Fanfics Brasil - Capítulo V - Para sempre? Intento Perderte - Trendy

Fanfic: Intento Perderte - Trendy | Tema: RBD, trendy, dulce y poncho, dulce maria, poncho herrera


Capítulo: Capítulo V - Para sempre?

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Dulce’s POV


Quando eu pensei que tudo estava acabando, que logo as coisas se resolveriam e nós poderíamos seguir em frente com tudo isso, com a nossa vida, Alfonso me faz essa palhaçada. Ok, não é como se eu tivesse afastado ele de mim ao seu primeiro toque, mas ele deu o passo inicial. Caramba. Por que éramos tão fracos? Por que, quando estávamos tão próximos, quando nossas miradas se encontravam, parecia que toda a racionalidade que tivéssemos em nossos corpos simplesmente se escondia, e a única voz que tinha forças era a do coração?


Fechei a porta com força e me joguei na cama, deixando que todas as lágrimas tomassem conta do meu rosto enquanto eu afundava a cabeça no travesseiro, como se quisesse cavar um buraco e me enterrar ali para sempre. Por que eu sentia que precisava dele para viver? Por que meu chão se abria só de pensar que, de alguma forma, aqueles poderiam ter sido nossos últimos beijos, nossos últimos toques? Por que, Deus? Por que comigo? Por que a gente? Argh! Como eu senti falta daqueles lábios! Daquele toque! Daquele abraço!


Fazia tanto tempo que eu não o beijava, que não o abraçava, que não sentia seu cheiro invadir todo o meu espaço, que não sentia suas mãos me tocarem como se eu fosse a peça mais valiosa do Museu do Louvre. Fazia tanto tempo que eu não era amada por ele. E preciso confessar... a minha maior vontade, naquele momento, era abrir aquela porta e voltar o mais rápido possível para os seus braços, para os seus beijos. Por um momento, entre suas carícias, eu me desliguei do mundo e esqueci completamente de tudo o que havia acontecido. Eu iria até o final, se ele não tivesse me lembrado de que estávamos em 2020, e não 2002/2006/2008/2014. Eu seria dele, mesmo que por uma última vez, se aquele pouquinho de racionalidade não tivesse despertado no último segundo, quando ele fez questão de lembrar que não estávamos bem. Eu fraquejei, e feio. E aquilo não poderia voltar a acontecer.


~


- Dulce? Está acordada? – olhei para o relógio e vi que não passava das 8 da manhã quando Alfonso deu dois toques na porta entreaberta do quarto de hóspedes.


- Um momento. – falei do banheiro, enquanto terminava de aplicar o corretivo que estava com a difícil missão de esconder as olheiras adquiridas na noite passada.


- Posso entrar? – ele perguntou novamente.


- Não, eu já vou sair. – respondi seca e ouvi ele suspirar de longe.


Demorei mais alguns minutos, enquanto terminava de passar a maquiagem. Por fim, dei uma última ajeitada no cabelo e saí do banheiro, voltando ao quarto. Peguei alguns documentos que precisava levar para o estúdio e os coloquei dentro da bolsa, indo em direção à porta, que continuava entreaberta. Ao abri-la por completo, encontrei um Alfonso frágil, sentado no chão, encostado na parede, com a cabeça entre as pernas, só com a calça de moletom do pijama. Ao ouvir o barulho da porta, ele levantou a cabeça e nossos olhares se encontraram. Ele estava com cara de quem havia chorado a noite inteira, com duas bolsas enormes debaixo dos olhos. Logo que me viu, se levantou, meio desconcertado.


- Podemos conversar? Eu não consegui dormir a noite inteira, pensando em tudo o que aconteceu, pensando em você e... – percebi que seus olhos começavam a marejar, enquanto ele levava as mãos pelos próprios cabelos, bagunçando-os, um pouco desesperado. – Por favor, Dulce. – pela primeira vez desde que levantara, ele olhou em meus olhos, e eu senti um aperto no peito.


