Fanfics Brasil - Capítulo VII - Ao seu lado sempre vou pertencer Intento Perderte - Trendy

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Capítulo: Capítulo VII - Ao seu lado sempre vou pertencer

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- Dulce, você está bem?


- Sim, sim, Ricardo. – me virei para o meu advogado, que estava sentado no banco à minha frente, com vários documentos na mão.


- Você tem alguma dúvida? Quer mudar alguma coisa? – ele me encarou, parecendo estar preocupado. Eu estava tão mal assim?


- Não, está tudo em ordem. Não tem o que mexer. – forcei um sorriso. – Oye, eu vou buscar um café, ainda temos tempo, sim?


- Meia hora.


- Ok.


Sai andando por aqueles corredores largos e movimentados em busca da cafeteria que eu havia avistado quando chegamos. Olhei para o relógio e o ponteiro já batia na casa das 15:00. A data? 15 de setembro. Em meia hora nossa audiência de divórcio aconteceria. Havia visto Alfonso há pouco mais de 10 dias, e nesse rápido encontro não trocamos nenhuma palavra sobre o nosso relacionamento ou a audiência que em breve dissolveria nosso casamento. A mágoa da nossa última briga já se esvaía aos poucos de mim e eu conseguia pensar nele sem ficar extremamente irritada, mas ainda assim evitava ao máximo nosso contato, como havia sido durante todo aquele ano. Ele também parecia não fazer a mínima questão em se aproximar ou tentar conversar, portanto deixei assim. Não conseguiria, mesmo que quisesse, ter uma conversa decente com ele. Com tudo o que acontecia entre a gente, somando-se às investidas de Noriega, eu estava muito confusa para discutir qualquer coisa.


Além do jantar que tivemos no último mês, saímos algumas outras vezes em programas mais leves, como ir ao cinema ou ao parque em um domingo à tarde, tudo como amigos. Rodrigo estava sendo extremamente respeitoso com o meu espaço, e aquilo me agradava. Era uma das pessoas mais pacientes que havia conhecido, e parecia se importar de verdade comigo. Talvez eu realmente devesse seguir o conselho de Cláudia e dar uma chance, ver o que poderia acontecer. Mas antes de começar esse novo ciclo em minha vida, eu precisava encerrar o anterior.


Já voltava com o copo de café quente em minhas mãos, quando avistei de longe Poncho, chegando ao local onde realizaríamos a audiência. Estava de terno e gravata, e eu não consegui segurar uma risadinha ao pensar no quanto ele odeia se vestir todo pomposo. Ah, como eu sentiria falta dele.


Sim, era eu quem estava colocando um ponto final em tudo. Fui eu quem decidi finalmente dar início ao nosso divórcio, mas é claro que eu ainda o amava, com todas as minhas forças. Mas eu precisava ser racional nesse momento, eu jamais conseguiria voltar a ficar com ele, não depois da traição. Não conseguiria mais confiar, e isso é essencial em um relacionamento. E ademais, eu precisava desse ponto final para conseguir em frente sem ele, pois havia 0 perspectivas de seguir em frente com ele.


- Boa tarde, Dulce. – fui cumprimentada pelo advogado de Poncho, assim que cheguei ao corredor onde todos se encontravam.


- Boa tarde. – olhei para Poncho, que estava sentado ao lado de seu advogado, mexendo em seu celular. – Boa tarde, Poncho.


- Tarde. – ele respondeu seco, sem desviar o olhar da tela do seu celular. Ele estava fazendo um jogo comigo?


Suspirei, me controlando para não começar alguma discussão desnecessária com ele e decidi me sentar em um dos bancos vazios do outro lado.


Ficamos ali por uns 20 minutos. Acho que desses 20, em pelo menos uns 10 eu passei encarando Poncho, que em nenhum momento tirou sua atenção do maldito celular. Já começava a roer as unhas, irritada com sua frieza. O que eu mais queria era que tudo ocorresse da forma mais amigável possível, mas com essa atitude, eu duvidava muito. Não sei porque eu ainda tinha esperança de que ele entenderia que aquilo era o melhor para nós e colaborasse.


Quando pensei em me levantar para buscar uma água, fomos chamados para a sala de audiência. Poncho se levantou, ainda sem olhar para mim, arrumando o paletó e entrando na sala em seguida. Meu advogado me encarou, já de pé na minha frente, esperando que eu me levantasse, o que acabei tardando a fazer, meio perdida, pensando que nossos 18 anos juntos estavam prestes a ter um fim.


