Fanfic: C'est La Vie | Tema: Digimon
C’est La Vie
Nada se perde... Tudo se transforma
By Misako Ishida
Dez meses. Era incrível como ela crescia tão rápido. Tinha começado a engatinhar havia pouco tempo e já estava se levando apoiada nos móveis, como se quisesse logo sair correndo por ai.
Se houvesse um som típico para descrever a felicidade, esse som para Sora seria o riso de sua filha. Era tão gostoso escutá-la, era tão encantadoramente fofo. Ela era a coisa mais linda que existia.
Para a ruiva a maior decisão de sua vida tinha sido a mais perfeita escolha. Não poderia jamais se arrepender. Sua vida tinha sido virada do avesso, mas sentia que era como deveria estar. Tinha comprado um novo apartamento, morava com sua filha e possuía sua própria boutique.
Ela e Mimi eram sósias. Sora era a estilista e Mimi era quem cuidava da loja. Era perfeito. Era um trabalho que gostava e que lhe dava tempo para acompanhar sua pequena crescendo.
- Nana-chan, hora de comer! – disse a mulher animada com o bebê nos braços. Colocou a menina na cadeira quando a campainha tocou. – Quem será? – murmurou a ruiva em dúvida.
Foi em direção à porta e quando a abriu viu um homem diante dela. Ele era bem alto, possuía olhos azuis, cabelos dourados e uma expressão triste.
- Olá. – disse o homem educadamente. – Estou procurando pela Yagami Hikari.
Sora ficou ali parada, o encarando sem reação. Após um desconfortável momento, escutou a reclamação de Natsuko e voltou à realidade.
- Desculpa. – disse sacudindo a cabeça e abaixando-a. Respirou fundo e olho novamente para o louro. Ele estava esperando por algo, talvez uma confirmação. – Entre, por favor.
XxXxX
O rapaz estava sentado à mesa, com a cabeça entre as mãos e uma expressão de frustração tomando conta de sua face.
- Eu... Eu não... Não sei como pude. – tentava falar. Deixou as mãos caírem sobre a mesa e olhou para a ruiva. – Depois do acidente eu apenas me desliguei completamente do mundo. Não podia acreditar que havia perdido minha mãe e meu irmão daquela forma. – disse com a voz embargada. – E agora, eu descubro que ela...
Ele não continuou a frase. Apenas encostou-se na cadeira com o olhar vazio. – Eu deveria estar presente. Eu deveria estar ao lado dela. Talvez se eu não tivesse...
Sora olhava para o homem a sua frente e via o quanto ele estava sofrendo. Yamato Ishida voara da França até o Japão para encontrar a namorada de seu falecido irmão. A notícia o pegou completamente desprevenido. Ninguém espera que uma jovem de dezoito anos morra.
Porque a vida deveria ser vivida. Morrer tão cedo parece algo tão desrespeitoso, algo tão cruel. Havia uma vida inteira pela frente. Uma vida cheia de sonhos, metas e momentos. Momentos tristes e felizes. E tudo era tão friamente arrancado da pessoa.
O mundo podia ser cruel. Mas a morte era pior. Era impiedosa. Quando ela escolhia suas vítimas, não pensava em tudo o que elas ainda poderiam viver.
- Eu realmente sinto muito pela sua perda. – a ruiva estava parada, sem saber o que fazer. E, novamente, fora Natsuko que quebrara o momento embaraçoso. – Gomen, gomen. Você está com fome, né? – a ruiva falava docemente com a neném.
Yamato aos poucos voltou sua atenção para as duas. Sora tinha toda sua atenção na criança. Na linda criança. Com olhos azuis. Fios castanhos. Bochechas rosadas. Boca pequena. Mãozinhas inquietas. Um verdadeiro anjo. Um anjo que fora criado com uma parte de seu pequeno irmão. Que também havia sido um anjo em sua vida. E a outra parte era de outro anjo, um anjo carregado de luz.
