Fanfics Brasil - Capítulo IX – Yo digo R... (Parte 1) Intento Perderte - Trendy

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Capítulo: Capítulo IX – Yo digo R... (Parte 1)

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rbd


 




 


Já passava das 8h quando acordei com Julia ligando a televisão do meu quarto e se deitando ao meu lado, sem se preocupar muito se eu estava dormindo ou não. Resmunguei um pouco, pegando o celular e verificando que era demasiado cedo para aquela bonequinha já estar acordada, ainda mais em um domingo. Esfreguei os olhos, tentando me acostumar com a claridade que vinha da TV, e me virei para o outro lado da cama, encarando-a. Pensei em repreende-la, mas a única vontade que tive ao ve-la ali, com o pijaminha rosa, a chupeta na boca, praticamente uma bolinha de fofura, foi de enche-la de beijos.


- Ju... – falei, um pouco manhosa, e ela me olhou de esguelha, muito concentrada no desenho que assistia. – Filha... – me aproximei mais dela, que continuava vidrada na televisão. – Você não vai nem falar bom dia pra mamãe? Vem aqui, me acorda, se apossa da minha televisão, e nem um bom dia eu ganho? – puxei ela pra mais perto de mim, lhe dando um beijo na bochecha, enquanto ela fazia uma careta engraçada.


- Mamãe, eu quero ver ali ó. – ela falou meio arrastado, tentando desviar nos meus carinhos.


- E eu quero um beijo de bom dia, senhorita. – fiz cara de brava, lhe tirando um sorriso, e logo ela se agarrou no meu pescoço, me dando um beijo meio babado, me fazendo rir.


- Julia, o que é isso? – limpei a bochecha, enquanto ela gargalhava da minha reação. – Você está tentando afastar a mamãe de você?


Ela continuou rindo, enquanto eu a enchia de beijos, atrapalhando seu desenho. Não havia nada melhor do que acordar com meu anjinho do meu lado, e o som da sua risada se transformava no som da minha alegria.


Mas como bons mortais que somos, não poderíamos ficar o dia inteiro na cama, rindo e assistindo desenhos. E hoje, em especial, tínhamos um compromisso muito importante, e que Julia estava animadíssima para comparecer.


- Mamãe, que horas nós vamos para a tia Any? – ela perguntou, enquanto ficava em pé na cama.


- Daqui a pouco, bebê. – levantei, olhando meu cabelo no espelho e tentando ajeita-lo. – Mas primeiro vamos tomar um café da manhã bem gostoso, o que você acha? Vem. – me aproximei da cama, estendendo os braços para ela, que logo pulou em meu colo.


- Mamá, vou poder brincar com o Fê e com o Juan?


- Claro, meu amor. Só não vai ficar fazendo bagunça, hein? – respondi, enquanto caminhava com ela no colo até a cozinha.


- O Gui também vai? – sua animação me fazia sorrir.


- Acho que sim, Ju. – coloquei ela na sua cadeirinha que ficava na cozinha, indo em direção ao armário. – O que você quer comer?


- Hum... pode ser panqueca? – ela fez uma cara de pidona, sabendo que não era minha maior especialidade na cozinha.


- Ah, tem certeza que não quer outra coisa? Algo que a mamãe faça bem? – sorri, meio desconcertada.


- Não mamãe, faz tempo que não como panqueca. Só o papai faz pra mim. – ela fez um bico, me convencendo.


- OK. Mas se não ficar muito boa, você não pode reclamar, hein. – eu ri, enquanto ia até a geladeira para pegar os ingredientes. – E não vai comer muito, senão você não vai almoçar e sua tia Any vai brigar com a gente.


- Ta bom, mamãe!


Enquanto eu preparava as panquecas - uma das poucas comidas que eu não dominava, mas que Julia sempre insistia que eu fizesse -, ela não parava de tagarelar sobre o quanto queria ir logo pra casa da tia Any e que estava com saudades dos “primos”.


Sim, tia Any, também conhecida como Anahí. Não éramos melhores amigas e nos víamos poucas vezes durante o ano, mas sempre trocávamos algumas mensagens para sabermos das novidades e ver se estava tudo bem. Poderia considera-la uma boa amiga, por toda a história que tínhamos, assim como os outros quatro.


O que vocês não sabem é que de vez em quando, quase todo ano, Anahí tentava nos reunir para matarmos a saudade. Era praticamente a única que se esforçava tanto para que esses reencontros acontecessem, enquanto nós já estávamos acostumados demais com essa distância e com quase não nos vermos. Não é que nós não nos importássemos, mas cada um já seguia a sua vida a, sei lá, 12 anos?