- Dulce, querida, precisa de algo? – Ricardo perguntou.


- Não.


- Você está pronta?


- Não. – respirei fundo, me levantando. – Mas quem algum dia esteve?


~


Estava sentada de frente para Poncho, ouvindo o Juiz explicar como ocorreria todo o processo. Busquei, diversas vezes, seu olhar, mas em vão. Ele o mantinha fixo nos papéis a sua frente, e apenas o levantou quando o juiz perguntou se havíamos entendido e se restava alguma dúvida. Fechei os olhos por alguns segundos, desejando que toda aquela situação acabasse logo.


- Bom, senhores, como vocês entenderam quais serão os procedimentos dessa audiência, vamos iniciar. Senhora Dulce, primeiramente eu gostaria que a senhora relatasse brevemente os motivos que a levaram a pedir a dissolução do vínculo com o senhor Alfonso. – eles realmente tinham que perguntar isso?


- Bom... – procurei, pela milésima vez, o olhar de Poncho, mas ele havia abaixado a cabeça, só escutando o que eu falava. – Nós viemos de uma relação muito longa, e durante todo esse tempo sempre tivemos muitas idas e vindas. A última foi em 2014, quando decidimos nos dar mais uma chance. – um fraco sorriso apareceu em meu rosto, enquanto Poncho continuava imóvel. – Foi a vez em que realmente deu certo, nos casamos, em 2015, vivemos bem por alguns anos, tivemos uma filha, mas... – eu já sentia um nó começar a se formar em minha garganta, mas consegui manter o meu tom de voz controlado. – No ano passado... – eu queria tanto que ele olhasse pra mim! – Infelizmente, no ano passado, começamos a nos distanciar, a um certo ponto em que nosso casamento já estava insustentável. – voltei a minha atenção para o juiz. – Nós tentamos conversar diversas vezes, e muitas promessas de mudança foram feitas, mas nada nunca se concretizou.


- Ele era um bom pai para a criança? – o juiz perguntou, me pegando meio de surpresa e quando olhei para Poncho, finalmente encontrei seu olhar.


- Sim... sim. Ele sempre trabalhou muito, mas quando estava com ela, fazia o melhor. E até hoje é um grande pai. Não tenho nenhuma reclamação a fazer com respeito a sua paternidade.


- E a senhora realmente acha que é inviável continuar com o matrimônio? – ele perguntou novamente, mas eu acabei me perdendo no olhar de Poncho e demorando para responder. – Senhora Dulce?


- Sim! – respondi, voltando para a realidade. – O que mais pesa em minha decisão é... – respirei fundo, pensando em como falar aquilo da melhor maneira, mas a verdade é que não tinha nenhuma forma bonita de contar o final daquela história. – O que mais pesa, é o adultério. É impossível, para mim, voltar a confiar.


- E a senhora acredita que não há como trabalhar para recuperar essa confiança?


Fechei os olhos por alguns instantes e quando os abri, encontrei Alfonso me encarando, esperando uma resposta. Infelizmente, eu já a tinha na ponta da língua.


- Não. – respondi, abaixando o olhar.


- Certo. Senhor Alfonso, gostaria de ouvi-lo agora.


Ele se ajeitou na cadeira, apoiando os dois braços em cima da mesa, desviando imediatamente seu olhar do meu e apenas dando atenção ao juiz.


- A verdade é que eu não tenho muito o que falar, pois nada vai mudar a decisão dela. – ele deu de ombros. – Se eu queria que isso estivesse acontecendo? Não. Eu sei que eu errei, e ela não merecia isso. Mas foi um erro tolo e eu a amo, sempre a amei, e ela sabe disso. Porém, pelo o que eu vi durante esse último ano, jamais a farei mudar de opinião.


- Senhora Dulce, a senhora ainda nutre sentimentos pelo senhor Alfonso? – mas que diabos de pergunta era essa?


De repente, todos na sala me encaravam, esperando uma resposta.


- Sim... claro que sim. – falei, meio desconcertada.


- E os senhores realmente acreditam que isso não seja algo que possa ser resolvido entre vocês? – ele estava realmente querendo dar um jeito no nosso casamento?


Alfonso me encarou novamente, talvez esperando que eu respondesse primeiro, mas como não o fiz, ele se voltou para o juiz.


- Não.


- Não. – repeti.


