Fanfic: O Estranho - O Perigo Mora ao Lado (AyA Fanfic) | Tema: Rebelde, Anahí, Poncho, RBD, Traumadas
Quando o dia surgiu naquela manhã, o sol sorrateiramente invadiu meu quarto pela janela. Desejei poder ficar em casa, meu corpo inteiro doía e sabia que meus olhos estavam inchados pela noite mal dormida.
Maite me levou pra casa na noite passada, ainda tinha os olhos preocupados quando eu desci do carro. Me perguntou se eu queria que ela ficasse, neguei. Precisava estar um pouco sozinha.
Meu celular já bipava sem parar, Christian havia me colocado em um grupo de troca de mensagens com os outros. Passei os olhos por cima entendendo o porquê da algazarra logo cedo... Ele estava ansioso demais para ver se James ia ter coragem de dar as caras aquele dia no colégio, se deliciou em contar que a maioria dos alunos tinham ficado revoltados com a sua atitude na outra noite... Ele não seria mais bem vindo. Os outros respondiam na mesma empolgação, James teria o que merecia afinal. Eu, por outro lado não gostei muito... Já era difícil ser o rosto novo, agora ser o rosto novo quase estuprado seria pior.
Meus olhos pararam no teto no quarto, ainda deitada me lembrei da noite passada. Lembrava bem o pavor que tomou meu corpo quando James me pegou, o arrepio e a repulsa. Desejei nunca mais sentir algo parecido. Mas foi aí que a imagem de Alfonso, ou melhor, do seu vulto, tomou minha cabeça. Ainda não tinha visto seu rosto, mas desejava com todas as minhas forças poder ver. Nunca, na minha vida inteira, alguém tinha feito algo assim por mim, nem mesmo Rodrigo. Não pude evitar de me perguntar mais uma vez o porque do apelido, tão infame para mim.
Meu estômago reclamou de fome e eu me levantei. Evitei o espelho quando sai do chuveiro, encarando a pia quando descobri os dentes. Na hora de decidir o que vestir, minha mente pulsou me lembrando que o colégio não seria o único lugar que eu iria hoje. Me surpreendi ao me pegar pensando se veria Alfonso, se ele apareceria, o que gostaria de me ver vestindo...
Balancei a cabeça com os pensamentos. Ainda teria tempo de passar em casa antes de ir para a mansão Herrera, deixaria a roupa para depois. Passei os olhos novamente pelas mensagens no celular enquanto descia as escadas. Ri sozinha.
"Chris: Mas deixando James de lado... Dona Mai! Sumiu com o Mane ontem, ein? Finalmente deixou de ser bundona hahahahah
Nina: A vaca nem me contou nada! 😒
Ian: E ai, Maizinha, perdeu finalmente o bv? Hahahahaha
Ucker: Ainda é da minha irmã que você está falando, idiota.
Ian: Calma amorzinho! Se quiser, também tiro o seu tá? Sem ciúmes!"
Maite não respondeu, mas eu sabia que também tinha lido. Podia imaginar o seu rosto quente como brasa. Me despedi dos meus pais, saindo em seguida... Também não os respondi, queria deixar Maite confortável com aquela situação toda. Quando ela quisesse contar... Contaria. Mas algo me dizia que Christian arrancaria dela o mais breve possível.
~
- AI MEU DEUS VOCÊS TRANSARAM!
O grito de Chris me fez saltar. Fiz um "shh" para que se calasse quando vi uma meia dúzia de cabeças curiosas se virando na nossa direção, no meio do corredor. Ele ainda tinha a mão no peito, os olho arregalados para Maite. Essa, por sua vez, parecia que a qualquer momento ia sair correndo e se esconder. Os olhos também estavam bem abertos pelo grito dele.
- Que? Na... Não! Oh meu Deus, cala a boca Christian! Tudo pra você se resume a sexo?
- Mas você disse... - começou e ela revirou os olhos.
- Disse que foi especial, não disse que transei.
- Mas vocês... - sondei e ela riu, tímida.
- Nos beijamos. - sua voz era um sussurro. Sorri calorosa para ela, Chris se jogou ao chão os braços para o céu.
- Obrigado Senhor! Achei que nunca veria isso acontecer!