Eu adorava encontra-los, mas com todos os compromissos, e principalmente depois que me mudei para Los Angeles, era muito complicado. Poncho e eu sempre levávamos broncas quando não podíamos comparecer aos jantares, muito em razão de quase não irmos ao México durante o tempo que moramos juntos nos Estados Unidos. E no final, nunca conseguíamos estar os seis juntos, sempre faltava alguém, ou estava do outro lado do mundo, ou dava alguma desculpa para não comparecer. E dessa vez não seria diferente.


Início do Flashback


Cidade do México, uma semana antes


Estava chegando em casa depois de uma reunião com a gravadora, quando recebi uma mensagem de Anahí.


“Dul, hermosa! Como estás? Estou com uma ideia incrível e preciso falar com você. Por favor, me liga!”


De começo, estranhei um pouco a mensagem, tentando entender o que poderia ser. Mas, enquanto colocava Julia para dormir, me lembrei da data que se aproximava, e tudo ficou mais claro. Suspirei um pouco, me lembrando que fazia apenas uma semana que havia me divorciado de Poncho, e que provavelmente Anahí iria querer marcar um de seus jantares e eu seria obrigada a ver a cara dele mais cedo do que eu imaginava.


- Bueno? – ela atendeu, depois do segundo toque.


- Any? É a Dulce.


- Dul! – ela exclamou, animada. – Que bom que você me ligou. Que saudades!


- Como você está? Como estão os meninos?


- Ótimos! Correndo pela casa inteira, me deixando louca, mas lindos. – ela riu. – E a Ju? Como está essa bonequinha?


- No décimo primeiro sono. – eu ri. – Mas ela está bem também.


- Que bom, Dul. Estou com tantas saudades de vocês.


- Nós também. – sorri. – Mas me conta, que ideia incrível você teve?


- Ai Dul... – seu tom de voz me fazia sorrir de tão animada que ela estava. – Você sabe que o dia 4 de outubro está se aproximando, né? É no próximo domingo, e vai fazer 16 anos desde que tudo começou. E como eu sei que quase todos estão no México, eu pensei em fazer um almoço aqui em casa, para todo mundo. Você traz a Ju, a Mai traz o Gui, as crianças se divertem, a gente toma umas margaritas, implicamos com os meninos, fazemos uma boa festa. O que você acha?


- Ah, acho que seria ótimo, Any, mas... – mordi meu lábio inferior, nervosa, me lembrando de Poncho. – Any, você sabe que nos divorciamos há uma semana, sim?


- Eu fiquei sabendo, Dul. – seu tom de voz agora era cauteloso, e um pouco triste.


- Então, ele e eu não estamos em um bom momento, assim...


- Dul, eu já falei com ele.


- Ah... – suspirei, um pouco frustrada.


- Sim, ele disse que não vem. Não vai ser dessa vez que vamos reunir todo mundo.


- Ele não vem? – perguntei, surpresa.


- Não. Disse que tem um compromisso inadiável com a série. Então você pode ficar tranquila.


- E os outros? Já confirmaram?


- Sim. Mai, Chris e Ucker já disseram que vem. Só falta você.


- Hum... – respondi, pensativa. – Tudo bem, então. Estou confirmada.


- Yes! – ela exclamou, rindo. – Te vejo aqui, Dul! Agora eu preciso ir procurar os meninos, antes que eles destruam a casa.


- Ok. – respondi, rindo. – Nos vemos, então. Até mais, Any!


- Beijos, Dul!


Fim do Flashback


~


Eram quase 12h quando cheguei ao bosque de Chapultepec, um pouco perdida para encontrar a nova residência de Anahí. Há quase 2 anos, ela havia deixado a residência oficial do Governador em Chiapas para voltar à Cidade do México. Não, ela não voltou para a sua casa, aquela que ela ainda mantinha em um bairro nobre da cidade, desde os tempos do RBD, mas sim para uma nova residência oficial, Los Pinos.


Isso mesmo, Los Pinos. Anahí era a primeira dama do México desde as últimas eleições, quando o país elegeu Manuel Velasco como nosso presidente. Não foi uma surpresa, pois todo mundo sempre soube que ele tinha planos de chegar à presidência do país. Mas, desde as eleições, era muito difícil encontra-la, pois estava sempre ocupada com seus deveres de primeira dama, tanto que era a primeira vez que iríamos à famigerada residência oficial.


Quando finalmente encontrei a entrada, Any já havia avisado de nossa vinda, e fomos escoltadas por outros dois carros da segurança até chegarmos em frente a Los Pinos, o casarão oficial do presidente. Foi o tempo de descer do carro e tirar Julia da cadeirinha, para que Any aparecesse na porta para nos receber.


- Tia Any! – Julia saiu correndo, subindo toda desengonçada as escadas que davam para o hall principal da mansão.


