Fanfics Brasil - Capítulo 11 - Aproximações O Estranho - O Perigo Mora ao Lado (AyA Fanfic)

Fanfic: O Estranho - O Perigo Mora ao Lado (AyA Fanfic) | Tema: Rebelde, Anahí, Poncho, RBD, Traumadas


Capítulo: Capítulo 11 - Aproximações

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Os dias estavam passando tranquilos, na medida do possível. Por alguma razão que eu ainda não entendia bem, Chris tinha achado que o melhor seria não contar nada para os outros do meu emprego... Não que eu reclamasse daquilo, longe disso! Estava tranquila por não ter que lidar com uma série de perguntas e olhares acusatórios. Mas mesmo assim... Aquela não era a reação que eu imaginei que ele teria, nem de longe. De todos ele era aquele que mais propunha a sinceridade entre o grupo, o que eu achava muito bonito, esconder aquilo me deixava com a pulga atrás da orelha.


- Tenho um pressentimento. 


Dizia todas as vezes que eu questionava o motivo de tudo aquilo, o que fazia meu estômago embrulhar. Ninguém desconfiava de nada, cada um focado demais no seu próprio mundo para perceber os olhares que nós dois compartilhávamos e as vezes que ele me empurrava para um canto afim de me encher de perguntas. 


Perguntas essas que não era tão fácil assim de responder.


Quando questionada sobre Dulce era fácil. A mesma parecia não me largar um instante sequer, eu estava absurdamente encantada com a sua inteligência, nos horários livres várias vezes nos pegamos no meio de livros, uma ensinando a outra. Escapava suavemente quando eu começava a tocar em algum assunto mais íntimo, como Christopher. Parecia ficar fora do seu próprio eixo e permanecia assim o resto do dia, apenas me respondendo de maneira monossilábica, o que dificultava bastante o nosso diálogo. Percebi então que estava apostando na tática errada, ir de frente com Dulce só iria fazer com que ela se fechasse, então passei a lhe contar coisas do dia a dia, o que acontecia no colégio. Ela ria de lado pelas besteiras do Christian, revirava os olhos para as besteiras de Nina... Mas suas armas foram ao chão no dia em que lhe contei que Maite tinha recusado o convite de Mane para jantar.


- Ela só pode estar de brincadeira comigo! - bufou - Vá por mim Anny, aquela só vai tomar uma atitude se for trancada dentro de um quarto com ele.


A idéia não era má, até cheguei a cogitar isso com Chris naquela noite. Obviamente ele achou tudo aquilo genial e já passou a maquinar quando seria a oportunidade perfeita. Revirei os olhos para os seus planos já imaginando o que Mai passaria. Mas o fato é que, depois daquele dia, as coisas realmente começaram a ficar mais fáceis entre mim e Dulce. O diálogo passara a ser mais tranquilo e eu esperava o momento certo, já tinha na língua as perguntas certas. 


Christopher era um dos pontos que eu não falava com ela... O outro era Alfonso. Já haviam se passado alguns dias desde o nosso encontro na biblioteca da casa e ele não tinha mais aparecido, em nenhum momento. Fui grata por aquilo, as revelações de Christian ainda me deixavam com as pernas bambas, era costumeiro sonhar com fogo todas as noites. Mas ele não aparecer, não significava não estar presente, eu podia sentir seus olhares em cada canto da mansão. Observando cada um dos meus passos, cada uma das minhas respirações. Ele tinha voltado a estaca zero, voltado a escuridão e eu não entendia bem o motivo.


Era sexta feira e eu estava empenhada em tirar uma mancha horrível de vinho do sofá da sala com uma bucha. Aquilo estava impossível, quanto mais eu limpava maior a mancha ficava. Já estava bastante irritada com aquilo. Fiquei de joelhos ainda em cima do sofá, jogando a cabeça para trás assoprei alguns fios de cabelo que caiam na minha testa. Podia chamar Dulce para ajudar, mas ela tinha feito o favor de sair para ir ao mercado pela vigésima vez na semana... Sinceramente as vezes eu me perguntava se ela esperava uma multidão de pessoas baterem na porta, pedindo comida. O que tinha estocado na cozinha já era o suficiente para um batalhão, mas ela continuava a estocar mais e mais. 


