Fanfic: _ Fixação _ (DyC ¨ TERMINADA ¨

Dois dias se passaram. Dulce acabava de entrar num café, onde marcara de encontrar Mai. O irmão dela acabara de voltar de viagem, e a ela queria apresentá-lo a sua melhor amiga.
Dulce passou os olhos pelas mesas e logo viu a amiga sentada. Um homem moreno estava de costas para a porta, na frente dela.

-Oi. -Dulce sorriu ao se aproximar. Maite pulou da cadeira, animada.

-Dul ! Estávamos te esperando. Dulce, esse é meu irmão...

O homem, ainda de costas, se levantou. Tinha uma pose forte e elegante, até de costas. Quando ele se virou, Dulce não pôde deixar de erguer as sobrancelhas. O irmão de Maite era lindo! Os cabelos curtos e pretos, os olhos levemente esverdeados a encaravam com interesse.

-Alfonso. -Ele disse, com voz grave. -Alfonso Herrera.

Dulce sorriu com seu costumeiro jeito simpático de ser.

-Olá. Sou Dulce Maria.

Alfonso se inclinou para cumprimentá-la com um beijo no rosto, demorando-se mais que o necessário perto dela.

-Que nome bonito, Dulce. -Ele virou-se para Maite, que sorria. -Você não me disse que sua amiga era tan hermosa, Mai. -Ele sorriu de repente, olhando Dulce. -Às vezes eu esqueço de falar inglês e falo palavras em espanhol, perdón. Vou ter que controlar isso.

-Não tem problema, eu entendo um pouquinho de espanhol. -Dulce riu. -Hum... Hablo um poquito de español. -Disse tentativamente, com o sotaque inglês.

-Você falou melhor que eu! -Alfonso exclamou, e Dulce e Maite riram. Dulce um pouco encantada com o jeito descontraído dele.

-Senta, Dul! Vamos pedir alguma coisa pra comer. -Maite disse, alegre.

Em menos de quarenta minutos, Dulce conversava com Alfonso descontraidamente. Ele pedira para chamá-lo de Poncho, como Maite e seus amigos faziam.

-Então, Poncho, esteve quanto tempo na Espanha? -Dulce perguntou.

-Quase dois anos. É estranho voltar para a América. -Ele comentou, olhando para as pessoas das outras mesas. -Mas eu morri de saudade dessa pirralha... -Ele bagunçou o cabelo de Maite, que desviou-se dele sorrindo. -Tinha que voltar para vê-la.

-Tem problema se eu perguntar quantos anos você tem? -Dulce arriscou.

-Imagina. -Ele riu. -Tenho vinte e nove. E você?

-Vinte e um. -Dulce respondeu.

-Você tem cara de mais novinha. -Alfonso comentou, mirando-a. - Só um ano mais nova que mi hermana, então.

-Ela tem cara de ter uns dezenove, não? -Maite disse, carinhosamente.

-É, tem mesmo. -Alfonso sorriu.

A atenção de Dulce subitamente foi voltada para duas mesas a diante. Seu coração deu um tombo pesado ao ver Christopher... e ele não estava sozinho. Beijava calorosamente uma morena, de forma quase indecente para um lugar público.
Dulce sentiu a garganta fechar.

-O que foi? -Maite perguntou.

Surpresa, Dulce virou-se para ela. Alfonso também a encarava.

-Nada. Pensei ter visto um conhecido, mas não era. -Sorriu rapidamente.

-Bom, temos que ir. -Maite fez um gesto para o garçom mais próximo, pedindo a conta.

-Eu deixo vocês no trabalho, e pego vocês mais tarde. -Alfonso disse, consultando o caro relógio de pulso.

O moreno tinha um ar elegante, de homem que subira na vida por conta própria. Só pela maneira dele se vestir e se comportar notava-se que era rico - cavalheiro. E mesmo assim não tinha perdido o senso de humor e humildade. Maite devia sentir-se orgulhosa de ter um irmão como ele.
Alfonso era justamente o estilo de homem que Dulce procurava para ter ao seu lado. Mas aquele maldito relacionamento obsessivo com Christopher não lhe permitia.