- Julia! – Anahí exclamou, pegando-a no colo e enchendo-a de beijos. – Que saudades de você, pequena! Dul! – ela colocou Julia no chão, vindo em minha direção e me abraçando.


- Oi, Any. – sorri. – Que saudades! Cadê as crianças? Alguém já chegou? 


- O Chris e a Mai já estão aí. As crianças estão correndo pela casa. – ela riu. – Ju, venha, vamos encontrar esses pestinhas para vocês brincarem juntos. 


Any saiu segurando a mão de Julia, enquanto conversava com ela animadamente, e eu apenas as acompanhei. A casa era enorme, e apesar de ser um domingo, havia uma boa movimentação de pessoas por ali. Logo encontramos as crianças em um salão adjacente, onde vários brinquedos estavam espalhados pelo cômodo, enquanto eles corriam de um lado para o outro.


- Felipe, Juan, venham cumprimentar a tia Dul! – Anahí chamou suas crias, que pararam imediatamente o que estavam fazendo e vieram correndo até nós. – Guilherme, vem aqui também.


- Oi tia Dul! – Juan (ou seria o Felipe? Eram idênticos!) veio correndo para os meus braços, me abraçando forte.


- Oi, príncipe! – sorri. – Como você está gigante! O que anda comendo, hein?


- Espinafre, igual o Popeye! – ele exclamou, rindo.


- E você, Fê? – me abaixei na altura do Felipe, bagunçando seu cabelo loiro, enquanto ele sorria tímido.


- Também, tia.


- Tia Dul!!! – Gui pulou no meu pescoço, me abraçando.


- Ai meu Deus, como vocês estão todos grandes! Parece que eu fiquei anos sem vê-los. – dei um beijo na bochecha dele. – Cadê sua mãe, Gui?


- Ué, tava com a tia Any. – ele deu de ombros, nos arrancando uma risada.


- Ela está na piscina com o Chris. Vem Dul, vamos encontra-los. – Any respondeu.


- Tia Dul, a Ju pode ficar aqui com a gente? – Juan perguntou.


- Claro que sim, meu amor. Só não aprontem muito, hein?


Juan e Felipe eram os filhos da Anahí, frutos de seu casamento com Velasco. Gêmeos, os dois nasceram dois anos depois do casamento, e hoje já completavam três anos. Eram uma cópia perfeita dela.


Já Guilherme era filho da Maite, e era alguns meses mais novo que os gêmeos. Maite havia, há alguns anos, retomado seu namoro com Mane de La Parra, se casando com ele pouco tempo antes do nascimento do filho do casal. Os três meninos, devido à amizade próxima das mães, cresceram juntos.


Em pouco tempo já caminhávamos em direção ao jardim, na parte detrás da mansão. Any contou que o senhor presidente estava viajando por conta de seus compromissos, e que estaríamos “sozinhos” durante todo o dia.


- Quem é vivo, sempre aparece, hein? – Chris, que estava sentado em uma das cadeiras na beira da piscina junto à Maite, se levantou, vindo em minha direção.


- Hola Chris! – o abracei, dando-lhe um beijo na bochecha. – Como você está?


- Bem, ex ruiva. – ele respondeu, me fazendo rir. – E você? Cadê a pestinha Herrera-Saviñon?


- Estou bem. Você sabe que é Herrera-Espinosa, né?


- Me recuso. – ele fez uma careta. - Saviñon é mais bonito.


- Em todo caso, ela já está brincando com os meninos. – sorri, me aproximando de Maite. – Oi Mai! – a abracei, recebendo um sorriso enorme em troca.


- Dul, que saudades! – ela respondeu, alegre.


- Eu não acredito que aquela pirralhinha não veio nos cumprimentar. Eu vou resolver isso agora. – Christian falou, enquanto marchava em direção à casa, nos fazendo rir.


- Vem Dul, senta aqui. – Mai me puxou para sentar ao seu lado, enquanto Any arrastava outra cadeira para perto de nós.


- Ai gente, que saudades de vocês. – Any falou, se sentando ao nosso lado.


- Sim! Dul, a gente quase não te vê. Você precisa ser uma pessoa mais sociável, amiga. – Mai respondeu.


- Ai gente, nesse último ano eu só me dediquei à Julia. Foram tantas coisas acontecendo, desde que voltei para o México, e como eu estava afastada, quase não tinha a oportunidade de ver vocês. – suspirei. – Quem sabe agora, com o meu retorno, não nos encontramos mais, né? – forcei um sorriso.


- Espero, hein. – Mai piscou.


- Oye, Mai, o Gui está tão grande! Fazia muito tempo que eu não o via. O Fê e o Juan eu vi há uns 2 meses. – sorri para Any.


