Fanfics Brasil - A pessoa certa na hora errada If I Could Fly - fan fic ONE DIRECTION

Fanfic: If I Could Fly - fan fic ONE DIRECTION | Tema: romance, yaoi, adolescência, jovens-adultos, amizade


Capítulo: A pessoa certa na hora errada

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- Amigo? Está tudo bem com você?


Ouço uma voz ao longe ao mesmo tempo em que uma mão pesa sobre o meu ombro esquerdo.


Destapo os olhos e volto a me deparar com os carros sobre a avenida passando como flechas disparadas habilmente, rumo a um destino certo, sem interrupções...


 


Um resquício de vertigem me assola. Volto a cerrar os olhos


 


- Amigo? Está tudo bem com você?


A tal voz novamente.


Não consigo identificá-la.


 


Ter pensamentos ansiosos sobre uma situação estressante é normal. Nem todo mundo que sofre de ataques de pânico tem transtorno do pânico.


Recordo as palavras que dona Natalie me dirigiu depois das minhas primeiras manifestações dramáticas e de rebeldia (incompreendidas) quando fui informado da virada de 180 graus que minha vida iria sofrer...


Todas as pessoas possuem altos e baixos em algum momento de suas vidas, por isso é importante estar preparado para enfrentar cada um desses momentos e tirar o máximo de cada um deles.


Ter ou não ter uma mãe psicóloga? Eis a questão.


Elas racionalizam tudo Não nos deixa dramatizar, padecer... E as tais fases do luto (a negação, a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação - essa última eu não sei se vou alcançar), onde ficam? Estou sofrendo uma perda irreparável e quero passear entre todas elas com escalas.


 


Sinto mãos envolverem meus braços com firmeza, me forçando a recuar alguns passos para dentro da calçada, como se eu estivesse prestes a sair correndo, sem destino, incontrolável...


- Você está bem perto da rua, sabia? Mais uns dois passos e pode acabar sendo atingido por um carro...


 


Pelo Criador, a pessoa não pode ter um ataque de pânico em paz?


 


Abro os olhos e viro a cabeça para o lado, na direção dessa voz misteriosa e me deparo com um jovem esquadrinhando sem qualquer cerimônia todo o meu rosto.


Mesmo com o seu semblante refletindo uma brandura genuína, não consigo deixar de me sentir incomodado. Semicerro os olhos na tentativa de encontrar algum traço familiar em sua fisionomia... Nada!


 


Olho para baixo. Não havia percebido que eu estava em pé, na beirada de um meio fio.


 


- A vida é muito bela para que a desperdicemos amigo.


 


Oi?


Imediatamente levanto a cabeça e encaro o meu interceptor demonstrando toda a indignação que acabou de tomar conta de mim.


- Você está achando que eu vou me atirar embaixo desses carros? - pergunto sem disfarçar o quão ofendido estou e em seguida baixo os olhos na direção dos meus braços enlaçados pelas mãos dele e retorno, com cara de poucos amigos, demonstrando com exagerada ênfase o meu desconforto.


Não recebo qualquer resposta. O carinha apenas afasta suas mãos enquanto seus lábios se movem, ensaiando um sorriso carregado de indulgência, o que me deixa ainda mais puto.


É impressão minha ou esse ser humano realmente não parece nem um pouco afetado com a minha reação?


 


- Não quer se sentar?  - ele pergunta.


 


Prendo o fôlego e solto o ar sem pressa e volto a olhar para a avenida.


Por que algumas pessoas precisam ser tão filantrópicas e simpáticas, merda?


Talvez dona Natalie esteja certa. Sou um egoísta...


Olho de soslaio para o individuo. Sou obrigado a reconhecer que o cara só está tentando me ajudar e eu estou retribuindo com dez pedras na mão... SACO!


- Desculpe – respondo, enfim, mas entre os dentes e me viro por completo na direção dele - Não se preocupe. Só estava pensativo, um pouco distante... – remato, dando de ombros.