Era difícil acreditar que Hikari não estava mais ali. E nem o seu irmão. Mas ao mesmo tempo sentia que parte deles estava vivo. Porque realmente estava. Na sua frente havia um bebê. Que em tudo lhe fazia lembrar o doce sorriso de sua cunhada e o olhar inocente de seu irmão.
- Ela tem os mesmos olhos do meu irmão. E o sorriso da Hikari. – comentou de forma nostálgica.
Sora sorriu e acenou com a cabeça. – Nana-chan me deu forças para seguir em frente. Ela é a minha motivação.
- Nana. É esse o nome dela? – perguntou Yamato.
- Natsuko.
Ao perceber que o louro ficara mudo, Sora voltou sua atenção para ele. Percebeu como seus olhos estavam vermelhos.
- Era o nome da minha mãe. – respondeu com dificuldade quando notou os olhos de Sora sobre si.
- Eu não sabia. Foi o nome que Hika-chan escolheu. – explicou.
- Elas eram bem próximas. Se davam muito bem. Para minha mãe, a Hikari era como a filha que ela não teve. Fazia de tudo por ela. Okaasan ia ficar muito feliz.
Sora se levantou e tirou a menina da cadeira. Foi em direção dele. – Você quer segurá-la?
- Eu posso? – perguntou inseguro e ansioso enquanto se levantava lentamente.
- Pegue-a.
Yamato tomou a menina nos braços e seu coração disparou. – Não sei muito bem como segurar crianças. – retrucou enquanto sorria de forma boba olhando para a sobrinha.
- Você está indo bem.
Natsuko olhava com curiosidade para ele e então sorriu. Começou a balbuciar alegremente e a mexer nas roupas de seu tio.
- Ela gostou de você. – avisou Sora sorrindo.
- Ela é linda.
- Sim, ela é. – concordou a ruiva.
Yamato estava encantado. Como era possível que de repente todas as suas tristezas estivessem esquecidas e que seu mundo parecia colorido e quente novamente? Definitivamente, aquela criança em seus braços era um anjo. Carregado de luz e transbordando esperanças.
Assim como seus irmãos. Sentia como a emoção tomava conta de todo seu corpo. Trouxe a menina mais junto de si, de forma que pudesse sentir o calor do pequeno corpinho e a envolveu num frágil e ao mesmo tempo tão poderoso abraço.
Nana-chan era sua única família agora. Era um presente. Uma dádiva. E não queria perdê-la também.
Sora observava a cena e uma lágrima teimosa escapou pelo canto de seu olho. Podia imaginar o que se passava com ele. Também havia passado por aquilo. Perdera alguém que amava e jamais poderia tê-la novamente em sua vida. Mas ali estava parte da vida de Hikari. Na forma mais pura e concreta que pode existir.
- Eu queria perguntar uma coisa. – começou o rapaz. – Nana-chan é minha sobrinha. Ela é a filha do meu irmão mais novo. Eu não estive aqui quando a Hikari mais precisou de ajuda e estou aparecendo muito tempo depois. Mas, mesmo assim, eu queria fazer parte disso tudo. Eu... Eu quero estar presente na vida dela. Quero poder cuidar e amá-la. Não sei se estou pedindo demais. Só que ela é minha família também.
A ruiva se aproximou em silêncio e ficou olhando para a menina.
- Você é o tio dela e ela tem seu sangue. É claro que você precisa fazer parte da vida dela. Ela precisa da família dela. Ela precisa de você. Na vida dela, cuidando dela e a amando.
- Obrigado. – agradeceu o louro.
- Obrigado por estar aqui. A porta dessa casa sempre estará aberta para você.
Yamato sorriu em forma de agradecimento e logo voltou sua atenção para a pequena em seus braços. Tudo estava diferente, aquilo não era o esperado, tudo aquilo não foi o que planejaram para suas vidas. Mas tudo se transforma. E naquele instante, sua vida vazia e solitária parecia estar sendo preenchida com amor. O sorriso que há muito havia o abandonado, aparecia facilmente em seu rosto. Tudo se transformara.
CONTINUA...
Autor(a): Misako Ishida
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