Joguei a bucha longe, afundando no lado limpo do sofá, já desistindo daquela história toda. Minhas mãos e pés estavam enrrugados pela umidade e eu ainda tinha que lavar o resto do cômodo. Gemi, derrotada, ainda encarando a mancha. Odiava não concluir o que já tinha começado.


- Maldito vinho. - resmuguei.


- Vinagre. 


A voz vinda de trás me fez saltar, quase caindo ao chão. E lá estava ele, com toda a sua pompa e sua presença de causar arrepios. Alfonso descia a escadaria central, que dava acesso a sala, lentamente. Vestindo as mesmas luvas do outro dia, com a companhia da máscara, dessa vez vestia roupas mais claras. A calça bege, acompanhada com a camisa de manga longa branca, lhe davam um ar mais jovial... Tentei não reparar nos primeiros botões de cima, ligeiramente abertos, dando para ver uma parte pequena de seu peitoral. Pensei ter visto a ponta de uma mancha vermelha naquela região, provavelmente uma cicatriz, me esforcei ao máximo para não focar naquela área. 


Ele me olhava atentamente atrás da máscara, eu estava... Sem reação. Joguei os braços para trás, apertando uma mão na outra para tentar conter o nervosismo. Passei aqueles dias imaginando a hora que ele surgiria e ele sempre aparecia nos momentos que eu menos esperava. Constatei que eu estava horrível, toda molhada e despenteada enquanto ele esbanjava toda aquela pose dono de si. Por um segundo quis estar mais apresentável, por mais que não entendesse o motivo daquele sentimento.


- Senhor? - perguntei, não entendendo o que vinagre tinha a ver com aquela situação. 


- Passe vinagre na mancha. - respondeu apontando para o sofá - É o único jeito do vinho sair. 


- Sim, senhor. - assenti nervosa, ainda muito sem jeito com a sua presença. 


Alfonso soltou um barulho estranho, se apoiando contra a parede, podia jurar que era uma risada. Mas a máscara não me deixou ter certeza. Olhou para mim e balançou a cabeça em negação.


- Me chame pelo meu nome. - disse - Me chamar de senhor faz com que eu me lembre do meu pai... Não é uma lembrança muito agradável.


- Como quiser. - murmurei, voltando o meu olhar para os meus pés. 


Não queria manter um contato visual naquele momento, lá estava novamente o Alfonso estranho. Me dando intimidade, liberdade, que o Alfonso rabugento não daria. Era realmente muito difícil lidar com aquilo, eu já não sabia o que esperar de cada encontro. 


- Você é fascinante. - disse, me forçando a olhá-lo com a testa franzida - Se sente incomodada com a minha presença, mas não demonstra medo. Você não tem medo de mim, por mais que já tenham te dado motivos para tal.


- Talvez eu tenha. - consegui dizer, atordoada pelas suas palavras, ele voltou a balançar a cabeça em negação.


- Não, não tem. Você me olha nos olhos, Anahí. Você me encara, diferente de todos por aqui.


- Como sabe que te encarariam se nem ao menos sai de casa? - perguntei, hesitante.


- Não é preciso, basta escutar do que me chamam.


Arregalei os olhos para aquilo, céus... Ele sabia? Senti meu peito apertar, ainda achava aquele maldito apelido cruel demais, mesmo depois da história de Christian. Ele poderia ser inocente, droga... Lógico que poderia! A polícia não conseguiu provar o contrário. Mas mesmo assim o atacavam, usavam o que tinham acontecido com seu corpo para ironizá-lo. Em nenhum momento se preocupavam se aquilo o machucava da alguma forma. Sem perceber, dei um passo a frente na sua direção ele arregalou um pouco os olhos esverdeados com meu gesto.


- Eu realmente sinto muito que o tratem assim.


