Fanfic: _ Fixação _ (DyC ¨ TERMINADA ¨

Entrou em seu apartamento. Ainda era cedo. Sete da manhã. Fechou a
porta e aproximou-se do espelho que ficava na sala, sem poder conter o
sorriso.
Dulce estava com olheiras por ter virado a noite, mas a
expressão inconfundível de felicidade não podia ser escondida. Seus
olhos brilhavam e o sorriso tilintava.

Aproximou o nariz à
gola do casaco grande que usava e aspirou o perfume. O casaco era dele,
que tinha colocado em Dulce antes de se despedirem. Tinha o cheiro de
Christopher.
Abriu a bolsa ao sentir o celular apitar. Pegou o aparelho e viu uma ligação perdida de Poncho.
Suspirou, enquanto começava a digitar uma mensagem.

Me encontre na casa de chá que fica em frente ao meu prédio.
Ao meio dia.
Te espero lá, Dul.

Na
hora marcada, Dulce já estava numa das mesas ao fundo da pequena
lanchonete. Bebericava um chá gelado, quando um moreno alto e muito
bonito entrou. Muito bem vestido, como sempre.
Ele a viu e foi até a mesa.

-Poncho. -Dulce deu um sorriso meigo, enquanto ele a cumprimentava com um beijo no rosto e sentava à sua frente.

-Aconteceu alguma coisa, Dul? Aquele homem te fez alguma coisa?

-Não, Christopher não fez nada dessa vez. -Dulce balançou a cabeça. -Não se preocupe.

-Foi a primeira coisa que eu pensei quando vi sua mensagem, me deixou preocupado. -Poncho disse, observando-a -Então, o que foi?

-Eu te chamei porque precisava conversar. -Dulce juntou as mãos, mordendo o lábio.

-Você
na verdade me parece muito... feliz. -Poncho observou. -Seus olhos
estão brilhando, seu rosto está corado. Voltou com ele, não foi? -Ele
fechou os lábios.

-Na verdade ainda está meio indefinida a
situação. -Dulce admitiu. -Mas a verdade é que estamos no caminho de
voltar a ficar juntos. E eu queria contar para você o mais cedo
possível.

-E porque queria me contar?

-Porque você se
tornou uma pessoa muito especial para mim. Você estava ali do meu lado,
me fazendo rir, num dos piores momentos da minha vida. -Dulce respondeu
com simplicidade. -Você se tornou uma das pessoas que eu mais confio,
em pouco tempo, Poncho. E eu odeio não poder sentir mais por você, mas
eu só posso oferecer o meu carinho de amiga. E eu não quero te perder.
Não quero que saia da minha vida. Não vou conseguir lidar com isso.

Poncho hesitou. Depois estendeu a mão para pegar a mão pequenina da ruiva.

-Você não vai me perder. Acho que eu não conseguiria me afastar também.

Ela sorriu para ele.

-Só
posso... tentar uma última coisa? -Poncho a olhou com seriedade.
-Prometo que não vou passar disto. Mas é só algo que eu quero, antes de
selarmos uma amizade definitiva.

Dulce franziu o cenho com inocência.

-O que é?

Poncho
trouxe o corpo para frente, olhando-a nos olhos, e com agilidade fechou
a distancia entre eles, por cima da mesa, roubando um beijo da ruiva.


O beijo foi surpreendentemente gentil, e Dulce não conseguiu
afastar-se. Poncho se afastou e olhou-a de perto, fazendo um carinho em
sua bochecha.

-Você é incrível, Dulce. Não perca esse seu jeito único, nunca.

-Se
um dia eu sentir que vou perder, eu ligo para você. Você tem um poder
estranho de fazer com que eu seja eu mesma, e sentir que isso é
especial. -Dulce respondeu, segurando sua mão.

-Não entendo como uma mulher como você pode insistir em se envolver com um canalha. -Poncho resmungou.