- Sim, e já está me dando um trabalhão. – Maite riu. – Agora inventou de ser o homem aranha pela casa. Não para de subir nos móveis e ficar pulando de um lado para o outro.


- Ai Mai, o Juan é agitado assim também. Corre a casa inteira, não cansa de descer e subir essas escadas. Tem horas que eu não aguento. Fico morrendo de medo dele se machucar. Já até pedi pra colocarem uma proteção nelas, pra ele não poder ficar subindo e descendo, mas não adianta, ele já é mais esperto do que imaginamos. – Any respondeu, enquanto pegava um copo de suco em cima da mesinha que ali se encontrava.


- É normal, não? Ainda mais sendo meninos, são muito agitados. – comentei. – Mas o Fê é calmo, não é Any?


- Sim! Totalmente o oposto do Juan, nem parece que são gêmeos. Já é até fácil reconhece-los. Se estiver fazendo bagunça, é o Juan. – ela tomou um gole do suco de laranja, rindo. – E a Julia, Dul?


- Ah, ela até que é calminha, quando está sozinha. Mas se estiver em companhia dos amiguinhos, ou na casa dos avós... Saiam de perto, que pega fogo. – respondi, arrancando uma gargalhada das duas.


Ficamos conversando por algum tempo, trocando nossas experiências como mães e colocando a fofoca em dia. Nenhuma das duas se atreveu a tocar no assunto Alfonso, e eu dei graças a Deus. Se tudo desse certo, passaria por esse dia sem ter que falar sobre ele.


Quando olhamos no relógio, os ponteiros já batiam 12h50. Christian ainda não havia retornado, provavelmente agitando com as crianças. Uckermann também não havia chegado.


- Gente, cadê o Christopher? – perguntei.


- Como sempre, atrasado. – Any respondeu. – Faz mais de uma hora que ele disse que estava saindo de casa, e até agora nada. Já mandei mensagem e ele não respondeu.


- Acho que não precisamos mais esperar. – Mai comentou, balançando a cabeça em direção a casa.


Quando me virei para olhar na direção que Mai apontava, meu coração parou. Lancei um olhar desesperado para Anahí, que logo segurou em minha mão, tentando me reconfortar. Mai não percebeu o que acontecia, e se levantou, indo em direção aos últimos convidados que chegavam para a reunião.


- Any, você disse que ele não viria. – murmurei, claramente desconfortável.


- Ele me disse que não viria, Dul. Estou tão chocada quanto você. – ela respondeu, me olhando ternamente. – Desculpa, eu realmente não sabia.


Suspirei, voltando a olhar para a frente, observando os três, novamente reunidos, caminhando em nossa direção.


- Os reis chegaram. Já podemos começar a festa! – Uckermann exclamou, abraçando Maite e cumprimentando-a.


- Eu não acredito! – Any se levantou. – Poncho! Você disse que não viria! – ela foi em direção a ele, abraçando-o. – E você, por que essa demora, hein? – ela se aproximou de Uckermann, lhe dando um tapa no braço, fazendo-o se encolher com uma careta.


- Eu estava esperando esse nosso ex colega de banda aqui. – ele respondeu, passando o braço pelos ombros de Poncho. – Os reis precisam se apoiar, você não acha? – eles riram.


- Any, desculpa, mas cancelaram as filmagens de última hora, então decidi vir. Eu acabei de chegar de Los Angeles. Ucker me buscou no aeroporto. – eu observava um pouco afastada, sem sair do lugar, meio atordoada. Não conseguia acreditar que ele estava ali, na minha frente, e que até agora não tinha ao menos olhado na minha cara. Depois da nossa última vez, eu não conseguia nem imaginar como seria passarmos um tempo juntos, mas eu já previa as brigas e indiretas. Infelizmente, meu sonho de passar um dia sem pensar e falar em Alfonso, chegava ao fim.


- E você, Dulce María? Não vai vir me cumprimentar não? – Uckermann perguntou, fazendo com que todos virassem sua atenção para mim, inclusive Alfonso.


Intimidada com os cinco olhares em mim, me levantei, caminhando até eles, dando um abraço caloroso em Christopher.


- Oi, Chris! – forcei um sorriso.


- Assim está melhor. – ele sorriu.


- Gente, eu não acredito que depois de 12 anos, finalmente conseguimos! – Anahí exclamou, quase pulando. – Vocês têm noção que nunca nos reunimos os seis desde o nosso último show? Isso é um evento histórico!


- Culpa de quem, hein? – Christian deu um tapa na cabeça de Poncho, arrancando risadas de todos.


- Ops. – Poncho respondeu, rindo. – Mas agora já estou aqui para a alegria da nação. – ele sorriu, e por um segundo eu me perdi naquele sorriso.


- Isso merece uma foto!


