Fanfics Brasil - Pare o mundo que eu quero descer If I Could Fly - fan fic ONE DIRECTION

Fanfic: If I Could Fly - fan fic ONE DIRECTION | Tema: romance, yaoi, adolescência, jovens-adultos, amizade


Capítulo: Pare o mundo que eu quero descer

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Li alguma vez em algum lugar que a adolescência é como uma massa de bolo que ainda não está pronta, que gruda nos dedos, na palma da mão, na parede, em tudo, e que a infância é uma espécie de sono profundo, uma dimensão diferente, e que ao sairmos dela despertamos dentro dessa meleca toda, onde ficamos grudados, lutando bravamente para nos libertar.


 


Nome: Niall Horan


Idade: 17 anos


Status: SEM PACIÊNCIA


 


A pergunta que não quer calar: como alguém em sã consciência, vivendo dentro do mesmo planeta e respirando o mesmo ar pode afirmar aos quatro ventos que a melhor fase da vida é a adolescência? Que as preocupações desses seres humanos que não são mais crianças, mas também não são adultos, se resumem a ir para escola, tirar boas notas e curtir... Curtir o quê, pelo amor do Criador?


Qual é a curtição em não ter dinheiro para sair, pais e professores pegando no seu pé, não poder acessar a internet, games ou televisão, os grandes companheiros inseparáveis das madrugadas?


E a escola? Uma boa parte das coisas que aprendemos é inútil. E não digo isso, tipo, jogando conversa fora, querendo desmerecer a importância de se ter uma boa formação acadêmica, mas me convençam da relevância em aprender a distinguir dinossauros? Por acaso existe a mais remota possibilidade de esbarrarmos com algum fóssil perdido dando sopa por aí?


            E a famigerada matemática? Com aquelas fórmulas absurdas, xis, ipsilons que se multiplicam como coelhos... Para quê? Se o seu ideal não for se tornar um matemático, um engenheiro civil ou um economista, em que momento da vida vai utilizar matrizes quadradas e determinantes?  


            Ok. Ok. Estou estressado sim. Estou revoltado sim e muito, muito nervoso. Minha vida está mudando (ou já mudou) de uma hora para outra. Há um mês eu tinha uma família perfeita, morando em um apartamento show de bola, amigos, minha rotina, até que meus pais concluíram que a convivência entre eles não era mais possível e decidiram vender nosso apartamento, dividir o dinheiro e seguir com suas vidas...


            E a minha vida?


Nas últimas duas semanas venho me despedindo dos meus amigos e doutrinando o meu cérebro com a ideia de que deixar para trás a minha existência na capital carioca é o melhor a ser feito, e seguindo a linha de raciocínio da minha mãe, apesar dos aspectos negativos e das perdas desse momento, há um mundo inteiro de descobertas pela frente.


            Oi?


            Um mundo inteiro?


Estamos nos mudando para um lugar chamado Laranjeiras, onde mora minha avó, porque minha mãe acha que não terá forças para continuar morando no mesmo apartamento (e cidade) em que viveu praticamente toda a vida de casada, só que esse lugar fica no interior de Minas Gerais, a duas horas de Belo Horizonte. Será que ela consegue imaginar o impacto que essa mudança terá para um garoto de dezessete anos que passou toda a sua vida em uma metrópole e de repente precisa adaptar todo o seu mundo, suas referencias e suas diretrizes para se transformar em um Jeca Tatu, um Chico Bento, com um pedaço de mato pendurado no canto da boca, dobrando as palavras e com os pés no chão?


Claro que fui pra internet pesquisar o “modus vivendi” da cidadezinha da minha avó, ate porque só estive lá uma única vez quando tinha uns cinco anos de idade e nunca mais voltei. Juro que tentei seguir adiante com a minha busca, mas assim que acessei a primeira imagem do lugar e me deparei com a via principal dividida por um canteiro extenso, tipo aqueles da primeira metade do século XX que cruzavam a Rio Branco, e como se não bastasse uma carroça estacionada com um cavalo ou burro engatilhado nela, não deu. Desisti. Fechei o note com uma vontade absurda de fazer minha mala e sair correndo pelo mundo ou ir para Curitiba, junto com meu pai, que aceitou uma proposta de trabalho por lá, mas ele disse que ainda não vai poder ficar comigo porque precisa se estabelecer. Quando encontrar um lugar decente vai me chamar pra morar com ele, se eu quiser.