~


- Bom, nós já havíamos revisado o pedido de divórcio que a senhora Dulce havia feito junto ao seu advogado, e estamos de acordo com suas propostas. – eu balançava a perna impaciente, enquanto o advogado de Poncho falava. – Não temos muitos problemas, como ambos se casaram em regime de comunhão parcial de bens, e tudo o que adquiriram juntos foi um apartamento na cidade de Los Angeles, a senhora Dulce especificou que abriria mão do mesmo. – ele lia alguns papéis. – Porém meu cliente vem com uma nova proposta, que acredito que não terá problema para a senhora Dulce. – ele voltou seu olhar para mim. – O senhor Alfonso gostaria de deixar o apartamento no nome da filha Julia, para uso e fruto dos dois, enquanto algum deles queiram residir na cidade, até que ela faça 18 anos. – olhei para Poncho, meio surpresa.


- Você está de acordo, Dulce? – Ricardo perguntou.


- Sim, claro. Mas o uso e fruto pode ser apenas de Alfonso, eu não possuo interesse em morar lá novamente.


- Como quiser. – o advogado dele anotou. – Em questão da guarda da filha de 2 anos, Julia Herrera Espinosa, a guarda seria compartilhada, com residência fixa da criança sendo com a senhora Dulce, enquanto meu cliente... – Alfonso o impediu de continuar, chamando sua atenção e sussurrando algo em seu ouvido. Semicerrei os olhos, desconfiada.


- Algum problema, senhores? – perguntou o juiz.


- Sim. – ele passou a mão em seus cabelos. – Meu cliente acaba de me informar que mudou de ideia com respeito à guarda de sua filha. – O QUÊ?


- Com o que os senhores não concordam? – Ricardo tomou a frente.


- O senhor Alfonso gostaria de manter a guarda compartilhada, porém ele insiste que a residência fixa da criança seja com ele, em Los Angeles.


- O quê? – eu exclamei, assustada. – Alfonso, você está louco? – me virei para ele, pronta para atacar.


- Não, eu só acho que ela ficaria melhor aqui comigo. – ele deu de ombros, mal olhando na minha cara. Eu queria avançar no pescoço dele.


- Eu sou a mãe dela! Eu que a carreguei em meu ventre, que amamentei, cuidei e amei durante esses 2 anos! Você não pode estar achando que alguém aqui vai concordar com essa palhaçada, não é? – eu ri, inconformada, e ele se recusava a me olhar.


- Bom, senhor juiz, eu acredito que como pai, também tenho direitos sobre a minha filha. – ele falava tão tranquilamente que só me fazia quere-lo esgana-lo ainda mais. Meu Deus, como que ele podia estar fazendo aquilo comigo?


- Alfonso, para com essa estupidez! Você sempre pôde estar com ela quando quisesse, eu nunca te impedi de ve-la, de busca-la, de viajar com ela! E isso vai continuar, mesmo ela morando comigo. Quantas vezes você a buscou e ficou dias com ela? Alguma vez eu te impedi de ter contato? – ele começou a olhar para cima, me ignorando, e eu, irritada, me levantei, batendo a mão na mesa. – Olha pra mim, Alfonso!


- Dulce, se acalme. – meu advogado se levantou, me amparando.


- Não, como você quer que eu me acalme quando ele está querendo tirar a minha filha de mim? Você nem ao menos tem tempo de ficar com ela, Poncho. Ou esqueceu que você tem uma série para gravar? Quantos contratos para novos filmes você assinou?


- Senhores, por favor. – o juiz se levantou. – Vamos ter um intervalo de 30 minutos até que os ânimos se acalmem.


~


Eu saí às pressas daquela sala, a fim de alcançar Alfonso, que disparou pelo corredor. Nossos advogados tentaram nos conter, mas foi impossível evitar a discussão que logo presenciariam.


- Alfonso! – gritei, irritada. – Alfonso, você volte aqui. – eu apertei o passo, conseguindo alcança-lo. – Alfonso! – puxei seu braço, fazendo-o olhar pra mim.


- O que você quer, Dulce? – ele perguntou, irritado.


- Por que você está fazendo isso? É sua nova forma de me torturar?


- Eu estou no meu direito. Você sabe o que é isso? – ele se aproximou mais de mim. - D-I-R-E-I-T-O. - soletrou, em tom de deboche.


- Para com isso, por favor. – eu já sentia meu olho arder pelas lágrimas que começavam a se formar. – Por favor, Poncho. Não faz isso. Não faz as coisas entre a gente terminarem dessa forma. – ele ria, debochado, enquanto eu falava. – Você está fazendo isso porque está magoado, eu sei. – eu tentei tocar em seu braço, mas ele o afastou abruptamente.