- Poncho... – falei, buscando um tom terno, suspirando fundo antes de continuar. – Eu preciso ir para o estúdio. Temos muitas coisas para fazer hoje, é um dia cheio, por isso estou tão indo tão cedo. Não acho que seja a melhor hora...


- Dulce, pelo amor de Deus! – ele me interrompeu, e eu reparei na força que ele fazia para não chorar, me fazendo querer abraça-lo e dizer que tudo iria ficar bem. Se controla, Dulce!


- Poncho...


- Dulce, não, não... – ele andou de um lado para o outro. – Eu não vou deixar que tudo se acabe assim, sem ao menos conversarmos. Se for para ter um divórcio, que seja uma decisão bilateral.


- Alfonso, se eu quiser me separar de você, eu vou, você querendo ou não. – respondi irritada. Então eu só podia me separar se ele quisesse também?


- Não foi isso que eu falei. – ele respirou fundo. – Mas você está fazendo tudo isso sem ao menos termos conversado, Dulce. É o mínimo que deveríamos fazer, o mínimo. Faz mais de um ano que você me evita, que você não consegue ter uma conversa sobre o nosso relacionamento comigo. Precisamos disso, eu preciso disso. Por favor.


- Eu preciso ir. – desviei meu olhar do dele e saí daquele corredor que já começava a ficar pequeno demais para nós dois.


- Dulce, para de criancice! – ele exclamou, vindo atrás de mim.


- Papai? – ouvimos a voz de Julia ao chegarmos na sala e nos viramos novamente para o corredor, encontrando ela com a cabeça para fora da porta de seu quarto, que também estava entreaberta.


- Ta vendo? – cruzei os braços, encarando ele. – Você fica acordando ela com seus gritos.


- Cala a boca. – ele me respondeu irritado, indo em direção ao quarto de Julia. – Hey pequena... – e foi a última coisa que eu ouvi, antes que ele entrasse no quarto de Julia e eu saísse do apartamento quase voando, antes que outra discussão começasse.


~


- Dulce, está tudo bem? – Rodrigo me perguntou, enquanto eu batucava uma caneta em cima da mesa, durante o intervalo.


- Sim. – levantei meu olhar, forçando um sorriso.


- Parece distraída. – ele colocou um copo de café na minha frente. – Sem açúcar, sim?


- Aham, obrigada. – peguei o copo e dei um gole. – Ah, só pensando em algumas coisas.


- Sei... – ele se sentou na cadeira ao lado, girando e ficando de frente para mim. – Como estão as coisas com Alfonso? Imagino que não esteja sendo fácil para você ficar no apartamento com ele.


- Não está. – suspirei. – Mas logo tudo vai, por fim, chegar ao final.


- Você deu entrada nos papéis?


- Sim. A audiência é em um mês. – continuei tomando meu café, voltando a brincar com a caneta.


- Sinto muito, Dul. – ele se inclinou, colocando sua mão sobre a minha e acariciando-a. – Vai ficar tudo bem, você vai ver. – ele me lançou um sorriso reconfortante, e eu logo retribui.


- Obrigada, Rod. De verdade. – coloquei minha outra mão sobre a dele, dando um leve aperto. – Você tem sido maravilhoso comigo. Não sei como te agradecer.


- Arrasa nesse seu retorno que ficamos quites. – ele piscou pra mim, me tirando uma gargalhada.


Tudo parecia tão leve com ele.


~


Já passava das 16:00 quando reparei meu celular vibrando com o visor ligado do outro lado da sala. Pedi licença para os meninos que faziam ajustes na demo que havíamos acabado de gravar e fui em direção ao maldito aparelho que já estava quase caindo da mesa quando o agarrei. Olhei para o visor e já preparei todas as garras para o ataque, pensando que fosse Alfonso, mas uma voz bem conhecida do outro lado me impediu de destilar minhas grosserias.


- Mamãe? – Julia falou animada, me fazendo sorrir imediatamente.


- Bebê? Como você está? – sinalizei para Rodrigo, avisando que iria me retirar do estúdio por alguns minutos, indo para o corredor.