- Por Deus Christian, você deveria fazer teatro. - resmunguei batendo na sua cabeça, ele levantou rindo - Nina e os outros vão surtar quando souberem.
- Eu não quero que saibam. - disse e eu a olhei estranhando - Por favor... Eu não sei direito o que o Mane quer, sabe? - deu de ombros - Eu só não quero todos com dó de mim se não der certo. Não ia suportar.
Nós dois a olhamos por um instante. Assenti compreendendo de verdade, Chris deu de ombros como não se importasse. E na verdade, não se importava, eu sabia que ele estava satisfeito dela pelo menos ter confiado nele para se abrir. Secretamente também me senti bem com isso. Caminhamos os três pelo corredor a caminho da próxima aula, algumas pessoas passavam por mim e sorriam de uma maneira estranha... Outras cochichavam quando me viam. Estranhei, não entendi a princípio o que poderia estar acontecendo. Mas quando passei por Jessica Willians, a menina ruiva de sardas do segundo ano, a compreensão se chocou comigo em cheio.
- Sinto muito pelo o que aconteceu com James, Anny. Pode contar comigo.
Lançou, passando a mão em um dos meus ombros. Sorria amável e eu tentei retribuir, saindo mais uma careta do que qualquer coisa. E ali eu entendi, todos sabiam. Sem exceção. Até mesmo os menos afortunados, que não haviam sido convidados, aquela hora já estavam por dentro de toda a história. Me encolhi com o pensamento, desejei que não chegasse nos ouvidos errados e Enrique ficasse sabendo. Quis também que engolissem a história, meio absurda ao meu ver, que eu havia golpeado James enquanto ele tentava me abusar. Não precisava que alguém pensasse que alguém tivesse me ajudado... Pro meu total alívio, fiquei sabendo que ele mesmo não lembrava do ocorrido e quando me contaram que ele decidiu tirar uns dias fora da cidade, eu suspirei mais a vontade.
Chris percebeu minha mudança de postura e passou a tagarelar sobre seus planos para o final de semana, Maite o acompanhou. Novamente fui grata por serem tão falantes, o silêncio me fazia pensar demais... E eu não queria ficar me remoendo sozinha.
No intervalo aquele dia, nossa mesa ganhou mais um participante. Dean quando me viu, veio sorrindo na minha direção. Me cumprimentou com dois beijos no rosto e um carinho nas costas. Não comentou sobre o ocorrido da outra noite e isso me fez sorrir também. O que, por acaso, não passou despercebido aos olhos dos meus amigos. Maite, Nina e Chris nos observavam como águias, prestes a dar seu bote. Os sorrisos maliciosos dos três me fizeram corar fortemente, só Ian parecia alheio a tudo aquilo conversando com Dean sobre os planos para o futebol no final de semana.
Chamariam Mane e Christopher, que por serem mais velhos já cursavam a universidade. O jogo seria no Sábado pela manhã, nos convidaram para assistir, Dean se ofereceu para me buscar... Não vi mal em aceitar. Seu sorriso com a minha resposta afirmativa parecia que rasgaria seu rosto.
- Flecha certeira no coração do Winchester, ein? - Nina riu quando Dean se afastou para conversar com uns amigos em outra mesa.
- Vocês viram a cara de bobo dele pra Anny? - Mai arfava - Garota, você precisa me ensinar como conseguiu isso!
- Vocês exageram. - revirei os olhos - Ele só esta sendo legal.
- Ser legal assim comigo ele não quer, né? - Chris fez um bico, arrancando risada de todos.
- Quem sabe se nascer com os peitos da Anny na próxima encarnação, ele te dê atenção. - Ian brincou, recebendo um olhar matador da namorada recebendo um beliscão - Ai louca! Que foi?
- Louca é sua mãe! - ela rebateu, virando a cara para ele. - Certo... Cineminha hoje a tarde? Lançou aquele filme de terror que eu estava louca pra assistir...
- Eu passo. - o laranjinha fez careta - Odeio terror.
- Eu topo. - Mai sorriu - Preciso mesmo me distrair.
- Tenho que fazer algumas coisas para a louca da minha mãe. Que por acaso, é a sua sogra. - a voz de Ian era pura ironia, Nina não pareceu se importar.
- E você Anny? Vamos?