Alfonso pareceu prender o ar, ainda me olhando com as esmeraldas arregaladas. Ouvi que minha voz saiu um pouco embargada, não me constrangi com aquilo. Realmente me chocava como as pessoas podiam ser tão cruéis. 


- Você não acredita. - não foi uma pergunta.


- Eu acredito no que meus olhos vêem e no que é provado. - respondi em um fio de voz.


Nos encaramos por mais alguns instantes, ele parecia chocado demais que alguém mais o pudesse escutar sem o julgar. Eu mesma estava assombrada com a minha reação. Todos aqueles dias eu tentava criar uma história na minha cabeça, algo em quem acreditar. Muitas vezes me peguei tentada a acreditar na versão de Christian, na versão de toda a cidade, mas algo me empurrava pro outro lado. E foi só ter Alfonso no mesmo espaço que todas as minhas dúvidas foram ao chão. Por mais que tivesse um temperamento cruel, ele somente espelhava o que lhe davam. O presenteavam com repulsa, com horror e ele retribuia com palavras rudes e escuridão. Um incendiário assassino não teria me salvado de James, mesmo sem me conhecer. Eu sabia que não.


- Christian não iria gostar de te ouvir falando isso. - rebateu, mas eu consegui ouvir o humor nas suas palavras.


Mesmo assim, fiquei confusa com aquilo. Tinha dito como se soubesse que tinha sido Christian o contador da sua história, como se estivesse lá. Não tinha falado sobre aquilo com ninguém, nem mesmo com Dulce, era impossível ele ter aquela certeza. Sorri de lado tentando afastar o pensamento bobo.


- Ele vai ter que lidar com isso. 


- Ele não tem culpa, nenhum deles tem. - deu de ombros, indo na direção ao sofá limpo - Eu teria a mesma reação, se fosse ao contrário. 


- Quer me contar? - perguntei.


- O que? - apontou para a cadeira em sua frente, indicando para que eu sentasse. Obedeci.


- Sua versão. - murmurei.


- Por que eu faria isso? 


- Eu gostaria de saber.


Alfonso bateu os longos dedos, cobertos pela luva, contra o sofá. Mordi os lábios o encarando, na expectativa, os pés já torcendo pelo nervoso. Céus... Aquilo era surreal. Eu estava frente a frente com ele, sem ninguém mais e não estávamos nos ofendendo. O fato era que eu sabia que nutria por ele um certo tipo de afeição. Só de pensar como tinha sido duro lidar com todas aquelas pessoas, em um momento que mais precisava de apoio, só tinham sido capaz de julgá-lo sem nem ao menos escutar o que tinha a dizer. Se ninguém mais o escutava, eu faria aquele papel com louvor.


- Pare. - sibilou, apertando as mãos contra o sofá.


- Como? - o encarei confusa.


- Os lábios. Não morda. - corei, olhando para baixo - Por Deus Anahí, você tem alguma noção do que você provoca?


Fiquei desconfortável com aquilo, soou como uma bronca para um gesto que eu nem ao menos tinha percebido que fazia. E lá estava novamente o lado grosseiro dele, mas dessa vez aquilo me machucou mais. Por alguns segundos tinha achado que poderia romper aquela barreira, mas ele acabava de me mostrar que as coisas não eram assim. Murmurei um desculpe e já estava começando a me levantar quando em um gesto rápido Alfonso estava na minha frente, de joelhos, com as mãos se agarrando as minhas me forçando a sentar mais uma vez. Estávamos perto, muito mais perto do que algum dia já tinhamos ficado. Seu rosto coberto estava na altura do meu colo, podia sentir a sua respiração pesada contra a minha perna. Os olhos eram intensos, tão intensos que me paralisaram naquele lugar. Eu tinha que me esforçar para respirar, sentia todo o sangue no meu rosto mas mesmo assim não conseguia desviar do seu olhar.


- Alfonso eu... - murmurei.


