Fanfic: O Republicano e a Democrata | Tema: Rebelde - AyA

"As eleições para governador do Estado estão cada vez mais acirradas. Enquanto as primeiras pesquisas apontavam para uma vitória eminente do candidato democrata Olive Tomas, agora as pesquisas mais recentes indicam um empate técnico entre os candidatos, com uma possível vitória do candidato republicano Owen Gregor. Isso provavelmente tem alguma relação com a campanha de Owen, que focou nas pautas mais conservadoras, como a proibição do aborto no Estado de NY e a proibição de tratamentos para transgêneros..."

Anahí desligou a TV e suspirou. Aquele era um péssimo dia para se viver. Estava limpando seu bar, que, novamente, havia sido vandalizado. Os moradores da região já haviam tentado fechar seu bar cinco vezes no último ano, sem sucesso. Não por conta do barulho. Muito menos por conta de lixos nos arredores. As alegações dos moradores era que o bar em questão era mal frequentado. 

O bar de Anahí era um bar LGBTT. 

Ela sabia que teria problemas em abrir o bar naquela região, mas era o único local que podia arcar. Tentou ao máximo isolar o local para não incomodar vizinhos e sempre foi uma dona modelo. Mas seu público não agradava. E seu temperamento não a ajudava. Quando Mrs. Jones apareceu no bar e disse que eles a deixariam em paz se o seu bar não aceitasse a entrada de "gente do diabo", a resposta de Anahí foi curta e certeira.

- Se bem me lembro, minha senhora, ainda vivo nos EUA, lugar da liberdade da expressão e do direito de ir e vir. O bar é meu e eu escolho quem o frequenta. Não a senhora nem essa corja de hipócritas que pregam a paz mas jogam ovos nas minhas janelas todas as manhãs. 

A guerra foi declarada. 

Anahí não se preocupava em limpar o bar. Se preocupava era com seus clientes. Ela havia aumentado o preço das bebidas e contratados mais seguranças para vigiar o local. O investimento havia valido a pena: muitos clientes souberam do local e seus clientes aumentaram. Eram estes mesmos clientes que a apoiavam quando os vizinhos tentavam expulsá-la. Quando lhe questionaram se ela achava que valia a pena se incomodar para manter a sua clientela, ela havia respondido que sempre valeria pena. E agora, mesmo tempos depois, mesmo sendo cada vez mais hostilizada, ela mantinha sua resposta. 

Ramon havia chegado e tinha visto o olhar taciturno de Anahí. Ramon, além de bartender, era uma drag queen que se apresentava no bar uma vez por semana. Naquele dia, ele havia trazido seu aparato para se transformar em Dorothy Oz, sua persona nos palcos. Anahí tirava lentamente os restos de um ovo que ficara preso no tapete de entrada. 

- Dia ruim, Baby Blue? - ele questionou, enquanto a abraçava. 

- Nada fora do normal. - Anahí respondeu. - Estou acompanhando as eleições. 

- Odeio essa época do ano. Você quase nunca sorri, exceto quando está trabalhando. 

- Os republicanos vão ganhar as eleições. Aquele demente vai ganhar as eleições e nós vamos retroceder 50 anos no tempo. 

- Baby, podia ser pior. Podíamos viver no Brasil. Já imaginou que tragédia? 

Anahí riu e balançou a cabeça. 

- Não será muito diferente quando eles ganharem. O governador pretende passar uma lei que torna proibido demonstrações públicas de afeto nas ruas.