Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)
- O quê? A simples palavra soou tão vazia quanto era a
expressão de Alfonso, enquanto tentava encontrar espaço para suas pernas fortes
e compridas na cabine apertada da velha caminhonete. Era algo quase impossível,
uma vez que o banco estava ajustado para a estatura de Anahí, que embora de
estatura média era bem menor do que ele.
- Precisa colocar o cinto de segurança. - Aquele era o
único acessório novo da caminhonete, o qual ela fizera questão absoluta de
trocar por causa das crianças.
Alfonso recostou-se na porta da cabine, ignorando o
aviso. Devia estar com muita dor, notou Anahí. Ele emitia pequenos sons
contidos de agonia a cada vez que respirava; a perna esquerda o incomodava
bastante; fora angustiante vê-lo mancar até o veículo.
Apesar da dor, Herrera se encontrava num estado de
preocupante letargia. Fizera apenas um débil protesto quando Eli lhe explicara
que iria para a fazenda. No momento, Anahí pensara que ele simplesmente não se
importara em acompanhá-la. Mas agora começava a suspeitar de que havia uma
razão oculta por trás da aparente indiferença. Ele devia estar doente; seu
olhar vidrado, o rubor no rosto evidenciavam uma forte febre.
Lançando-lhe um olhar solidário, Anahí inclinou-se para
ajudá-lo a colocar o cinto de segurança. O movimento fez com que seu rosto lhe
tocasse o peito largo. Sob sua face, ela
sentiu-lhe os músculos do tórax enrijecendo no momento em
que seu seio pressionou-se ligeiramente à coxa dele, antes que conseguisse
encontrar a fivela do cinto no banco. Fingindo não lhe notar a respiração em
suspenso, Anahí endireitou-se, prendendo-lhe o cinto e depois se ajeitou detrás
do volante, afivelando também o seu.
- Pronto - disse, satisfeita em perceber que apenas um
ligeiro tremor em sua voz traía o quanto achava perturbador estar tão perto de Herrera.
Deu a partida. - Podemos ir.
Sentia os olhos verdes fixos nela, mas tratou de
ignorá-los. O silêncio prevaleceu enquanto deixavam o estacionamento, atrás da
prefeitura. Só depois de terem cruzado Mission e alcançado a rodovia, Herrera
falou algo:
- Está cometendo um grande erro, doçura. Desconcertada, Anahí
descobriu que o comentário quase espelhava sua própria opinião. Mas a intuição
a alertava de que seria desastroso deixá-lo pensar que podia intimidá-la.
Assim, apenas dirigiu-lhe um olhar frio.
- Não sou sua doçura - retrucou, a voz séria. - E duvido
que um homem que foi jogado bêbado na cadeia, após ter promovido uma enorme
baderna, esteja apto a dar conselhos aos outros.
O semblante de Alfonso endureceu, mas antes que pudesse
dar uma resposta, a caminhonete chegou a um trecho irregular da rodovia,
sacolejando um pouco. Ele levou as mãos às costelas, cerrou os dentes e
encolheu-se no assento sem conseguir reprimir um gemido.
Automaticamente, Anahí estendeu o braço para ampará-lo.
- Desculpe. - disse, com suavidade.
- Apenas dirija - Herrera esquivou-se, afastando-lhe a
mão. Recostou a cabeça no vidro da janela e acrescentou, antes de fechar os
olhos: - Estou bem.
Mas não era verdade, e Anahí sabia. Ao menos era um
imenso alívio não sentir mais a intensidade daqueles olhos verdes a
perscrutá-la. Notou parte da própria tensão se esvaindo e concentrou-se em seus
pensamentos.
Por que, afinal, estava tomando aquela atitude impulsiva?
Tinha todas as razões do mundo para odiar esse homem.
Aliás, chegara a odiá-lo, lembrou-se. Em seguida à morte
de Daniel, odiara a todos, o DEA, a polícia de Seattle, mas. especialmente, Alfonso
Herrera. Assim como sua gravidez fora progredindo, também o fora a amargura,
con"sumindo-a nos meses que sucederam o funeral do marido; até o dia em que
ouvira um breve trecho de uma conversa entre seus cunhados.