Agora, de frente, percebo que temos a mesma altura, só não arrisco a mesma idade, mas ele não deve ter mais do que vinte e três.


Alguém grita o nome “Louis” e meu interceptor se vira imediatamente.


- Estamos atrasados cara - vocifera um rapaz a certa distância, na nossa direção.


            “Louis” (com aspas) acena com a palma da mão direita, sinalizando para o outro que o aguarde e se volta para mim logo em seguida.


            - Desculpe se te ofendi - ele inicia com um sorriso meio sem graça - Mas você me pareceu meio distraído...


            - É... Eu estava realmente pensando na vida...


            Até que esse Louis com aspas não é feio. Olhos azuis, cabelos castanhos claro meio aloirado e bem cortados, sobrancelhas perfeitas, nariz empinadinho... E lábios finos? Fazer o quê, ninguém é perfeito...


 


            - Vamos - ele aponta para o alto, atrás de mim.


Me viro e vejo o semáforo vermelho.


- Te ajudo a atravessar...


            - Como assim? - retorno e lanço minha pergunta carregada de descrença e sarcasmo – Você está brincando, né?


            “Louis" encolhe os ombros, claramente desconcertado, mas ainda assim não deixa de me encarar. Seus olhos azuisl irradia uma estabilidade surpreendente diante da saia justa em que o envolvi.


Um instante de silêncio recai sobre nós dois.           


- Louis – o chamado (mais um) do seu amigo nos faz “despertar” – Cara, estamos atrasados.


Dessa vez ele o ignora.


            - Creio que abusei do demérito de ser indelicado – recebo essa satisfação enquanto o vejo arquear as duas sobrancelhas, deixando escapar um sorriso meio tímido do canto dos lábios.


             Demérito de ser indelicado?


            Quem, nos dias de hoje, consegue ser tão cortês, se preocupando em usar o português de maneira exemplar, já que nesse nosso país verde e amarelo as pessoas não só falam cada vez pior a nossa língua, como se interessam cada vez menos em aprendê-la? Estou completamente desarmado.


            - Eu quem peço desculpas, por favor. É que estou um pouco ansioso, nervoso, ou qualquer outro adjetivo que termine em oso... - respondo revirando os olhos e certamente me arrependendo dessa manifestação digna de um colegial.


Detesto me comportar como um idiota, ainda mais na frente de um carinha da hora como esse que consegue unir na mesma frase um substantivo e um adjetivo com uma elegância ímpar...


            - Preciso ir então – “Louis” anuncia estendendo a mão direita que eu trato de apertar sem demora – Meu amigo está me esperando e daqui a pouco vai entrar em trabalho de parto... 


            Rimos da sua piada, mas ele sorri um sorriso contagiante, delicioso e que mais parece uma estrela brilhando bem forte no meio de uma tempestade...


            - Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.


            - Como? – questiono sem pestanejar diante dessa inusitada declamação ao mesmo tempo em que nossas mãos se soltam.


            - Gabriel Garcia Marquez - ele responde sem afetação – Um dos meus escritores favoritos.


            Gabriel Garcia Marquez? Pelo Criador. Onde esse ser humano estava escondido todo esse tempo? Além de ter um olhar sincero, um sorriso largo, sabe se expressar e tem um timing... Diferente do Harry, que só sabe falar de esportes e de coisas óbvias...


 


Peraí.


O que eu tô fazendo?


Esse Kouis com aspas há cinco minutos estava sugerindo que eu era um neurótico suicida...


Cérebro, coração (o senhor principalmente), vamos dar um tempo, ok? Não vou deixar vocês me jogarem dentro daquela espiral de carência me fazendo ver coisas aonde não existe, e o pior de tudo, alçando o prego do Harry a um patamar de referência.


 


            - Você está realmente bem? – “Louis” pergunta, rompendo o meu silêncio.


            - Estou sim... - não demoro a responder, me policiando a fim de evitar qualquer outra reação que me fará parecer um pateta – Obrigado pela sua gentileza e cavalheirismo. Está de parabéns...


