Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)
dedicado a minhas fieis leitoras,
continuem comentando.
Ele parecia não ter nada; seu olhar sofrido dera-lhe a
impressão de alguém que chegara ao fundo do poço. Olhando-o de relance, viu que
continuava na mesma posição no assento; devia ter cochilado. Estavam se
aproximando da estrada de terra, de cerca de três quilómetros e coberta de
raízes, que levava à sua propriedade. Os constantes desníveis e os inevitáveis
solavancos da caminhonete seriam insuportáveis para seu passageiro, pensou,
preocupada. A única solução seria diminuir a velocidade ao máximo e também
alertá-lo.
- Sr. Herrera? - chamou-o, a voz suave, enquanto entrava
e fazia uma parada no início da estrada de terra.
- O que foi? - Ele abriu os olhos, sonolento, endireitou o corpo devagar e
olhou ao redor. Não que houvesse muito o que ver, apenas a
ondulação de duzentos e cinquenta hectares de alfafa sob a suave brisa de
verão. - Enfim, concluiu que isto não é uma boa idéia e resolveu me deixar por
aqui mesmo,hein? - Seus lábios machucados curvaram-se, mordazes.
- Já estamos quase chegando. Apenas quero preveni-lo dos
fortes solavancos da caminhonete nesta estrada, para que proteja suas costelas.
Herrera deu uma segunda olhada, notou agora que a cerca
de um dos lados da estrada de terra estava um tanto caída, precisando de
reparos. Virando a cabeça para trás, avistou a caixa de correio, onde se lia "Portilla",
afixada numa estaca metálica junto ao acostamento da rodovia. Em seguida,
voltou a ajeitar-se no banco e fechou os olhos. Comentou, num tom cansado:
- Estas drogas de costelas doem para diabo, mas não estão
quebradas, só machucadas.
"Teremos que dar um jeito nessa mania de praguejar",
pensou Anahí. "Ao menos perto das crianças". Mas não seria imprudente em
abordar o assunto agora. Muito menos em cuidar dos assuntos com as próprias
mãos, como fizera com o cinto de segurança. A lembrança daquele corpo forte
pressionado de encontro ao seu era vívida e desconcertante demais. Ele era
adulto e saberia proteger as costelas sozinho.
De qualquer maneira, enquanto começou a dirigir
vagarosamente, procurou evitar aos máximo os buracos e as raízes mais grossas.
Ainda assim, o terreno era demasiado irregular, e alguns solavancos tornaram-se
inevitáveis.
Herrera não emitiu um único som, mas foi ficando cada vez
mais pálido, seus lábios formando uma linha tensa. Gotí-culas de suor brotavam
de sua fronte, evidenciando o quanto se esforçava para conter a dor.
Aquela velocidade, levaram quase dez minutos para chegar à casa da fazenda. Consciente do sofrimento do
seu passageiro, Anahí não se lembrava de ter estado antes tão feliz e aliviada
em chegar ao lugar onde morava. A construção pequena, de dois andares, com pintura cinzenta já desbotada,
poderia não ser grande coisa para qualquer outra pessoa, mas era de aspecto
bonito para ela, enquanto se aproximavam e a imagem da caminhonete se refletia
nos vidros das janelas.
Estacionou no amplo espaço aberto que separava a casa das
demais construções situadas a sua frente: um galpão baixo e comprido, para o
trator, a ceifeira e demais equipamentos da fazenda; o velho celeiro, que
abrigava uma variedade de objetos, e um pequeno galinheiro.
Anahí desligou o motor e olhou vagamente para além da
casa, avistando o caos familiar do terreno dos fundos, delimitado por uma cerca
de um metro de altura. Um enorme carvalho dominava essa área, cobrindo o
gramado com sua refrescante sombra. Um balanço pendia de seus galhos, e havia
uma variedade de brinquedos espalhados ao seu redor. A esquerda, na parte
lateral próxima à estrada de terra, havia um varal comprido e duplo, preso em
duas estacas de metal. A direita da casa, ficavam a horta e o jardim, ocupando
um espaço de duzentos metros quadrados; ambos reluziam em exuberância e cor. Só
de contemplá-los, Anahí já se sentia melhor.
- E aqui? - indagou Herrera.
Pelo canto do olho, ela o observou relaxando lentamente
os braços, que estavam amparando as costelas machucadas.
- Sim.
O ruído da porta de tela chamou-lhes a atenção. Esta
abriu-se e um garotinho apareceu, seus cabelos escuros em desalinho. Dois cães,
um comprido e magro, o outro pequeno e gorducho, levantaram-se da varanda da
frente e, agitando as caudas com furor, juntaram-se ao menino, que se deteve no
topo dos degraus.
Anahí observou, uma pontada peculiar em seu coração,
enquanto o filho olhava alternada e ansiosamente dela para o seu passageiro,
seus grandes olhos castanhos, arregalando-se com a visão do estranho.
Herrera sustentou seu olhar.
- É seu filho? - perguntou momentos depois.
- Sim. Esse é Michael.
O rosto pálido dele manteve uma expressão neutra ao
comentar:
- Cresceu bastante desde a... última vez que o vi.
Levou um instante para Anahí se desse conta de que de fato
ele já vira seu filho antes... na noite em que Daniel morrera.
- Sim.
Seguiu-se um prolongado silêncio. Herrera, enfim,
quebrou-o:
- O garoto não parece muito contente em me ver.
- Não é você - explicou Anahí, justificando a apreensão
no rosto do filho. - É que eu nunca trouxe nenhum estranho para casa. É natural
que Michael esteja um pouco assustado.
- Menino esperto - declarou Alfonso, o tom sarcástico. -
Pode-se aprender muito com ele.
Ela já estava com uma resposta a altura na ponta da
língua, mas antes que pudesse dá-la, Herrera abriu a porta da caminhonete... e
caiu desmaiado no chão.
Autor(a): annytha
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25
Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
Amei saber que vc vai postar uma nova web. -
kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49
Ainda bem que o Poncho caiu na real.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08
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rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:07
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