Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

Estava quase
terminando.

Anahí
comeu o último pedaço de waffle e bebeu o res­to de suco. Chegara à antiga casa
onde passara a infância meia hora depois da mãe, que dormia pesado como re­sultado
de mais uma noite em que chegara tarde.

Anahí, não.
Ela sempre chegava cedo.

Nada de
dormir três horas além do normal nem ten­tar outro orgasmo espetacular. Ela se
arrastou da cama por volta das quatro da manhã e deixou Alfonso dormindo
profundamente. Tinha coisas a fazer e lugares para ir, tinha uma rotina, e
estava determinada a manter as prio­ridades.

Já em
casa, ela fez o que costumava fazer todas as ma­nhãs de domingo: assistir ao
último episódio de Grey`s Anatomy no gravador digital Tivo. Depois encomendou
pela internet alguns artigos para o salão e terminou o anúncio para o jornal de
terça-feira junto com um cupom de desconto para o Baile de Outono. Ela também
pendu­rou amostras de cores de tintas nas paredes da cozinha e tentou decidir
de qual cor gostava mais. Então vestiu sua melhor roupa de festa e agora aqui
estava ela.

Olhou
para o prato vazio e sorriu.

Sim, a
inquisição terminaria em breve.

- Aqui,
querida. - Izzie usava um avental decora­do com porcos cor-de-rosa, seu
conjunto favorito cor de pêssego e um sorriso cálido. - Coma outro waffle antes
de ir para a igreja.

- Deixe a
pobre da menina em paz, tia Izzie. - Jolene sentou-se de frente para Anahí, os
olhos pregados na última edição de Cosmo, Usava uma blusa rosa-choque estilo
campestre e uma saia mexicana colorida. Os cabelos estavam penteados e
arrumados à perfeição, e a maquiagem estava firmemente no lugar. - Ela já comeu
dois. Você vai fazê-la engordar.

- Ela bem
que pode ganhar um pouquinho de carne sobre os ossos. - Izzie pôs mais um
waffle no prato de Anahí.

- Homem
nenhum vai querê-la se ela ficar como um balão. - Jolene pegou o prato e
devolveu à outra.

- Ela já
tem um homem que a ama incondicional­mente. - Izzie pôs o prato em frente a
Anahí outra vez.

- Ela não
vai casar com ele. - Jolene devolveu o prato.

- Vai,
sim. - Izzie retornou com o prato.

-- Vou
comer metade. - Anahí pôs os braços ao re­dor do prato e pegou o garfo.

- 
Então, quando vamos conhecer este jovem? - Izzie perguntou novamente pelo que
devia ser a décima vez desde que Anahí entrou.

- Em
breve - ela respondeu, mas Izzie parecia de­terminada a arrancar uma resposta
definitiva.

A última
coisa que ela queria era apresentar Alfonso à tia-avó. Com a beleza e o carisma
de Alfonso, Izzie logo cairia de amores por ele, o que só tornaria mais difícil
tirá-lo da história.

- Não há
razão para conhecê-lo - disse Jolene. - Eles não vão se casar.

- Vão,
sim.

- Não
vão, não...

- O que
está lendo, mãe? - Anahí perguntou para mudar de assunto.

- Um
artigo sobre os solteirões do Texas. Aqui diz que Dallas tem mais doutores e
advogados e mestres do mundo financeiro do que qualquer outra cidade do Te­xas.
Claro que não têm muito a oferecer em termos de operários ou outros tipos mais
rústicos. Se quiser conhe­cer um caubói, precisa ir para Austin. Ou para a
região central do país. Lá há muitos caubóis.

- E
corretores de seguros? - Jolene bebericou do café. - Estou falando de homens
que são alguém na vida. Astros do esporte, apresentadores, comerciantes da
Internet, mestres do ramo imobiliário.

