Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)

Ainda assim, lembrou-se, na defensiva, fora dela a
decisão de que partisse. Fizera-lhe uma proposta de casamento e fora rejeitado.

"Se você se importasse mesmo comigo como disse, casaria
comigo."

"E me importo... mas não é o suficiente."

Ele ergueu o queixo, em desafio.

- Não que seja da sua conta, Forster, mas fiz um favor a Anahí
ao partir. Talvez ela não tenha lhe contado, mas o cunhado ganancioso está
querendo a custódia das crianças. Minha presença lá só pioraria a situação.

- E você acha que sua partida vai deter um tipo como
Martin Portilla? Ou que ter que enfrentá-lo sozinho facilitará alguma coisa
para Anahí? Ora!

Atônito, Alfonso encarou o velho homem, dando-se conta de
que, nesse ponto, ele estava com a razão. O fato era que ainda não havia
pensando na situação sob aquele ângulo.

- E quanto ao resto? - prosseguiu Eli, implacável. - O
que me diz daquele romance que Susan parecia tão alegre em promover para a
amiga? Nos meus tempos havia um nome para um homem que se aproveita e dá o
fora, Herrera.

- Não foi o que aconteceu - protestou Alfonso, com o
semblante carregado. - Tivemos um... flerte, mas Anahí sabia o tempo todo que eu
iria partir. Ela sabia quem eu era...

- O maior idiota do mundo?

- Ouça, Forster...

- Você é que vai me ouvir! Vi aquela garota nascer e
crescer e a considero como se fosse uma filha. Conheço-a muito bem para saber
que Anahí não é do tipo que tem um "flerte". De jeito nenhum! Se você não sabe
disso, então não sabe de nada, rapaz. E se eu já não conhecesse a boa índole de
Anahí, bastaria ver-lhe o sofrimento nos olhos esta manhã na fazenda para ter
certeza de que se ela se envolveu até esse ponto com você é porque sente algo...

- Você não sabe de nada, Forster - interrompeu-o Alfonso,
com amargura. - Há razões que jamais deixariam que nosso relacionamento desse
certo...

- Sei muito bem. Posso estar velho, mas estou longe da
senilidade. Acha mesmo que eu permitiria que Anahí o levasse para casa sem
investigar você? Pense bem. Ela comentou que você havia trabalhado como agente
especial do DEA e foi a pista que bastou. Vocês ainda não tinham saído do
estacionamento e eu já estava ao telefone com um amigo investigador de Seattle.
Em questão de segundos, ele puxou sua ficha no computador. Existe bem pouco que
não sei a seu respeito, Herrera.

Os olhares dos dois se encontraram. Preparando-se para a
condenação do outro, Alfonso manteve a expressão dura:

- E então?

- Acha mesmo que é o primeiro polícial que cometeu um
erro no cumprimento do dever? Não seja tão convencido, rapaz. Pelo que entendi,
o que aconteceu com você poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Foi um
erro trágico e lamentável, mas Anahí foi a única que realmente perdeu... e se ela
pode perdoar você, eu também posso.

O homem da lei pôs-se de pé.

- Vou lhe dizer o que não posso perdoar. - Ele apoiou as
mãos na beirada da mesa e inclinou-se para a frente, seu olhar faiscando. - É
você partindo o coração dela... outra vez. Como eu disse, da primeira vez foi um
acidente, mas desta... Bem, rapaz. Já é ruim o bastante que Daniel esteja morto.
Mas com toda minha experiência, me parece que você tem medo é de viver.

E com essa acusação cortante, o delegado de Mission
deixou o bar de forma tão estrondosa como quando entrara.

Alfonso perdeu a noção do tempo em que ficou ali sentado,
com o olhar fixo no vazio, depois que Forster se foi. "Idiota!", ecoou de
repente a exclamação em sua mente.

"Anahí ama você."

"Se você não sabe disso, então não sabe de nada, rapaz."

As palavras do velho delegado juntaram-se às suas. Como
se o peso da combinação delas fosse o bastante para encaixar um intrincado
quebra-cabeça, impressões e trechos de conversas das últimas semanas começaram
a fervilhar em sua mente.

Relembrou tudo o que tivera com Anahí, a forma como o
trouxera de volta à vida, como compartilhara abertamente da alegria de seu lar
e de seus filhos.

Lembrou das vezes em que ela admitira que o desejava, da
franqueza e intensidade de seus olhos castanhos, da total confiança que lhe
depositara, da plenitude com que fizera amor, ensinando-lhe que uma amante
também podia ser uma amiga.

Viu-a sentada na cama em Pendleton, com todo seu instinto
protetor voltado para a criança que um dia ele fora.

"Há coisas que nem mesmo eu consigo perdoar", dissera-lhe.

Na ocasião, ouvira a indignação na voz de Anahí.

Agora ouvia o amor... O amor que viera sem condições, sem
exigências.

E como ele retribuíra?

Sentiu um aperto no coração ao relembrar a expressão nos
olhos dela quando enumerara a lista prática de motivos para pedi-la em
casamento.

"Isso é... tudo?", perguntara Anahí, tentando lhe dar a
última chance de agir direito.

A lembrança de sua própria resposta exaltada o fez
estremecer.

"E não é o bastante?"

Claro que não era. Já não tinha se dado conta de que ela
merecia muito mais? No fundo, não fora esse o principal motivo que o levara a
partir e não o de proteger as crianças, como tentara convencer a ambos? A
verdade era que já acalentara a vontade de ficar muito antes de Martin Portilla
ter aparecido, entretanto tivera medo de encarar o fato. Receara que, com o
tempo, Anahí visse nele o que quer que tenha sido que impediu seu pai de
amá-lo. E que, em consequência, parasse de amá-lo também. E a isso Alfonso
tinha certeza de que não conseguiria sobreviver.

gente estamos quase no final, então comentem muito ok.

ah e não deixem de conferir

Pescoços vermelhos e rosas