Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

Era quase meio-dia quando Anahí abriu a porta de vi­dro
do salão To Dye For.

Como era típico em qualquer sábado,
todos os lugares estavam ocupados. Anahí respirou fundo e deu um sorriso de
desculpas ao passar pela pequena recepção e por uma cliente muito insatisfeita.

Jean MacGregor era uma senhora cheia
de rugas, com cabelos tingidos de castanho e sombra de olho prateada brilhante.
Um conjunto de calça e terno envolvia o corpo roliço e seios de tamanho
considerável. Óculos dourados estilo gatinho pendiam de uma corrente no
pescoço. Ela cheirava a perfume caro e cigarros além da conta.

- Sinto muito, senhora MacGregor.
Perdi minhas chaves, depois o pneu do carro furou e um botão da mi­nha blusa
caiu e... --As desculpas se sucederam até Jean gesticular pedindo que parasse.

-Ao menos você chegou. Aquele homem
não conse­gue enrolar meu cabelo como você faz.

Aquele
homem era Charlie Kendall, o cabeleireiro
prin­cipal de Anahí e seu melhor amigo, que no momento estava acalmando os
ânimos de uma cliente em um dos assentos. Ele tinha excelente gosto para estética,
um visual bonito e um armário de sapatos que faria ciúmes em Carrie de Sex and the City, ou seja, tudo indicava que ele era gay.

Na verdade, ele era apenas o único
metrossexual de Skull Creek. Tinha esposa - Darlene -, uma hipoteca e uma
cachorrinha chihuahua chamada Lulu.

-  Da última vez que ele fez meu
cabelo, usou um ferro de engomar e me mandou para o almoço da câmara municipal
com o cabelo totalmente liso.

- Parece moderno.

-- Fiquei parecendo o boneco
Cabeça-de-Batata da minha neta. - Balançou a cabeça. - Sou uma mulher grande,
querida. Meu cabelo precisa ser grande também para equilibrar o conjunto.

- Deixe apenas me preparar e estarei
aí. -- Anahí parou na recepção, onde viu um traseiro familiar em calça jeans
abaixado detrás do balcão de fórmica. - Ei, Dill. Qual é o problema?

O dono do traseiro era um homem alto
com cabelos louros e óculos de armação preta. Poncho Cash era proprietário de
uma loja de computadores que ficava bem em frente ao salão de Anahí. Ela era
rotulada como boa moça, mas na testa de Dill parecia estar escrito nerd.

- Ah, oi, Anahí. - Ele ajeitou os
grossos óculos no nariz que mal permitiam ver seus olhos verde-claros. - Não a
vi.

- Acabei de chegar, O que está
havendo?

- Charlie ligou hoje de manhã. Seu
hard drive está com problemas. Posso resolver, mas terei que levá-lo comigo.

- Por quanto tempo? - Da última vez
que ela teve problemas com o computador Dill confiscou a máquina por duas
semanas e ela teve que agendar manualmente uma série interminável de
compromissos.

- Hoje à tarde.

- É mesmo? - Encheu-se de esperança.
Talvez seu dia não estivesse destinado a dar errado, afinal.

Ele sorriu.

-  Considere isso um presente de
casamento adiantado.

Antes que ela pudesse registrar as
palavras, ouviu o grito de Charlie.

-  Ah, meu Deus. Ela está aqui,
pessoal. Ela está aqui!

-  Quem? - Anahí se virou para
olhar enquanto Charlie saía de onde estava para correr até ela de braços
abertos. Ele a abraçou e deu um beijo delicado na bochecha.

- E pensar que as senhoras da turma
do bingo apostavam que você jogava no outro time.

Charlie usava os longos cabelos
louros presos em um rabo-de-cavalo chique. Usava uma camisa colante de
poliéster preto, calça jeans apertada e um par de botas que os caubóis locais
chamavam de mata-baratas. As botas eram de bico fino, brilhantes e com um salto
alto o suficiente para acrescentar três centímetros ao seu metro e sessenta.

-  Ora, aquelas galinhas velhas
não saberiam reconhecer uma lésbica nem que ela caísse de pára-quedas no colo
delas. - Ele recuou e desceu os olhos para a blusa branca que Anahí vestiu ao
passar em casa. Abriu um largo sorriso. - Tente se vestir de luz acesa da
próxima vez, meu bem. Seu noivo vai gostar.

Anahí viu que, além de estar faltando
um botão, parte da blusa estava para fora da calça.

- Eu estava com pressa - disse sem
pensar. Começou a endireitar os botões que estavam nas casas erradas.

- Dormi demais e... -As palavras lhe
faltaram quando se deparou com o olhar de Charlie e notou o que ele ha­via dito
de estranho. - Noivo? Você falou noivo? Charlie fez que sim.

-  O senhor Alto de Cabelos
Negros do motel. Na condição de seu melhor amigo, eu ficaria ofendido se você
não contasse nada, mas estou aliviado também. Não que eu achasse que você é
lésbica. Mas... vamos combinar, querida, você não deu sorte com os homens. -
Ele deu de ombros e se virou.

Anahí foi ocupar seu lugar detrás de
uma das cadeiras do salão quando Charlie pegou seu pente e começou a pentear os
cabelos castanhos em frente a si.