Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)

Ele entrou, beijou-a e pronto! A partir daí ela só
con­seguiu pensar nele.

- Não posso acreditar que esqueci. - Mas era per­feitamente
incrível. Tal mãe, tal filha.

- Tenho certeza de que eles a perdoarão.

A questão é que Anahí não sabia se perdoaria a si
mes­ma. Mal fazia dois dias que conhecia Alfonso e apesar de seus esforços
estava deixando que ele reorganizasse suas prioridades.

- Tenho de ligar para eles. - Procurou um telefone
público por perto. - Preciso pedir desculpas.

- Não precisa, não. - Alfonso pegou-lhe a mão. Ela
tentou tirar.

- Não posso deixar de ligar. Vão ficar preocupados
comigo.

-    Não vão, não. - Segurou a mão
de Anahí com mais força, até que ela conseguiu se soltar.

-     Por que tem tanta
certeza?

- Porque você vai. Nós dois vamos.

Pela primeira vez em cem anos Alfonso Herrera
estava jogando pôquer novamente.

Só que desta vez, em vez de ganhar de caubóis
casca-grossa, estava perdendo de uma senhora de cabelos azulados chamada Ethel.

- Para mim já basta - disse Anahí pondo as cartas
na mesa. - Estou fora. Literalmente.

- Eu também - disse Beula.

Todos à mesa foram fazendo o mesmo, até que só so­brou
Alfonso. Mas não por muito tempo. Ethel estava ganhan­do de lavada e ele só
teria mais uma chance de vencer.

Ethel sorriu, o rosto idoso em uma massa de rugas,
e pôs na mesa seu royalflush.

- É olhar e chorar, crianças. - A senhora nem espe­rou
para ver o que o adversário tinha para pegar a pilha de balas. - Meus netos e
eu agradecemos. Isto vai dar para encher minha jarra para a próxima visita
deles.

-- Ela trapaceia, vou lhe dizer - Beula disse. -
Não é normal que uma velha tenha tanta sorte.

- Não é sorte. É talento. Já lhe disse que uso
aquele computador que meu filho me deu para mais do que ape­nas olhar fotos dos
pequenos. Eu pratico. E todos sabem que a prática leva à perfeição. Veja Anahí,
por exemplo. Ela nem sabia o que era uma trinca quando começou a jogar conosco
anos atrás. Agora ela se sai bem a maioria das vezes. Anahí piscou o olho.

- O que posso dizer? Aprendi com os melhores. -
Sorriu para Ethel antes de voltar a atenção para Alfonso. - Então, topa outro
round?

Ele fez que não.

- Já apanhei demais esta noite. Senhorita Ethel -
ele sorriu -, foi um enorme prazer. A senhorita é com certeza uma das melhores
jogadoras que já conheci, e já conheci muitos.

- Ele é tão esperto quanto bonito - disse Ethel,
pis­cando para Anahí. - Desta vez você agarrou um ven­cedor.

Anahí e Alfonso se entreolharam e os pensamentos
dela ecoaram pela cabeça dele tão claramente quanto se ela ti­vesse sussurrado
as palavras diretamente em sua orelha.

Se ao menos Ethel soubesse que aquele galã tivera
seus contratempos como todos os homens de seu passa­do. Não que ele usasse
roupas de mulher nem tivesse fan­tasias com a mãe, mas ele tinha um problema
com sexo.

- Acho que também levei uma surra - disse Anahí,
olhando para Ethel. - Preciso me recuperar.

- E eu preciso ajudá-la - Jack acrescentou.

- Também vou me recolher - disse Beula.

Os demais seguiram o mesmo caminho e Ethel deu de
ombros.

- Estraga-prazeres, é o que vocês são. - Olhou para
o relógio. - Não que seja má idéia. Se correr, posso ain­da pegar um pedaço do
programa de Letterman. - Piscou para Anahí. - Acho que vou chamar Crabtree para
me acompanhar.

- Não fique chateada se ele bancar o difícil.

- Minha criança, eu vivo para o jogo, não para o
prê­mio - Ethel disse, e se levantou.

Anahí pegou a bolsa e Alfonso pegou seu chapéu de
caubói.

- Até a próxima, senhoras.

- Quarta à noite - Ethel respondeu. - Mesma hora e
local.