Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)
Acabando de esfregar o último balcão com raiva de si
mesmo, Alfonso olhou ao redor da cozinha impecavelmente limpa. Não havia mais
nada a fazer por ali. Decidiu sair um pouco para a varanda dos fundos.
Lá fora mal anoitecera, as primeiras estrelas começando a
surgir no céu que escurecia gradativamente. Deteve-se apenas observando a
beleza noturna da fazenda, ouvindo os sons característicos dos grilos e das
cigarras, tentando relaxar com a serenidade a sua volta.
Entretanto, uma voz em sua mente insistia em quebrar a
quietude, dizendo-lhe com obstinação que se tudo o que sentia por Anahí era
desejo sexual, isso não deveria significar um problema.
Embora dono de uma poderosa libido, não era do tipo que
permitia que seus apetites físicos ditassem sua vida. Ao longo dos anos, tivera
mais do que o bastante em termos de satisfação sexual, mas todos os seus relacionamentos
haviam se mantido estritamente no plano físico. Tinham sido a mera troca de
prazer, sempre começando e terminando na porta do quarto. Jamais tivera
interesse em compartilhar mais; se havia uma coisa que sua infância lhe
ensinara era a manter a boca fechada, a guardar seus pensamentos para si mesmo,
a não se envolver emocionalmente com ninguém.
Com Anahí, porém, a situação era diferente. Ela o fazia
sentir um alarmante misto de desejo e necessidade, de ternura e admiração, de
confusão e inexplicável compreensão. E apesar de tentar convencer a si próprio
que parte de sua reação era causada pelo simples ressurgimento de seu apetite
sexual, depois de dois anos e pouco de abstinência, algo lhe dizia que havia
muito mais do que isso.
Esses sentimentos o apavoravam. Mesmo que por algum
milagre fosse possível superar as circunstâncias da morte de Daniel Portilla, Alfonso
não sabia nada sobre tornar-se parte integrante de um relacionamento afetivo,
muito menos como se ajustar a uma família.
Não que alguém o estivesse convidando, pensou, mordaz. O
fato de Anahí ser gentil e bondosa com ele não provava nada, pois ficara
evidente que esses eram traços de seu caráter. Ela dedicaria a mesma gentileza
e bondade a qualquer outra pessoa que precisasse. Era uma mulher íntegra,
virtuosa, que, com certeza, ficaria chocada se soubesse o quanto ele ansiava
por tê-la entre seus lençóis...
Praguejando baixinho com sua lasciva imaginação, voltou
ao interior da casa. Parou abruptamente no corredor, quando deparou com o
objeto de seus pensamentos descendo as escadas. Distraída, Anahí vinha
desmanchando sua trança espessa pelos degraus.
- Olá - disse ao vê-lo, parecendo vulnerável e sedutora
no momento em que a cabeleira sedosa caiu-lhe por sobre os ombros.
Nesse instante Alfonso soube o que tinha que fazer.
- As crianças já estão na cama assim tão cedo? -
perguntou, surpreso com o senso de perda que já começava a invadi-lo.
- Sim. Pela primeira vez Emily e Michael estão exaustos
na mesma noite. Ah, obrigada por ter cuidado da cozinha para mim.
- Não foi nada. Eu... preciso falar com você.
Uma sombra de inquietação passou por seus expressivos
olhos castanhos, mas ela manteve a naturalidade na voz.
- Claro. - Adiantou-se até a sala de estar, indicando que
a seguisse. Acomodou-se no centro do velho sofá, enquanto Alfonso se sentava na
beirada de uma poltrona um tanto desbotada, no lado oposto.
Ele sentia a tensão no ar, mas presumiu que a mesma vinha
apenas de si próprio, e decidiu ir direto ao ponto:
- Acho que devo partir.
Anahí empalideceu. Levou alguns momentos para se
recuperar e, enfim, indagou num tom calmo:
- Se importa em me dizer por quê?
- Michael me disse que hoje houve um problema na igreja.
Acho que será melhor se eu partir.
- Oh! - exclamou ela, num ímpeto de surpresa. - Pensei
que... - Interrompeu-se de forma abrupta, fazendo com que Alfonso lhe lançasse um
olhar atento. Perplexo, constatou que ela parecia aliviada, além de um tanto
encabulada.
- Pensou o quê? - perguntou-lhe, então, momentaneamente
desorientado. Se por um lado estava satisfeito por tê-la poupado do
constrangimento de mandá-lo embora da fazenda, por outro não podia evitar o
desapontamento com a reação dela. Havia uma parte de Alfonso... uma parte
resgatada de volta à vida pela incessante bondade da própria Anahí... que tivera
esperança de que ao menos ela manifestasse um ligeiro protesto com o anúncio de
sua partida.
