Fanfics Brasil - Anjo Sedutor (Terminada)

Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)


Capítulo: 36? Capítulo

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Alfonso acordou com um violento sobressalto, o coração
aos saltos, o suor frio brotando de sua testa. O fardo pesado da culpa
sufocando-o, enquanto as perguntas de Portilla ecoavam em sua mente.
Angustiado, levantou-se, vestiu o jeans, ignorando a tremedeira em suas mãos e
rumou para a cozinha escura.


Pela primeira vez num mês sentia-se tentado a pegar a
garrafa de uísque que sabia estar guardada no armário acima da geladeira. Mal
podia esperar pela rápido mergulho no esquecimento que o álcool lhe
propiciaria, pelo desaparecimento da culpa, do arrependimento e da dor que o
consumiam.


E, então, imaginou Anahí e as crianças encontrando-o pela
manhã num estado de patética, deplorável inconsciência. Passou direto pela
cozinha e saiu abruptamente para a varanda; respirou fundo várias vezes,
deixando que o ar fresco e puro da noite lhe inundasse os pulmões.


Finalmente, sentiu que tinha forças para enfrentar a
pergunta que mais o atormentava.


O que estava fazendo?, perguntou-se, sentando-se nos degraus
da varanda e olhando para o céu estrelado. Oh, mas sabia muito bem a resposta.


Pela primeira vez desde os seis anos de idade, quando sua
mãe morrera, ele começava a baixar o escudo ao redor de seu coração e permitia
que alguém se aproximasse.


Não que tivesse escolha... Desde o dia em que Anahí o
tirara da cadeia, estivera lutando para não se envolver, para não tocá-la; uma
batalha que talvez tivesse vencido se ela o houvesse maltratado ou tentado
incitá-lo, seduzi-lo ou, ainda, lhe passado sermões.


Mas não havia feito nada disso. O que Anahí fizera fora
ver o que havia de melhor nele, fora lhe dar um voto de fé e confiança
impossível de se resistir. E em alguma parte ao longo do caminho, ela começara
a lhe devolver a vida. Não a imitação de uma como tivera até então, mas algo
melhor. Algo real.


Mas essa nova fase o aterrorizava. Não por si mesmo. Se
fosse preciso, poderia sobreviver o resto dos seus dias só com as lembranças
das últimas semanas; afinal, vivera seus trinta e cinco anos com muito menos.


Mas queria mais. Queria mais por Anahí, que era uma
mulher maravilhosa em todos os sentidos, que merecia muito mais do que apenas
viver um dia de cada vez. Ela não fora feita para ser possuída numa caminhonete
caindo aos pedaços, numa tarde chuvosa. Era alguém muito especial, que deveria
ter luzes de velas, lençóis de seda, uma cama grande e macia e um homem decente
que saberia lhe dizer todas as coisas certas.


E esse certamente não era ele...


Um ruído abafado junto à porta dos fundos interrompeu
seus pensamentos. Ficou tenso, escutando os passos suaves, sabendo quem se
aproximava mesmo antes de sentir a doce fragrância de morangos e a mão delicada
tocando seu braço. Fechou os olhos por um momento, tentando dissipar o
emaranhado de emoções primitivas que o inquietavam e readquirir o autocontrole.


- Olá - disse Anahí com naturalidade, como se->ambos
não tivessem compartilhado o ato mais íntimo e avassalador apenas horas atrás.


Alfonso quis berrar e perguntar-lhe como conseguia estar
tão calma, tão serena, quando, por sua vez, ele se sentia como se o estivessem
dilacerando por dentro.


Mas, afinal, por que não deveria estar tranquila?,
pergun-tou-se, atordoado, para si mesmo, antes de ter dormido e o fantasma
acusador de Daniel voltado para lembrá-lo de seu verdadeiro lugar, o final da
tarde havia sido um dos mais agradáveis que já tivera.


Como se fosse parte da família, Alfonso preparara sopa e
sanduíches para o jantar e entretivera as crianças, enquanto Anahí tomara seu
banho. Mais tarde, todos haviam assistido um pouco de tevê juntos, com tigelas
de pipocas, até que chegou a hora de dormir e cada um se recolheu a seu quarto.


Enfim, uma noite corriqueira para a maioria das pessoas...
mas, para ele, fora uma outra excursão ao mundo desconhecido de fazer parte de
uma família.


Os gestos graciosos de Anahí sentando-se ao seu lado nos
degraus da varanda despertaram-no dos pensamentos. Tinha os cabelos soltos,
cascateando sedosos pelos ombros, e usava uma camisola larga e florida, que lhe
encobriu os pequenos pés quando se sentou. A imagem nítida das curvas perfeitas
que se ocultavam sob aquela peça recatada surgiu na mente dele, reavivando-lhe
o desejo.


