Fanfic: Só com o olhar (Terminada)

- Tenho certeza de que posso achar outras coisas
para devorar - disse Poncho baixinho, mas julgando pelo olhar
pasmado de Chávez e pelo rubor de Anahí, que ambos escutaram. - Haverá
guarnições?

- Sim, salada de batata e feijões da delicatessen.
O tempo foi um pouco limitado. Fiz uma sobremesa também. Espero que ninguém
seja alérgico a choco­late. Bom, os dois irão?

- Nunca recuso
comida grátis, principalmente um bom churrasco. Vou ligar para Donna agora
mes­mo, antes que saia do trabalho.

- Chávez, pode usar meu telefone - ofereceu Poncho,
gesticulando na direção da televisão. - Estamos empatados e Martinez é o
próximo a entrar em campo.

Christian
mancou até a porta da frente.

- Obrigado, companheiro, mas não memorizei o número
de Donna ainda, e tenho coisas a fazer. - Agarrou o pacote na estante perto da
porta. - Foi um prazer conhecê-la, Srta. Portilla.

- Por favor, me chame de Anahí, Somos vizi­nhos,
certo, Chávez?

O sorriso dele
saiu meio forçado, despertando a ar­gúcia de Poncho. Percebeu
uma desconfiança sutil no que ouviu. Algo em Anahí deixava-o ligeiramente
nervoso. A reação começou quando escutou o nome Portilla.

Chávez saiu,
fechando a porta. Poncho o veria interagir com Anahí esta noite.

- Ele é interessante - comentou Anahí, quando Chávez
saiu.

- Você não sabe nem a metade. De fato, nem eu sei. Chávez
e eu não nos conhecemos há muito.

- Há quanto tempo você mora aqui?

- Duas semanas. Mas Chávez é bem do tipo solitá­rio.
Fiquei surpreso que aceitasse o seu convite.

Anahí reclinou
o ombro no batente entre a cozinha e a sala, tentando contemplar a geladeira e
desejando que pudessem repetir o jogo sensual da noite passada.

- Ficou desapontado?

- Você ficou?

Anahí observou Poncho
examinar o seu corpo dos tornozelos até os olhos.
Escolheu a roupa caprichosa­mente, sabendo que um pouco de atração sexual po­deria
fazer um homem concordar mais do que tencio­nava. Contudo, enquanto Poncho
lograva ser um espe­cialista em ocultar as razões para vigiar Christian, não
conseguia disfarçar um tostão furado do desejo por ela.

- Ah, tenho umas coisas que pertencem a você - Poncho
puxou um saco plástico.

Anahí olhou lá dentro. Dois estojos de fita de ví­deo, mas nenhum sinal da roupa de
baixo.

- Está faltando uma coisa.

- Sério?

Ou não estava tentando para valer, ou Poncho não era muito bom em fingir
inocência.

- Oh, sim. Achei uma adorável calcinha na cozi­nha
essa manhã. Ou, mais especificamente, meu gato achou. Por sorte, ele teve a
fineza de devolvê-la.

- Que gentil da parte dele!

- Mas poderia tirá-la de você outra vez.

- Isso pode ser providenciado. - Estendeu a mão,
com a palma virada para cima. Anahí não podia importar-se menos com a calcinha,
mas torceu para que a houvesse guardado lá em cima. Precisava de uma desculpa
para induzi-lo ao quarto.

Planejou
confrontar Poncho quanto ao voyeurismo da madrugada e preferiu usar o telescópio falso como suporte. Atraída como estava, por mais que o coração
fremisse, Anahí precisava saber por que ele espionava Christian. Se
trabalhavam por motivos coincidentes - talvez Poncho
investigasse Chávez para uma agência rival - Anahí teria de parar de gostar
dele mais do que já gostava.

Poncho
gesticulou na direção da escada, um convite claro. Anahí largou os
vídeos no sofá e correu pelos degraus, cautelosa em esconder o sorriso
vitorioso. Caminhou até o quarto, parando bruscamente quando, de imediato, viu
a calcinha mesmo antes de entrar.

Rosa-chá, hasteada na lente do telescópio, armado bem no centro do quarto.
Assim, não teve como não vê-la. Ou o telescópio. Como se... ele soubesse.

comentem muito!!!