~


- Dul, você está bem? – Any perguntou, voltando a se sentar ao meu lado, enquanto os meninos iam buscar algumas bebidas no bar.


- Sim. – forcei um sorriso.


- Eu realmente não sabia de nada, Dul. Me desculpa.


- Any, relaxa. – pisquei para ela. – Pelo menos conseguimos nos reunir. Isso é o que importa.


- Como vocês estão, Dul? – Mai perguntou, em um tom preocupado.


- Ah, Mai. Divorciados, e contra o gosto dele. Então você já pode imaginar, né? – respirei fundo, meio desgostosa.


- E a Ju? Ela está levando bem todo esse processo? – Any perguntou, enquanto abaixava um pouco o encosto da cadeira, a fim de tomar um pouco de sol.


- Ela sempre fala que sente falta de sairmos juntos, os três, mas no geral, ela está bem com isso. Quando eu voltei para o México, ela ainda era muito novinha, tinha pouco mais de um ano, então ela não lembra muito da nossa convivência juntos. – dei um sorriso fraco. – E ele também tem muito contato com ela, a semana inteira no FaceTime, muitos fins de semana ele vem pra cá. Ele se esforça bastante para ser muito presente na vida dela, disso não posso reclamar.


Mai ia falar algo, mas um segundo depois, avistamos Poncho voltando de dentro da casa, vindo em nossa direção, com duas garrafas na mão, e ela preferiu deixar o assunto morrer. Tentei não olhar muito para ele, desviando o olhar e mexendo no cabelo, mas eu tinha certeza que ele conseguia notar meu nervosismo com sua presença.


- O que as madames querem? – ele perguntou, mais para Any e Mai do que para mim. – Tem tequila, cerveja...


- Vocês poderiam fazer umas margaritas pra nós, o que acha? – Mai perguntou, sorrindo.


- Como vocês são folgadas. – ele riu, deixando as duas garrafas sobre a mesa. – Por que vocês não vão e arrumam isso com a gente?


- Ai não, o sol está muito bom aqui. – Mai respondeu, enquanto voltava a se recostar na cadeira.


- Eu não aguento vocês. – ele balançou a cabeça negativamente, e então seu olhar encontrou o meu, que o observava o tempo todo. – 3 margaritas, então? – eu abri a boca, na tentativa de responder algo, mas Any falou na frente.


- Só 2, Ponchito. Eu não quero. – Any respondeu, fazendo com que nós três olhássemos surpresos para ela. – O quê? Não é como se eu fosse uma alcoólatra, pra vocês me olharem assim. – ela riu.


- Não, mas você nunca dispensa uma margarita. – comentei.


- Pra tudo tem uma primeira vez. – ela piscou, nos fazendo rir.


- Bom, eu vou precisar disso aqui então. – ele pegou a garrafa de tequila de volta, logo se retirando em direção à casa.


- Any, o que está acontecendo? – Mai se curvou, curiosa, e eu fiz o mesmo.


- O quê? – Any respondeu, dando de ombros. Eu e Mai nos entreolhamos, um pouco desconfiadas, e voltamos a encara-la. – Gente, por Dios, não está acontecendo nada!


- A gente te conhece, amiga. Desembucha!


- Vamos, Any. – falei, rindo. – Até eu acho isso muito estranho.


- É sério! – ela cruzou os braços, começando a ruborizar. – Vamos continuar a conversa? – ela começou a ficar irritadinha, fazendo Mai e eu rirmos ainda mais. – Dulce María e Maite Perroni, parem, agora.


- Uh, chamou pelo nome, Mai. Que medo. – debochei, recebendo um olhar repreendedor de Any.


- Any, eu não acredito! – Mai gritou, nos assustando, parecendo ter tido uma epifania. – Any, Any, Any!


- Mai, para de ser louca. – ela revirou os olhos.


- Mai, o que foi? – perguntei, rindo da reação dela.


- Então é por isso que você estava passando mal hoje de manhã? – Any arregalou os olhos. – Você está grávida! – Maite basicamente gritou para quem quisesse ouvir e eu vi Any ficar branca, azul, verde...


- Maite, cala a boca! – ela pulou em cima de Maite, tapando sua boca com as mãos. – Para de gritar, louca! Por Dios! – ela disse, destapando a boca de Mai.


- Então é verdade? – perguntei, observando os olhos de Mai brilharam, e eu só conseguia rir com a cena.


- Sim, mas fica quieta, porque ninguém sabe ainda. Eu não contei nem pro Manuel. Os meninos não podem saber, por favor, Mai, não vai tagarelar. – ela repreendeu Mai com o olhar, recebendo um tapa no braço.