Dulce suspirou.

-Não
sei se já chegou a sentir isso alguma vez, Poncho... senão, um dia vai
sentir. E vai ver que quando se ama, se torna impossível rejeitar
qualquer oportunidade para ficar perto daquela pessoa. Mesmo que você
saiba que está cometendo os mesmo erros de novo, e de novo, você não vê
nenhuma chance como desperdício. E sim como uma nova etapa, para
começar de novo. Você ama aquela pessoa com cada mínima qualidade e
cada grande defeito. Mesmo que aquela pessoa te machuque, você ainda
deseja estar ao lado dela. Melhor sofrendo ao seu lado, do que sofrendo
no vazio da ausência. É um sentimento impossível de ser apagado de
repente, mesmo que se tente. E eu juro que tentei, Poncho. Mas não
posso mais dizer para mim mesma que não quero. Porque eu ainda quero ele.

-Você o ama mais do que ele merece. -Poncho disse, após um momento em silêncio.

-Interrompo?

Dulce
levantou o olhar lentamente... observando como Christopher os olhava
com semblante obscuro, parado ao lado da mesa, com sua grande figura
fazendo sombra sobre eles.


-Chris? O que faz aqui?

-Fui no seu apartamento, e o porteiro disse que tinha visto você vindo para cá. -Foi a resposta seca.

-Seu porteiro tem que maneirar nas informações. -Poncho disse à Dulce.

-Eu
sou o namorado dela, acho que informações para mim nunca são demais.
-Christopher respondeu calmamente. -Não acha? -Ele olhou para Dulce com
um pouco de frieza.

As garçonetes estavam no balcão olhando para
a mesa de Dulce, lançando olhares cobiçosos à Poncho e Christopher.
Dulce quase podia ouvir elas se perguntando o que dois homens como
aqueles faziam ali com ela, uma mulher com corpo de adolescente e rosto
de menina, numa típica ceninha de disputa. Provavelmente adorariam
estar no lugar dela, e Dulce desejou trocar de lugar com uma delas.

-Vai
ficar... ou vai com ele, meu amor? -Poncho perguntou. Christopher
levantou a cabeça bruscamente ao ouvir a nota carinhosa na frase.

-Acho que é melhor eu ir, e nos falamos mais tarde. -Dulce mandou um olhar silencioso ao amigo, levantando-se.

Poncho também levantou, e olhou com ironia para Christopher.

-Cuide
dela, ok? Dulce é um serzinho especial, que você ainda não se deu conta
do quanto vale. Ou do quanto ela sacrifica para estar com você.


-Obrigado pela dica. Tenho certeza que posso perceber estas coisas
sozinho. -Christopher respondeu, colocando o braço sobre os ombros de
Dulce e fazendo-a encaixar em seu peito.

Dulce suspirou e resolveu sair dali antes que os dois se estranhassem novamente. Acenou para Poncho e saiu com Christopher.
Deram
alguns passos para fora da casa de chá, e Dulce ergueu o rosto do peito
dele, observando o perfil mau-humorado e sentindo o braço musculoso
pesar em seus ombros.

-Espero que não esteja planejando outra discussão. -Murmurou.

-Acho
que não vamos precisar. -Christopher disse sem baixar o rosto para
encará-la. -Se você me disser o que pretendia beijando seu amigo na
lanchonete em frente ao seu apartamento, algumas horas depois de termos
nos acertado.

-Então você viu. -Dulce comentou.

-E então?
-Ele pressionou ao chegarem em sua portaria. Dulce saiu de seu abraço,
e Christopher encostou na parede, cruzando os braços e observando-a.

-Foi
um beijo de despedida. -A ruiva respondeu. -Poncho me pegou de
surpresa. Mas eu achei justo. Afinal, eu estava começando alguma coisa
com ele, antes de você resolver voltar para a minha vida.