Curitiba ou Laranjeiras? Ó dúvida cruel...


Laranjeiras tem apenas um shopping. UM SHOPPING.


Como se não bastasse estar sem os meus amigos, não terei muitas opções para me divertir...


Minhas festas, meus rodízios de pizza?


E a natação, a musculação e o judô?


E a escola?


Minha mãe disse que já conseguiu me matricular no novo colégio. Alguém avisou para ela que estamos em abril e que as aulas já começaram? Que as provas do 1º. bimestre já foram aplicadas?


 


Que mal eu fiz ao Criador?


 


O bom desse lance de mudança é que não estou precisando lidar com as ameaças e chantagens da minha mãe para manter meu quarto arrumado. Não que o meu espaço seja parecido com o covil de um arquivilão de HQs, mas é que o nosso conceito de organização seguem trajetos muito, muito diferentes.


Que mal tem em deixar alguns livros, alguns copos, meias, tênis, minha mochila e algumas peças de roupas espalhadas pelo chão? Ou “guardadas em grupo” dentro do meu armário? Um estudo recente de uma Universidade de Minnesota afirma que as pessoas mais criativas surgem da desordem. Albert Einstein, cuja genialidade é indiscutível, disse: “se uma mesa desarrumada é sinal de uma mente desarrumada, o que devemos pensar de uma mesa vazia”?


Bem, para dona Natalie o que Einstein disse ou deixou de dizer pouco importa, ela quer, ou melhor, exige que o meu castelo esteja sempre arrumado, e vez por outra abre gavetas, armários, vasculha bolsos de calça, mochila... Como que de uma hora para outra nossos pais parecem não entender uma palavra do que falamos? Em que momento eles se tornaram tão chatos?


Minha amiga, Rachel, me sugeriu que eu extravasasse as frustrações escrevendo para outros adolescentes, mostrando essa experiência pela qual estou passando, a diversão, a aventura, as descobertas, os conflitos. Perguntei se ela estava consumindo algum tipo de substância pesada ou ilícita ou as duas, porque, tirando a parte dos conflitos, só tenho esbarrado em devastação e desespero, mas de tanto que ela insistiu, acabei cedendo: mergulhei no universo das fanfics para ver no que isso podia dar e definitivamente não foi uma boa ideia. De dez fics escritas, onze falam sobre um adolescente que vê seu mundo de pernas pro ar ao ser obrigado a se mudar para outra cidade, e como se não bastasse, quase sempre cometendo um verdadeiro genocídio contra a nossa gramática.


Larguei várias pelo caminho. Difícil conseguir decifrar uma frase onde 95% das palavras estão abreviadas no pior estilo internetês; e o excesso de repetição de algumas (muitas) expressões? E a overdose de adjetivos? E os parágrafos onde se encontra de tudo e com tamanhos absurdos? E o samba do crioulo doido alternando a primeira com a terceira pessoa?


E os enredos?


Essa minha geração está abusando da velha máxima do “nada se cria, tudo se copia”. Quantas fics com a premissa"... Mas algo acontece que vai mudar a vida dela para sempre", ou "Vamos ler e ver o que acontece?", ou “Fulana é uma garota comum, com uma vida comum, um emprego comum. Mas essa não é só mais uma fic sobre uma garota comum”.


Ah, sem falar que quase todos os futuros casais acabam se conhecendo no meet and greet e tornam-se perdidamente apaixonados em apenas um segundo, casam-se após três parágrafos e no capítulo seguinte estão grávidos. Ou então a mocinha deixa os materiais caírem no chão, o mocinho prontamente surge (do nada) para ajudá-la, os olhares se cruzam e um sorriso se forma nos lábios dele e a paixão floresce... TÉDIO!


Para não dizer que estou sendo preconceituoso ou até mesmo parcial, também dei uma olhada nas fics yaoi (sim, sou gay) e as histórias com conteúdos homossexuais, além de carregadas de clichês mal usados, são desconcertantes e fogem da realidade de uma maneira irritavelmente utópica.


 Na realidade alternativa-cor-de-rosa em que a maioria dessas fanfics acontece, o casal de meninos/rapazes se pega entre amigos, nas ruas, em um jantar de família, no metrô e ninguém se incomoda. Chega a ser ofensivo. A utopia, nesses casos, soa tão inverossímil que se torna patética.