Mordi os lábios nervosa. Não queria mentir, mas era fora de cogitação contar o que eu faria naquela tarde. Não agora que estavam sendo tão legais comigo. Nina esperava minha resposta ansiosa.
- Não posso... Começo trabalhar hoje.
- Jura? - ergueu as sobrancelhas - Não sabia que já tinha conseguido um emprego...
- Foi coisa da minha mãe. - dei de ombros - Vou ajudar na arrumação da casa de uma vizinha. O salário é bom pelo menos.
Ok eu estava me sentindo péssima. Mas não era totalmente mentira. Os Herrera, realmente, eram vizinhos... Preferi me agarrar a ideia que somente estava omitindo uma pequena parte da história, pelo menos por enquanto.
- Sério? Nossa... Mas as casas são tão pequenas, estranho precisarem de ajuda. - ela continuou - Bom, com certeza deve ser alguém doente.
- Sim. - fingi desinteresse. Alguém doente... Isso também não era totalmente uma mentira.
- Boa sorte então, amiga. - Mai me sorriu sincera e Nina acompanhou, logo voltaram suas atenções para suas coisas.
Olhei, sorrateiramente, para Ian com medo de que tivesse desconfiado de alguma coisa na minha história, que tivesse passado despercebido pelas meninas... Ele, por sua vez, parecia nem ter escutado essa parte da conversa. Mexia no seu celular, alheio ao que tivesse a sua volta. Suspirei mais aliviada. Joguei um olhar para Christian, esperando ter a mesma sensação de alívio. Mas esse estava ereto, o rosto serio, seus olhos fixos em mim. Quando nossos olhos se encontraram, a sua sobrancelha direita se levantou... Estava me avaliando. Sorri sem graça, ainda buscando disfarçar e voltei a comer. O frio na barriga como o de uma criança com medo de ser pega aprontando, estava ali mais uma vez. Me perguntei o quanto ele podia sentir que eu estava mentindo.
~
Quando o relógio deu meio dia em ponto, eu apertei ansiosa as mãos buscando coragem para dar os passos que faltavam para entrar na propriedade Herrera. Me lembrei da última vez que estive ali... O medo, o pavor. Balancei a cabeça buscando espantar os pensamentos, suspirando fundo eu fui.
Toquei a campainha uma vez, ainda considerando dar a volta e ir pra casa, mas a figura pequena de Dulce Maria apareceu para mim no segundo seguinte. Sorriu, me dando passagem para entrar e eu não evitei em sorrir de volta.
- Sinta-se em casa. - disse, quando meus pés tocaram a sala. - Realmente... Estou surpresa por ter vindo, achei que desistiria...
- Não costumo desistir. - respondi e ela riu.
- Sim, eu percebi. - Acenou para uma portinha - Vamos conversar no escritório? Gostaria de te explicar algumas coisas antes de te mostrar a casa...
Dei espaço para que ela tomasse a frente, e ela graciosa foi me guiando. No caminho, me permiti avaliar o lugar. A sala tinha piso de madeira e os móveis em um tom marrom, a falta de luz pelas cortinas escuras deixavam o ar sombrio mais forte ainda. Não haviam fotos, nem quadros. Tudo muito impessoal, tudo muito escuro. Sorri ao ver algumas rosas espalhadas por todos os lugares, o único colorido do local. Entendi que deveria ser coisa de Dulce, já que ela parecia ser a única coisa daquela casa que emanava energia. Me perguntei onde Alfonso estaria, se apareceria. Mas o silêncio na casa era grotesco, só se ouviam os nossos passos, pensei que nem em casa estaria... Melhor assim. Não sabia se estava pronta para outro encontro... Intenso. Como os nossos costumavam ser.
Sentamos frente a frente, ela ainda tinha um sorriso bobo no rosto. Mais uma vez pensei ver admiração no seu olhar, misturado com alguma outra coisa que não conseguia captar... Me senti bem. Ela parecia gostar de mim e o sentimento era recíproco.