- Se você acha que vou deixar minha filha com você, enquanto você está saindo com aquele Nariégua, está muito enganada. – eu respirei fundo, tentando me manter controlada. – Nem com ele, nem com qualquer outro macho que você vai botar dentro de casa, ou deixar chegar perto da minha filha. – a minha vontade era de estapeá-lo, como da última vez, mas eu juntei todas as forças que eu tinha para me segurar.


- Você está se ouvindo? – eu levei minhas mãos aos cabelos. – Você tem noção do quanto você está soando louco? Eu juro que não posso acreditar. – eu me virei, puxando ar, inconformada. – Meu Deus, Alfonso.


Ele não quis ouvir mais nada. Simplesmente se retirou dali, me deixando com as minhas lágrimas que já começavam a cair pelo meu rosto. Era a última coisa que eu imaginaria que ele faria nessa audiência, a última. Jamais pensei que ele usaria nossa filha para me provocar. Como eu estava enganada.


Decidi ir ao banheiro lavar o rosto, mas ao chegar lá, as lágrimas tomaram conta de mim. Deixei elas caírem livres, tirando aquele peso que eu sentia no peito. Encarei o meu reflexo, enquanto um milhão de lembranças passavam pela minha cabeça, e eu não conseguia entender como que fomos chegar ali. Como que estávamos terminando em tão péssimas condições? O que aconteceu com a gente?


Fui desperta de meus pensamentos com uma batida na porta do banheiro.


- Dulce? – ouvi a voz de Ricardo. – Você está bem? ­


­ - Sim. – respondi, passando a mão pelo rosto. – Eu já estou saindo.


Respirei fundo, abrindo a torneira e jogando um pouco de água em meu rosto, enxugando-o em seguida. Retoquei a maquiagem rapidamente e ajeitei o cabelo. Olhei mais uma vez para o meu reflexo no espelho, esperando conseguir toda a coragem que precisava para continuar aquela audiência sem pular no pescoço de Alfonso. Suspirei, tentando colocar na cabeça que ele estava apenas me irritando, e que no final tudo daria certo.


- Dulce... – meu advogado veio até mim, assim que saí do banheiro. – Como você está?


- Frustrada. – suspirei, colocando minhas mãos na cintura.


- Eu não acho que Alfonso vá seguir com essa história. E mesmo que siga, há pouquíssimas chances de ele realmente conseguir algo, Dulce. Você é a mãe, e a justiça sempre vai buscar te amparar. – ele me lançou um olhar reconfortante.


Caminhamos de volta para a sala da audiência. Alfonso já havia entrado, e todos estavam a nossa espera. Me recusei a olha-lo, indo em direção a cadeira em que estava sentada anteriormente e mantendo meu olhar no juiz.


- Bom, agora que estamos mais calmos aqui... – o juiz começou a falar. – Podemos dar sequência à discussão da guarda da menor Julia Herrera Espinosa. Senhor Alfonso, eu gostaria de ouvi-lo quanto as suas razões para querer que a menor resida com o senhor, aqui, em Los Angeles.


Virei para a frente, olhando para Alfonso, esperando uma resposta, assim como todas as outras pessoas que estavam na sala. Ele demorou alguns longos segundos, se ajeitando na cadeira. Ele passou a mão pelo cabelo, pensativo.


- Na verdade, eu mudei de ideia. – ao ouvi-lo, suspirei aliviada.


- Então o senhor concorda que a menor viva com a senhora Dulce?


- Eu mudei de ideia com relação ao divórcio. Eu não vou assinar nada. – ele me encarou. – Se você quiser, entre com o pedido de divórcio litigioso. – ele sorriu, irônico, e eu não conseguia acreditar no que ouvia.


Cerrei os punhos na cadeira, fechando os olhos por alguns segundos, me controlando para não começar a gritar com ele novamente. Todos ficaram em silêncio por alguns segundos, e quando abri os olhos, estavam me encarando.


- Senhora Dulce?


- Eu não tenho nada a dizer. Não vou entrar nesse jogo infantil que o senhor Alfonso está fazendo. – sorri para Alfonso, também irônica.


- Não é um jogo. É apenas a minha decisão. – ele deu de ombros.


- Senhores... – o juiz começou a falar. – Vejo que vocês precisam conversar mais sobre a decisão que estão tomando. Eu vou adiar essa audiência para amanhã. Até lá, vocês conversem e repensem em tudo o que estão fazendo. Se chegarmos aqui amanhã e os senhores estiverem com a mesma posição, infelizmente, senhora Dulce, a senhora terá que entrar com o processo litigioso, o que lhe vai custar certo tempo. Eu dou essa audiência por encerrado.


