Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

Esta era uma verdade da qual ele conseguiu escapar
por alguns bem-aventurados minutos, mas que logo re­tornou. Deixou-se envolver
pela escuridão. E pela pele queimada que fazia a cabeça palpitar. E pela sede
de san­gue que rugia dentro de si. Podia ter saciado a fome de sexo, mas não
saciara a necessidade de beber.

Quase.

Alfonso procurou afastar aquele pensamento
desconcer-tante e se concentrou na exaustão que lhe doía no corpo. Precisava
dormir. Agora mais que nunca. Era sábado de manhã. Tinha exatamente oito dias -
o domingo se­guinte - até seu senhor voltar a Skull Creek.

Como vinha fazendo todas as manhãs desde que co­meçou
sua caçada ao vampiro que lhe jogara aquela mal­dição, revisou mentalmente os
resultados possíveis de seu encontro final. Morte. Destruição. Liberdade.

Se por um lado Alfonso nunca viu com os próprios
olhos nenhuma maldição ser quebrada, por outro lado sabia que funcionava. Já
conhecera um homem, dez anos an­tes, que dizia ter sido vampiro. Ele matou o
homem que o transformou, e assim libertou a si mesmo e a todos os outros que
haviam sido transformados por ele. Era como destruir um vírus de computador.
Destrua o mainframe e o vírus morre na fonte.

Alfonso nunca acreditou muito nas pessoas, até se
trans­formar em vampiro. Sabia encará-las e dizer se estavam mentindo.

E o homem falou a verdade.

Aquela história era o combustível de que Alfonso
pre­cisava. Parou de se sentir tão amaldiçoado e começou a pensar que talvez,
quem sabe, ele pudesse ajeitar as coisas.

Garret, o sócio de Alfonso na empresa de design de
mo­tocicletas, já não teve tanta esperança. Garret já era vam­piro havia mais
tempo que Alfonso e estava esgotado. Não acreditou em uma palavra daquela
história, mas não en­carou o homem para ver que ele dizia a verdade.

Apesar de Garret não encorajá-lo em nada, Alfonso
co­meçou a procurar. Só sabia o nome de seu senhor. O nome entalhado na adaga
espanhola que foi usada para abrir uma veia e forçar a maldição sobre Alfonso.

Sam Black.

Alfonso investigou todos os Sam Black que já foram
re­gistrados em todos os tempos, até que encontrou o su­jeito.

Agora sim. O Sam Black que ele procurava.

O soldado talentoso que lutou em várias batalhas
pela independência do Texas. Sam ficou notório por levar lem­branças de seus
inimigos - como as adagas espanholas que tirou do ditador Antônio López de
Santa Anna.

Uma placa de bronze na praça principal da cidade ho­menageava
o homem que foi morto por um bando de soldados mexicanos renegados logo após
chegar em casa depois da batalha de San Jacinto. As palavras "defender é a
honra maior" foram talhadas na placa sob o desenho de uma faca.

Uma adaga espanhola.

Alfonso procurou conter a raiva que o dominava.
Suas mãos tremiam e ele procurou fazer o corpo relaxar. Ele tinha de se
acalmar. Mais ainda, tinha de dormir. E se curar.

Ele foi vencido pela escuridão.

Sem agitação. Sem se revirar. Sem sonhos. Estava
arrependido dos últimos tempos, desde que vi­rou vampiro. Mas agora, pela
primeira vez, ficou grato pelo sono tão profundo. Alfonso teve problemas em
tirar Anahí Puente de seus pensamentos quando estava consciente e estava cien­te
de todas as razões pelas quais não poderia e não iria tocá-la novamente.

O clique de uma fechadura afastou o sono no qual
Anahí estava envolvida. A maçaneta rangeu, as dobradiças também, e ela sorriu.
Rolou na cama, deitando de costas, e sua mão alcançou os lençóis vazios ao seu
lado. Apalpou o colchão.

- Já estava na hora de você voltar para a cama.

- Se Jimmy John Charles não conseguiu me conven­cer,
e ele tinha flores, bombons e meu creme de dentadu­ra favorito, pode ter
certeza de que eu não tiraria minhas meias de"tratamento de varizes por
alguém como você.

A voz feminina estalou nos ouvidos de Anahí e
tirou-lhe o sorriso do rosto. Não é possível.

- Bem, não fique aí deitada. Já disse que não me
dei­tarei aí, e aquele cara que estava com você aqui já foi embora faz bastante
tempo. Levante este bumbum para que eu possa trocar os lençóis.