Fanfic: O Republicano e a Democrata | Tema: Rebelde - AyA

Alfonso circulava de um lado para o outro em seu apartamento. Muito em breve, seria forçado a iniciar seu "ciclo de redenção", como Robert ironicamente apelidara. Ele não estava nem um pouco feliz com isso. Sabia que se fizesse o que o deputado esperava dele, sua carreira estava acabada. Ele jamais voltaria a ascender. Seria para sempre um assessor e o bode expiatório do partido.

Mas, se ele se recusasse, seria sumariamente demetido. E dificilmente seria recontratado rapidamente. Teria que começar do nada, talvez voltar a trabalhar em um emprego na sua área (marketing), até sua vida voltar a entrar nos eixos. 

"O que eu faço?"

Ele precisava de uma bebida. Precisava sair dali. Precisava conversar com alguém que não fosse daquele círculo. Precisava de um amigo. 

Ele sorriu. Aparentemente ele não tinha amigos, dado ao fiasco que fora sua tentativa de encontrar um advogado. 

Alfonso respirou fundo. Precisava dar uma volta. Resolveu pegar seu casaco e saiu de casa. Sem seu carro. 

Pretendia beber até esquecer quem era. 

--- x---- 

O bar estava agitado naquela noite. Ramon e Christian personificavam um número ao som de Gaga. Anahí estava ocupada conferindo comandas, quando Dulce a chamou. 

- Any, preciso de ajuda no bar. Estamos mais lotados que o normal - ela sorriu feliz. - No fim vamos precisar de um novo bartender, mesmo que Belinda não venha. 

- Ok Dulce, vou ajudar. Mas precisarei de ajuda para colocar as comandas em dia amanhã. 

Rapidamente, Anahí prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, abriu alguns botões da blusa sem mangas e foi ao bar. Precisava soar animada e divertida para os clientes. Ninguém queria ser atendido por uma bartender mau humorada e com cara de sono, como ela se sentia naquele momento. 

Um casal pediu doses duplas de tequila e Anahí correu para providenciar. Um grupo pediu cervejas. No palco, Ramon deu um salto e caiu no chão, as pernas abertas, enquanto Christian sensualizava em um póle dance. 

- Uma cuba para você - disse Anahí entregando uma bebida para uma moça, na casa dos 26 anos. - E o senhor, o que deseja be... - parou ao se dar conta com quem estava falando. 

Herrera estava sentado na sua frente, a camisa branca displicentemente aberta e as mangas compridas enroladas até a altura do cotovelo. Ele olhava para o local intrigado, mas desviou o olhar para ela novamente. 

- Uísque, 12 anos. - ele pediu olhando para ela. 

- Que diabos você está fazendo aqui? - ela perguntou. 

Dulce observava a cena de longe, mas preferiu atender outro cliente a se meter. 

- Isso é um bar, não? Vocês servem bebidas. Eu vim aqui beber. 

- Esse bar não aceita homofóbicos ou republicanos, Sr. Herrera. Por favor, saia daqui. Ou juro que irei denunciá-lo por stalker. 

- Eu não vim aqui para incomodá-la, Anahí. Eu... eu precisava ficar longe de tudo hoje. Esse foi o único lugar que eu pensei. E confesso, nunca vim num bar assim. Confesso que estou até um pouco surpreso. 

- Com o que exatamente? - ela perguntou curiosa. Nunca antes trocara impressões do seu bar com um republicano. 

- Eu sempre achei que nesses bares ocorriam orgias, pessoas transando ao ar livre e muitas cenas... indecenas. Mas afora os casais, todos parecem normais. E parece que há outros héteros aqui, além de mim. 

Anahí sorriu por um curto momento. 

- Sério que é assim que vocês imaginam um bar LGBTT? Um antro de perdição e sexo explícito? 

- Sério - ele respondeu sincero. Anahí viu que ele olhava para o casal de drags no palco mais com curiosidade do que desprezo.

- Cristo - ela disse. - Fico imaginando do que você pensa de um encontro feminista. Mulheres lésbicas transando enquanto pensam na castração de homens? 

- Algo do estilo - ele confessou. 

Anahí riu. Serviu um uísque 12 anos para ele e passou o copo. Ele entregou a comanda para ela anotar o consumo, mas Anahí acenou negativamente com a mão. 

- Por conta da casa. Você deve estar realmente em maus lençóis se precisou vir até aqui para beber.