- Bem! To com saudades... – sua voz começava a tomar um tom tristonho, fazendo meu peito apertar. – Queria que você estivesse aqui. Estamos na praia!


- Praia? – perguntei, surpresa. – O que vocês estão fazendo aí?


- O papai me trouxe para conhecer o piar de Santa... Santa o que, papai? – ela perguntou pra ele, me tirando uma risada, e eu consegui ouvi-lo responder do outro lado – Santa Mônica!


- Píer de Santa Mônica?


- É, piar, píer, não sei. – eu continuava rindo com sua confusão. – O papai deixou eu te ligar, porque eu não te vi hoje mamãe. Por que você não veio no meu quarto?


- Ah, meu amor... – suspirei. – A mamãe saiu muito cedo. Você estava acordando aquela hora. Não dormiu mais?


- Dormi! Aí depois eu acordei e o papai tava dormindo, mas como eu tava com a barriga fazendo barulho, eu acordei ele pra me dar comida.


- E vocês almoçaram? – eu me encostei na parede, cruzando um braço em meu peito e apoiando o outro cotovelo em cima dele.


- Aham. A gente comeu batata frita e hambúrguer. – respirei fundo para não reclamar sobre aquele “belo” almoço. – E depois o papai me levou lá no lugar que ele trabalha. Eu conheci um monte de gente!


- Que bom, meu amor! E você gostou de lá?


- Aham, quero ser ator igual o papai quando eu ficar maior. – ouvi a risada dele ao fundo.


- Atriz, bebê. – comecei a rir. – Oye, mi amor, vai curtir a praia com o papai. Ele deve estar louco pra aproveitar aí com você.


- Ah, ta bom mamãe. Eu to com muita saudades.


- Eu também, mi vida. Te quiero, bebê. – sorri, boba, morrendo de saudades.


- Yo también, mamá! – esperei um pouco e logo ouvi a voz dele.


- Dulce? – meu sorriso desapareceu na hora.


- Oi. – respondi seca.


- Que horas você vai pra casa?


- Não sei. Bem tarde. – falei, sem um pingo de paciência.


- Ok...


- Preciso ir, Alfonso. Tchau. – e antes que ele pudesse falar qualquer outra coisa, desliguei o telefone, irritada.


E toda vez que eu me lembrava da noite passada, eu me irritava com ele por ser tão irresistível para mim.


~


Quando falei para Alfonso que chegaria tarde, não estava mentindo, e muito menos tentando evita-lo. Quando decidimos encerrar o dia, o ponteiro do relógio já marcava 21:00. Trabalhamos nas músicas por quase 12 horas, com algumas pequenas pausas para almoço e lanche da tarde. Mas de resto, foi trabalho duro, muita discussão, várias gravações e quase a metade de um disco já decidido. Estava completamente esgotada quando saímos do estúdio, e tudo o que eu queria era apenas pegar um Uber, ir para casa, tomar um banho relaxante e ir para cama. Mas Rodrigo tinha planos diferentes.


- Dulce! – já estava saindo pela porta giratória do prédio quando ouvi sua voz vindo do elevador. Parei imediatamente e o observei vir correndo até mim. – Dulce... – ele retomou o fôlego, rindo. – Eu sei que você deve estar cansada, mas eu pensei que pudéssemos jantar juntos. Você quase não comeu hoje, e acho que ta merecendo uma boa refeição para fechar esse dia. – ele sorriu, e eu não pude deixar de retribuir.


- Ah, não sei Rod... está tão tarde. – fiz um bico como se fosse criança. – Deixa eu ir pra casa dormir, please.


- Não deixo. – ele riu, passando o braço sobre meus ombros. – Vamos, não precisamos demorar tanto e depois eu te deixo em casa. Olha... – já andávamos para fora do prédio quando ele parou, me virando de frente para ele. – Prometo que nós nem falaremos de trabalho, se você não quiser. Apenas amigos conversando sobre coisas da vida para relaxar depois de um dia cheio. – eu desviei meu olhar do dele, rindo do seu jeito. – O que acha?


- Ok. – me dei por vencida. - Let’s go!


