Fanfic: love & other drugs | Tema: rebelde, ponny, anahi, poncho, anahi e poncho

Alfonso Herrera olhou pela terceira vez para o papel jogado na mesa a sua frente como se fosse algum bicho estranho, nunca antes visto. Dez anos trabalhando nessa área, atuando em ações e mais ações de divórcio, ele nunca esperava viver  o seu próprio.

Como o advogado renomado que era, com as influencias detidas ele sabia que não iria sair por baixo no quesito material, e no fundo ele também sabia que Sophia queria apenas o necessário para viver uma vida tranquila e o principal daquilo tudo, bem longe dele.

O casamento já não andava bem nos últimos dois anos, ele tinha plena consciência disso, foram muitas brigas, inúmeras horas extras feitas por ele no escritório e muitos gritos. O motivo? Nem ele sabia ao certo. Apenas desgastou e talvez o destino lhe reservava outra coisa. Alfonso riu com esse pensamento.

Destino...

- Sr. Herrera – Alice, a secretaria de Alfonso entrou no escritório após bater. Ela era uma senhorinha baixinha e muito eficiente, trabalhava com ele há poucos anos, mas já era de sua confiança – Só pra avisar que já estou indo, arquivei tudo como o senhor pediu.

- Ótimo, Alice, obrigado. – Alfonso permaneceu ali no escritório por praticamente mais uma hora, já devia passar das 20:00, ele estava sozinho, apenas alguns seguranças na saída do prédio. Ele acenou levemente.

Nova Iorque estava movimentada, ele notou quando precisou entrar na avenida Times Square para pegar o rumo para seu apartamento, antes de dobrar na rua onde morava que ficava no Upper West Side, Alfonso dobrou em outra direção. Não queria ir pra casa, não queria ficar sozinho. A cobertura era enorme sem Sophia e suas coisas que sempre ficavam espalhadas pelo lugar.

Alfonso sorriu, ele que sempre fora tão metódico tinha se casado com alguém tão bagunceira quanto sua ex esposa. Passeando sem ter um lugar fixo para ir, Alfonso continuou a dirigir, observando o movimento a sua volta, movimento este não tão intenso quanto na Times Square, mas ainda sim o suficiente para uma noite de sexta-feira no subúrbio de Nova Iorque.

Até que, por sorte ou quem sabe coisa do destino que ele tanto riu há minutos atrás, ele se deparou com um barzinho. O lugar era pequeno, tinha poucas mesas do lado de fora, Alfonso abaixou o vidro e escutou uma música suave vindo de lá de dentro e decidiu parar. Talvez uma ou duas doses de whisky não fizessem mal.

Ele estacionou o carro e se dirigiu ao lugar, indo diretamente ao bar, onde tinha apenas um casal sentado, o resto das pessoas ou estavam em pé ou sentados ao redor das mesas espalhadas por ali, mas onde quer que estivessem sentados a maioria prestava atenção na música que a mulher cantava no palco.

- Uma dose de whisky com gelo, por favor – O garçom logo o serviu, ele virou de uma só vez sentindo tudo dentro de si arder, pediu outra, e só então se virou pro local onde vinha a canção.

Alfonso se sentiu hipnotizado, fascinado. A garota não devia ter mais de vinte e três anos. Tinha cabelos castanhos, cheios de cachos, usava um vestido simples azul claro, que ele percebeu que combinava com seus olhos quando a moça olhou em sua direção por alguns segundos antes de fechá-los novamente, ela estava descalça e dançava no mesmo lugar, como se estivesse dentro do seu próprio mundo. Uma verdadeira visão.

A música que ela estava cantando no momento Alfonso identificou como sendo skinny love, não era o estilo dele, mas não duvidava que escutaria qualquer coisa com aquela voz. Até a música acabar, Alfonso já estava na terceira dose, a segunda desceu rápida e ardente como a primeira. 

Ele viu a mulher descer do palco e receber algum comentário nojento, Alfonso não escutou o que exatamente.

- Vá se foder – Ela respondeu arrancando risos de quem estava por perto. Ela continuou andando até sentar dois bancos depois dele, e Alfonso não conseguia tirar os olhos dela.

- Ei, Chris, passa uma água -  Ela pediu ao amigo alheia aos olhares dele, Alfonso notou que ela parecia cansada, como se aquela luz vibrante que ela tinha em cima do palco fosse pouco a pouco se apagando.

- Só água, Annie? Nada pra comer? – Christian, o dono do bar, barman nas horas vagas e seu amigo, perguntou com um pouco de preocupação.

- Sem fome – Ela deu de ombros.

- Você que sabe, Anahi – Christian deu a água que ela havia pedido e se afastou, provavelmente para não começar uma discussão.

