Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

Eram oito em ponto quando Anahí se despediu da últi­ma
cliente e desligou a luz. Tarde para um sábado típico; o salão fechava às
cinco.

Mas não era tarde o bastante para
aquela noite espe­cífica.

Tivera de ser paciente durante o dia.
Como seu compu­tador estava na loja bastante iluminada de Derrick do ou­tro
lado da rua - ele era conhecido por ficar trabalhando até tarde e por não ter
vida social - ela teve de ficar uma hora a mais agendando os horários à mão.
Fez os cabelos de cliente após cliente a passo de tartaruga. Chegou até a fazer
luzes - de graça - na última cliente. Além de um tratamento de condicionamento
profundo. E alguns apliques de cabelo. Também fez uma longa pausa e foi até a
loja de artigos domésticos. Mesmo assim conseguiu fechar a tempo de comparecer
ao concurso culinário.

Deu uma olhada no buquê de balões em
sua cadeira de trabalho. Havia também um prato de biscoitos de cho­colate, uma
cesta de muffins frescos com uva-do-monte, uma bandeja
de bombons dados pela senhora Langtree e um imenso rosbife enrolado em papel
alumínio.

Tudo aquilo era presente de casamento
de suas leais freguesas.

Ela até ficou contente quando os balões
chegarem.

Em seguida brigou consigo mesma. Alô, Terra cha­mando Anahí! Você não
tem noivo nenhum, Você não tem namorado. Você não tem nem mesmo um gato.

E isso significava que ela ia sozinha
ao concurso culi­nário - e a todos os outros eventos da semana de festas em
honra dos fundadores da cidade. Inclusive ao Baile de Outono na sexta.

O evento do ano para casais. Ninguém
deixava de ir. Até o lar de idosos Golden Acres arrumava um ônibus para seus
residentes não per­derem o evento.

Anahí acreditou que iria com Bilí até
descobrir suas infidelidades.

Não que estivesse decepcionada. Na
verdade, estava aliviada. Ao menos descobrira tudo antes de estar ime­diatamente
ligada a ele. E o rompimento fora o estímulo de que ela precisava para tocar a
vida para frente. Sem um homem.

Olhou para o relógio novamente.
Acenou para Derrick, que acenou de volta do outro lado da rua.

Anahí então se pegou tentando arrumar
uma desculpa para sair da situação embaraçosa em que se metera.

Decidiu dizer a Charlie e Cheryl Anne
que Alfonso teve de voltar para casa por causa de uma emergência de tra­balho.

Não que ela soubesse onde ele morava.
Apesar de terem feito um sexo incrível, ele era pouco mais que um estranho.

A constatação fez seu rosto queimar,
mas sua mente excluiu a informação de que ele era um estranho e se concentrou
no sexo. Uma imagem nítida lhe veio e ela o viu sobre ela, com seu rosto
misterioso e intenso, seus olhos cintilando ao luar. Sentiu a pressão de seu
peso enquanto ele a penetrava fundo.

Anahí mordeu o lábio ao sentir um
ardor súbito entre as pernas. Que loucura... Ela havia saciado seu desejo. Sua
única sensação agora devia ser satisfação total e completa.

Mas não era isso.

Antes que pudesse se deixar levar por
esse pensamen­to, o celular tocou.

- Estou no estacionamento - disse
Jolene com sua voz grave e quente. - Encontre-me na porta dos fundos do salão.

Jolene? Aqui? Agora?

Anahí revirou a bolsa e pegou o
batom. Passou nos lá­bios, tirou o prendedor de cabelo e desfez o
rabo-de-cava-lo. Quando ia usar um spray nos cabelos, ouviu baterem na porta
dos fundos da loja. Aplicou rapidamente e jogou o spray na bolsa, correndo para
os fundos do edifício.

No caminho abriu um botão da blusa.
Respirou fundo e deu seu sorriso mais sedutor ao abrir a porta.

- Já não era sem tempo. Estou
derretendo aqui fora. - Jolene Puente aparentava 46 anos, e
seus hábitos noturnos a ajudavam a mantê-la.

Mas apesar de estar um pouco
envelhecida, ela mes­mo assim ainda era uma mulher bonita. Tinha espessos
cabelos louros, pele branca leitosa e se cuidava. Usava um vestido vermelho
justo e sandálias de salto alto na mesma cor. As unhas longas e também
vermelhas brilha­vam à meia-luz enquanto ela abanava o rosto.

- Por que você demorou tanto? Anahí
sorriu.

- Estava só me recompondo.

A mulher a olhou de cima a baixo.

- Você devia tentar usar mais
maquiagem, querida. Está tão sem graça. E este cabelo... por que não usar
mousse ou algo assim? Está muito liso. - Jolene passou por ela.

- Mãe, estive trabalhando o dia
inteiro. - Virou-se para acompanhá-la até a frente da loja. - O que houve?

- Como se ela não soubesse.

- Tive de parar e ver por mim mesma.
- Olhou para os presentes de noivado. - Santo Deus, é verdade mesmo. Você está
noiva.

- Não estou.

-  Está, sim. - Seus olhos
encontraram os Anahí.

- Izzie passou a tarde na cozinha.

- Ah, não.

- Ah, sim. Ela fez uma torta. De
maçã.

Essa não. Torta de maçã era a
especialidade de Izzie e significava apenas uma coisa.

A marcha nupcial soou na cabeça de
Anahí e ela fechou os olhos.

- Ela falou com Winona, não é?

- Claro que falou. A velha não
conseguiu se agüentar e ligou para contar as novidades. Izzie praticamente
correu para o forno. Enquanto isso, eu tive uma trombose.