Dulce, apesar da pouca idade, parecia ser quem tomava as rédeas de toda a casa. Me explicou primeiramente que não precisaria de mim nos fins de semana, a não ser que acontece algo. Me coloquei a disposição para qualquer momento. Quando me mostrou o valor do meu salário, me assustei, era bem mais do que uma simples ajudante deveria receber. Quis recusar, ela brigou, explicou com toda a paciência que eu realmente a estava a salvando, ela estudava em casa e ultimamente não conseguia fazer nada direito porque sempre tinha algo na casa para lhe tomar a atenção... Decidi que essa seria uma discussão para outra hora. Me explicou, por fim, quais seriam minhas tarefas diárias que se limitavam a limpeza básica dos cômodos e a cuidar do jardim, sorri satisfeita com a última parte... Amava flores. Ela, por sua vez, se ocuparia com a cozinha e outras coisas.
- Se quiser passar a almoçar aqui todos os dias... Para não precisar ir e voltar, fique a vontade. - sorriu - Vai ser bom ter uma companhia.
- Vai ser um prazer.
- Bom... - suspirou - Agora vem a parte meio chatinha de tudo isso. - fez uma careta - Veja Anahí, meu irmão não gosta muito de ser incomodado, é bem reservado... Por isso com ele nós vamos ter que ter alguns cuidados com isso, ok? - assenti sentindo um frio na espinha - Ele já sabe que vou ter alguém aqui para me ajudar, acabou concordando. Só passou algumas regras que você vai ter que cumprir, tudo bem pra você?
- Claro. - minha voz era um sussurro - O que ele quiser.
- Certo. - ela tossiu, limpando a garganta - O terceiro andar é onde fica o quarto dele e o escritório, você não precisa limpar ali. Na realidade, ele não quer que suba ali. Fica tranquila que eu mesmo me encarrego daquela área nos fins de semana. Comida, como eu vou continuar fazendo, vou levar para ele todos os dias... Então vocês não correm o risco de se encontrarem na sala de jantar. - revirou os olhos - Ele não costuma perambular muito pela casa, então vai ser realmente difícil ter algum problema... Mas ele também gosta muito de ficar na biblioteca, no final do corredor, então ali todas as vezes que você for entrar deve bater na porta, ok? Se ele estiver ali, não entre, deixe para fazer o que tem que fazer depois. E bom... Entendeu?
Não consegui responder, então só balancei a cabeça positivamente. Estava assustada, o que era tudo aquilo? Todas aquelas regras, todos os protocolos... O terceiro andar. Ele vivia trancado ali? Não andava pela própria casa? Estava muito confusa com toda aquela informação, mas ao mesmo tempo com muita dó. O que teria acontecido para uma pessoa viver daquela forma?
Acho que a confusão ficou evidente demais no meu rosto, Dulce me sorriu meiga.
- Não é nada contra você. Acredite. Ele só gosta de ter o seu espaço.
- Eu entendo. - menti.
- Eu sei que sim. - ela sorriu - Bom, acho que é só... Vou te mostrar a casa. E ah! Claro, que cabeça a minha... O galpão no jardim. - gelei, achando que ela diria que sabia que eu já estive ali antes - Ali você também não pode entrar, ok? Nem eu mesma posso. - fez uma careta e eu não evitei um riso baixo, aliviada. Parecia que Alfonso também tinha guardado nosso segredo.
~
O dia seguiu tranquilo. Dulce não me largou um momento, mostrando cada canto e me explicando como cada coisa deveria ser feita. Aceitei sua companhia com felicidade, era estranho estar ali dentro... Ainda não me parecia real.
Alfonso não apareceu, não escutei sequer um passo que denunciasse sua presença. Nada. Não sabia ao certo se gostava daquilo ou não. Comecei a imaginar que estava me evitando, arrependido por ter me salvado na noite interior. O pensamento me fez enjoar. Talvez... Talvez não quisesse me ver porque achava que eu tinha dado com a língua nos dentes, contando pra todo mundo o que ele tinha feito, que o monstro não era tão monstro assim.
Quando a tarde foi chegando ao fim, Dulce me fez ficar para um chá. Me serviu uma xícara, colocando um bolo na mesa. Pediu licença por um minuto, levando um pedaço co leite e subiu as escadas. Busquei ficar em silêncio total ao perceber pra quem ela estava levando aquilo, queria ouvir alguma coisa... Mas a única coisa que fui capaz de ouvir foi uma porta sendo aberta e fechada logo em seguir. Ela desceu no instante seguinte, sorrindo para mim, voltando a conversa de onde tinha parado.
