Fanfics Brasil - Anjo Sedutor (Terminada)

Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)


Capítulo: 14? Capítulo

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Alfonso estava tendo um sonho estranhíssimo.


A princípio, não havia nada mais além de dor, constante e
intensa, como se tivesse caído num precipício rochoso ou algo assim. Mas logo acrescentou-se
uma terrível sede e um fogo implacável a consumi-lo. Finalmente, veio o medo...
medo dos espectros que habitavam uma parte obscura de sua mente, que sabiam
todos os seus segredos, todas as suas mentiras. Espectros com a fisionomia de
Daniel Portilla.


Ele queria chorar, mas não o fez. Queria correr... Não
conseguia. Estava paralisado pelo constrangimento de sua covardia... e pela voz
dura de seu pai, ordenando com brutalidade: "Levante-se, garoto, e aceite sua
punição como um homem".


E, então, em meio as profundezas escuras, surge uma outra
voz. Suave, aveludada, balsâmica. Uma voz que baniu os espectros e se sobrepôs
a de seu pai. E com a ajuda de duas mãos pequenas, mas firmes, aplacou sua
sede, abrandou o fogo, amenizou sua dor.


Enfim, Alfonso adormeceu.


Mais tarde, ouviu outras vozes. Duas eram infantis; o que
lhe pareceu estranho, pois não conhecia nenhuma criança. Havia uma outra, uma
voz grave, masculina; seu tom era reprovador, enquanto murmurava acerca dos
perigos de feridas infeccionadas e machões tolos, insensatos demais para buscar
a ajuda médica adequada. A tál voz seguiu-se uma picada extremamente dolorida,
mas não havia problema, pois a maviosa voz feminina continuava lá, alentando.
Sua cabeça começou a girar outra vez, tragando-o para a escuridão e o completo
vazio.Ele não soube quanto tempo passou até que as coisas começassem a adquirir
alguma coerência. Imaginou que estava numa cama, num quarto ensolarado,
fragrante. A luz do dia filtrava-se ali para dentro, banhando o assoalho de
madeira, colorindo o ambiente com sua vivacidade. Havia um tapete trançado ao
lado da cama e uma cómoda barata de pinho junto a uma das paredes. Uma brisa
suave brincava com as cortinas brancas de renda, fazendo-as flutuar.


Tudo era tão pacífico... Alfonso temia se mover como se, de
alguma forma, isso pudesse perturbar a paz. Assim, permaneceu imóvel e em
silêncio; deixou o tempo correr, deliciando-se com o calor do sol em seu rosto,
entregando-se à langorosa serenidade que tanto faltava em sua vida quando estava
acordado.


Não teve certeza de quando começou a ser dar conta de que
talvez estivesse de fato acordado. Sua mente foi clareando por etapas, a
consciência da dor foi retornando. A perna esquerda latejava, sentia boa parte
do rosto inchado e dolorido; as costas e o peito estavam sensíveis e apertados,
tornando a respiração difícil. Sentia-se fraco, zonzo. Ainda assim, pela
primeira vez em mais tempo do que se lembrava, a mente achava-se
surpreendentemente lúcida.


A constatação fez com que um pânico gélido o invadisse.
Percorreu-o por inteiro, destruindo sua momentânea tranquilidade.


Havia um motivo que o levava a não querer pensar.


Uma razão pela qual era perigoso recordar...


Um ligeiro movimento chamou sua atenção. Surpreso,
percebeu que havia alguém mais ali. Concentrou-se nessa presença, aliviado com
qualquer pretexto para se desligar dos inquietantes pensamentos que se
formavam, como negras nuvens de tempestade, no horizonte de sua consciência.
Obser-vou-a materializar-se, surgindo das sombras junto à porta de


entrada. Ela era um anjinho, os cabelos loiros cacheados
emol-durando-lhe o rosto alvo; os grandes olhos cinzentos fítando-o
abertamente.


Aproximando-se da cama, com mais curiosidade do que
receio, a criança tocou-lhe o lábio inchado, seu dedinho mais leve do que uma
pétala de rosa.


- Oi - sussurrou, dando-lhe um tapinha encorajador no
ombro. Depois, sorriu-lhe, um tanto encabulada.


Alfonso sentiu uma vontade incomum de retribuir o
sorriso.


Inquieto com a própria reação, dirigiu o olhar, outra
vez, até a porta, enquanto alguém terminava de abri-la. Um menino magro e de
cabelos escuros, que parecia vagamente familiar, deteve-se na entrada, lançando
um olhar cauteloso para dentro do quarto.


- Emily? - sussurrou, quando avistou a garotinha. - Venha
ca! Você vai acordar a mamãe.


- Está tudo bem, Michael - disse a voz aveludada que
povoara os sonhos de Alfonso. - Estou acordada. E, ao que parece, o sr. Herrera
também está.


Sobressaltado, ele virou-se para o outro lado, ignorando
a dor violenta no peito, e deparou com uma cadeira de balanço posicionada ao
lado da cabeceira da cama... quem a ocupava era Anahí Puente Portilla!


Foi um choque não ter se dado conta de sua presença ali.
Mas choque ainda maior foi descobrir de quem se tratava.


Isso o abalou de forma profunda. Porque o simples fato de
lembrar da viúva de Daniel Portilla já evocava todos os tipos de recordações
dilacerantes que ele queria enterrar. Mas tê-la ali, diante de seus olhos! Era
algo que trazia à tona dezenas de perguntas que havia muito desistira de tentar
responder a si próprio.


Fechando os olhos, respirou fundo várias vezes, como num
exercício improvisado de ioga, até que seu coraçãóMisparado voltasse ao normal,
sua mente se acalmasse e recuperasse o reconfortante autocontrole.


- Sr. Herrera.


Alfonso abriu os olhos, sua expressão cuidadosamente
neutra enquanto estudava Anahí.


Continuava a mesma de suas lembranças da época do
julgamento: de constituição pequena, delicada; olhos expressivos, castanhos;
cabelos escuros, no momento presos numa trança espessa e sedosa, exceto por
pequeninas mechas, soltas no início da fronte e nos contornos do rosto
bem-feito.


A diferença era que agora, num jeans claro e blusa azul
sem mangas, estava esguia por inteiro. De repente, Alfonso compreendeu que a
garotinha que acabava de se sentar no colo dela era o bebé que carregara no
ventre na ocasião do julgamento... a filha de Daniel Portilla... aquela que ele não
vivera o suficiente para ver nascer.


 


 


 



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Autor(a): annytha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



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  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25

    Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
    Amei saber que vc vai postar uma nova web.

  • kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49

    Ainda bem que o Poncho caiu na real.
    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08

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