Alfonso tratou de afastar o olhar para o gramado dos
fundos, fingindo interesse no efeito do luar filtrando-se entre as folhas do
enorme carvalho.


A voz de Daniel Portilla voltou a atormentá-lo. "Herrera...
Tinha que fazer amor com minha mulher?" Uma voz real ecoou no silêncio,
sobrepondo-se docemente a essa.


- Não conseguiu dormir? - perguntou Anahí.


- Não.


A resposta breve era um forte indício de que queria ser
deixado a sós. Mas, como de costume, sua descortesia foi ignorada.


- Nem eu. - Ela soltou um profundo suspiro. - Fiquei
pensando sobre o que aconteceu hoje à tarde.


Não suportaria ouvir aquilo, percebeu ele. Já estava
sendo doloroso o suficiente lidar com seu próprio conflito. Ouvi-la se
arrepender sobre a paixão que haviam compartilhado seria o fim.


- Se você não tivesse chegado em tempo, eu estaria morta.


Sabia que era egoísmo de sua parte, mas ele não pôde evitar
a forte onda de alívio que o invadiu. Quando notou que o lábio inferior de Anahí
tremia, colocou de lado suas incertezas diante da necessidade muito mais
premente de confortá-la. Passando o braço ao redor dela, num gesto terno que
lhe era estranho, mas que ao mesmo tempo parecia tão certo, disse-lhe com
gentileza:


- Tente esquecer. O que importa é que você está a salvo.


- Desculpe. Creio que estou sendo tola. - Ela esboçou um
sorriso e recostou a cabeça no ombro de Alfonso, com extrema naturalidade. -
Mas também há a questão da bomba - prosseguiu, preocupada - Não consigo parar
de pensar nisso.


Concentrado nos esforços para reprimir seus desejos, para
ignorar o quanto o fato de abraçá-la o afetava, ele levou alguns momentos para
acompanhar a mudança de assunto.


- Que bomba?


- A que foi destruída pelo raio. Vou ter que substituí-la.


- E o que exatamente a preocupa?


- Mesmo que conseguisse encontrar uma usada, o que é
improvável já que o pessoal da região usa seu equipamento até que esteja nas
últimas, creio que não teria condições de comprá-la.


- E quanto custa uma bomba?


- Usada? Talvez dois mil dólares.


- E uma nova?


- O dobro ou o triplo.


- Puxa, eu não fazia idéia de como era cara - comentou Alfonso,
admirado, ao mesmo tempo que punha a cabeça para funcionar em busca de alguma
solução. - Sendo assim, o que pensa em fazer?


- Não sei. Acho que vou dar alguns telefonemas amanhã e pesquisar.
Ver o que há disponível e o preço exato. Em seguida, talvez vá ao banco para
tentar obter um empréstimo. Em termos de volume de negócios, a quantia é
pequena e não devem exigir muitas garantias.


- Então, você não dispõe dessa soma? - indagou ele, com
uma terrível suspeita se formando.


- Não.


- É por causa da fiança que pagou para me libertar?


- Não. Mesmo com esse dinheiro, eu ainda não teria o
suficiente.


- Céus... - Alfonso estava verdadeiramente chocado. Durante
aquelas semanas soubera que Anahí vivia com um orçamento apertado, mas nunca
percebera suas reais proporções. Pensou outra vez na aparente indiferença dos
irmãos Portilla em relação à situação da cunhada. Mesmo compreendendo que ela
teria o seu orgulho, ainda era estranho que os abastados Portilla não
insistissem em ajudá-la...


Mas, afinal, o que entendia de relacionamentos
familiares? Era óbvio que não existira o menor afeto entre ele e seu pai.


"Aceite sua punição como um homem...", soaram as
ameaçadoras e conhecidas palavras em sua mente.


E logo foram substituídas por outras de infinita doçura:


"Mas você não é seu pai".


 



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Autor(a): annytha

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Instantaneamente, Alfonso soube o que tinha que fazer. Custando-lhe ou não a consideração de Anahí, o fato era que não podia deixá-la continuar se preocupando com um problema cuja solução estava a seu alcance. - Há uma outra alternativa. - E qual seria? - Poderia me deixar resolver a situaçã ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 90



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  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49

    Own, acabei de ler
    Historia linda e reveladora
    Parabens
    Obrigado por postar *-*

  • kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25

    Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
    Amei saber que vc vai postar uma nova web.

  • kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49

    Ainda bem que o Poncho caiu na real.
    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08

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