~


Após ter uma breve reunião com o meu advogado sobre o que poderíamos esperar no próximo dia, fui direto para o hotel em que estava hospedada. Já eram quase 20:00 e eu estava morrendo de fome, mas duvidava muito que algo conseguisse parar no meu estômago com aquela ansiedade que eu estava sentindo. Ricardo me aconselhou a tentar conversar com Alfonso, mas eu recusei a ideia na hora. Não ia entrar em seu jogo, não ia fazer o que ele queria, mesmo que para isso eu tivesse que entrar em um longo processo de divórcio litigioso. E eu não conseguiria nem olhar para a cara dele depois do showzinho que ele fez na audiência. Se ele achava que era dessa forma que ia me conseguir de volta, estava completamente enganado.


Joguei a bolsa em cima da poltrona, enquanto me sentava na cama e tirava os sapatos que já estavam me machucando. Deitei, encarando o teto, pedindo a Deus que me tirasse logo daquele pesadelo que parecia nunca ter fim. Como eu queria voltar no tempo e evitar, de alguma forma, que as coisas tivessem saído dessa forma. Durante esses 18 anos, nossa relação nunca esteve tão ruim como agora. Todos sabem, desde a nossa família até a imprensa, o quanto discutíamos, brigávamos, sempre dando um tempo ou até mesmo terminando. Mas o nosso amor sempre teve o dobro de intensidade das nossas discussões, e mesmo que muitas vezes a gente quisesse se matar, dois minutos depois já estávamos nos amando como se fosse o nosso último dia na Terra.


E apesar de em nosso último namoro, e depois, casamento, as brigas cessarem muito, e mais maduros, conseguirmos manter um relacionamento saudável, hoje parecia que tínhamos voltado ao começo. Eu sentia que estávamos sendo aquelas duas crianças que só sabiam se machucar, como na primeira vez em que terminamos, em 2004.


Fechei os olhos, levando as mãos à cabeça, enquanto sentia algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Quando que eu pararia de chorar por ele?


Não passou 5 minutos e eu senti meu celular vibrar, me alertando para uma chamada. Olhei no visor e era Noriega. Não estava muito afim de conversar com ninguém, porém talvez fosse bom para me distrair. Decidi atender, mas fui surpreendida pela voz do outro lado da linha.


- Mamãe? – sorri imediatamente, como se meu mundo sombrio fosse completamente invadido pela luz.


- Bebê? – respondi, surpresa. – O que você está fazendo com o tio Rodrigo?


- Ele veio me ver na casa da vovó, e aí fomos tomar sorvete. Eu to com saudades, mamãe.


- Eu também estou, meu amor. Mas se tudo sair como planejado, daqui a dois dias eu estou de volta aí com você, e vou te encher de beijos. – eu me sentei novamente na cama, passando a mão pelo rosto. – Você está comendo direitinho? Não vai só ficar tomando sorvete, hein.


- Sim, mamãe. A vovó está fazendo várias comidas gostosas, e o vovô também comprou vários docinhos. – ela ria enquanto falava.


- Ai meu Deus, seus avós não param de te mimar. – eu ri.


- Mamãe, o tio Rodrigo vai falar com você. Tchau, te amo muito.


- Eu também amo você, minha vida. Se cuida.


- Dulce? – sorri ao ouvir a voz de Rodrigo.


- Oi Rod. O que está fazendo aí?


- Ah, aquele dia que fomos ao parque, havia prometido que a levaria para tomar sorvete e como hoje estava tranquilo... – como ele conseguia ser tão fofo? – Aí achei que você gostaria de falar com ela, depois desse dia que não teve ter sido muito fácil aí, né?


- Nem me lembre. – respirei fundo, cansada.


- O que aconteceu, Dul?


- Alfonso aconteceu. Primeiro, inventou que Julia deveria morar com ele. Depois, decidiu que não iria assinar o divórcio. O juiz remarcou a audiência para amanhã, para nos dar um tempo para pensarmos melhor, porém se ele não mudar de ideia, vou ter que entrar com um processo para conseguir o divórcio.


- Por que ele está dificultando as coisas assim?


- Birra, mágoa, sei lá... – mordi meu lábio inferior, um pouco nervosa. – Rod... eu preciso te contar algo.


- O quê?


- Alfonso acha que estamos namorando. – ele começou a rir do outro lado da linha, me tirando também uma risada.


- Por quê?