- Você me tira do eixo, Anahí. - a voz era rouca - Faz com que eu faça coisas que eu jamais pensei em voltar a fazer. Eu grito e logo depois me arrependo, vendo seus olhos assustados. Eu sou grosseiro e já quero voltar a trás e implorar seu perdão. Droga... Eu bato nos outros, eu me enfio em festas para te proteger. Fico o dia inteiro preso naquela droga de quarto para não te encontrar e acabar falando mais bobagens. Anahí, eu sinto ciúmes da minha própria irmã por conseguir ter um relacionamento bom com você enquanto eu não posso chegar nem perto disso. - suspirou, apertando minhas mãos contra as suas - E não tem uma noite, uma noite sequer, que eu não vá para cama me odiando por tratá-la mal e desejando mais que tudo na vida poder tocar seu rosto.


Minha respiração ia ficando mais falha a cada palavra que ele dizia, meu coração batendo forte demais em meu peito. Eu o encarava sem acreditar no que tinha acabado de ouvir, sem nem conseguir assimilar tudo aquilo. Ele queria me tocar? Pensava em mim? O que diabos aquilo significava?  Apertou minhas mãos, fazendo com que eu voltasse a realidade. Aquele homem estava ajoelhado em minha frente, com os olhos em expectativa, esperando que eu dissesse algo. Eu não sabia o que dizer, eu não sabia o que sentir. Fechei os olhos com força, tentando inspirar o máximo de ar possível para os pulmões e dei a única resposta que poderia naquele momento.


- Pois então toque. - sussurrei. 


Os olhos por trás da máscara ganharam um brilho desconhecido para mim. Se colocou de pé, ainda segurando minhas mãos, parecia nervoso jogando o peso de um pé para o outro.


- Eu não vou nem ao menos perguntar se tem certeza, por Deus... Não quero que se arrependa. - parou para me encarar - Se importa que eu feche seus olhos? Tenho que tirar as luvas e...


- Faça. Só... Faça, Alfonso.


Ele largou minhas mãos, indo em direção as cortinas. Guardei meu gemido de protestação quando o vi rasgar uma parte do tecido da mesma, que eu tinha lavado um dia antes. Voltou até onde eu estava e com delicadeza posicionou a tira sob meus olhos, prendendo-a atrás da minha cabeça. Eu estava rígida, sentada em uma posição tão ereta que já fazia as minhas costas protestarem. Estava nervosa demais com aquele momento, apertei uma mão na outra sentindo-as pingarem de suor. Ouvi quando ele passou pelo meu lado, o cheiro do perfume masculino adentrando em meu nariz. Andou um pouco mais até voltar a minha frente, a rajada de vento entregou que ele se abaixava para voltar a mesma altura que a minha. Os dedos tocaram primeiro sobre o pedaço de pano, fazendo com que eu sentisse somente a pressão contra os meus olhos. Prendi a respiração na expectativa. Alfonso desceu a mão, permitindo que um só dedo tocasse a ponta de meu nariz. O toque era quente, fez com que eu sentisse uma estranha eletricidade tomar meu rosto, contraí a vontade de me afastar... Não queria que parasse. A mão deslizou para a minha bochecha já quente, me acariciando de leve. Foi muito gostoso aquele toque, muito sutil, soltei um suspiro baixo ao experimentar tamanhas sensações. Quando a palma tomou o lugar dos dedos nas carícias, pude sentir uma pequena elevação na sua pele. Certamente alguma das cicatrizes que ele fazia tanta questão em esconder. Quis pedir para que me deixasse ver, implorar se fosse preciso, mas naquele momento ele alcançou meus lábios. Foi um gesto suave, tímido. A ponta do dedo traçou uma linha invisível no meu lábio inferior, foi instinto abrir a boca com aquele toque. 


- Anahí. 


Sua voz foi quase um gemido e eu senti sua respiração ficar mais próxima. Podia até mesmo sentir a proximidade do seu rosto pelo calor que emanava, Alfonso se aproximava e eu não tinha a menor vontade de o afastar. Eu sabia o que aconteceria a seguir, e foi uma enorme surpresa constatar que eu desejava aquilo. Fechei os olhos, mesmo não sendo necessário pelo tecido e me inclinei para frente na tentativa de o mostrar que eu também queria, estávamos tão próximos... Eu podia sentir.