- Um
corretor de seguros é alguém. - Especialmen­te porque o primeiro e único amor
de tia Izzie fora um corretor de seguros chamado Tom. Ele foi atropelado por um
caminhão antes de casarem, e desde então Izzie chorava a perda.

- Eu
gosto de corretores de seguro - Anahí disse. - William, do escritório State
Farm, é bem atraente.

-  O
dinheiro que ele ganha mal dá para comprar aqueles ternos pavorosos que usa -
Jolene disse.

- Eles
são meio fora de moda, mesmo - Anahí con­cordou.

- 
Vintage - Izzie disse, jocosa. - Não é assim que vocês, jovens, dizem?

- 
Só é vintage se for intencional - Jolene disse a Izzie. - Se a pessoa usa por
ser a única coisa que tem, então é velho mesmo.

- Talvez
seja o único terno que ele tem - Anahí dis­se. Cortou o waffle em quatro
pedaços e comeu um.

Um já
foi... agora mais três.

- Ele é o
melhor corretor da cidade - Jolene conti­nuou. - E ganha bastante dinheiro. Só
não quer dividir com ninguém. Ele é pão-duro.

- 
Não há nada errado em ser econômico - disse Izzje - Eu sou econômica.

- É o que
estou dizendo. Veja este lugar, Iz. Você usa o mesmo papel de parede desde os
anos cinqüenta...

- E com
quem saiu ontem à noite? - Anahí cortou, captando a atenção da mãe. - Quem era
ele? - Ela comeu o segundo pedaço.

- Bernie
Maguire. - Um sorriso tocou os lábios de Jolene. - O homem é um verdadeiro
encanto.

Anahí
tentou conciliar o Bernie que conhecia com um encanto. Tinha cinqüenta e poucos
anos, três divórcios, sem filhos, com seu bronzeado artificial e cabelos tingi­dos.
Usava calças apertadas demais e correntes de ouro suficientes para alimentar
uma família de quatro pessoas pelos próximos cinqüenta anos.

- Fomos
jantar no Olsen`s. Ele comeu um filé, e eu minha salada de sempre, e então
fomos dançar em um clube novo em Calloway.

Anahí
comeu o terceiro pedaço.

- Ouvi
falar desse lugar - disse Izzie. - A polícia deu uma batida lá por causa de
venda de drogas.

- Não
houve nada disso. Um dos policiais estava dando uma despedida de solteiro e
muitos colegas apa­receram para felicitá-lo.

Anahí
comeu o último pedaço.

- Não foi
o que disse Amélia Patterson - Izzie ale­gou.

Mastigar.

- 
Amélia Patterson tem quase cem anos de idade - Jolene rebateu. - Ela mal
consegue ficar acordada durante o bingo.

Engolir.

- Ela fica acordada a maior parte do tempo.

-- Ora, ela não consegue manter os olhos abertos
por mais de...

- Pronto - Anahí anunciou. Levantou-se. - Odeio
comer e sair correndo, mas realmente tenho de ir.

Anahí pensou no que seriam duas horas sentada entre
Izzie e Winona - Jolene não ia à igreja - e balançou a cabeça.

- Preciso correr até a loja de ferragens antes de
ir para o asilo. - Ela oferecia seus serviços de cabeleireira como voluntária
todos os domingos no asilo para quem não podia pagar uma visita ao salão.

-  Quanta dedicação. - Izzie abriu um sorriso.
- Deixe-me preparar um lanche para você levar.

- Pare de encher a garota de comida. - Jolene le­vantou.
- Você vai deixá-la doente.

- É só uma coisinha para levar na bolsa para mais
tarde.

Anahí abriu a boca para interferir, mas seu cérebro
empacou na palavra bolsa. A bolsa de couro preta em que levava seu material de
trabalho.

Ficou horrorizada ao sentir a mente retroceder algu­mas
horas. Estava tão ansiosa para manter a rotina e não se distrair que acabara
fazendo exatamente o contrário.