Fomos à um restaurante japonês que não ficava longe do condomínio onde Alfonso morava. Era um lugar pequeno, bem aconchegante e conseguimos uma mesa mais reservada, mas com uma bela vista da avenida. Por mais cansada que estivesse, eu realmente precisava daquele momento. Primeiro, porque estava faminta! Como Rodrigo havia reparado, não comi muito durante o dia, e agora parecia que eu seria capaz de comer um elefante. Segundo, porque estar com Rodrigo me trazia muita leveza e me fazia esquecer dos problemas que eu sabia que encontraria assim que pisasse naquele apartamento. Problemas começados com Alfonso e terminados com Herrera.


- Lembrei que você é viciada em comida japonesa, por isso achei esse restaurante uma boa ideia. – Rodrigo falou, puxando a cadeira – como um bom cavalheiro – para que eu me sentasse.


- Você não errou. – eu ri, enquanto ele se sentava à minha frente. – É tão perto do apartamento, mas eu não me lembro desse lugar em todo o tempo que morei aqui. – falei, enquanto olhava para o ambiente, admirada com a decoração.


- Acho que abriram depois que você foi embora, não faz tanto tempo. Uns 6 meses, talvez. – ele pegou o cardápio, dando uma olhada. – Eu conheci na última vez em que estive em LA.


Conversamos muito durante o jantar. Como prometido, não falamos de trabalho, mas sim de todo o resto da vida. Evitamos tocar no assunto Alfonso também, e o máximo que chegamos foi falar de Julia e em como estava sendo bom para ela passar esse tempo com o pai, e o quanto eu estava surpreendida com o relacionamento que ela tinha com Alfonso.


Me atrevi a tocar no assunto Paty, perguntando se eles estavam bem, depois do rompimento do namoro de tantos anos, mas aparentemente ele não tinha nenhum problema em falar sobre isso. Lembrei da época em que era mais próxima de Paty e como acabamos nos afastando por divergências dentro da gravadora, que infelizmente, acabaram afetando a nossa amizade de anos. Atualmente, falava com ela raramente, ainda mais depois que me afastei para ter a Julia. Já não ia frequentemente à premiações e apresentações, locais onde tínhamos mais contato.


Ao perceber que eu começava a ficar triste enquanto falávamos da Paty, Rodrigo fez questão de mudar de assunto, afinal, não estávamos ali para nos preocupar. Parecia que ele me entendia perfeitamente, e sabia o momento exato de tomar alguma atitude, de mudar de assunto, de intervir em algo, não só no jantar, mas em todos os momentos em que estávamos no estúdio. Mas ali, enquanto ele tentava se entender com os hashis, às gargalhadas, eu percebi que ele era muito mais que o meu assessor, que a ponte entre a gravadora e eu, mas também um amigo. Nos conhecíamos há anos, mas eu nunca havia me sentido tão próxima dele como agora. Ele estava me fazendo um bem tão grande que há muito eu não sentia.


Infelizmente, tivemos que encerrar nosso jantar mais cedo do que realmente gostaríamos, já que eram quase 23:00 e tínhamos que estar bem cedo no estúdio no outro dia. Mas se fosse por nós, passaríamos a noite inteira jogando conversa fora.


Olhei o celular pela última vez, antes que a bateria acabasse, quando estávamos na rua do condomínio. 23:19. Só de pensar que não conseguiria ver Julia, que provavelmente estava dormindo a essa hora, meu coração apertou.


- Está entregue. – Rodrigo falou, quando parou em frente a portaria do prédio. – Dulce? Está tudo bem?


- Sim. – olhei para ele, ainda pensando em Julia. – To pensando que minha pequena deve estar dormindo já. – suspirei triste, abaixando meu olhar, e senti sua mão repousar sobre o meu joelho.


- Hey, não fica assim. Você precisava desse break. Não se culpe por isso. – ele levou a outra mão ao meu rosto, fazendo-me olhar para ele novamente. – Você merecia esse break. – ele sorriu e eu fechei os olhos ao sentir seu carinho em meu rosto.