            Onde eu estou com a cabeça? A minha carência deve ter alcançado níveis insustentáveis e alarmantes. Agora estou me expressando como uma donzela de algum desses romances de época estrelado pela insossa da Keira Knigtley.


            Me esforço para sustentar um semblante de paisagem.


            - Tudo bem então. Mas tenha cuidado – ele sugere enquanto recua dois passos para trás, sem tirar os olhos de cima de mim.


            Antes de “Louis” se virar e começar a caminhar na direção do tal rapaz que o está aguardando com cara de poucos amigos, o vejo por completo: desde o tênis branco até os cabelos curtos e lisos e o corpo escultural, sem exageros, sendo valorizados por peças de roupas levemente justas, deixando alguns músculos visíveis.


            - Pode apostar que vou ter...


Sussurro para mim mesmo, entre os dentes, extasiado, ao mesmo tempo em que fico admirando “Louis se afastar ao lado do seu acompanhante até começar a se perder no meio das pessoas que estão transitando pelo calçadão.


Uma estranha sensação de desespero me invade de repente. Sou tomado por um desejo arrebatador de segui-lo e perguntar se por algum acaso do destino não nos conhecemos, ou para me apresentar, dar o número do meu celular, o endereço do meu face, qualquer coisa que possa abrir um precedente para nos encontrarmos novamente.


Respiro fundo, bem fundo e fecho os olhos.


Preciso me conter.


O que esse “Louis”, com aspas, praticou foi tão somente uma boa ação me fazendo enxergar que a humanidade ainda tem salvação.


Ergo os meus olhos para a praia, para o horizonte que se desdobra à minha frente. A noite está começando cair e uma brisa suave toca minha pele. Fecho os olhos por alguns instantes e então os abro e avanço para a areia, me afastando do calçadão onde o movimento dos transeuntes começa a aumentar.


- Mas por que razão ele disse aquela frase do Gabriel Garcia Marquez sobre alguém poder ser apaixonar pelo nosso sorriso? E justo no momento em que eu sorri de volta para ele...


Meneio a cabeça não acreditando nos devaneios que estou permitindo que meu cérebro crie. 


Paro de caminhar quando chego bem próximo do mar, o suficiente para sentir suas águas tocando os meus pés, molhando as havaianas com as quais estou calçado.


- Não sei por que estou gastando essa energia... - pondero - Ele nem sequer olhou para trás enquanto se afastava... Provavelmente o carinha que o estava chamando é o seu namorado...


Não resisto à tentação e viro a cabeça para o lado onde os dois se perderam na multidão na expectativa de me surpreender com “Louis” voltando...


Sem sombra de dúvidas o maior alucinógeno que existe é a carência.


Me volto na direção do mar, cruzo os braços e ergo um pouco o queixo enquanto semicerro os olhos sentindo a água brincando em volta dos meus pés.


Meu cupido definitivamente tem problemas e dona Natalie vai me torrar o saco porque eu estou demorando.


 


*     *     *


 


Pronto. Banho tomado e cheirosinho. Vou zoar muito na minha festa de despedida. Tô merecendo.


Dou dois tapas no meu rosto e arqueio uma das sobrancelhas enquanto encaro meu reflexo no espelho do armário do meu quarto.


Até que não sou feio, poxa. Posso não me enquadrar no padrão Disney de qualidade dos príncipes encantados, mas sou um filezinho bem passado com esse meu rostinho triangular, sobrancelhas e pestanas claras e o meu cabelo loiro...


Atiro a toalha que está em volta da minha cintura sobre a cama e passeio bem devagar os olhos sobre o meu corpo...


Meu biótipo pode até ser magro, mas graças à natação, à academia e ao judô tenho uma silhueta timidamente definida, com nada fora do lugar... E o Harry jogou tudo isso fora pra mergulhar no corpo humano de um balzaquiano, que por mais inteiraço que possa ser, duvido que já não tenha algumas (muitas) gordurinhas aparecendo na barriga e pés de galinha ciscando ao redor dos olhos.


