Fanfic: Só com o olhar (Terminada)

- O que eu não entendo é por que Christian fugiu.

Anahí enunciou
a pergunta pela centésima vez em menos de dois dias, tentando mudar o
clima da noite com Poncho antes de chegarem ao quarto.

- O que aconteceu para fazer Chávez partir assim?

- Se Chávez sabia que o observávamos só precisava
de tempo para se organizar antes de fugir. Mas que eu saiba, Chávez não fez
nada para preparar a fuga, a não ser mentir para Donna e deixar os retratos em
um en­velope, e tudo isso foi coisa de última hora, que pode­ria pôr em prática
em dez minutos.

- Estávamos distraídos demais.

- Distraídos? Nós dois o vigiávamos, quando não
estávamos... você sabe...

Não precisavam falar para expressar a emoção que nenhum dos dois estava
disposto a admitir em voz alta. Estavam apaixonados. E Anahí ainda estava dis­posta
a desistir de tudo por um emprego estúpido no qual trabalhara por toda a vida.

- Mas fizemos "você sabe" uma noite antes
de ele fugir - gracejou Poncho. - Se estivéssemos vi­giando Chávez em vez
disso, talvez sua noite ardente com Donna poderia ter nos fornecido alguma
prova.

- Que noite ardente? Agiram como se mal conhe­cessem
um ao outro quando estiveram na minha casa.

- O churrasco foi um afrodisíaco para todos os
envolvidos. Donna não disse isso, mas me deu a im­pressão de que todos foram
beneficiados.

- Quer dizer que Chávez e Donna estavam fazendo
travessuras ao mesmo tempo que nós dois?

- Provavelmente durante o seu show no
chuveiro. Mesmo atravessando a rua correndo, notei que os carros deles haviam
sumido. Pode ter sido rápido, mas Donna aparentava estar mais do que
satisfeita.

Anahí não conseguia falar. Acreditava que Chávez fugira porque sabia que fora
flagrado no ato - no ato de fazer amor... Precisava averiguar.

- Preciso ligar para Dulce.

- Dulce?

- Creio que sei por que Chávez fugiu. E acho que te­nho
provas. Provas lícitas que poderemos usar.

Como previsto, A
Princesa das Estrelas aportou justo depois do entardecer. Embora nenhum dos
dois houvesse tido mais do que uma hora de sono desde a descoberta de Anahí,
esperaram além da plataforma. Não havia ninguém por perto,
salvo as aves madruga­doras. Podia ter acertado quanto a Christian enganar a
polícia, mas nunca imaginara que o sujeito nutrisse tamanho gosto por sexo
contorcionista.

Depois de
cuidar para que Dulce fosse até a casa de Anahí e rodasse
a fita, enquanto os dois assistiam através de uma conexão da internet e uma
câmera de vídeo, só restava-lhes a questão de encontrar Christian.

Embora nem Anahí
ou Poncho precisassem confron­tá-lo para solucionar o
caso. Queriam uma última chance de conversar com Chávez. Poncho não podia fazer
uma prisão. Ele se fora. Tinha o dinheiro. Nem ela, nem o chefe de polícia e
nem o prefeito queriam lidar com as implicações relativas à polícia andar espio­nando
pelas janelas das pessoas, flagrando-as de cal­ças arriadas - mesmo se a
evidência fora obtida le­galmente.

Tiveram toda a
publicidade negativa que podiam engolir, embora a chefe o elogiasse por montar
uma câmera de vídeo perfeitamente legal. Embora Poncho
não tenha dado pistas de não ser inteiramente respon­sável pelo truque, Mendez
ordenou a Poncho que pre­parasse um relatório e tomasse providências para sair
da casa alugada e voltar ao trabalho.

Anahí também possuía a evidência que necessita­va para mostrar à companhia de
seguros que era ca­paz de dar conta das suspeitas de fraudes, mas pediu que Dulce
continuasse muda quanto à descoberta, até juntar as últimas peças da história.
E, sem uma incri­minação proveniente da polícia, não tinha razões para arrastar
Chávez de volta para casa. Anahí não apa­rentava estar tão feliz quanto Poncho
esperava.

- Não temos de fazer isso - comentou Poncho.

- Está tão curioso quanto eu - replicou ela.

- Sobre?

- Por que ele fez isso. Por que ficou por tanto
tempo e depois fugiu, certo de que o seguiríamos.

- Chávez é ganancioso. Arquitetou um golpe e ga­nhou.
Provavelmente gosta de se gabar.

- Não, há algo mais envolvido. Você leu o dossiê
dele. Christian sempre morou em um lugar tempo sufi­ciente para enrolar algum
trouxa. Nunca possuiu uma casa e nunca teve uma namorada que não estivesse
metida nas vigarices dele. Donna é uma pessoa meio esquisita, mas ainda
honesta. Acho que Chávez procura­va mudar de vida depois da gorda indenização
do processo contra a polícia. Mas algo o assustou.

- Ele sabia que estávamos vigiando.

- Não há como ter visto a câmera. Me pegar com os
binóculos é uma coisa, ou me seguir até o escritó­rio, mas estou lhe dizendo,
minha equipe técnica é boa demais para ser pega. Droga, grampearam a sua casa
toda e você nunca notou, Sr. Tira.

- Não me lembre disso.

- Por que não? Se não fossem as câmeras, talvez
nunca nos conhecêssemos.

- Nos conhecemos por causa da cesta que a sua amiga
plantou na minha varanda por engano.

- Já tinha decidido ter um caso com você, antes
mesmo que trouxesse a cesta até a minha casa.

- Oh, sério? Do que foi que você gostou tanto? Meus
músculos enxutos? Meu traseiro firme?

- Ah, sim. Tudo isso. Mas acho que foi o modo como
afagou seu gato. Uma garota descobre muito pelo jeito como um homem acaricia
seu mascote.

- Você é uma garota má, Anahí, sabia?

De repente
escutou alguém que falava atrás deles.

- E eu que pensava ser o malvado aqui. Christian -
quase irreconhecível de cabelos louros, lentes de contato azuis e camiseta.

- Você é só um verme mentiroso.

- Ah, rapaz, você me magoa. E eu que pensei que
estávamos indo bem pelo caminho da amizade.

- Pensou errado.

- Muito bem, Chávez. Queria que nós o seguísse­mos.
O que quer que saibamos? Que o golpe funcio­nou? Que vai voltar? Porque se acha
que será capaz um dia de retomar à antiga vida - disse Anahí, é me­lhor pensar
duas vezes.

galera parte final dessa web, por isso comentem muito.

post agora só com muitos comentários besos a todos