- Obrigada, Rod. – me inclinei sobre seu banco, abraçando-o meio desajeitada. – Você não sabe o quanto tem me feito bem ultimamente. Eres un ángel. – beijei sua bochecha, antes de finalmente me despedir dele e sair do carro, indo rapidamente em direção a entrada, enquanto ele esperava que eu entrasse no prédio para dar a partida.


Acho que aquele elevador nunca demorou tanto.


~


Abri a porta do apartamento com o maior cuidado do mundo, tentando fazer o menor barulho possível. Pensei que encontraria o apartamento em um breu, já que supostamente eles deveriam estar dormindo, mas a luz acesa da cozinha iluminava um pouco a sala, aonde pude perceber Julia dormindo no colo de Alfonso, que também se encontrava adormecido.


Fechei a porta com cuidado e me aproximei do sofá, parando por alguns minutos para admirar a cena. Sorri ao perceber que os dois faziam o mesmo bico ao dormirem. Eram lindos juntos. Eu sempre imaginei como Poncho seria quando fosse pai, mas quando finalmente aconteceu, pouco pude aproveitar. Sim, nos primeiros meses de vida de Julia, ele era muito presente, extremamente cuidadoso com ela, me ajudava em muitas noites. Mas conforme fomos entrando em crise, não era só de mim que ele se afastava, mas também da filha, já que ele mal parava em casa, chegando tarde e saindo cedo na maioria dos dias. E bom, quando ela começou a correr para todos os lados, vocês sabem... nós já não estávamos mais juntos.


Ela o amava de uma forma inimaginável. Toda vez que o via, quando voltava para casa, passava uma semana só falando desse papai incrível que ela tinha. Mas de fato, eu nunca pude ver com os meus próprios olhos, não antes dessa semana. E se talvez eu me arrependesse de ter entregado meu coração para um homem que não o valorizou, eu não havia me arrependido da escolha do pai da minha filha.


- Ai caray. – resmunguei, quando esbarrei no sofá, fazendo Alfonso acordar. – Desculpa. – suspirei.


- Dulce? – ele esfregou os olhos, tentando me enxergar. – Que horas são? – ele tateou o sofá em busca de seu celular.


- Umas 23:30, eu acho. Ela dormiu faz quanto tempo? – perguntei, me abaixando na altura do sofá, me aproximando dela.


- Acho que era umas 22:00. – ele passou a mão pelo cabelo, tentando não se mover muito para não acorda-la. – Ela ficou te esperando, mas acabou não aguentando. – fechei os olhos ao ouvi-lo, sentindo meus olhos marejarem.


- Tadinha da minha bebê. – falei baixinho, enquanto depositava um beijo em sua testa. – Queria estar aproveitando mais você. – tirei a franja que caía em seu olho, quando ela começou a abrir os olhos lentamente.


- Mamãe? – ela falou com dificuldade, devido a chupeta que carregava na boca.


- Oi amor. – eu sorri pra ela. – Ah... desculpa ter te acordado. – suspirei triste.


- Não. – ela tirou a chupeta da boca e entregou para Alfonso. – Eu tava te esperando. – ela levou sua mão ao meu cabelo, brincando com ele.


- Desculpa ter chegado tão tarde. – eu fazia carinho em seu braço, sentindo os olhos de Alfonso sobre mim. – Prometo que quando voltarmos para o México vamos tirar um fim de semana inteirinho só para a gente fazer o que quisermos. – eu sorri, e ela retribuiu. – Agora vamos dormir, porque já está tarde. A mamãe te leva para a cama, vem. – eu me levantei e ela estendeu os braços para mim, que prontamente a peguei no colo. Ela se aninhou imediatamente no meu pescoço e senti aquele cheirinho de bebê que tanto me reconfortava me invadir.


- Conta uma historinha pra eu dormir, mamá? – ela perguntou, enquanto íamos para o quarto.


- Claro, bebê.


Julia não demorou 20 minutos para cair no sono novamente. Quando eu vi que ela já dormia profundamente, me levantei com cuidado, depositando um beijo em sua testa e a cobrindo direito. Fiquei alguns minutos observando-a dormir, meio abobada. Como que esse tormento que éramos Alfonso e eu conseguimos fazer um “serumaninho” tão angelical como Julia?