O barulho na porta da frente avisava que Dulce já estava de volta. Ele levantou rapidamente e eu fui para trás no susto. Quase não ouvi quando ele sussurrou um desculpe, arranquei o tecido do rosto apenas para vê-lo subir as escadas com pressa, sem olhar para trás. Dulce entrou na sala logo depois, seu sorriso murchou ao ver que lágrimas começavam a brotar no meu rosto, a ruiva rapidamente larga as sacolas que tinha nas mãos e ajoelha no mesmo lugar onde antes estava o irmão. Antes de dizer alguma coisa, seus olhos passam pela cortina cortada e as luvas de couro jogadas no chão, a compreensão atinge seu rosto como um trem desgovernado.


- Oh Anny. - murmura - Eu sinto muito.


Não respondi, me deixando levar pelo choro sem sentido. Mas eu também sentia, também sentia muito. 


 


 


~


 


O sábado chegou em uma manhã bonita. Encarei a janela do meu quarto, ainda resmungando. Não tinha sido capaz de dormir nenhum pouco durante a noite, os pensamentos focados em quem não deveria. Alfonso não voltou a aparecer no dia anterior, Dulce não me fez perguntas mas tinha um olhar triste para mim. Sai da mansão sem olhar para trás, mas sentindo o mesmo olhar de sempre queimar as minhas costas.


Estralei os dedos me colocando de pé. Era sábado, eu tinha dois dias livres e longe de Alfonso, teria tempo para pensar em toda aquela confusão e tentar colocar meus sentimentos em ordem.


Sentimentos... Era estranho admitir que eu realmente tinha desejado aquele beijo. Un beijo daquele ignorante, um beijo do monstro. Mas aquela era a verdade, nua e crua, eu desejava aquilo. Fiz inúmeras teorias na minha cabeça para aquela minha reação... As mais plausíveis eram: que eu sentia tamanha compaixão por aquele homem que queria demonstrar que não tinha motivo para ele se afastar; e a outra era que eu estava desenvolvendo uma tremenda atração por aquele ser tão enigmático.


Tentei focar mais na primeira.


Meu celular, a aquela hora, já bipava sem parar acusando centenas de mensagens. Era o dia do jogo dos meninos e todos pareciam não se conter de tanta animação. Christian, como sempre, era o pior. Parecia que o tal capitão do tima do colégio tinha confirmado que iria, o que deixou o laranjinha extremamente empolgado. Aquilo me fez ficar um pouco preocupada... O cara esbanjava masculinidade e era óbvio que Chris o queria com outras intenções. Só esperava que ele não se magoasse.


Ian e Nina avisaram que chegariam em cima da hora, parecia que alguma tia de Nina tinha resolvido aparecer e os dois estavam tentando se livrar da reunião familiar o mais rápido possível.


Maite, por sua vez, já tinha me enviado umas trinta fotos de roupas. Queria estar perfeita para a ocasião, o que na verdade significava estar perfeita para Mane. Me xingou quando eu brinquei que ele só teria olhos para a bola, não para ela e me lembrou que eu deveria estar preocupada também com a roupa... Já que ia ter uma carona muito especial.


Dean tinha me mandado uma mensagem ainda de manhã, avisando que chegaria um pouco antes do horário do almoço, já que comeríamos todos besteiras no campo. Contrariando o aviso de Maite, não me preocupei muito com o que vestir. Era só um jogo e meu humor não era dos melhores.


Desci as escadas ainda prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Papai sorriu pra mim, sentado no sofá e mamãe levantou os olhos para me encarar.


- Quais são os planos? - perguntou divertida.


- Futebol dos meninos. - dei de ombros - Só vou assistir.


- E como vai para lá? - meu pai franziu a testa - Sei que o único campo daqui é bem longe para você ir a pé.


- Um amigo vem me buscar.