Apanho o meu roupão preto dentro do armário e o visto como se estivesse colocando um fraque, sem pressa e com prazer, e com ele aberto dou um giro em torno de mim mesmo, assim como Madonna fez em uma cena do filme Evita ao experimentar vários casacos de pele.


Apesar de fazer parte de uma geração que idolatra Beyoncé, Jennifer Lopez, Rihanna, Taylor Swift e Miley Cyrus (alias, por onde anda a Hannah Montana, hein?), AMO MADONNA!


Sim. Não me critiquem. Assim como também sou apaixonado pelos anos 80, as séries, as músicas (ainda vou tomar coragem pra ir a uma festa ploc)... Prince, Boy George, Michael Jackson...


E o ABBA!


Pelo amor do Criador!


Dou outro giro em torno de mim mesmo e canto um trecho da música “Dancing Queen” com direito à coreografia igual (ou quase) do filme Mamma Mia.


 


You can Dance


You can jive


Having the time of your life


See that girl


Watch that scene


Digging the Dancing Queen


 


Batidas na porta (que está trancada, lógico).


Um Oscar para quem adivinhar a pessoa que está do outro lado girando a maçaneta como um serial killer disposto a invadir o quarto do protagonista de um filme de suspense.


     


      - Niall, querido, a Rachel já chegou aqui e está te aguardando.


 


      Grito que já vou.


 


      - Tudo bem, mas não se esqueça de que você não está indo para um casamento...


 


      Reviro os olhos e conto até dez e deixo os ombros caírem.


      Por que meus pais não tiveram mais um filho?


 


            Chego à sala e encontro Rachel e minha mãe sentadas no sofá conversando tranquilamente entre caixas espalhadas pelo chão. Minha amiga está segurando um copo com água, pela metade, na mão direita; dona Natalie acha imperdoável qualquer visita, por mais rápida que possa ser não aceitar, sequer, uma bebida. O H2O, no caso, é sua tentativa (imposição) final de cordialidade às pessoas quando não aceitam nada do que ela possa ter oferecido.


            - Vamos? – lanço a pergunta para Rachel enquanto caminho até a parte detrás do encosto do sofá, onde paro, rígido, com as mãos entrelaçadas às costas, parecendo um daqueles guardas da realeza britânica. 


            - Você está lindo, querido, com essa blusa social xadrez, esse colete cinza chumbo e essa calça jeans com lavagem básica - minha mãe elogia após virar o pescoço na minha direção, me examinando.


            É assim que dona Natalie tece os seus elogios. Os adjetivos nunca vêm sozinhos. Estão sempre acompanhados da descrição das peças dos vestuários que estamos usando.


– Espero que se divirtam bastante – ela volta a encarar Rachel que lhe responde com um sorriso daqueles que nove entre cada dez dentistas desejam para os seus pacientes.   


            - Iremos, com toda certeza, apesar de ser uma festa de despedida para mim, afinal depois de amanhã estarei sendo deportado para um lugar tão, tão distante – respondo, arqueando uma das sobrancelhas e sorrindo ao melhor estilo Coringa enquanto minha amiga me fuzila com os olhos.


      - Acho melhor irmos... - Rachel sugere, se levantando, ao mesmo tempo em que coloca o copo que segurava sobre a mesinha de centro.


Minha mãe também se levanta.


            - Então à meia noite o Príncipe Encantado estará em casa, não é mesmo? – dona Natalie me devolve o sorriso irônico.


            - Como assim? - não titubeio em questionar enquanto jogo minhas mãos para o alto – Pelo Criador, mãe, assim a senhora quebra a corrente.


      - Não estou quebrando corrente alguma, Niall James...


            Sim. Sim. Eu tenho um nome composto, como todo personagem de novela mexicana. Eu não sei onde meus pais estavam com a cabeça, na verdade não sei onde meu pai estava com a cabeça ao aceitar essa combinação medonha e me registrar sabendo que eu carregaria essa cruz para o resto da minha vida.


