Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)

Anahí achava-se diante da pia da cozinha, terminando de
preparar o jantar, quando ouviu o ruído de um motor. Olhou de relance pela janela e foi o tempo exato de ver a velha caminhonete
passando pelo terreno, com Alfonso ao volante e Michael em seu colo. Ela piscou
várias vezes, certa de que estava vendo coisas, mas não restou a menor dúvida
no instante em que seu filho tocou a buzina e lhe acenou. Herrera e Michael
dando uma volta juntos!

- Não acredito... - murmurou, virando-se para Emily, que,
sentada em seu cadeirão, ocupava-se esmagando num prato plástico cereais
matinais com uma colher. - E você, querida?

A garotinha olhou para a mãe, que acabava de fatiar uma banana, e disse esperançosa:

- Nana?

- Daqui a pouco com o jantar, Emmy - respondeu Anahí,
ainda tentando decifrar o que teria juntado o par tão reticente.

Como que para lhe dar uma pista, a caminhonete voltou a
passar pela janela. Michael tornou a acenar-lhe. Trazia um sorriso tão feliz
estampado no rosto que, enquanto o veículo voltava a desaparecer em direção ao
galpão, ela dava-se conta de que aquilo era tudo o que importava.

Em poucos minutos, seu filho entrava radiante na cozinha:

- Você viu, mamãe? Você viu? Eu dirigi a caminhonete!

- Seus olhos castanhos brilhavam; o menino estava tão
entusiasmado que mal cabia em si.

- Claro que vi, querido - confirmou ela, surpresa com
tanta empolgação. Em geral, Michael era bastante reservado; nunca lhe ocorrera
que o veria tão contente com algo tão... simples. Devia ser uma daquelas coisas
entre homens, concluiu.

- Você foi muito bem... - acrescentou, sua voz
interrompendo-se com a chegada de Herrera pela porta dos fundos.

Alto e loiro, parecia diminuir a cozinha com sua
presença. Dirigindo-lhe um cumprimento com a cabeça, mas evitando fitá-la, ele
passou direto rumo ao banheiro.

- Toquei a buzina também! - prosseguiu Michael. - Você me
ouviu?

- Lógico, meu anjo.

cintura- Corno se fossem alguma espécie de condeco-co _vfilho
estendeti-lhe as pequenas mãos, exibindo-as como estavam sujas de graxa. - Alfonso
até me deixou ajudá-lo a mexer no motor.

O menino ainda tagarelava, quando Herrera retornou,
minutos depois. Pelo canto dos olhos, Anahí observou-o deter-se incerto na
entrada e, depois, aproximar-se da mesa.

- Oi, Poncho - disse Emily, puxando-o pela camiseta ao
passar pelo cadeirão. Seus grandes olhos cinzentos fitaram-no em expectativa,
enquanto sua outra mãozinha se estendia, a diminuta palma revelando pedacinhos
de cereal pulverizado. - Flocos? - ofereceu-lhe, esperançosa.

Aquilo era demais até mesmo para Herrera, pensou Anahí,
observando-os, fascinada. Viu-o sentar-se ao lado do cadeirão e perder a luta
para permanecer indiferente. Ele não chegou a sorrir, mas um brilho divertido
surgiu em seus olhos de esmeralda, enquanto os lábios se curvavam ligeiramente.

- Claro - aceitou Alfonso, com solene cortesia. Estendeu
sua palma e esperou pacientemente até que a garotinha transferisse o cereal para
sua mão. Depois colocou-o no bolso do jeans como se fosse algo tão valioso
quanto ouro em pó.

Os diminutos lábios rosados de Emily desabrocharam num
sorriso radiante, revelando as covinhas em seu rosto angelical. Num gesto de
extrema ternura, que tocou o coração de Anahí, Alfonso estendeu o braço e
ajeitou um cachinho sedoso do cabelo da menina por de trás de sua pequenina
orelha.

- Obrigado - disse-lhe, com gentileza.

Despreparada para a sensação que a dominou, Anahí
recriminou a si mesma por estar se deixando afetar pela inesperada bondade de Herrera.
Voltando a atenção outra vez para Michael, comentou num tom jovial:

- Ao que parece, você fez um bom trabalho. - Não desejava
por nada estragar a alegria do filho. - Agora vá lavar suas mãos para
jantarmos, está bem?

Depois que o garoto se foi, ela tornou a olhar para Alfonso;
a sensação estranha voltando ao deparar com a intensidade de seus olhos verdes,
com a masculinidade de seus traços, com o tom especial de seus cabelos, cada vez mais estonteantes, agora que
andava passando tanto tempo sob o sol.

- Obrigada pelo que fez por Michael.

- Não foi nada.

- Para o meu filho significou muito.