- Ah... ele viu a gente, aquele dia... quando você me deixou em casa. – eu provavelmente estava com as bochechas rosadas pela vergonha em falar sobre isso com Rodrigo. – A gente brigou, e eu acabei mentindo, falando que estávamos juntos. Depois ele viu aquelas fotos... – suspirei, me lembrando do episódio. – E eu nunca desmenti.


- Ah é? – eu podia jurar que ele estava sorrindo do outro lado.


- Sim. – murmurei, envergonhada.


Conversamos por mais uns 10 minutos antes de nos despedirmos. Pensei em tomar um banho e ir dormir, mas decidi que antes passaria pelo bar do hotel, a fim de tomar algo para relaxar e esquecer um pouco daquele dia conturbado. Calcei novamente meus sapatos e saí do quarto, indo para o elevador que me levaria até o bar.


Quando sai do elevador, dei de cara com o elegante restaurante do hotel, que estava consideravelmente cheio. Caminhei até o outro lado do salão, onde se encontrava o bar, que por sua vez estava um pouco vazio, com alguns poucos sujeitos espalhados ao longo do balcão.


- Uma dose de tequila, por favor. – pedi gentilmente ao barman, que apenas piscou para mim e se abaixou para pegar a garrafa. Eu odiava tequila, portanto, era dela mesmo que eu precisava hoje.


- Achei que tinha largado a tequila. – eu podia reconhecer aquela voz rouca em uma multidão. Respirei fundo, enquanto o barman colocava a bebida na minha frente. Peguei o pequeno copo e rapidamente o virei, sentindo a tequila descer queimando toda a minha garganta. De esguelha, o vi se encostar no balcão, virado para mim.


- Outra dose, por favor. – falei para o jovem a minha frente.


- Dulce, você sabe o quanto isso te faz mal. – ele pegou o copo, impedindo o barman de colocar outra dose.


- Quem sabe o que me faz bem ou mal sou eu, Alfonso. – peguei o copo dele, entregando ao rapaz que prontamente o preencheu de tequila, levando, em seguida, o copo aos meu lábios.


- Dulce... – ele murmurou, enquanto eu tomava a outra dose.


- O que você quer aqui? – perguntei, deixando o copo sobre o balcão e sinalizando que o mesmo poderia ser preenchido. – Já não bastou todo o show que você fez hoje? – eu me virei, pela primeira vez olhando para ele, e então reparei que ele continuava com o terno e a gravata que estava poucas horas antes.


- Eu queria falar com você...


- Alfonso, nós não temos nada para conversar. Acho que todas as conversas possíveis que poderíamos ter, nós já tivemos. – peguei o copo que já estava cheio de tequila novamente, e o virei.


- Dulce, por Dios! – ele tomou o copo de minha mão. – Você quer passar mal, é isso? Só para provar que você não precisa de mim?


- Entenda que você não manda em mim, Alfonso. – eu me levantei, irritada, mas senti uma tontura repentina, me fazendo apoiar no balcão.


- Ta vendo? – ele se aproximou, tentando me amparar, mas eu o afastei.


- Não toca em mim. – falei, o empurrando para longe de mim, enquanto saía do bar, caminhando pelo restaurante até chegar ao elevador. Sentia seus passos atrás de mim, quando parei para chamar o elevador e me virei, olhando-o com raiva. – Para de me seguir, caray!


- Eu não vou sair daqui enquanto não conversarmos. – ele cruzou os braços.


- Eu vou chamar os seguranças se você não me deixar em paz.


- Vai lá, faça uma cena. – ele deu de ombros. – Quer que eu os chame para você?


- Eu te odeio. – praguejei, enquanto entrava no elevador. – Onde você pensa que vai? Sai daqui, Alfonso! – perguntei, observando-o entrar atrás de mim.


- Não, eu não vou sair! Mesmo que eu tenha que passar a noite inteira na porta do teu quarto até você falar comigo.


- Eu já disse que vou chamar a segurança para te tirar daqui, idiota!


- Você não teria coragem. – ele sorriu, irônico, fazendo meu sangue ferver ainda mais.


Quando o elevador chegou ao meu andar, saí correndo a fim de despista-lo, mas obviamente ele foi atrás. Resmunguei, enquanto chegava na porta do meu quarto, destrancando-a com o cartão automático.


- Você tem quantos anos, Dulce? Para de agir como uma criança. – ele falou, me alcançando.


- Você quer mesmo falar de infantilidade, Alfonso? – respondi, enquanto abria a porta com tudo, adentrando ao quarto, nervosa.


