Fanfic: Só com o olhar (Terminada)

Nascida em uma família de cinco irmãos, Anahí
aprendeu que precisava dar duro para ter algum mérito. Começou a carreira como
detetive particular cuidando da correspondência, nas férias de verão do
ginásio, progredindo em cada departamento. Hoje, conhecia tudo do Grupo Portilla
- a firma de investigação mais ilustre do Sul. Apesar de haver sentado na cadeira do tio por mais de uma vez, em geral por
contratempos do tio, a cadeira ainda pertencia a ele. Pelo menos, até se aposentar.

Esse pensamento a fez esquecer do vizinho
monumental, com cabelo de ébano e ombros incríveis. Anahí amava ombros.
Especialmente os largos, convidativos para repousar o rosto ali.

Sacudiu a cabeça.

-
Ele tem um bumbum ótimo - declarou Dulce. Anahí mordeu o lábio. Dulce, melhor amiga
e contadora-chefe do Grupo Portilla, fora uma
autêntica
namoradeira antes de o tio contratar Christopher Uckerman para chefiar a equipe
técnica. Em poucos meses depois, Dulce e Christopher engataram um romance. A
amiga traba­lhou rápido e, quem sabe, seria para sempre.

-
Não creio que Christopher apreciasse vê-la avaliando o bumbum de outro homem -
disse Anahí.

-
Christopher tem um bumbum perfeito. O do vizinho é só ótimo.

-
Perfeito, hein? - Anahí espiou o porta-malas agora vazio do carro de Dulce e concluiu
que um inter­valo curto seria bom. Talvez, conversar sobre o bum­bum de Christopher
a distraísse do fato de que acabara de transportar todo o conteúdo de uma vida
inteira em cinco caixas e uma bolsa a tiracolo.

-
Oh, sim - confirmou Dulce. - Christopher costumava jogar beisebol. E esses
jogadores têm os melhores bumbuns. Nunca reparou?

O olhar de Anahí divagou até a janela do vizinho.
Pensou ter visto a persiana se mexer, mas desconsi­derou. Mesmo se o vizinho
andasse espionando, era mais do que natural que estivesse olhando para Dulce.

Embora fossem parecidas, Dulce possuía no olhar uma vibração
que cativava a atenção masculina assim que os mirava nos olhos.

Anahí, por outro lado, não tinha tempo para ho­mens
e romantismos. Desperdiçara-os em um casamento ruim.

-
Obviamente não - debochou Dulce.

-
Hein?

-
Esquece. Você devia investigar o sujeito.

Dulce repousou as pernas cansadas.

-
Estou aqui para investigar Christian Chavez, e é o que planejo fazer.

-
Vinte e quatro por dia? O cara não fica em casa o tempo todo. E se a conheço
bem, você designou uma segunda equipe para segui-lo quando sair de casa.

Anahí organizou a operação com o máximo de efi­ciência.
Designar mais de um agente para vigiar Christian Chavez noite e dia saiu caro,
mas seriam ressarcidos caso obtivessem as provas necessárias.

Há apenas um mês, Christian Chavez ganhou
um processo judicial escandaloso contra o Departamento de Polícia de Tampa.
Alegou estar irremediavelmen­te lesionado após ter sido derrubado por um
policial que perseguia um ladrão a pé. Christian recebeu mais de dois milhões
de dólares em indenizações pelos da­nos no tecido nervoso do pescoço e da espinha.
Devi­do à queixa pública de Christian, a polícia de Tampa fi­cou desacreditada
e acusada de negligência em suas atuações.

Uma entrevista subsequente com o responsável pelo seguro do
departamento policial instigou Anahí a
descobrir uma nova empreitada. O porta-voz da se­guradora First Mutual lamentou
o dilúvio
de queixas falsas que infestavam a firma. A companhia manti­nha seus próprios
investigadores contra fraudes tra­balhando intensamente, mas os reclamantes
cada vez mais ludibriavam médicos e jurados.

Anahí leu no comentário uma clara
implicação de que as companhias seguradoras estavam sendo so­brepujadas. Fez
algumas sondagens e descobriu que a First Mutual procurava uma firma de
investigação particular que cobrisse a retaguarda, ajudando os fun­cionários da
casa. Imediatamente, Anahí convenceu seu tio Mick a apresentar um plano de
ação, que fi­zesse a diferença.

Pegar Christian não só a ajudaria a
trazer um cliente importantíssimo para a firma, como também provaria ao tio que
ela, e não seu irmão Patrick, merecia diri­gir o grupo.

-
Se seguirem o cronograma, Christian Chavez não vai coçar o nariz sem que alguém
do Grupo Portilla tome nota. Na rua, Jase e Tim cuidam dele. Quando estiver em
casa, cuido eu.

-
Chávez não é do tipo caseiro. O que vai fazer com todas as horas vagas nesse
meio tempo?

-
Acho que vou colocar a leitura em dia.

-
Romance erótico de espionagem?

-
Relatórios de casos - respondeu Anahí.

-
Cha-to. - Dulce cantou as sílabas.

-
Pode ser, mas um romance erótico de espiona­gem não vai ajudar a conseguir o
que quero.

- Talvez não, porém definitivamente vai
apontar a direção do que precisa.

-
Não comece com "você precisa de um homem" de novo. Eu tive um homem.
E um casamento, um di­vórcio. Até "apreciei" o talento de outra
mulher... ou outras - disse Anahí, tentando injetar humor na rea­lidade que ainda
incomodava. - Hoje, tudo o que quero é uma empresa para chamar de minha.

comentem garotas, quero saber se gostarem.

devo ou não continua?