Quando saí do quarto dela, decidi ir até a cozinha para tomar um relaxante muscular antes de ir para a cama. Imaginei que Alfonso já tivesse se retirado para o nosso antigo aposento, mas ele estava na cozinha, beliscando um pedaço de bolo de algum café da manhã passado.


- Já sei da onde Julia tirou a formiguinha que há dentro dela. – decidi começar a conversa de forma mais leve, pois não estava com a menor paciência para brigar naquele momento.


- Falou a chocólatra assumida. – ele riu, guardando o resto do bolo na geladeira.


- É, com nós dois, não tinha como ela não ser uma formiguinha. – sorri para ele, enquanto pegava um copo d’água.


- Dulce... – ele apoiou as mãos na cadeira, enquanto eu tomava o comprimido. – Eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu não quero brigar... – eu deixei o copo sobre a pia e me virei, encarando-o. – Eu só quero conversar, de verdade. Eu quero conversar sobre nós dois, sobre tudo o que não foi dito, não foi explicado, durante todo esse tempo. – ele caminhou a passos lentos para o meu lado, até que ficasse de frente pra mim. – Eu não vou te pedir para voltar. Pelo menos não agora. – ele riu, mas eu me mantive séria. – O intuito da conversa não é esse, não quero que você me ouça te pedir para voltar, em um primeiro momento. A conversa é sobre o que aconteceu, é sobre o que sentimentos naquele momento, é sobre como nos sentimentos agora, e quais são as nossas perspectivas para o futuro.


- Alfonso, eu...


- Alfonso não, por favor. – ele fez uma cara desgostosa. - Por favor Dul, por todos os anos em que estivemos juntos, por toda a nossa história...


- Poncho. – me corrigi, suspirando. – Eu estou tão cansada, não podemos deixar para amanhã?


- Não, porque eu sei que vai chegar amanhã e você não vai querer conversar. Me dá meia hora, por favor.


- Ok... – respirei fundo, seguindo-o para fora da cozinha. Ele caminhou até a varanda, um pouco sem jeito, enquanto eu parava na porta, cruzando os braços, esperando que ele falasse alguma coisa. – Então...?


- Olha, eu sei o que pareceu tudo aquilo... – ele caminhava de um lado para o outro, inquieto.


- Sim, pareceu que você estava transando com uma vagabunda na nossa cama. O que mais aquilo deveria parecer? – perguntei debochada, já sentindo meus olhos arderem pelas lágrimas que sempre apareciam quando eu lembrava daquela cena pavorosa.


- Você sabe que ela não era assim, Dulce... – ele suspirou, triste.


- Não é só porque ela era sua assessora que ela deixa de ser uma vagabunda. Ela conquistou o nome a partir do momento em que ela em que se deitou com o meu marido. – respondi, amargurada.


- Dulce, você vai ficar de ironias nessa conversa? Eu quero conversar sério! – ele cruzou os braços, irritado. – Se for para ficar assim, pode ir dormir. Fique à vontade. – ele apontou em direção aos quartos.


- O que você quer que eu faça, Poncho? O que nós temos para conversar sobre isso, de verdade? – dei um passo para a frente, fechando a porta da varanda atrás de mim para evitar barulhos que acordassem Julia. – Você quer me falar há quanto tempo transava com ela pelas minhas costas? Quantas vezes você fez essa imundice no nosso apartamento? Quantas noites em que eu te esperei acordada até tarde, preocupada, e você estava com ela? Quantas noites você deixou de sair comigo, me deixando plantada, apenas por uma transa fácil? – ele abaixou a cabeça, deixando o silêncio pairar no ar por algum tempo.


- 5 meses. – ele murmurou e eu fechei os olhos, respirando fundo. – E mais 1 mês depois que você foi embora.


- Eu não acredito... – falei com a voz trêmula. – Você ainda ficou com ela depois de tudo? – respirei fundo outra vez,  voltando a mira-lo, indignada, tentando controlar a vontade que eu tinha de avançar no pescoço dele.