Minha língua coçava, querendo perguntar. Me remexi na cadeira me sentindo desconfortável. Tinha me controlado o dia inteiro, não queria falhar logo no final. Tinha medo de ela não gostar se eu abrisse a boca. Dulce me encarou por um segundo, os olhos atentos, sorriu de lado.
- Pergunte, Anahí.
- Co-como?
- Pergunte. - repetiu, sorrindo - Você está indo de um lado pro outro sentada, parece criança. Sei que algo a esta incomodando... Pergunte.
- Desculpe. - sussurrei.
- Não se desculpe. - revirou os olhos - Se fosse eu, teria feito perguntas o dia todo... Não sei como aguentou. Pergunte, Anahí. Se eu puder responder, vou fazer isso com gosto.
- Anny. - eu disse.
- Como?
- Me chame de Anny. - dei de ombros - Ninguém me chama de Anahí. Acho formal demais.
Ela sorriu satisfeita do outro lado da mesa. Parecia realmente feliz por eu ter rompido aquela barreira. Seu olhar era amável demais.
- Certo, Anny. Pode fazer a sua pergunta agora?
- Bom... - mordi os lábios - Ele sabe que eu já estou aqui? Digo... Que passei o dia aqui?
- Eu já disse que ele sabe, Anny. - ela riu - Aliás, foi ele quem me avisou que você estava na porta de casa, parecendo passar mal, antes de finalmente tocar a campainha.
Corei fortemente sabendo que meu pequeno momento de indecisão tinha sido observado. Ele me observou e eu nem me dei conta. Quis saber se isso tinha acontecido mais vezes naquele dia. Se Alfonso se escondia nos cantos escuros pra ver se eu aprendia tudo corretamente, como a irmã ensinava. Talvez nesse mesmo momento estivesse olhando. Meu corpo ficou tenso por um instante.
- Ele é doente? - perguntei em um sussurro, agora a ideia de ele estar olhando era mais forte... Não queria que me ouvisse também.
- Depende do seu ponto de vista. - ela fez uma careta enquanto se servia mais uma vez. - Feridas na alma são doenças, Anny?
- Depende da profundidade. - respondi depois de um momento. Dulce levantou as sobrancelhas com a resposta, sorrindo largamente.
- Então digamos que sim. Meu irmão é doente, por dentro.
- O que aconteceu? - consegui perguntar, vendo seu olhar se transformar para confuso.
- Não te contaram? - fiz que não, ela suspirou - Olha Anny... Eu não gosto de falar muito sobre isso, me perdoe. Realmente estou surpresa por não terem te dito nada ainda... Mas quando te disserem, acredite, não é nem um terço da verdade.
Não insisti. Encarei o meu prato me sentindo meio boba por não ter insistido com nenhum dos meus amigos para que me contassem, finalmente, a história. Por mais que a história que contariam não fosse totalmente verdadeira, como disse Dulce, pelo menos seria uma história. Algo para me basear no meio daquele furacão todo. Fiz uma nota mental que tentaria algo com alguém amanhã. Exclui Chris da lista automaticamente, sabia que ele já estava desconfiado que eu escondia algo... Não queria aumentar suas suspeitas. Pensei em Nina, mas talvez sua boca grande deixasse escapar depois o que eu tinha perguntado para alguém. A figura de Ian veio em cheio na minha cabeça. Provavelmente, muito provavelmente, ele nem se lembraria do que eu dissesse cinco minutos depois. Não teria problemas depois.
Estava focada demais nos meus pensamentos quando Dulce voltou a falar.
- Bom... Você é amiga do Chavez, sim? - perguntou e eu assenti - Deve conhecer os outros também, não? Nina, Ian, Maite...
- E Christopher. - completei e a vi corar.
- Sim... E Christopher. - foi a vez dela ficar inquieta na cadeira. Sorri com aquilo.
- Ele está bem. - ela parou, me olhando - Do jeito dele... Mas esta bem.
Dulce pareceu avaliar aquilo por um instante, me sorrindo satisfeita logo depois.
- Eles sabem? Digo... Sabe que você está aqui? Trabalhando...
- Não. - interrompi, fazendo uma careta amarga - Ainda não achei a forma certa de contar... Mas sei que vou achar.
