Fanfic: Anjo Sedutor (Terminada)
Não porque não se importava. Mas justamente por se
importar demais.
Soltou um profundo suspiro, a mente continuava acelerada.
Pensou em Daniel Portilla. Em algum momento das últimas
semanas sua maneira de encará-lo mudara, compreendeu de repente. Ele não era
mais o espectro acusador que assombrava seus sonhos. Passara a vê-lo apenas
como o marido gentil e bondoso que um dia fora para Anahí. Como o pai de Emily
e Michael, que se perpetuaria no formato de seus rostinhos e em seus doces
sorrisos.
Daniel morrera. Jovem e tragicamente. Por suas mãos.
Mas não tivera a intenção de matá-lo. Ao pensar naquele
corredor escuro em Seattle, Alfonso viu que tivera todas as razões para
acreditar que estava confrontando um perigoso traficante de drogas armado e não
um simples pai de família. Na fração de segundo em que precisara tomar uma
decisão, não agira por impulso atirando para todos os lados e em tudo que se
movia; se houvesse agido assim, Anahí teria morrido também. Em vez disso, agira
com precisão, da exata maneira como havia sido treinado por mais de dez anos.
Dera o devido aviso; quando o mesmo fora ignorado, não lhe restara outra
alternativa senão eliminar o que julgara ser um perigo mortal.
Lembrou-se das palavras carregadas de compreensão de Anahí,
depois que tinham feito amor na cabine da caminhonete.
"Você cometeu um erro. Um horrível e trágico erro.
Michael é um menino de apenas cinco anos e até ele consegue entender que as
pessoas não são infalíveis."
E subitamente, Alfonso também entendia. Cometera um erro,
não um ato imperdoável que o condenaria para sempre, mantendo-o além dos
limites da redenção. Numa breve introspecção viu que caíra em mais uma
armadilha de sua traumática infância. Não fora capaz de se perdoar porque não
ser perdoado era tudo que conhecera. Até que Anahí lhe ensinara o que era o
perdão.
"Você não é seu pai." Pela primeira vez, acreditou nisso,
do fundo de seu coração.
Um peso pareceu se aliviar de seus ombros... e de sua alma.
No momento seguinte, soube o que tinha a fazer.
Apesar de tudo, pensou Anahí, o dia se parecia quase como
qualquer outro domingo de verão.
O sol de agosto estava quente; o céu de meio de tarde,
límpido. Michael e Emily brincavam na piscina inflável no gramado, sob o
carvalho.
Ela se achava no jardim. Como de costume, tinha mais do
que o bastante para mantê-la ocupada ali. Mas, no momento, não fazia nenhuma
das várias tarefas necessárias, como colher os tomates já maduros, ou arrancar
ervas daninhas.
Estava apenas colhendo flores. Cortara várias pelo caule
e as espalhara na relva ao seu redor, formando um círculo multicolorido e
fragrante. Precisava ver suas cores vibrantes, sentir a textura macia das
pétalas, inalar seus doces perfumes. Aquelas flores exuberantes eram a prova de
que por pior que se sentisse por dentro, coisas belas ainda existiam.
Ansiava desesperadamente por tal prova agora. Sentia um
imenso vazio, como jamais experimentara em sua vida. Como se a partida de Alfonso
tivesse alterado sua perspectiva, seu mundo ficara desprovido de alegria e de
cor.
Ainda assim, Anahí era uma sobrevivente. Sabia, por
experiência, que ficaria bem. As coisas acabariam melhorando. Com o passar do
tempo reconquistaria, se não a felicidade, ao menos uma espécie de paz em sua
vida.
Só que isso ainda demoraria um longo, longo período.
Pelo menos não teria que se preocupar com Martin. Sua primeira
providência naquela manhã fora ligar para o marido de sua irmã, Brad, que era
advogado. Embora a opinião dele refletisse a sua de que as chances de Martin
obter a custódia de seus filhos eram remotas, alertara-a de que chegara a hora
de agir. Assim, poucas horas depois quando, como já era de se esperar, o
insistente Martin telefonou, Anahí estivera preparada. Seguindo as instruções
de Brad, dissera a ele que caso desistisse de requerer a custódia, ambos
poderiam chegar a um acordo particular referente ao dinheiro. Do contrário, ela
entraria com um processo pelo controle total da herança... depois que tivesse ido
a todos os grandes jornais de Washington e do Oregon e explicado como fora
tratada simplesmente por ter dito a verdade no tribunal. Fora impressionante a
rapidez com que o empresário zeloso pela própria imagem que existia em Martin
aceitara logo sua proposta ante a ameaça de um mar de publicidade negativa.
Um barulho inesperado de motor a fez erguer a cabeça.
Estreitando os olhos sob o sol, viu que uma caminhonete azul se aproximava da
casa.
Seu coração disparou, enquanto se perguntava quem poderia
ser.
O veículo desconhecido contornou a lateral da casa,
parando bem próximo ao jardim. Quando foi estacionado e a porta se abriu, foi Alfonso
quem saltou.
Por prolongados momentos, ambos apenas se entreolharam.
Então, as crianças o viram e, contentes, chamaram seu nome, correndo em sua
direção. Ele hesitou um instante, mas logo se agachou e abriu os braços para
receber Emily e Michael num abraço apertado.
Anahí observava a cena, achando que devia ser sua
imaginação, porém o sol parecia-lhe um pouco mais brilhante, as folhas do
carvalho mais verdes, e a brisa mais suave.
E de repente teve a certeza de que não estava sonhando. Alfonso
soltou as crianças e começou a caminhar em sua direção com passos determinados.
Deteve-se a uma pequena distância, colocando as mãos nos bolsos dos jeans.
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
- Olá. - Olá - Ela levantou-se e retribuiu o cumprimento num quase sussurro, em meio ao súbito nó em sua garganta. - Comprei uma caminhonete. Não é zero quilômetro, mas está em perfeitas condições. Tem toca-fitas, ar condicionado. E uma cabine dupla. - Os olhos verdes estudavam-lhe o rosto delicado ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
jl Postado em 22/11/2010 - 10:59:06
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:58
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:54
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
jl Postado em 22/11/2010 - 10:58:49
Own, acabei de ler
Historia linda e reveladora
Parabens
Obrigado por postar *-* -
kikaherrera Postado em 29/03/2010 - 21:42:25
Lindo o final o Poncho foi perfeito em tudo o que disse.
Amei saber que vc vai postar uma nova web. -
kikaherrera Postado em 26/03/2010 - 00:41:49
Ainda bem que o Poncho caiu na real.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08
posta logo
-
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:08
posta logo
-
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:07
posta logo
-
rss Postado em 25/03/2010 - 16:43:07
posta logo