Fora várias semanas antes do julgamento do agente
federal. Grávida de oito meses, Anahí estivera sentada junto a uma janela da
biblioteca da mansão dos Portilla, quando Martin e John passaram em direção ao
escritório ao lado.
Absortos na conversa, não a notaram ali sentada.
- Pode dizer o que quiser... - declarava Martin, no tom de
quem repetia um opinião já formada - ... mas foi péssimo o fato de Anahí estar
grávida. Se não estivesse, teria ido logo atender a porta, como devia, quando o
polícial bateu, e Danny estaria vivo hoje. Claro que sempre achei que nosso
irmão não deveria ter se casado com ela, mas entre jogar a culpa oficial
naquele maldito tira que o matou e na nossa cunhada, é óbvio que... - A quieta
batida de uma sólida porta de mogno, enquanto os dois se fechavam no
escritório, cortou o restante da frase do primogénito dos Portilla.
Anahí ficara chocada. Nunca fora segredo que a família de
Daniel não a aprovava, mas...
Será que Martin estaria certo? Fora culpa dela? Uma onda
de angústia a invadira, sua mente tomada por um turbilhão de idéias.
Se não tivesse se casado com Daniel, não teriam se mudado
para aquele apartamento fatídico, não haveria o quarto de Michael com
brinquedos espalhados e ele não teria estado lá para arrumá-los. Se ao menos
ela não tivesse engravidado outra vez, teria ido atender aquela porta
imediatamente e evitado a invasão e o disparo do polícial, e Daniel não teria
morrido... E se...
Naquele momento sentira o bebé mexendo em seu ventre, uma
poderosa lembrança da vida que carregava derrtro de si; seus pensamentos
confusos de repente se ordenaram.
Não iria... nem podia... lamentar o precioso bebé que gerara
com Daniel. Tampouco lamentaria seu adorado Michael, que fora a paixão do pai,
nem, se arrependeria de seu casamento, que lhe trouxera cinco anos de
felicidade.
Ainda assim, o ciclo de culpa era implacável, compreendera
subitamente. Uma vez iniciado, prosseguia, ganhava força. Ela culpava Herrera,
Martin a culpava... Daniel teria abominado tudo aquilo.
Tal pensamento fizera com que Anahí começasse a se
reencontrar. Os últimos meses de luto e profunda dor não tinham lhe permitido
avaliar a situação sob esse aspecto. Com toda a certeza, Daniel, o homem mais
bondoso e gentil que já conhecera, jamais iria querer que ela odiasse alguém.
O incidente da biblioteca dera uma completa guinada em
sua vida. Fizera com que parasse para refletir a respeito do que era realmente
importante, sobre o que queria para si mesma e seus filhos. Marcara o início de
seus esforços para superar a dor, o ressentimento, a raiva.
Seguiram-se obstáculos difíceis, tais como sua decisão de
ficar contra a vontade da família de Daniel e testemunhar a favor de Herrera. E
existiram dúvidas, sobre a sensatez de voltar para a sua cidadezinha natal de
Míssion, sobre se conseguiria ou não fazer dar certo, numa época em que tantas
fazendas andavam falindo.
Mas ela seguira em frente, empenhando-se para tocar a
vida adiante e, ao longo do caminho, encontrara, se não completa felicidade, ao
menos o retorno de sua fé e um grande contentamento. Enquanto que Herrera...
ja sabem, mais comentários:
mais capitulos.
besos
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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dedicado a minhas fieis leitoras, continuem comentando. Ele parecia não ter nada; seu olhar sofrido dera-lhe a impressão de alguém que chegara ao fundo do poço. Olhando-o de relance, viu que continuava na mesma posição no assento; devia ter cochilado. Estavam se aproximando da estrada de terra, de cerca de três ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25
Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
Amei saber que vc vai postar uma nova web. -
kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49
Ainda bem que o Poncho caiu na real.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08
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