- Vai ser mais difícil com Christopher. Digo... Ele sabe ser cabeça dura quando quer. - ela disse e eu assenti. - Christian já deve desconfiar... Nada passa por ele.
Quis ir mais a fundo naquele assunto, já que ela me pareceu um pouco aberta, mas quando eu abri a boca para falar escutamos batidas fracas na porta da frente. Dulce ficou em pé com um salto, indo atender, disse que provavelmente era o responsável pela parte do bosque da sua propriedade. A ouvi atender e seus passos indo para um pouco longe da casa.
Decidi lavar a louça até que voltasse. Era uma das suas funções, mas eu realmente não vi mal em fazer. Tinha feito pouca coisa o dia todo, apenas a observei. E sinceramente? Não gostava muito de ficar sozinha ali, precisava me ocupar por alguns instantes.
Quando acabava com os pratos, escutei a porta da cozinha se abrir atrás de mim. Não virei, pensando que ela tinha voltado e que provavelmente brigaria por eu estar fazendo um serviço que, teoricamente, não era meu.
- Dulce, eu estive pensando e...
A voz masculina tomou o ambiente. Rouca, sensual. Ele pareceu travar, não dizendo nenhuma palavra mais. Travei onde eu estava, sentindo a água ainda escorrer pelos meus dedos. Meu coração saltava tanto que eu pensei que teria um ataque ali mesmo. Fiquei ofegante, um arrepio correndo minha espinha. A pessoa atrás de mim parecia que também não tinha reação, não escutei seus passos, mas podia ouvir sua respiração forte.
Alfonso provavelmente tinha ouvido a porta da frente bater e os passos da sua irmã depois. Deveria ter pensado que eu tinha ido embora. E finalmente, livre da minha presença, tinha decidido trocar algumas palavras com a irmã. E agora estava naquela situação, tão travado quanto eu.
Depois de alguns segundos assim, forcei a minha mão a subir, fechando a torneira. Dulce não havia mencionado nada sobre não poder olhar para o irmão, eu sabia que ele não queria... Mas ele estava ali, eu sabia que era ele. Não podia perder essa oportunidade. Minhas pernas tremiam, eu temi que em qualquer momento fosse de encontro ao chão. Me forcei a ficar em pé, me agarrando a pia. Quando tomei coragem, respirando fundo, fiz menção de me virar. A respiração ficou mais forte ainda.
- Não vire. - sibilou - Anahí não vire.
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TANANAMMMMMM! AHHAHAHA
E agora ein?
Aff, já disse que eu amo o Christian também? hahaha
Não deixem de comentar, volto assim que der!
um beijo <3
Autor(a): JanaTwint
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
POV AlfonsoUm dia antes Ouço a gargalhada de Christian no jardim da casa, ele parecia feliz... Leve. Não sei dizer se por conta da bebida ou se realmente era o seu estado de espírito. Tinha os ombros relaxados e parecia muito a vontade ali. Fiquei feliz por ele, parecia que os dias de tormenta eram passado. Ian tinha Nina nos braços, sussurrava ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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hittenyy Postado em 25/10/2017 - 23:20:43
Finalmente te achei hahaha vc não vai postar mais no Wattpad ?
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mari_froes Postado em 04/11/2016 - 14:08:55
Cadê??? Amo essa fic!
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fersantos08 Postado em 24/10/2016 - 13:07:40
Leitora nova :) adorei a sinopse..vou começar a ler!
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nanda_silva Postado em 23/10/2016 - 23:53:07
Continua sou leitora nova
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beatris_ponny Postado em 18/10/2016 - 19:45:38
Posta mais
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beatris_ponny Postado em 18/10/2016 - 19:45:14
Amando <3
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Belle_ Postado em 17/10/2016 - 15:00:18
socorro essa história é tão perfeita, vc escreve maravilhosamente bem jdjdjdjfjfjf cntt
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mari_froes Postado em 17/10/2016 - 08:51:15
Amando! Cada dia mais e mais!
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mari_froes Postado em 15/10/2016 - 09:28:32
Geeente... que babado! Posta maais!!!
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day Postado em 15/10/2016 - 08:17:59
Oi é a primeira vez que estou comentando Continua estou amando a história, me dói o coração ver o Alfonso sofrer assim .....