-Não precisa, Poncho. -Maite respondeu.

-Eu não quero dar trabalho. -Dulce sorriu, fazendo todas as forças para ignorar a presença de Christopher a algumas mesas de distância. -Eu e a Mai pegamos um táxi...

-Nem pensem nisso. -Poncho fechou a cara. -Não é trabalho nenhum pra mim. Estão prontas? -Perguntou, enquanto deixava o dinheiro da conta dentro do cartão que o garçom havia trazido.

O carro de Poncho era uma Ferrari negra estacionada fora do estabelecimento. Dulce ficou um pouco sem-jeito ao entrar, mas Alfonso e Maite começaram a entretê-la na conversa, fazendo-a relaxar mais.
Quando ele as deixou na papelaria, deu um beijo na testa da irmã e um na bochecha de Dulce.

-Você tem planos para noite, Dulce? -Ele perguntou de repente, antes de ir.

-Hoje não. Porquê?

-Eu e a Mai vamos jantar fora. Não quer ir conosco?

-Isso, vamos Dul. -Maite animou-se. -Eu me arrumo na sua casa e o Poncho nos apanha às oito.

-Bom... -Dulce olhou do rosto sorridente da melhor amiga, para o sorrisinho que não aceitava desculpas de Alfonso. -Está bem, vai ser divertido.

-Perfeito. -Poncho sorriu, acenou para as duas e foi embora com sua ferrari.

Um segundo depois, Dulce virou-se para Maite:

-Porque não me disse que seu irmão é milionário?

-Ele não é milionário. -Maite respondeu, calma. -Só é bem de vida. Meu irmão trabalha desde novinho, Dulce. Ele teve que suar muito e sofrer para chegar onde chegou.

-Eu imagino. -Dulce murmurou. -Mas porque você trabalha num lugar assim... -Indicou a papelaria comum. -...quando pode viver bem melhor, sem precisar fazer nada?

-Sabe. -Maite ficou séria. -Minha mãe sempre foi sustentada pelo meu pai. Passou a vida inteira sem fazer nada, usando o dinheiro que meu pai batalhava para conseguir em coisas inúteis. Eu não quero seguir o exemplo dela. Não vou viver com o dinheiro do meu pai, do meu irmão, ou de quem quer que seja. Quero fazer minha vida do meu jeito, Dul.

Dulce a encarou por um momento, e sorriu, abraçando-a.

-Você é um orgulho, Mai. Te adoro.

-Eu também. -Maite riu, abraçando Dulce de volta. -Agora mudando o assunto... meu irmão e você tiveram um meet cute. (Quem viu ‘O Amor não Tira Férias` vai saber)

-Um o quê? -Dulce separou-se dela.

-Ah, vocês pensam que me enganam. -Maite apertou os olhos. Dulce entrou na Papelaria e ela foi atrás. -Vou te dizer, Dul: meu irmão é muito difícil de se impressionar por alguma mulher. Mas acho que ele se encantou por você. E você achou ele bonito, eu notei as suas olhadas.

-Mai!

-Mas eu vi!

-Ele é bonito sim, e super simpático, mas...

-Se você falar o nome Christopher, eu te mato. -Maite avisou.

Dulce deu de ombros, mexendo em algumas amostras de papéis novos que haviam chegado.

-Aliás, teve uma hora no café que você ficou branca, pensei que fosse desmaiar. O que era?

Dulce ergueu os olhos.

-Adivinha.

-Não vai me dizer que ele estava lá? -Maite arregalou os olhos, surpresa. -Como se eu não vi?

-Acho que ele tampouco nos viu. Estava distraído. -Dulce colocou um peso de papel na mesa com força.

-Ele estava com outra, não é? -Maite perguntou, fazendo uma careta ao ver que Dulce tentava passar frieza, mas estava magoada.

-Isso não é novidade, Mai. Nada vindo dele é novidade. Eu estou começando a ver isso. O máximo que eu posso esperar dele é a próxima coisa que ele vai fazer pensando em si próprio. -Dulce deu de ombros, virando-se para um cliente que acabara de entrar.