- Amigo? - ela ergueu a sobrancelha e papai a acompanhou - Amigo mesmo ou...


- Só amigo, mãe. - rolei os olhos - Não estou a procura de nada desse tipo.


Papai me encarou por mais um segundo antes de voltar a sua atenção para o jornal. Mamãe já não, me encarava com malícia no olhar, revirei os olhos para ela.


- E os fantasmas vão ficando para trás... - murmurou.


Não precisei de muito esforço para entender que ela falava de Rodrigo. Esse, por sua vez, quase não ocupava mais meus pensamentos. O que também era bem estranho, já que eu podia jurar que era com ele que até uns dias atrás eu queria estar. A buzina soou do lado de fora, me liberando de maiores comentários de Marichelo. Beijei o rosto de cada um, praticamente correndo para fora.


Dean não usava as roupas de sempre, não estava com a jaqueta de couro nem as tonalidades escuras de vestimenta. Estava... Relaxado em uma bermuda jeans, encostado no seu carro. Quando me viu sorriu e eu não pude deixar de notar o quanto aquele homem era verdadeiramente bonito. Corei com o pensamento afastando meu olhar do seu rosto e reparei no que ele tinha nas mãos. Aquilo era uma rosa? Céus... Era uma rosa. Eu não sabia onde me esconder de tanta vergonha.


- Espero que goste de rosas vermelhas. - disse quando me aproximei, me estendendo a flor.


- Eu gosto. Não precisava...


- Foi difícil não trazê-la quando eu vi. - deu de ombros - Você está linda, sou realmente um cara sortudo.


- Dean, eu... - murmurei confusa.


- Não diz nada. Eu só precisava falar isso mesmo. - piscou charmoso e eu sorri - Podemos?


- Claro. - aumentei meu sorriso.


Dean abriu a porta do passageiro para mim, como um perfeito cavalheiro. Ri abafado com a cena e com o seu esforço. Quando fui passar por ele, não recuei quando me beijou o rosto. Sorri para ele e ele retribuiu, fechando a porta em seguida e indo para o seu lado do carro.


Fomos nos afastando da minha casa, engatando uma conversa animada. Por mais que estivesse absorvida pelas suas palavras, foi impossível não constatar a mesma sensação de sempre. Meus olhos foram para o bosque do outro lado da janela tentando ver algo, ou alguém.


Suspirei ao não ver nada. Eu deveria mesmo estar ficando louca.



~


- Ele nem ao menos olhou para mim!


Maite tinha um bico enorme no rosto quando se afundou na arquibancada do meu lado. Estávamos junto de Chris e Nina, enquanto os homens se matavam no campo. Não entendia muito do jogo, mas pela irritação de Ian podia imaginar que o outro time ganhava.


- Você disse não para um jantar, não atende as ligações e sai correndo toda vez que ele chega. - Nina constatou revirando os olhos - O que esperava? Um buquê de rosas?


- Anny ganhou um buquê e eles nem se beijaram. - disse manhosa.


- Foi só uma rosa. - lembrei com um suspiro.


- E nem tente comparar as situações. - Chris a cutucou - Você realmente não está ajudando muito o coitado.


Ela ainda reclamou de algumas coisas e eu sabia que aquilo só aumentava a vontade de Christian em trancar os dois em um quarto, como Dulce tinha sugerido. Eu só torcia para que eu não estivesse perto no dia que acontecesse.


O campo era pequeno, mas tinha uma boa quantidade de pessoas presentes. Dean não tinha mentido quando disse que algumas meninas apareciam para torcer. Um grupinho de no máximo seis garotas se amontoavam na grade exibindo os decotes ousados demais para uma situação daquelas.


- Se alguma delas gritar o nome do Ian... Eu nem sei! - Nina gruniu.


- Carne grátis não vai atrair seu amado. - Chris disse enquanto tomava seu refrigerante - E algo me diz que eles não estão enxergando mais nada a não ser aquela maldita bola.


