não vai. – ela abriu os olhos e começou e recolher suas duas peças de roupa do chão.


- Dulce, vamos conversar. – segurei sua mão, mas ela puxou a dela com tudo, nervosa.


- Poncho, não! – ela aumentou o tom de voz. – Isso não vai acontecer de novo, você não vai me ter, a gente não vai entrar nesse tormento quando ele já está prestes a acabar.


- Você nunca me deu uma chance de te explicar nada, Dulce! – eu me levantei, enquanto ela colocava sua blusa novamente. – Você nunca tentou fazer dar certo.


- Depois do que você fez, não há nada que eu ou você possa fazer para que o nosso casamento volte a dar certo. – as lágrimas invadiam seus olhos e eu já encontrava dificuldade para segurar as minhas, sentindo meus olhos arderem.


- Me perdoa, por favor. – eu a puxei para os meus braços, segurando sua cintura, e ela demorou um tempo para reagir. – Por favor, meu amor, me da mais uma chance. – minha mão encontrou seu rosto, limpando as lágrimas que desciam ali. – Eu sei que eu te fiz sofrer, eu sei que fui um canalha, mas eu nunca quis te machucar, Dulce. – eu não tinha forças para impedir que as lágrimas caíssem em meu rosto. – Eu te amo, eu te quero! O amor que sinto por você é eterno, Dulce. – colei seu rosto no meu, e ela colocou suas mãos sobre as minhas. – Me perdoa. Me perdoa por ter sido um idiota, por não ter lhe dado o valor que você merecia, por ter sido o maior babaca do mundo. – eu fechei meus olhos, encostando meus lábios nos dela pela última vez, antes que ela tirasse minhas mãos de seu rosto, me olhando amargurada.


- Eu não consigo. Me desculpa, mas eu não consigo, Poncho. – ela se afastou, também pela última vez, antes de partir em retirada para o quarto de hóspedes, me deixando sozinho, enquanto eu sentia que ia sufocar com aquela dor que eu estava sentindo. Eu caí no chão, abraçando minhas próprias pernas, enquanto chorava como um bebê, sabendo que a mulher que eu mais amei em toda a minha vida, jamais voltaria a ser minha. 



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Autor(a): sabrinasm

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Comentários do Capítulo:

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  • dulce_herrera Postado em 26/08/2016 - 16:28:31

    Tá difícil a vida para o Poncho. Mas ele até que tá merecendo

  • candy1896 Postado em 25/08/2016 - 21:40:25

    CONTINUA


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