            Depois de uma boa argumentação de Rachel, dona Natalie aborta a ideia da missão Cinderela e me deixa retornar para casa após as duas da madrugada, com a promessa/condição de que eu ligarei para ela quando estiver saindo.


 


            - Qual é o teu problema? – Rachel pergunta, me fuzilando, já dentro do elevador, depois de nos despedirmos com um aceno de “até logo” para minha mãe, que estava parada à porta do apartamento.


            - Preciso expressar toda minha insatisfação. A própria dona Natalie me incentivou a isso.


            - Ok. Mas da próxima vez que decidir dar uma de Che Guevara tente não fazê-lo momentos antes de ir a uma festa.


      Encosto na parede.


            - Já te falei sobre a desconfiança que tenho de que meus pais e eu nos encontramos na época da Inquisição...


            - Sim – Rachel responde revirando os olhos - Essa e todas as outras nas quais você foi um tirano e seus pais suas vítimas indefesas.


            Amo minha amiga, ainda mais com essa sua personalidade forte, sempre dominando as situações que acontecem em torno de si, não precisando da validação de ninguém para ser quem é e algumas das vezes passando a impressão de ser rude, mas é apenas uma impressão, de verdade, por trás dessa casca de mulher maravilha, quem tem a chance de conhecê-la, vai se encantar com seu caráter, sua disponibilidade, lealdade...


            Tenho muito orgulho de ser uma das seletas pessoas que tem acesso ao seu universo particular. Já se vão oito anos desde que nos conhecemos quando os pais dela se mudaram para esse condomínio, e de lá para cá nunca mais nos separamos, alcançando o patamar raro das amizades onde um conhece o outro o suficiente para saber quando uma coisa não vai bem, mesmo sem nada ser dito.


           


            Descemos no hall e o atravessamos a passos largos.


            - Onde é o incêndio? – pergunto enquanto sigo Rachel, que mesmo com seus 1,68m consegue ser tão veloz como uma lebre.


            - Se o senhor não tivesse demorado tanto para se arrumar, já estaríamos na casa do Zayn..


            Não respondo nada, apenas aproveito a posição de estar às suas costas para lhe fazer uma careta; o porteiro é testemunha da minha reação um tanto peculiar, mas se mantém na dele depois que lhe entrego um sorriso forçadamente simpático.


            Sinto o meu celular vibrar no bolso da calça jeans. Dona Natalie não é tão rápida assim. Tenho quase certeza de quem está tentando falar comigo...


            Dou mais alguns passos e então sucumbo à curiosidade: no visor o número do telefone do Harry.


            Estaco.


            Rachel, já um pouco afastada, se vira e me vê inerte olhando para o aparelho.


            - Está tudo bem? – ela pergunta enquanto vai se aproximando até parar à minha frente...


            - É o Harry – comunico um tanto claudicante – Não sei se quero atendê-lo.


            - Então não atenda – Rachel devolve sem titubear, girando nos calcanhares.


            - Ele tá insistindo.


            Ela se volta e praticamente toma o celular da minha mão, quase o derrubando no chão e eu não tenho tempo de impedi-la de fazer o que vai fazer.


            - O que você quer Harry?


            Eu encaro Rachel, possesso, e ela me ignora completamente.


            - Jura que ele postou isso?... Não... Não sabia... Mesmo?... Como pode ter certeza de que foi o Niall?


            Minha amiga é a personificação do cinismo. Tenho certeza de que o Harry está lhe perguntando sobre a minha postagem no Whisper.


            - Ele foi ofensivo?... Jogou sua masculinidade no ralo?... Bom, se você tá dizendo isso, quem sou eu pra contestar...


            Faço sinal para que ela desligue o telefone, mas Rachel dá de ombros e continua.


            - Harry, você já ouviu falar no Cazuza?... Isso... Um cantor... Então, segundo ele, e eu concordo, veado é aquele animal que salta pelas florestas e bicha é aquilo que dá na barriga das pessoas que comem merda...