- Eu estava em um momento frágil, Dulce! – ele exclamou, aumentando o tom de voz. – Quando você me deixou, eu queria terminar tudo, eu queria apagar toda a merda que eu tinha feito, mas ela não deixava! Ela continuava insistindo, e eu, um idiota, cedia. Foi então que eu decidi demiti-la, porque não poderíamos continuar com aquilo. Eu não queria mais ve-la.


- Ah, coitadinho. – o tom de deboche estava presente novamente. – Eu nunca entendi o porquê de você ter começado tudo isso. De verdade, Alfonso, você me odiava tanto assim? – eu comecei a me aproximar mais dele, que abaixou o olhar novamente, fitando os próprios pés. – Eu era uma esposa tão terrível? Eu não te satisfazia na cama? – eu continuei caminhando, até parar a poucos centímetros dele. – Olha pra mim, Poncho! – falei irritada, empurrando-o. – Todo o zelo que eu sempre tive ao cuidar de você, todos os beijos de bom dia apaixonados, as noites quentes de amor, não eram o suficiente pra você? – eu cuspia as palavras em sua cara, e ele levou as duas mãos ao próprio rosto, tapando-o. – Me responde, carajo! – o empurrei mais uma vez e ele finalmente reagiu, com uma fúria que eu havia visto pouquíssimas vezes.


- Não, Dulce, será que você não entende? – ele segurou meus braços, gritando na minha cara. – Você nunca foi o problema! Você sempre foi a mulher que qualquer cara pede a Deus! Eu fui o problema! Eu fui fraco, eu me deixei ser seduzido por uma mulher que só queria destruir tudo o que tínhamos lutado tanto para construir. – ele começou a chorar, soltando meus braços, e eu senti meus olhos me traindo no mesmo instante. – Ela sempre... – ele tomou fôlego, com dificuldade devido ao choro.  – Ela sempre tentou algo. Eu ignorava, claro. Mas teve aquele dia... – ele tentava se acalmar, voltando a andar de um lado para o outro, enquanto eu o observava estática, apenas as lágrimas caindo silenciosamente pelo meu rosto. – Você lembra da nossa pior briga durante todo o tempo em que estivemos casados? Depois que eu falei sobre o projeto M7? – ele me olhou, esperando uma resposta.


- Sim... sim, o projeto de 6 meses na Espanha que você assinou e não me contou.


- Sim, e você ameaçou me deixar...


- Eu não ameacei te deixar, Alfonso! Eu apenas fiquei indignada em como você assina um contrato como esse sem antes falar comigo, sua esposa. Sem pensar na sua filha, sem pensar na sua família. Tudo o que eu disse é que se você realmente fosse em frente com aquilo, eu voltaria para o México, afinal, o que eu teria para fazer aqui? – me defendi de sua acusação, ficando ainda mais irritada ao me lembrar daquela discussão, algo que eu nunca me conformei com o que ele havia feito. – E o que isso tem a ver com tudo? No outro dia você chegou pedindo desculpas e dizendo que ia rever as datas e as condições, para tentar nos visitar com mais frequência e vários outros mimimis que agora não me lembro.


- Você pode me deixar terminar? – ele me respondeu, aborrecido. Fiquei calada, cruzando novamente os braços, esperando que ele continuasse, mas ele não falou nada, apenas continuou andando de um lado para o outro, parecendo imerso em seus pensamentos.


- Alfonso?


- Eu bebi demais, naquele dia. – ele estava de costas para mim, quando finalmente falou. – Nós fomos tomar alguns drinks, à noite, com o pessoal do cast. Andrea estava junto. Eu acabei passando dos limites, e ela se aproveitou para se aproximar. – ele se virou para mim novamente, com os olhos encharcados, a voz trêmula. – Ela perguntou o que eu tinha, e eu estava tão, tão bravo com você, Dulce. – ele fechou os olhos, sorrindo amargurado. – Eu nunca tinha ficado tão irritado com você daquela forma, eu não conseguia entender o porquê de você estar “contra” o meu crescimento profissional naquele momento. Eu estava tão animado com tudo, e você simplesmente me cortou, e eu fiquei fulo da vida. Eu só queria descontar aquela raiva que eu estava sentindo em alguma coisa, e Andrea percebeu isso.


