Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

Anahí forçou-se a abrir o olho.

Winona Adkins olhou para ela através das grossas
lentes de seus óculos bifocais.

Winona era bisavó de Eldin Adkins, dono do Skull
Creek Inn e atual campeão de bingo do Elk Lodge. Os pais de Eldin se
aposentaram em Port Aransas e o deixa­ram tomando conta do motel e de Winona.

Winona, que era tão teimosa quanto intrometida,
tinha uma visão um pouco diferente das coisas. Ela fazia ques­tão de meter as
mãos gorduchas em tudo, da recepção à manutenção. Também mantinha as senhoras
da turma do bingo a par das últimas fofocas. Winona era a presidente da turma e
a melhor amiga de Izzie, tia-avó de Anahí.

Anahí piscou os olhos, confusa, na esperança que a
idosa desaparecesse. Em vez disso, a névoa do sono se desfez. Sua visão clareou
e as feições de Winona, que pareciam um borrão, ficaram mais claras em questão
de segundos.

Com seu corpo pequeno e gorducho, a cabeça cheia de
fios grisalhos e um sorriso de tia, Winona era o pro­tótipo da avó. Os cabelos
enrolados como duas salsi­chas e presos no alto da cabeça pareciam um capacete.
Usava a blusa familiar com estampas de flores, calça collant até os joelhos e
sapatos ortopédicos brancos. Cheirava a material de limpeza. Trazia um grosso
mo­lho de chaves em uma das mãos e a calcinha de Anahí na outra.

- Eu... Eu posso explicar. -Aquilo era para ser uma
transa discreta e casual. Ela fora flagrada. Não em pleno ato, mas perto disso.
E tinha de ser flagrada logo por Winona.

Viu a calcinha branca de algodão. Sua calcinha,
pelo amor de Deus!

Seu coração disparou enquanto umas dez desculpas
possíveis lhe passavam pela cabeça.

Sou
sonâmbula e vim até aqui dormindo, e tirei a cal­cinha.

Um monte de
homenzinhos verdes que saíram de um disco voador me apontaram uma arma e me
obrigaram a tirar a calcinha.

Essa
calcinha não é minha, trata-se de um engano.

Seu estômago deu um nó, e sentiu uma tensão na gar­ganta.
Pense, seu cérebro gritava. Precisava de uma his­tória ao menos parcialmente
plausível para livrar a cara dentro do possível.

- Eu... Eu estava apenas visitando o
homem que es­tava hospedado neste quarto - disse, sem pensar. -- Ele é um velho
amigo que eu não via há muito tempo e tínha­mos muito que conversar. Estávamos
falando dos velhos tempos, e eu apaguei de uma hora para outra. Tenho
trabalhado demais no salão. Acho que acabei pondo o sono atrasado em dia. -
Soltou um bocejo alto e afetado.

- Você realmente conhece o bonitão que alugou este quarto?

- Não no sentido bíblico -
apressou-se a dizer, cru­zando os dedos por debaixo das cobertas. - Somos ape­nas
amigos. Eu e ele nos conhecemos há muito, muito tempo. Não acredito que caí no
sono em frente a ele. Ele dormiu no chão e deixou a cama para mim. - Pronto.
Conseguiu. Quase plausível. Agora só faltava Winona morder a isca.

- Claro. - Ela assentiu. - Assim que
abri a porta percebi que era algo assim.

Por mais esfarrapada que a desculpa
fosse, Winona acreditou. Mesmo com a calcinha na mão e o resto das roupas de
Anahí espalhadas para quem quisesse ver.

Anahí esperou ficar aliviada, mas não
ficou. Em vez disso, retrocedeu subitamente aos tempos de colegial. Ela era a
única menina cujo nome não estava na parede do banheiro dos meninos. O
contrário de sua mãe, cujo nome era rabiscado com assustadora freqüência.

Anahí tivera orgulho das duas coisas
na época. Mas no momento...

-- Falando sério - Winona prosseguiu.
- Você e aquele bonitão? Que loucura... Não sei se eu iria tão longe. Está
brincando? Eu vi quando ele fez o check-in ntem
à noite e, pode crer no que digo, você e ele são totalmente errados um para
outro. - Winona deu um tapinhano ombro de Anahí. -Não que você seja de se jo­gar
fora, mas você não faz o tipo modelo, e aquele rapaz parece saído das páginas
de alguma revista de moda.