- Dulce, por favor... – ele entrou no quarto, fechando a porta.


- Você agiu como um menino mimado de 5 anos que não ganhou o brinquedo que queria! – explodi, gritando com ele. – Você teve coragem de usar a nossa filha para me atingir! Você quer fazer da minha vida um inferno, é isso? – joguei nele uma das almofadas que estavam na poltrona. – Você quer que eu passe o resto da minha vida chorando por você, é isso o que você quer? Que minha vida continue girando ao seu redor? – as lágrimas já começavam a brotar pelo meu rosto, enquanto eu continuava furiosa com ele.


- Dulce, eu fiz isso para ganhar tempo! Eu fiz isso porque eu ainda acredito em nós! Porque eu ainda te amo, te amo tanto que eu não faço ideia de como vou viver sem você caso esse processo continue. – ele respondeu, com a voz embargada. – Eu sei que eu posso te reconquistar, se você me der mais uma chance. – ele se aproximou de mim, enquanto eu o olhava inconformada. – Eu sei que posso ganhar sua confiança de volta. – ele tocou em meus braços, que neste momento já estavam cruzados, e eu o repeli.


- Não! Eu já disse, não me toca, Alfonso. Já chega dessa palhaçada, já chega dessa sua birra, lide com os seus sentimentos e me deixa ser livre, me deixa recomeçar longe de você!


- Dulce. – as primeiras lágrimas já começavam a cair sobre o seu rosto, fazendo meu coração apertar ao ve-lo daquela forma. – Por que você está desistindo assim de nós? – ele tentou se aproximar de novo, e eu fechei os olhos, tentando não encontrar aqueles verdes intensos que agora brilhavam pelas lágrimas. – Você está apaixonada por ele? – ele perguntou, em um sussurro, enquanto segurava meus ombros.


- Poncho... – virei o rosto, já sentindo sua respiração próxima demais do meu rosto. – Poncho, por favor, vai embora.


- Você o ama, Dulce? – senti suas mãos descerem para a minha cintura, puxando meu corpo para mais perto do seu, mas eu já não tinha mais força e nem vontade de afasta-lo.


- Não, Poncho. – abri os olhos, encontrando os seus fixos em mim. – Nós não estamos juntos, nós nunca estivemos juntos. – dessa vez quem fechou os olhos foi ele, por alguns segundos, suspirando.


- Por que você disse aquilo? Por que você nunca desmentiu? – ele abriu os olhos, me fitando, enquanto levava uma de suas mãos ao meu rosto, acariciando-o.


- Porque eu queria te machucar. – minha voz saía embargada, e eu coloquei minha mão sobre a sua, entrelaçando as duas. – Porque você tinha me magoado, e estava doendo tanto, que eu queria que você sentisse também. – acariciei sua mão com a minha, enquanto ele desviava o seu olhar do meu. – Me desculpa por ter deixado você acreditar nisso. – levei minha mão livre ao seu rosto, fazendo-o olhar novamente para mim. – Você sabe que eu te amo, e que eu não tenho coração e nem olhos para mais ninguém.


- Então, porque não tentamos de novo? – ele apertou minha cintura, colando nossos corpos, enquanto aproximava seu rosto do meu. – Por toda a nossa história, por tudo o que já passamos e superamos, pela nossa pequena... – meu coração estava disparado com tamanha aproximação, e eu já não conseguia tirar meus olhos de seus lábios que estavam tão próximos dos meus, desejando-os com tanta intensidade que o meu lado racional já estava completamente apagado.


https://www.youtube.com/watch?v=o0BNTKbzElg


Fui fechando os olhos, deixando com que ele colasse nossos lábios, iniciando um beijo terno e cheio de carinho. Imediatamente dei espaço para que sua língua encontrasse a minha, começando uma dança calorosa e cheia de paixão. Passei meus braços ao redor de seu pescoço, enquanto ele abraçava minha cintura.


Naquele momento eu não queria pensar em mais nada. Sabia que era uma decisão errada, e que talvez eu me arrependesse depois, mas preferia me arrepender de ter feito do que de não ter tido aquela última oportunidade ao seu lado. Meu corpo gritava pelo seu, por ter seus carinhos, seus beijos, sua pele na minha, e eu estava cansada de negar isso a ele. Pela primeira vez, em tanto tempo, eu ia seguir o meu coração, mesmo que por uma noite. Eu não aguentava mais, não aguentava as brigas, as discussões, as infantilidades entre nós dois. Eu precisava dele, eu o queria, eu o teria.