E a associação (estereotipada) homem/mulher que os autores submetem seus protagonistas em relação à postura sexual? Um dos dois tem que ser o machão, que jamais derrama uma lágrima, não demonstra seus sentimentos nem sob tortura e quase sempre faz a linha troglodita; o outro é super emotivo, um docinho, tímido (sempre e sempre), chora de se afogar nas próprias lágrimas e suspira apaixonadamente. Não seria melhor escrever uma fic heterossexual? Ainda assim, pintar uma mulher com todas essas características de donzela indefesa é duvidar da capacidade emocional feminina. 


E por falar nelas, fiquei surpreso que as mulheres praticamente não existem nessas histórias yaoi, e quando estão lá são para causar, assumindo o papel da vadia que vai atrapalhar o casal de garotos, sendo odiada eternamente por tudo e por todos. Uma verdadeira vilã à lá mexicana, completamente ensandecida, disposta a qualquer coisa para alcançar o seu objetivo... Ser gay não tem nada a ver em enxergar o sexo oposto com rivalidade. Chega a soar um tanto radical e preconceituoso. E o gostosão, pivô da disputa amorosa? O carinha simplesmente fica confortável, em cima da corda bamba, arrotando sua bissexualidade, sem de fato se decidir. Além de acomodado, é um canalha.


 


E por falar em canalhas... Meu celular está tocando e adivinha o número de quem está no visor?


Meu ex.


É claro que eu não vou atendê-lo. Ainda não me recuperei do chute na bunda que ele me deu. O Harry me dispensou há pouco mais de três semanas, praticamente quando o meu inferno astral estava começando.


Sim. Ele sabia de tudo. Da separação dos meus pais, da minha mudança para Laranjeiras, do apartamento que vai ser vendido, e ainda assim, três dias depois do Armageddon ter caído sobre a minha cabeça, o canalha simplesmente avisou que não ia dar para continuar, pois o que rolou entre a gente o fez ter a certeza de que preferia as meninas.


Perguntei pra ele se aquela desculpa esfarrapada tinha que ser encarada como um elogio.


Um escroto, isso que ele é.


Nos quatro meses em que ficamos o Harry nunca mencionou que estava em dúvida em relação a sua orientação sexual, e quando transávamos, suas investidas e preferências não lembrava nem um pouco a de um macho alfa...


Pronto. Desistiu.


Será que achou que eu ia largar tudo para falar com ele depois dessas quase três semanas?


O imaturo nessa história deveria ser eu e não ele. O cretino tem 21 anos e não consegue ter a hombridade de assumir que não tá mais a fim de um relacionamento? Para alguém que se descobriu hétero, ou sabe-se lá que nome dar para essa epifania de gênero, frequentar boates gays seria um dos primeiros lugares que deveria manter-se afastado, não?


Se ele tivesse me dito a verdade (nada me convence do contrário) teria sido menos ofensivo do que aquele pretexto.


 


Meu celular de novo.


É a Rachel.


- Fala!


- O Harry acabou de me ligar – ela dá a notícia um tanto temerosa.


- Tá – não tenho mais o que responder.


- Ele disse que quer se despedir antes de você se mudar...


- Como é que é?


- Eu também não acreditei quando ouvi isso, Niall, mas ele disse, e foi firme nas palavras, que não vai deixar você ir embora com esse mal entendido que ficou...


- Mal entendido? - explodo, gritando no celular enquanto me jogo sobre a cama, caindo de costas no colchão – Qual parte do fora que ele me deu que não ficou claro?


- Eu sei e tentei argumentar, demovê-lo dessa ideia, mas foi como se eu estivesse falando com um pedaço de pano...


- O idiota ligou pra você agora, não é isso?


- Acabei de falar com ele...


- Ele me ligou antes e eu não atendi...


Meneio a cabeça bem devagar, sem desviar os olhos do teto. A respiração da minha amiga no outro lado está tão pesada como a minha.


- Não queria que você fosse pego de surpresa Niall.


- Se esse ser humano tentar se aproximar de mim, você anota aí Rachel, vou virar assunto do Jornal Nacional.


- Pois eu acho que se ele te procurar, você deve se mostrar superior...


- Ainda não alcancei essa elevação espiritual, e não me peça para me portar como uma mosca morta...


