Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)

O que, afinal, teria dado em Alfonso Herrera para sair em
defesa de Amber Lee?

Tal atitude não se encaixava com a imagem que tinha dele
da época do tribunal. Estivera tão calmo, tão controlado... tão indiferente...

Tentou assegurar a si mesma que o recente comportamento
atípico daquele homem não significava nada. Além do que, mal o conhecia. Era
provável que apenas estivesse em busca de uma briga de bar, depois de ter se
embriagado.

Mas como explicar o trecho sublinhado de Lorde Byron? Tão
carregado de paixão e angústia. Era a última coisa que podia esperar que alguém
como Herrera lesse, quanto mais carregar consigo. "Os espinhos que colhi são da
árvore que plantei..."

Por que isso a incomodava tanto?

Por que se importava, afinal? Com certeza, existiria uma
explicação lógica tanto para a presença dele na cidade quanto para seu
comportamento estranho.

Qual, por exemplo?, perguntou-se, ainda inquieta.

Bem... talvez estivesse numa missão para o governo;
trabalhando sob disfarce, ou algo assim.

Em Mission? Carregando uma lanterna e um livro de Lorde
Byron? .

Ela não pôde evitar o esboço do sorriso que surgiu em
seus lábios.

"Certo, então, Anahí Puente. Diga logo. O que está insinuando?
Que ele começou a tal briga de bar porque queria perder, apesar da sua
habilidade?"

Anahí recostou-se no assento, um calafrio percorrendo seu
corpo, enquanto com relutância admitia que era exatamente o que pensava agora...
e desde o momento em que vira o desespero nos olhos de Alfonso. A constatação
era demasiado perturbadora, mas enquanto não se certificasse de que estava
enganada, não ficaria em paz com sua consciência se o deixasse ali sozinho,
jogado naquela cela.

. Não sabia o porquê. Havia tamanha confusão em sua mente...
o motivo da briga, o trecho da poesia evocando tanto sofrimento, o olhar de
desespero, a própria reação dela a tudo isso...

Refletindo por mais algum tempo, tentou se convencer a
deixar de ser tola, a pôr logo a caminhonete em movimento e partir. Mas enquanto
os minutos passavam, pareceu lhe importar cada vez menos o fato ter não ter uma
explicação lógica para o que ela estava prestes a fazer... apenas um sentimento
perturbador que não podia ignorar. Um sentimento puramente humanitário que
insistia que não podia partir dali deixando

Herrera para trás.

Com um profundo suspiro, desligou o motor, saiu de seu
veículo e caminhou vagarosamente de volta à delegacia. Entreabriu a porta
pesada e meteu a cabeça pelo vão:

- Eli?

Um tanto alarmado, o delegado desviou a atenção de uns
papéis em sua escrivaninha e olhou imediatamente em sua

direção.

- Algo errado, filha? Aquele monte de sucata se recusa a

pegar?

Anahí sacudiu a cabeça.

- Posso falar com você um minuto? Aqui fora? - A falta de
sensatez temporária não significava que havia ficado maluca de todo, pensou.
Era possível que Herrera ainda estivesse dormindo, mas se acordado, ela tinha a
forte impressão de que se oporia a idéia de vê-la se intrometendo em sua vida.
O melhor seria cuidar das formalidades legais primeiro... em particular.

Intrigado, Eli saiu de trás da escrivaninha e juntou-se a
Anahí em frente a delegacia, fechando a porta ao sair.

Embora fosse quase meio-dia, com temperatura em torno dos
trinta e cinco graus, ela estremeceu, cruzando os braços sobre o peito.
Escolheu as palavras com cuidado:

- Fiquei pensando e... Você está com a razão. Sem dúvida,
preciso de alguém para me ajudar na fazenda.

- Ora, claro que sim. Estou contente que, enfim, tenha se
dado conta disso. Bem, parece que o cunhado de Bryce Murray está procurando
serviço...

- Não - respondeu Anahí, categórica e fez um gesto que
indicava o interior da delegacia. - Estou querendo o seu prisioneiro.

comentem!!!