- E então vocês transaram. – afirmei, com a voz embargada, enquanto sentia meu corpo fraquejar, e busquei apoio no pilar.


- Foi o pior erro que eu cometi em toda a minha vida. – ele levou as mãos ao cabelo, fechando os olhos, frustrado. – E eu percebi no momento em que o meu cérebro ficou sóbrio o suficiente para que eu pensasse de forma clara. Eu prometi a mim mesmo que nada daquilo jamais se repetiria, mas Andrea não pensava da mesma forma.


Conforme aquelas palavras entravam em minha cabeça, eu ia escorregando aos poucos pelo pilar, até me sentar no chão, olhando para frente, mas sem realmente enxergar alguma coisa. Eu não conseguia acreditar em como tudo havia começado, por uma idiotice de nós dois. Por uma briga estúpida.


- Quando eu vi, já havia me afundado tanto naquele affair que não conseguia mais sair. E foi assim que acabei me afastando de você, e me tornando o péssimo marido que eu fui. – eu enfiei minha cabeça entre as pernas, desejando que tudo aquilo fosse uma brincadeira, um pesadelo, qualquer coisa menos a realidade. – Eu não conseguia olhar para você, eu não conseguia te tocar, porque eu me sentia sujo, e você não merecia isso. – senti ele se aproximar de mim e logo senti suas mãos tocando meu braço. – I know I screwed up, baby. – ele murmurou e eu criei coragem de levantar a cabeça e encara-lo.


- Poncho... por quê? – ele estava de joelhos na minha frente, e eu afastei suas mãos do meu braço. – Você simplesmente jogou fora todos os nossos anos juntos. Você realmente achou em algum momento desse ano que nós poderíamos dar a voltar por cima depois de tudo isso?


- Dul... – ele alcançou minhas mãos. – Foi um erro estúpido, ok? Mas eu nunca senti nada por ela. Olha pra mim, Dulce. – ele me repreendeu quando eu tentei desviar meu olhar do seu, mas aquilo já me estava beirando a tortura e eu tentei me levantar, afim de ficar longe dele, mas ele me impediu. – Dulce, fala comigo, por favor.


- Poncho, eu não quero. – falei, suplicante. – Por favor, eu quero ir dormir, eu não aguento ouvir mais nada.


- Meu amor. – ele se aproximou mais de mim, levando sua mão em meu rosto, e eu fechei meus olhos com força. – Eu amo você. Eu sempre amei você. E eu sei que você também me ama. Vamos nos dar mais uma chance, por favor. Me perdoa, Dul.


- Eu não consigo. – eu toquei em sua mão que estava em meu rosto, apertando-a levemente. – Eu te amo, Poncho, como nunca amei ninguém. – entrelacei minha mão na dele, sentindo mais de perto o seu carinho. - Mas eu simplesmente não consigo... não consigo passar por cima disso tudo. Entende que nós não temos mais remédio. Nosso casamento acabou. – ele abaixou a cabeça, escondendo o choro que descia sem parar pelo seu rosto. – Poncho, vamos ter que enfrentar as consequências. – levei minha mão livre ao seu rosto, fazendo-o olhar para mim. – De alguma forma, nós vamos superar. Eu e você. Nós vamos refazer nossas vidas, aprender a viver sem o outro, como nós sempre fizemos a cada término. Mas dessa vez, tendo a certeza de que é para sempre.


 


~


 


Que bom que o para sempre, sempre acaba, não é mesmo? Até o próximo capítulo :) 


 



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Autor(a): sabrinasm

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • dulce_herrera Postado em 26/08/2016 - 16:28:31

    Tá difícil a vida para o Poncho. Mas ele até que tá merecendo

  • candy1896 Postado em 25/08/2016 - 21:40:25

    CONTINUA


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