- Você está me chamando de fofoqueira? Sua ridícula. – ela retrucou, fazendo uma pose de ofendida, que logo se desfez, quando ela abraçou Any. – Parabéns amiga!!! Outro milagrinho pra você cuidar.


- Parabéns Any!!! – pulei em cima delas, abraçando Any, arrancando uma risada das duas.


- Ai meninas, eu estou tão feliz...


[...]


~


- Cadê aqueles três com as bebidas? Que demora! – Any resmungou, levantando e colocando as mãos na cintura. – Eu acho que vou lá ver o que está acontecendo e aproveitar para ver como estão as crianças. – antes que pudéssemos responder qualquer coisa, ela já marchava de volta à casa.


- OK, amiga. – Mai respondeu, se virando pra mim. – Dul, me conta, como estão os preparativos para a sua volta?


- Ai Mai, eu vou no fim desse mês para LA gravar o disco. – respondi, um pouco entusiasmada. - Já escolhemos todas as músicas, estamos decidindo alguns produtores ainda, mas está quase tudo certo.


- E vocês já estão preparando tour? Saudades de ver você nos palcos. – ela sorriu.


- Começando. Ainda vai demorar um pouco, porque o disco só sai em janeiro ou fevereiro. Vamos decidir no próximo mês, sobre as datas e os contratos. Estamos querendo que comece ou no fim do primeiro trimestre do próximo ano, ou no começo do segundo. – respondi.


- Ai, que incrível! Parece que falta muito tempo, mas nessa indústria, o tempo passa em um piscar de olhos. – ela se ajeitou na cadeira. – Mas e com a Ju? Você já sabe o que vai fazer?


- Ah... – suspirei, um pouco triste. – Essa é a pior parte, né? Tem momentos que eu olho para ela e tenho vontade de deixar tudo de lado porque não sinto que ainda é hora de deixa-la.


- Ah Dul, sempre vamos nos sentir assim. – ela me lançou um sorriso reconfortante. - Eu voltei a trabalhar quando o Gui tinha 8 meses. Foi uma novela, então eu o via todos os dias, mas nunca é fácil. Passava o dia inteiro fora de casa, longe dele. Às vezes eu o levava para o set, mas não é o melhor ambiente, e ele ficava todo irritadinho com a movimentação do estúdio. 


- Na indústria da música é pior ainda. Como vou levar essa criaturinha em turnê comigo? Impossível. Não é lugar para ela. Eu tenho algumas viagens programadas para o começo do ano, e segundo Alfonso, ele disse que iria tirar umas férias e ficaria com ela. Mas para a tour, que deve ter pelo menos três meses, ela vai ficar mais com meus pais e os pais dele.


- Pelo menos você tem o apoio deles. Tenho certeza que ela vai ficar muito bem com os avós, eles sempre ficam. – ela riu. – Talvez eles vão mimar bastante ela, mas fazer o que, né?


- Nem me fala. – ri. – Se comigo aqui meus pais já não cansam de enche-la de mimos, imagina quando eu estiver longe? Vou ter um trabalhão quando voltar.


- Ah, mas quem nunca foi mimado pelos avós, Dul?


- Sim! – sorri. – Julia vai ficar ótima, eu não tenho dúvidas. Acho que o problema será eu mesma.


- Você se acostuma. Vai trabalhar tanto e ficar tão cansada com esse ritmo que você deve estar desacostumada, que quando ver já vai ter acabado a tour e vai estar de volta com ela.


- Isso é verdade. – concordei, e então vi Christian se aproximando com dois copos na mão.


- Aqui estão as bebidas das madames folgadas. – ele falou, enquanto nos entregava as margaritas.


- Cadê a Any, Chris? – perguntei, enquanto experimentava a bebida.


- Ué, não estava com vocês? – ele respondeu, se sentando do nosso lado.


- Ela disse que ia ver o que vocês estavam fazendo que não traziam essas bebidas logo.


- Ela não apareceu lá. – Chris deu de ombros, começando a conversar com Mai.


- Hum... vou atrás dela, ver onde estão as crianças. Já volto! – me levantei, deixando-os a sós.


~


Acho que procurei Any e as crianças por uns 10 minutos, um pouco perdida naquela casa gigante. De alguma forma, consegui encontrar o salão onde eles estavam brincando antes, mas nenhum sinal dos pestinhas. Respirei fundo, pensando em onde poderiam estar, e continuei andando. Sabia que estava tudo bem, mas sentia um leve incomodo no peito em pensar que eu não sabia onde estavam, e queria me certificar de que estava tudo bem. Coisa de mãe.


Pensando que já havia procurado em todo o primeiro andar, decidi procura-los no andar de cima, onde Any havia comentado que ficavam os quartos. Mas antes que pudesse subir as escadas, acabei esbarrando com, claro, Alfonso.