- Pensei que... que talvez eu tivesse feito alguma coisa
que o ofendeu.
A resposta era tão absurda que ele nem a comentou. Apenas
começou a se levantar.
- Não vou demorar para pagar a você o dinheiro que lhe
devo. Aliás, pretendo devolvê-lo com tempo o bastante para que você contrate
outra pessoa...
- Não.
- Não o quê?
- Não quero contratar outra pessoa. E muitíssimo... gentil
da sua parte se preocupar com a minha reputação, mas de fato não há nenhuma
razão para isso.
- Você acha que ser expulsa da igreja não é razão o
suficiente?
Anahí o encarou com evidente espanto. Depois, sem motivo
aparente, sorriu.
- O que exatamente Michael contou a você?
- Em suma, que ele informou a professora da escola
dominical que ando dormindo na sua cama; a tal da srta. Dixon chegou à
conclusão óbvia, e errada, é claro, e ficou aborrecida; vocês duas trocaram
algumas palavras e ela disse que você não deveria mais voltar à igreja.
- Oh, céus. - Anahí sacudiu a cabeça. - Eu bem que disse
a Susan para manter a voz baixa.
Confuso, e não gostando nem um pouco da sensação, Alfonso
voltou a se sentar na poltrona.
- Quem é essa Susan?
- Susan Dixon, a professora de Michael. Nós duas estudamos
juntas no colegial. Infelizmente, às vezes ela tende a ser um pouco...
irreverente.
Alfonso fitou-a, enfim compreendendo o que se passara.
- Ela não ficou aborrecida com o que Michael disse, mas
sim...
- Intrigada. E também... bastante divertida.
- Então, por que disse que você não deveria mais voltar à
igreja?
Anahí corou instantaneamente.
- Susan quis dizer que eu não deveria voltar lá... sem
você. - Interpretando de forma correta a expressão espantada no rosto dele,
acrescentou quase na defensiva: - Não sou nenhuma freira.
De fato não era, concordava Alfonso. Como que para
con-firmar-lhe as palavras, seus olhos verdes percorreram-lhe desde ó rosto
belo emoldurado pelos cabelos castanhos-escuros até as pernas bem-torneadas.
- Então, você vai ficar?
Embora o bom senso o alertasse de que num determinado
ponto das últimas horas ele enveredara por um caminho perigoso, sabia que não
poderia desapontá-la.
- Vou, sim.
Ele ia baixando os olhos, mas deteve-os e o sensor "fle
perigo iminente voltou a alertá-lo. O que lhe chamou atenção agora, e que não
havia percebido antes, era que Anahí estava sem sutiã. A sedutora evidência
eram as sombras escuras de seus mamilos ligeiramente delineados pela malha da
miniblusa.
Ela conteve a respiração, emitindo um som abafado, quase
inaudível, mas que foi o bastante para que Alfonso desviasse os olhos de seus
seios.
Os olhares de ambos se encontraram. Uma corrente
eletri-zante pareceu pairar no ar, uma tensão sensual e crescente. Era um
momento etéreo, tão frágil como uma bolha de sabão flutuando com a brisa, mas Alfonso
soube que se não fizesse alguma coisa logo, nada iria impedi-lo de tomá-la em
seus braços e possuí-la com toda a sua paixão.
Lembrou-se da pergunta que lhe fizera no jardim havia
alguns dias. "Por que testemunhou a meu favor no tribunal?"
Como um balde de água fria, a resposta de Anahí
voltou-lhe a mente: "Porque era a coisa certa a fazer."
Abruptamente, levantou-se, os lábios readquirindo a linha
sombria.
- Eu nunca lhe disse - sua voz soava com normalidade,
muito embora as palavras parecessem estar sendo arrancadas do fundo de sua alma
- o quanto sinto pelo que aconteceu com seu marido. - Ele fez uma pausa,
profundamente afetado pela emoção. - Mas eu sinto muito... Tanto que ninguém pode
sequer imaginar.
- Oh, Alfonso. Eu sei...
- Não. Você não sabe. Boa noite, Anahí. - Ele se afastou
da mão que ela ergueu para detê-lo e saiu apressado da sala.
não percam os proximos capitulos.
sei que vão gosta.
por isso comentem!!!
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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Anahí estava sentada à escrivaninha no pequeno escritório próximo a seu quarto. Franzia o cenho, enquanto lia a carta de Martin Portilla que chegara pela manhã. Como as várias outras cartas que recebera do irmão de Daniel nos últimos oito meses, a de agora sugeria que ela lhe cedesse a custódia das cr ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25
Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
Amei saber que vc vai postar uma nova web. -
kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49
Ainda bem que o Poncho caiu na real.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08
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rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:07
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