Fanfic: O Republicano e a Democrata | Tema: Rebelde - AyA

Ramon deu levemente de ombros. 

- Uma lei dessas jamais passaria. Vai contra tudo que significa ser americano. 

- Sempre pensamos que não podemos retroceder, até o momento em que o retrocesso acontece, Ramon. De todas as formas, a simples proposição dessa lei é idiota. Não é a toa que iremos protestar no domingo. 

- E eu estarei lá. Acho que você está certa numa coisa Any: se nos calarmos, o retrocesso sempre pode acontecer. Quem mais vai? 

- Provavelmente o pessoal do bar. E clientes. Estou distribuindo panfletos. É um protesto apoiado por deputados democratas, então tem algum peso. 

Anahí pegou outra casca de ovo na janela e atirou em um saco plástico. 

- Onde infernos está Dulce? Se ela não chegar logo, não darei conta de terminar isso e começar a preparar o local. 

- Será que alguma nova namorada a convenceu a abandonar o bar? Afinal, não é todo mundo que tolera um relacionamento de trabalho com a ex. 

Dulce e Anahí haviam namorado durante dois anos, época em que haviam iniciado a abertura do bar juntas. Dulce era uma morena jovem, cabelos lisos, lébica ativista e militante. Havia conhecido Anahí em um protesto contra a declaração machista de um radialista, a respeito de que mulheres que usavam anticoncepcionais eram vadias e que o Estado não devia cobrir o medicamento. O namoro havia sido intenso, feliz e incrível enquanto havia durado. Entretanto, ambas descobriram que não se amavam. Não daquele jeito. Se amavam como pessoas, companheiras, seres humanos. Não como amantes. 

- Pffff. Isso é besteira. Dulce e eu terminamos a uma vida por consenso e sem ressentimentos. Somos amigas e sócias. Quem não entender isso, é simplesmente idiota. 

- Ah Anahí, é normal a pessoa se sentir insegura. Quer dizer, olha pra você - Ramon acenou do corpo de Anahí de cima a baixo. Você é um arraso. Poderia ter quem quiser e quando quiser. 

- No momento não quero ninguém. Pelo menos não para relacionamento. De todos os jeitos, Dulce me disse que a nova namorada é cabeça aberta e sem neuras. Inclusive, ela pensou em trazer a Belinda para vir trabalhar aqui no bar. 

- Isso seria estranho. 

- Por que seria estranho? Belinda precisa de emprego, nós precisamos de mais um bartender. 

- Não falo dessa dinâmica ex-atual-ex que você está pensando, mas sim no fato de sua namorada mandar ser a dona do negócio enquanto você é apenas uma bartender. Isso pode causar problemas no relacionamento. 

- Nisso eu concordo. - Anahí começou a limpar as janelas com alcool. - Dinheiro pode matar uma relação. 

- Por isso somos comunistas vinda de Cuba - uma voz soou a distância, enquanto Dulce se aproximava. - Odiamos dinheiro. 

- Até que enfim! - Anahí enxugou o suor da testa. - Preciso da sua ajuda lá dentro, Dul. Estou terminando de limpar a sujeira que fizeram aqui no bar. 

- Desculpa o atraso Blue. - Dulce cumprimentou Anahí com um beijo no rosto. - Belinda precisava de uma carona para ver um emprego no centro. Administração. Se ela não conseguir a vaga, talvez venha mesmo para o bar. 

- Sem problemas Dulcita, e toda sorte do mundo para ela. Mas precisamos nos apressar, ou não vamos abrir hoje. 

Dulce jogou a bolsa no chão e prendeu os cabelos. Ela olhou para Anahí, que estava suada e cansada de limpar as janelas. 

- Eu termino aqui Any, vai cuidar um pouco lá dentro e descansar. E por favor, sem ligar o noticiário. Já temos coisas demais para protestar no domingo. 

- Não prometo nada, Dulce. 

- Ramón, vá com ela. Repasse o ensaio. Não deixe ela ligar essa televisão. Entretenha essa mulher. Duble Madonna que quems abe ela esqueça daquele candidato republicano idiota. 

Ramón sorriu enquanto seguia Anahí. 

- Anahí trocando noticiários eleitorais por Madonna? Dulce, tem certeza que namorou esta mulher? 

Dulce deu de ombros. 

- É tem razão. Esconda o controle mesmo. Ou quebre a televisão.