- Hey. – ele enfiou as mãos nos bolsos, sem jeito.


- Oi, Poncho. – tentei sorrir, mas o climão entre nós não permitiu.


- Tudo bem?


- Sim. – suspirei, desconfortável com a situação. – Mai e Chris estão na piscina, se você quiser ir pra lá. Eu estou procurando a Julia, depois encontro vocês. – tentei subir as escadas, mas senti sua mão agarrar o meu braço.


- Como assim você está procurando a Julia, Dulce? Não sabe onde ela está? – ele perguntou, meio grosseiro, me assustando um pouco.


- Sim... não. – respondi, confusa com seu tom de voz. - Ela ficou brincando com os meninos no salão perto do hall, mas eles não estão mais lá. Procurei eles por esse piso, mas não encontrei. E Any saiu para procura-los e não voltou até agora, então pensei em dar uma olhada no andar de cima.


- Dulce, como assim você não sabe onde está nossa filha? Esse lugar é gigante, ela pode se perder, ou sair por aí. – ele disse, respirando fundo. – Será que nem para tomar conta dela você presta? – eu o olhei, incrédula, enquanto suas palavras me rasgavam, assim como ele tinha a intenção.


- Pare de exagero, Alfonso, por Dios! – me desvencilhei dele, meio brusca. – Tem dia que você acorda só para falar bobagens, né? – respondi, visivelmente irritada.


- Se você cuidasse direito dela, eu não precisaria falar “bobagens”. – ele respondeu, em tom de deboche, fazendo aspas com os dedos, e eu senti meu sangue ferver. – Não sei o que anda acontecendo com você... há uns meses atrás ela passou mal por sua culpa, agora você perde ela. O que vai ser da próxima vez? Vai esquecer ela no mercado? Vai deixar ela sair sozinha na rua?


- Poncho, cala a boca. – murmurei, cerrando os punhos e fechando os olhos, tentando me controlar.


- Não Dulce, eu não vou me calar, principalmente no que diz respeito à minha filha. – a cada palavra que ele pronunciava, eu sentia o controle se esvaindo mais de mim. – Se você vai ficar com ela, então eu preciso ter certeza que você é capaz de mantê-la viva, saudável e em segurança.


- Alfonso... – murmurei novamente, em um tom de súplica, a ponto de explodir. Eu não conseguia acreditar nos absurdos que estava ouvindo.


- As crianças estão no quarto do Juan, jogando videogame. – ouvi a voz de Any, e abri os olhos, a encontrando no topo da escada. – Pedi para eles descerem daqui uns 15 minutos para comer, mas acho que Julia já está vindo. Ela ficou animada quando eu disse que você estava aqui, Poncho. – Any falava, enquanto descia as escadas. – Dul, você pode me ajudar na cozinha?


- Sim. – respondi, e ela saiu me puxando para o outro lado, deixando Alfonso plantado no pé da escada.


É claro que Anahí não precisava de ajuda na cozinha, que por um acaso, ficava para o lado oposto do qual ela estava me arrastando. Logo ela me empurrou para dentro de um cômodo que parecia ser um escritório, fechando a porta em seguida.


- Dulce, o que foi aquilo? – ela me perguntou, séria. – Eu já presenciei brigas de vocês, e sei o quanto vocês conseguem se machucar quando querem, mas eu nunca vi o Poncho desse jeito.


- Eu já me acostumei. – respondi, dando de ombros.


- Dul, não, por Dios! O que aconteceu com vocês? – ela se aproximou de mim, me segurando pelos ombros. – Sério, ninguém consegue acreditar no que está acontecendo. Nós presenciamos o começo, os términos, as idas e vindas, o amor que vocês nutriam um pelo outro, e é muito difícil acreditar que vocês estejam assim hoje em dia.


- Ah, Any, ele está bravo, e é assim que ele tenta me atingir pra descontar essa raiva. Não é a primeira vez que ele fala coisas duras assim pra mim, e tenho certeza que não vai ser a última. – suspirei, conformada.


- Eu não me conformo com a cena que acabei de presenciar e no quanto ele foi cruel com você. Eu sabia que para vocês estarem se divorciando, algo muito ruim devia ter acontecido. Divórcio não é tão simples quanto terminar um namoro. – ela andou de um lado para o outro, desconfortável. – Mas eu não sabia que era tanto. Eu tento encontrar uma explicação pra isso, mas não consigo. Eu sempre torci tanto por vocês... – ela me olhou, chateada, e eu dei um sorriso fraco.


- A vida acontece, Any. Não era surpresa que não daríamos certo, nós nunca demos. Também achei que dessa vez, finalmente seria para sempre, mas eu realmente não sei como pudemos insistir de novo nesse tormento.