E era verdade. O jogo já se arrastava por mais de uma hora e nenhum dos rapazes parecia disposto a parar. Ian estava furioso, xingando até a vó dos jogadores adversários. Já Dean se mantinha mais calmo, atuando na defesa, porem também estava extremamente suado. Mane não ficava atrás, a camisa branca já tinha sido deixada de lado e ele ostentava os belos músculos. Maite quase morreu com a cena, junto com o grupinho de meninas.


- Deus, eles devem estar fedendo. - fiz uma careta.


- Não deixe Dean te abraçar, pelo amor de Deus! - Mai gruniu do meu lado.


Queria responder que ele não iria me abraçar por não ter intimidade para aquilo. Eles já demonstravam pensar que eu estava em algum tipo de relacionamento, tive que aturar pequenos gritos eufóricos quando cheguei com a rosa em mãos. Tinha que acabar com aquela história rápido, antes que as insinuações chegassem até Dean e ele entendesse de alguma forma errada. Abri a boca para a contestar quando meu celular começou a tocar. Franzi a testa ao ver o "D" brilhar na tela.


O que Dulce queria?


Levantei da arquibancada tomando uma certa distância dos meus amigos para atender. As meninas não repararam na minha saida, mas Chris levantou os olhos para me acompanhar de longe.


- Alô?


- Ah Anny! Graças a Deus você atendeu! - sua voz era de choro, senti o meu coração palpitar no mesmo instante.


- Dulce? O que houve? Está tudo bem?


- Olha... Eu sei que é seu dia de folga, mas pode vir aqui? - escutei o som de algo quebrando atrás, ela gemeu - Por favor...


- Dulce, Alfonso está bem? - exigi.


- Ele está em uma daquelas crises, Anny. - ela sussurrou - Não estou conseguindo contê-lo. Anny ele vai se machucar.


Mais sons de vidros quebrando soaram ao fundo, sem perceber eu já tinha corrido de volta aos outros três e jogava minha mochila nas costas.


- Eu estou indo, ok? Por favor fique calma. - pedi.


- Só... Só venha logo. - soluçou e eu desliguei.


Me peguei tqo apavorada que mal tinha percebido onde estava, tampouco o volume da minha voz. Ainda em choque me deparei com dois pares de olhos assustados para mim e Christian me olhando como se sentisse pena.


- Você está bem? - Nina perguntou em dúvida.


Céus. Eu estava bem longe de estar bem.


 


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TANANAMMMMMM!!!! Não me matem pelo quase beijo! Hahahaha


 



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Autor(a): JanaTwint

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     Torci uma mão na outra tentando buscar algo que prestasse para dizer. Mai e Nina estavam sedentas por uma explicação para a ligação... Explicação essa que eu simplesmente não conseguia formular na minha cabeça, só conseguia lembrar da agonia de Dulce ao telefone e do barulho de coisas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



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  • hittenyy Postado em 25/10/2017 - 23:20:43

    Finalmente te achei hahaha vc não vai postar mais no Wattpad ?

  • mari_froes Postado em 04/11/2016 - 14:08:55

    Cadê??? Amo essa fic!

  • fersantos08 Postado em 24/10/2016 - 13:07:40

    Leitora nova :) adorei a sinopse..vou começar a ler!

  • nanda_silva Postado em 23/10/2016 - 23:53:07

    Continua sou leitora nova

  • beatris_ponny Postado em 18/10/2016 - 19:45:38

    Posta mais

  • beatris_ponny Postado em 18/10/2016 - 19:45:14

    Amando <3

  • Belle_ Postado em 17/10/2016 - 15:00:18

    socorro essa história é tão perfeita, vc escreve maravilhosamente bem jdjdjdjfjfjf cntt

  • mari_froes Postado em 17/10/2016 - 08:51:15

    Amando! Cada dia mais e mais!

  • mari_froes Postado em 15/10/2016 - 09:28:32

    Geeente... que babado! Posta maais!!!

  • day Postado em 15/10/2016 - 08:17:59

    Oi é a primeira vez que estou comentando Continua estou amando a história, me dói o coração ver o Alfonso sofrer assim .....


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