Fanfic: Se Você Fosse Minha *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Alfonso chegou à porta do quarto, assim que sua mãe abriu a primeira gaveta da cômoda.

Ela não puxou nada imediatamente. Em vez disso, ela fechou os olhos e respirou, seu rosto contorcido por uma fração de segundo antes que ela finalmente pegasse alguma coisa.

Ela virou-se e estendeu uma pequena caixa preta envolta em veludo.

- Eu acho que você deve ter isso. - ela se corrigiu. - Eu sei que você deve ter.

Alfonso nunca tinha corrido de qualquer coisa. Nem uma luta. Não do perigo. Mas o pensamento de abrir a caixa que sua mãe estava segurando para ele o fazia querer correr tão rápido quanto suas pernas o levariam.

- Está tudo bem, querido. - ela estendeu então ele teve que pegá-la. - Ele iria querer que você a tivesse.

Alfonso puxou o cachorro mais apertado com a mão, quando pegou a caixa com a outra.

Sua mão tremia quando ele abriu a parte superior e sua garganta apertou.

- É o seu anel de noivado.

O anel que ela tinha usado por tantos anos depois que seu pai tinha morrido. O anel que ele ainda podia ver em seu dedo como se fosse ontem, como se ela não tivesse tirado a dez ou mais anos atrás.

- Você precisa mantê-lo.

- Não querido, eu tive apenas o tempo que eu precisava. O anel é seu agora.

Ele balançou a cabeça.

- Eu não... - ele ia chorar, já estava, na verdade. - Eu não posso.

Ela se sentou na cama e acariciou a colcha ao lado dela.

- Depois que seu pai morreu, eu olhava para você e era como se ele ainda estivesse lá. Jantando com todos nós. Jogando bola no fundo do quintal. Rodando com as meninas em círculos até que elas estivessem tontas.

Todo mundo que já tinha reconhecido que ele era seu pai em um ponto ou outro.

- Você é a cara de Armando.

Ele se sentiu quebrando sobre a morte de seu pai. Como era melancólico uma vida que terminou muito cedo.

Foi quando ele tentou superar os demônios que o perseguiam, mas ele não tinha conseguido. Não quando ele o tinha conhecido desde o princípio de que não havia separação entre ele e seu pai, porque eles eram a mesma coisa.

Algo se quebrou dentro dele.

- Você sempre me olhou tão triste. Tão malditamente triste.

- Eu sei. - a voz dela quebrou. - Eu sei e eu sinto muito. Mesmo sacudindo com dor, eu sabia que não era justo. Eu sabia que você não era ele. - ela segurou suas mãos, firmemente. - Você não é seu pai.

- Ele era um santo.

Considerando que Alfonso nunca tinha sido nada perto de um.

- Seu pai não era um santo.

- Ele era. Um grande pai de oito filhos. Fiel a mulher que ele amava. A única coisa que ele fez de errado foi morrer muito cedo.

Ele ficou chocado quando sua mãe começou a rir.

- Seu pai não poderia ter dado um salto sobre o amor, casamento e crianças quando nos conhecemos.

Alfonso não podia acreditar que o que estava ouvindo era verdade, mas ele nunca tinha visto sua mãe mentir.

- Eu o amei desde o início, é claro. Ele era impossível de não se amar, mas isso não significava que eu tinha que ficar com ele. A primeira vez que ele tentou me dar este anel, eu joguei em cima dele. - seus olhos ficaram vagos na memória quando ela levantou a mão para a sobrancelha esquerda. - Eu cortei ele aqui, com força suficiente que ele precisou levar pontos. Então, não, ele definitivamente não era um santo. Nem perto. - o olhar da mãe encontrou o seu. - Mas eu o amava. E no final significava que eu estava disposta a dar-lhe e espaço para crescer no amor do jeito que eu precisava ser amada. Apesar de tudo o que ele fez de errado ao longo do caminho. Eu sei o quão perto você estava do seu pai. - disse ela suavemente. - Ele amava todos os seus irmãos e irmãs, mas você sempre foi tão especial para ele. Eu sei o quão especial ele foi para você, também, querido. Mas o que aconteceu com ele... - ela procurou as palavras certas. -, não tem nada a ver com você. Ele não é você, Alfonso. Ele ajudou a fazer quem você é, mas só você pode decidir o que você quer ser, e o que você quer de sua vida.

Ninguém nunca tinha dito essas palavras para Alfonso antes, porque ele não os tinha deixado.

Anahí tinha compartilhado cada último segredo com ele, mas ele reteve o seu. E agora ela pensava que ele não a amava, quando a verdade era que ele amava com tudo o que tinha.

- Ele te deixou sem nenhum aviso.

Alfonso lutou para que as palavras explicassem algo que era tão claro para ele desde que tinha sete anos de idade, mas de repente foi crescendo impreciso.

- Eu não posso fazer isso com ela.

- Você acha que se soubesse que seu pai ia morrer, mudaria a forma como eu me sentia sobre ele? Você acha que eu pararia de amá-lo? - ela não esperou por sua resposta antes de dizer: - Se tivesse feito qualquer coisa, eu teria ficado absolutamente furiosa com ele por pensar que ele precisava de me proteger dos meus próprios sentimentos. Ter perdido os anos que tivemos juntos teria sido muito pior do que perdê-lo tão cedo.

Tudo que Alfonso já tinha pensado ser verdade deslocou ao redor dentro dele enquanto ele olhava para o anel em sua mão.

Ele tinha tudo o que ele jamais poderia ter pensado procurar, em Anahí. Uma amante. Uma melhor amiga. Uma parceira que não tinha medo de dar-lhe o chute na bunda que ele muitas vezes, geralmente, necessitava.

Se ele soubesse desde o início que ela era diferente? E que um amor tão doce quanto o dela era algo que o realizaria, não importando o quê?

A menos, claro, que você passasse a ser o maior mentiroso do mundo.

Ele fechou a caixa com um estalo antes de empurrá-la no bolso da calça jeans.

- Obrigado pelo anel, mãe.

- De nada, querido. - sua mãe lhe deu outro abraço. - Algo me diz que vai se encaixar perfeitamente.