-Foi
só isso mesmo? -Ele ainda estava de braços cruzados. Aquela era a
típica pose de Christopher quando estava aborrecido com alguma coisa e
exigia explicações. -Não tem nenhum sentimento oculto por ele? Se
tiver, é melhor resolver logo.


-Não tenho nenhum sentimento oculto. Eu gosto demais de Poncho, como
melhor amigo. -Dulce foi sincera. -O homem que eu sempre estive
apaixonada é outro.

Chris baixou os braços, com o semblante levemente mais tranqüilo.

-Venha aqui.

Dulce
caminhou lentamente até ele. Ele aproximou-se e abraçou-a com força,
fazendo-a deixar de respirar por alguns segundos. Às vezes ele parecia
esquecer os músculos que tinha.
Puxou o rosto de Dulce e beijou-a com ansiedade apaixonada, apertando a cintura delicada e encostando os quadris em seu ventre.

-O que acha de darmos uma fugida? -Ele perguntou contra sua boca. -Espanha? Sabe que eu tenho um apartamento lá.

-O quê? -Dulce separou-se para poder encará-lo.

-Sim. Só eu e você. -Ele deu um sorriso malicioso. -Vamos num jatinho particular. Passar algumas semanas longe de tudo.

-Quando?

-Hoje... agora.

-O quê? -Dulce riu. -Está louco, Chris? Eu não posso... eu trabalho! E se eu fizesse algo assim Maite infartaria...

-Pare de se importar com o resto do mundo, Dulce. -Christopher pressionou-a contra ele. -Vêm comigo... vamos sumir.


Dulce ficou quieta alguns instantes, sua cabeça trabalhando
furiosamente. Christopher lhe deu outro beijo, deixando-a incapaz de
raciocinar... quando se afastou, fez um gesto para as escadas. Dulce
sentiu, involuntariamente, um sorriso se abrindo em seu rosto.
Quando deu por si, estavam subindo correndo as escadas para aprontar sua mala.

E
foi naquele momento... que Dulce se deu conta de que aquilo nunca
mudaria. Bastava um pedido, um olhar da parte de Christopher, que ela
largaria tudo e iria até o inferno se fosse com ele.

Quando
entraram no jatinho particular, duas horas depois, Dulce sentou-se com
um sorriso, sentindo o coração pulsar fortemente. Christopher terminou
de falar com o piloto e apareceu, indo para perto da ruiva e sorrindo
para ela.

-Tenho que te dizer uma coisa...

-Hum? -Dulce tomou um gole de champagne com morango que tinham lhe servido ao sentar.

-Você quer morar comigo?


Dulce ajeitou-se no assento, encarando-o com incredulidade.

-Está falando sério?

-Sim. Não precisa se apavorar. Não é na Espanha. Bom, não ainda. Talvez depois. Mas quando voltarmos da viagem, eu estou planejando que você se mude comigo para uma casa bem espaçosa.

-Eu... não sei o que dizer.

-Diga que sim.

-Sim.
-Dulce abriu um sorriso. Christopher lhe arrancou um beijo. -Então o
independente e inapaixonável Uckermann está querendo realmente se
amarrar? -Brincou com ele.

-Com você. É a única que tem a
capacidade de fazer eu sentir que minha vida só faz sentido se você
estiver nela. -Christopher deu um sorriso sincero.

Um sorriso realmente sincero, para surpresa de Dulce. O sorriso de um homem apaixonado.
Somente naquele minuto a ruiva teve a certeza de que toda a fixação que tinha por aquele homem, era por alguma razão.
E
que ele correspondia, mesmo que nunca quisesse mostrar. Os dois estavam
ligados por uma paixão... obsessiva? Sim. Mas acima de tudo; um
sentimento verdadeiro. E que por mais mal que Christopher pudesse fazer
à ela quando realmente queria... ele lhe fazia um bem extremo, somente por existir.


A felicidade não está no fim da jornada, mas sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la.


FIM