Eu vou matar a Rachel e demonstro isso com o meu semblante totalmente transtornado. Ela está colocando fogo em uma fogueira que já está praticamente em cinzas...


            - Ah, vai se fuder você Harry. Quer saber de uma coisa? Se realmente o Niall escreveu isso não mentiu, não é?... E quer saber do que mais? Ele já arranjou um namorado.


            Ela desliga o celular e me devolve como se nada tivesse acontecido.


            Sinto o ar me faltar.


            - Qual é o seu problema? – pergunto resfolegante – Com certeza o infeliz agora vai aparecer na casa do Zayn querendo tomar satisfações... E que passo é esse de que arranjei um namorado?


            - Para Niall com esse ataque de viadagem, pelo amor de Deus. Se componha. O Harry não foi convidado.


            Rachel volta a caminhar tomando a direção da saída do condomínio.


            - Não te entendo. Você mesmo me disse que queria ver a cara do seu ex antes de ir embora...


            - Não tenho mais certeza disso...


            - Pensasse antes de postar aquela merda toda, meu amigo.


            - Eu acho que não vou mais nessa festa...


            Rachel para e demora uns instantes até se virar para mim.


            - Deixa de ser cretino e infantil...


            - Ótimo. Todos tiraram o dia para me chamar de imaturo...


            - É o que você está sendo – ela coloca as mãos na cintura – Eu te disse para ser superior ao Harry, mas o que você fez? - ela me encara, incisiva.


            - Agi por impulso – respondo cabisbaixo.


            - Nem pense em faltar na festa que todos os seus amigos se esforçaram para que ela acontecesse porque te consideram pra caralho. Não imagina as negociações do Zayn para conseguir tirar os pais dele de casa, então não é justo que paguemos o pato só porque o senhor vacilou.


            Percorremos o trajeto que resta até a saída do condomínio em total silêncio, onde, ao chegar, nos deparamos com um táxi à nossa espera, como dona Natalie havia prometido.


            Rachel estaca ao lado da porta traseira do carro esperando que eu a abra.


            - Acordei hoje com síndrome de donzela da idade média - ela comunica piscando um dos olhos.


            Deixo os ombros caírem e junto os lábios, jogando um beijo silencioso e carregado de deboche em sua direção. Ela sorri, meneando a cabeça para depois apertar minhas bochechas como se fossem as de um bebê recém-nascido.


- Uma pena você ser gay, Niall - Rachel lamenta em tom de galhofa -Acredito que daríamos um ótimo casal, sabia?


            - Deixa pra próxima encarnação, madame - respondo, endireitando os ombros e simulando um arrepio para logo em seguida dobrar um pouco do corpo para frente e esticar o braço direito na mesma direção, fazendo uma mesura, como um cavalheiro medieval oferecendo passagem à uma dama da corte __ Por favor, senhorita __ remato a reverência com uma inclinação sutil de cabeça e um semblante representando com esmerada perfeição o modo blasé de um aristocrata completamente entediado – Nossa carruagem nos espera.


            Rachel agradece cínica e se joga sobre o estofado do táxi.


            Fecho a porta e sorrio despretensiosamente enquanto dou a volta para alcançar o outro lado do automóvel, nesse instante, sem nem mais por que, me vem à mente a frase proferida por “Louis”: Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso, e então me sinto novamente invadido pela sensação vazia de que algo especial deveria ter acontecido... 


 


 


 


 


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Olá meus amigos. E aí? Estão curtindo? Gostaria de saber a opinião de vocês.  


Brigaduuu



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Autor(a): nandocouto

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

    Vinte minutos se passaram desde que eu e a Rachel entramos no táxi e ainda não conseguimos sair das redondezas do nosso condomínio. Segundo o motorista, um senhor de meia idade bastante simpático, quando ele percorreu o caminho inverso do que estamos fazendo para vir nos buscar, não havia nenhum acidente ou blitz ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • nandocouto Postado em 16/09/2016 - 15:55:27

    Gostando pessoal?


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