Anahi suspirou, tomando um gole profundo. Aquela semana havia sido difícil, mas não tão difícil como as anteriores, ela percebeu, mas mesmo assim os dias ainda eram ruins.

- Anahi. Bonito nome. O meu é Alfonso – Alfonso tinha pulado os dois bancos que os separavam e agora estava sentado ao lado dela. Se ele tivesse sóbrio, com certeza iria pensar em algo melhor para começar assunto, mas na situação atual, isso foi tudo o que conseguiu.

- Sério? Eu acho estranho – Anahi prendeu um sorriso presunçoso, sabia quem era antes de olhar, o tinha visto de cima do palco e esperava que o mesmo viesse falar com ela. O homem era muito bonito, ela percebeu de longe, bem aperfeiçoado e pelo terno podia perceber que tinha uma boa condição financeira também, diferente dos que costumavam frequentar ali – Mas tem um significado bonito, pelo menos é o que dizem - Ela deu de ombros.

- E qual seria? – Alfonso sorriu, entrando na dela.

- É o nome de uma princesa que morreu por amor e virou uma flor – Ela revirou os olhos, sua mãe antes de morrer lhe tinha contado um zilhão de vezes essa história antes de ir dormir.

- Tem razão, é bonito.

- E triste também – E estúpido, ela queria complementar, quem diabos morre por amor?

O estomago de Alfonso decidiu esse exato momento para fazer barulho, era finalmente o álcool fazendo efeito.

- Você ta bem? – Anahi o segurou quando ele perdeu o equilíbrio e quase caiu de onde estava sentado.

- É só o álcool, não estou acostumado a beber – Alfonso tentou ficar em pé e teve sucesso – Acho melhor encerrar a noite por aqui – Ele sorriu, mas quando ia começar a andar perdeu o equilíbrio de novo e Anahi o segurou. Ela o ajudou a sentar novamente.

- Fique aqui, vou chamar Christian para lhe ajudar a chegar a seu carro – Ela foi atrás do bar onde fica o escritório de Christian e encontrou o amigo sentado em sua cadeira, falando no telefone com o seu marido.

- Preciso de ajuda lá fora – Christian balançou a cabeça e se despediu do marido, que estava em mais um de seus milhares plantões como cirurgião. Quando os dois chegaram onde Alfonso estava, o encontraram em um sono profundo em cima do balcão, a boca levemente aberta.

- Ele não tem condições de ir dirigindo pra casa dele – Christian constatou o obvio.

- Sim – Anahi concordou – O que faremos?

- Eu diria pra ele dormir no meu apartamento, mas Martin vai chegar cansado e não quero confusão.

- Tudo bem, ele dorme comigo. Vamos, me ajude a carregá-lo – Ela pediu a Chris.

Em cima do bar, Christian e seu marido construíram mais dois andares, e em cada andar tinha dois apartamentos para alugar, pequenos, mas suficientes. Anahi morava do primeiro andar, no apartamento de frente para Christian e Martin.

Christian era magro, porém forte, e apesar de Alfonso ser um homem grande, com a ajuda de Anahi eles conseguiram levar ele até o apartamento sem muita dificuldade.

Eles largaram Alfonso no sofá da salinha do apartamento de Anahi, que era composto dessa sala com o referido sofá e uma televisão, um quarto menor ainda que só dava lugar a uma cama queen size e um armário de duas portas, um banheiro e uma cozinha americana, mais do que o suficiente pra ela viver.

- Você vai ficar bem? – Christian se certificou antes de deixar a amiga-irmã sozinha.

- Sim, sim. Boa noite, Chris – Anahi sorriu e Christian assentiu com a cabeça antes de ir embora. Anahi trancou a porta e se encostou na mesma para olhar para Alfonso com certa distancia. Ela, de alguma forma, sabia que ele frequentemente não ficava naquele estado, alguma coisa lhe dizia que algo tinha acontecido para deixá-lo assim.

Vencendo a distancia entre eles, ela chegou perto dele e retirou totalmente a gravata que já estava solta para deixá-lo dormir mais a vontade, na tentativa de fazer isso sem acordá-lo, dois botões da camisa social branca que Alfonso usava se soltaram dando uma visão do peitoral másculo. Anahi tinha certeza que ele era mais bonito ainda sem roupa.

Balançando a cabeça pra fugir de tais pensamentos, ela foi até seu quarto buscar uma colcha para cobri-lo, e antes de voltar para dormir deixou três dedos da janela da sala aberta para ventilar o apartamento. Ela costumava deixar essa janela aberta e dormir com a porta do seu quarto entreaberta. Nova Iorque era muito fria naquela hora e piorava conforme a madrugada caía, era mais do que suficiente para deixar o pequeno apartamento em um clima agradável.