- Se vocês não dão certo, o que resta pra gente? – ela falou, me fazendo rir. – É sério! Se vocês, que se amam tanto, não conseguem ficar juntos, eu não vejo esperança para esse mundo mais.


- Talvez seja por isso. – ela me encarou, com uma cara de interrogação. – Nos amamos tanto, tanto, que sempre nos ferramos. – cruzei os braços, suspirando. – Infelizmente, Any, o amor não é um sentimento isolado, e ele acaba impactando vários outros. A gente não somente ama demais, mas também sente ciúmes demais, se magoa demais, sofre demais. É como se todos esses outros sentimentos fossem exaltados na medida em que se ama. – eu sentia que as lágrimas começavam a querer aparecer. – Em relacionamentos como o nosso, não existe o “pouco”. Tudo é demasiado exagerado, as situações que deveriam ser simples, se complicam, as tristezas se triplicam, junto com as mágoas, e é muito mais difícil perdoar.


- Dul, o que aconteceu com vocês? – ela se aproximou novamente, segurando minhas mãos.


- Você jura que não sabe? – dei uma leve risada, já sentindo meus olhos começarem a ficar embaçados.


- Não. Eu ouvi vários rumores, mas nada nunca foi sólido.


- Ele nunca te contou? Sério? – perguntei, agora surpresa.


- Nos vimos o ano passado, depois que você já tinha voltado para o México, mas ele estava tão mal, que não conseguiu me contar nada.


- Any... – eu literalmente ri para não chorar. – Eu encontrei ele na nossa cama com outra.


- O quê? – ela perguntou, assustada, levando as mãos à boca. – Dul, não, espera.


- Foi isso, Any.


- Não pode ser. – ela me olhava, incrédula. – A imprensa sempre tentou escandalizar o relacionamento de vocês e soltar mentiras de adultério, principalmente pela parte dele, mas sempre soubemos que ele jamais faria isso, ainda mais com você, Dulce. Como você pode me dizer isso?


- Any, eu vi com meus próprios olhos. E a pouco tempo, ele me contou toda a história. Parece surreal, mas é a verdade. E foi isso que acabou com o nosso casamento.


- Eu não consigo acreditar que ele foi capaz de fazer isso com você, Dul. – ela se sentou em uma poltrona que ali se encontrava, um pouco abalada com a revelação. – Eu quero matar ele! – ela exclamou, brava.


- Eu também tive dificuldade em acreditar que isso estava acontecendo conosco. Era a última razão pela qual eu achei que um dia poderíamos nos separar, e talvez a única que eu não poderia perdoar. – fechei os olhos, deixando uma lágrima cair, e logo senti as mãos de Any no meu rosto. – Em todos esses anos, ele nunca, nunca havia me dado motivos para desconfiar. Eu confiava plenamente nele. Eu fui uma idiota. – percebendo que mais lágrimas começavam a cair, Any me puxou para um abraço, tentando me confortar. – Por que eu acreditei que ele nunca seria capaz disso, se ele já havia traído outras namoradas comigo?


- Dul, você não foi uma idiota. Você amou, amou mais do que a maioria das pessoas que já pisou nessa Terra. Você se entregou, se dedicou, e infelizmente, ele não soube valorizar isso. – fechei os olhos, tentando parar as lágrimas, enquanto sentia o carinho dela em meu cabelo. – Ele foi uma canalha, um idiota que não merece que você fique sofrendo assim por ele. Ai, que vontade de falar umas poucas e boas pra ele!


- Não, Any, por favor. – me desvencilhei de seu abraço e a encarei, passando a mão pelo rosto. – Por favor, não fale nada para ele, nem para os outros. Não fica estranha com ele, não quero estragar nosso reencontro com nossos problemas pessoais. Vamos esquecer isso, pelo menos por hoje, ok?


- Hum... não sei. – ela semicerrou os olhos, com uma cara pensativa.


- É sério, por favor. – supliquei. – Vamos voltar para lá, comer, conversar e nos divertir. Não esquece que um dia como esse só acontece a cada 12 anos, hein. – tentei sorrir, e ela me abriu um sorriso, mostrando que havia sido convencida.


- Ai, ok.


- Pinky promise? – falei, em um tom de voz mais agudo, levantando o dedo e imitando sua antiga personagem, arrancando-lhe uma risada.


- Pinky promise!




 


 


Olá leitores! Espero que tenham gostado do capítulo. 


Não percam a segunda parte desse especial.


Até a próxima!



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Autor(a): sabrinasm

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Comentários do Capítulo:

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  • dulce_herrera Postado em 26/08/2016 - 16:28:31

    Tá difícil a vida para o Poncho. Mas ele até que tá merecendo

  • candy1896 Postado em 25/08/2016 - 21:40:25

    CONTINUA


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