Aos poucos fomos caminhando em direção a cama, tirando nossos calçados, sem descolar nossos lábios. Ele me deitou com cuidado e eu o puxei pela gravata, fazendo-o ficar sobre mim. Deslizei minhas mãos pelos seus ombros, tirando seu paletó, enquanto o ritmo de nosso beijo começava a aumentar, ficando cada vez mais quente. Nossas línguas se procuravam, desesperadas, como se precisassem uma da outra para sobreviver.


Ele continuava com uma mão em meu rosto, ao mesmo tempo em que sua outra mão descia por todo o meu corpo, passando pela minha cintura e por minha coxa. Ele subiu a mão por baixo da minha saia, me arrancando um suspiro, e eu desci minhas mãos que estavam em seus cabelos, para seu pescoço, a fim de desatar a gravata. Rocei minha perna em sua cintura, enquanto ele puxava meu corpo mais para baixo, para que pudesse se encaixar melhor. Afastei meus lábios dos seus aos poucos, lhe dando selinhos, enquanto recuperava um pouco o fôlego.


Logo senti seus lábios e sua respiração quente em meu pescoço, onde ele começou a distribuir beijos e pequenos chupões, me fazendo suspirar. Coloquei minhas pernas ao redor de sua cintura, prendendo-o a mim, e comecei a subir as mãos pelo seu peitoral, buscando os botões da camisa. Em pouco tempo, desabotoei a mesma e a arranquei, alisando aquele abdômen que sempre fora muito bem definido, deixando escapar um sorriso. Seus lábios já começavam a procurar os meus novamente, e eu decidi tirar minha blusa, antes de iniciarmos um beijo intenso.  


Deslizei minhas mãos pelas suas costas, puxando-o para mais perto de mim, desesperada por sentir seu corpo no meu. Encaixei minha cintura na sua, sentindo o volume formado em sua calça. Em um movimento rápido, ele ficou de joelhos, me puxando para o seu colo, ficando com o rosto na altura dos meus seios, enquanto suas mãos rapidamente abriam o meu sutiã, e eu ajudava a tira-lo. Enfiei minhas mãos entre os seus cabelos, acariciando-os, sentindo sua barba roçar em meu abdômen, me arrepiando. Aos poucos ele começou a distribuir beijos por ali, subindo até os meus seios, enquanto suas mãos subiam e desciam pelas minhas costas. Não demorou muito para que eu sentisse sua língua quente passando pelas minhas aureolas, antes de brincar com o bico dos meus seios, me fazendo suspirar forte, enquanto arqueava um pouco as costas com todas as sensações que ele me proporcionava.


Eu estava em um paraíso particular da onde nada e nem ninguém conseguiria me tirar naquele momento. Não existia divórcio, não existiam brigas, só o nosso amor, o nosso carinho; o fogo e a paixão que sempre estiveram presentes entre nós. Meu coração batia acelerado, como em todas as outras vezes em que estivemos juntos. Mesmo depois de 18 anos, meu coração parecia que tinha 15 anos quando estava próximo dele. Eu entendi ali, que apesar de tudo, e de que muitos anos se passassem, eu sempre pertenceria a ele.


Tratamos de nos livrar das últimas peças de roupa que ainda nos impediam de nos tornarmos um só, sem deixarmos de trocar beijos e carícias. Ele se deitou sobre mim, me dando um beijo apaixonado, enquanto encaixava nossas cinturas. Eu mordisquei seu lábio inferior, puxando-o levemente, enquanto levava minhas mãos ao seu rosto, acariciando-o. Em pouco tempo, seus verdes intensos encontraram os meus olhos, e ali sabíamos que não precisávamos de nenhuma palavra além de nossos olhares. Respirei fundo, fechando os olhos, quando senti nossos corpos e nossa alma se tornarem uma só; a máxima expressão do nosso amor.


 




 


Finalmente uma briga que acaba bem! E aí, será que eles se acertam dessa vez? Não percam o próximo capítulo :)



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Autor(a): sabrinasm

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      - No que você está pensando? – perguntei, enquanto subia minha mão pelo seu peitoral, me aninhando mais em seu abraço. - Ah... – ele me abriu aquele sorriso que eu tanto amava. – Não é nada. – ele se inclinou e depositou um beijo em minha testa. - Poncho, me conta. – insisti. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • dulce_herrera Postado em 26/08/2016 - 16:28:31

    Tá difícil a vida para o Poncho. Mas ele até que tá merecendo

  • candy1896 Postado em 25/08/2016 - 21:40:25

    CONTINUA


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