- Não estou pedindo isso – ouço minha amiga inspirar, forte. Parece cansada, e com toda certeza, afinal foi ela quem segurou minha barra nos primeiros dias de bad e acho que não está preparada para uma nova temporada de “Todo mundo odeia Harry” – Só quero que você mostre que está inteiro depois do fim do namoro e que ele e um pedaço de merda no chão são a mesma coisa.


Essa é uma das peculiaridades de Rachel: conseguir enxergar um problema de forma racional, porém sabendo colocar os devidos pingos nos is.


- Rachel - meu tom de voz beira o descontrole - Ainda que Justin Bieber aparecesse na minha frente, nu, me prometendo horrores, eu não ia permitir que o Harry viesse trocar meia palavra comigo. Você sabe muito bem o quão covarde ele foi. Com toda certeza deve estar com a consciência pesada e quem sabe até querendo voltar...


- Ele tá namorando...


- Oi? - me sento na cama e em seguida fico de pé. Todos esses gestos realizados na velocidade da luz - E quem é a pobre coitada? - não posso esconder meu recalque disfarçado de curiosidade mórbida...


- É um homem, Niall – minha amiga hesita antes de continuar – Dizem que é um cara mais velho, aparentando uns 30 e tantos...


Não consigo conter minha indignação e dou um berro, desses de mocinhas em filme de terror prestes a serem assassinadas.


- O veado disse que descobriu que gosta de meninas...


- Bom, pelo jeito ele continua em dúvida...


- Eu to meio que sem ar, Rachel – de verdade o meu quarto parece que está girando ao meu redor – Depois a gente se fala.


- Ok. Mas o Harry não merece que você deixe sua autoestima embaixo do pé.


- Tá.


Desligo o celular puto, muito puto da vida. Se a minha raiva pudesse ser medida pela escala Richter alcançaria uma intensidade inimaginável de um terremoto. Não tô acreditando que o Harry está namorando um homem... Eu sabia que ele estava mentindo. Ordinário. Filho de uma puta.


Corro para a escrivaninha e abro o meu notebook com uma veracidade e impaciência tamanhas e vou xingando todos os palavrões que conheço até que ele se conectar.


Sim. Vou me vingar desse frizek metido a garanhão.


 


Batidas na porta


 


- Niall, querido, quero falar com você.


 


É minha mãe. Não tô em condições de conversar com ela nesse momento, mas minha opinião não vale um real sequer; dona Natalie já está invadindo o meu quarto. Não sei pra quê ela sempre bate na porta se não espera a minha resposta...


 


- Precisamos conversar querido.


 


-Tá - respondo entre os dentes sem me virar, permanecendo de frente para o meu note.


Um instante de silêncio. Detesto quando isso acontece. Tenho certeza que ela está sentada na minha cama, parada, olhando para mim, esperando que eu me vire para, então, começar mais um discurso.


Dessa vez vou resistir o máximo que puder. Não posso deixar passar essa oportunidade em que minha raiva alcançou um pico máximo e usá-la para acabar com o Harry nas redes sociais.


- Niall – o chamado de dona Natalie soa bastante ameaçador – Eu não tenho o dia todo para ficar esperando você acabar seja lá o que for nesse seu computador. Precisamos conversar agora.


Minha muralha cai. Meus exércitos batem em retirada. Me viro, mas me viro a contragosto e deixo isso claro no meu semblante.


Como eu disse, dona Natalie está sentada na cama, me encarando.


- O que a senhora quer? - deixo os meus ombros caírem – Já está tudo decidido e explicado, não? Depois de amanhã estamos indo para Nárnia...


- Deixa de ser sarcástico – ela cruza as pernas estilo Miranda, em “O diabo veste Prada” – Houve uma pequena mudança de planos.


- Mudança de planos? – me projeto para frente quase sem perceber – Como assim mudança de planos?


- Você vai para Laranjeiras antes de mim, querido.


- Co-mo   as-sim?


 


Em pensar que ainda faltam 234 dias para eu completar dezoito anos...


 


 



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Autor(a): nandocouto

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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    - A senhora tá falando sério? – pergunto um tanto incrédulo ao mesmo tempo em que retorno para o encosto da cadeira – Como é que eu vou chegar sozinho em um lugar onde não conheço ninguém? - Não seja dramático, Niall – realmente minha mãe com essas pernas cruzadas, ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • nandocouto Postado em 16/09/2016 - 15:55:27

    Gostando pessoal?


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