Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

- Assim como você pode ler os meus -- ele disse. -
Estamos conectados. Pelo sexo.

Ela fez que não com a cabeça.

- Não posso ler seus pensamentos.

- Você precisa se concentrar. Projetar. A telepatia
faz parte do que eu sou. Quando olho nos olhos de alguém posso ver o que a
pessoa está pensando. Agora posso ver que você está com muito mais medo de si
mesma do que de mim. Você tem medo do jeito que eu faço você se sentir. Porque
apesar de você saber da verdade agora, continua atraída por mim.

Anahí não tinha como evitar. Nenhuma mulher
conseguiria.

-  Mas não quero qualquer mulher. Quero você.
E você ainda me quer.

Ela queria negar, mas para quê?

Seu corpo tremeu, e ela teve vontade de tocá-lo.

Está louca? Ela pensou, com a sanidade que lhe
resta­va. Claro que ele ê atraente e o sexo é maravilhoso, mas ele bebe sangue.

-  Jamais misturo sangue com sexo. Beber de al­guém,
seja sangue ou sexo, cria uma intensa conexão mental. E fazer os dois cria uma
conexão ainda maior. Inquebrantável.

Permanente, não temporária. Vampiro ou não, Alfonso
era com certeza o segundo caso.

Alfonso não era o homem que ela pensava. Nem sequer
era homem. Era um vampiro.

Que só queria sexo com ela.

- Venha. - Foi só uma palavra, mas ela não tinha
forças para resistir.

Foi o que pensou.

Não tinha nada a ver com o fato de ela estar cansada
de pensar e assimilar a verdade. De repente tudo que ela quis foi sentir.

Virou-se em direção a ele.

- Fui transformado em 1883 - ele murmurou de­pois
que terminaram de fazer amor mais uma vez. De modo mais selvagem que nunca. Na
caverna. - Não foi muito longe daqui, em uma cidadezinha chamada Junction.

- Conheço a cidade.

- Está bem maior agora que naquela época. Eu tinha
trinta anos na época.

Ele se sentou perto dela, puxando suas pernas para
sobre as dele.

- Ao contrário do mito popular, você não se torna
vampiro só por ser mordido por um. Eu fui atacado por um que me forçou a beber
de seu sangue.

Ela quis dizer algo, mas estava ocupada demais
absor­vendo as palavras que ele dizia.

- Eu não queria - ele prosseguiu, quase hesitante
--, mas ele me forçou. Tentei lutar, mas não adiantou.

- Deve ter sido terrível.

- A parte terrível veio mais tarde. Quando acordei,
não havia sinal de que eu havia sido atacado. Não havia sangue, nem cicatriz.
Só havia algo em meu sangue me dizendo que eu estava diferente. No começo eu
podia caminhar ao sol, mas com o passar dos dias isso foi me incomodando cada
vez mais. E então comecei a ter estas vontades... Não fiz nada quanto a eles.
Eu lutava contra a fome, mas no final acabei vencido.

Anahí absorveu a solidão e o horror que ele passou.

- Eu quase matei um homem. Estava tão louco de fome
que o ataquei. Poderia tê-lo matado se não fosse Garret.

- Garret? Seu sócio?

- Até então eu não o conhecia. Foi ele quem me en­controu
quando eu estava prestes a rasgar o rosto daque­le caubói. Garret me deteve e
me deixou beber de sua própria veia até minha fome ser aplacada e eu voltar a
mim. Antes eu não tinha idéia de onde estava. Minha es­posa havia fugido e tudo
estava virando de ponta-cabeça. Eu me sentia tão doente que não podia trabalhar
com os cavalos. Achei que fosse morrer, mas então conheci Garret e descobri que
já estava morto.

- Então ela realmente o abandonou.

- Eu disse a verdade. Só não disse toda a
verdade.  - Esfregou a mão no rosto. - Eu não teria conseguido sem Garret.
Ele foi transformado durante a revolução do Texas, uns cinqüenta anos antes de
mim.

- Na época em que Skull Creek foi fundada. Ele
assentiu.

- Ele era mais velho e mais sábio. Já sabia
controlar a fome. O segredo é se alimentar lenta e regularmente. Além disso,
quanto mais velho o vampiro, por mais tem­po ele consegue controlar a fome. Ele
me ensinou isso, também.

- Era ele, não era? No centro comunitário. Ele fez
que sim.

- Vampiros sentem outros vampiros. Eu senti a pre­sença
de Garret antes de perceber que era ele e, claro, fiquei na defensiva. - Olhou
para ela. - Não deixaria ninguém ferir você, Anahí.

Ela sentiu uma onda de calor ao se deparar com aque­le
olhar protetor.

- E a fome por sexo? Você tem de se alimentar com
freqüência?

- O ideal é uma vez por dia. Às vezes mais. Quanto
menos sangue eu bebo, mais preciso de sexo. Sou escra­vo de ambos. - Deu de
ombros. - Bem, mas esta é a história de minha vida.

Ela lembrou da história da infância dele e de
repente tudo fez sentido. Ele havia nascido em uma época em que não havia leis
de proteção à criança e fora posto em uma situação ruim. Escravizado.

Ela tocou com os dedos a tatuagem em seu bíceps es­querdo.

- Sempre achei que depois de pagar a dívida de mi­nha
mãe com Caskey estaria livre, mas não. Saí da fazenda dele direto para a cidade
mais próxima e me enro­lei com a primeira mulher que me sorriu. E assim acabei
me enfiando em outra situação ruim. E então fui atacado e a situação ficou pior
ainda. De uma prisão à outra. En­curralado.

Ela sabia como era a sensação. Ela viveu a vida
inteira encurralada entre a mãe e a tia. E continuava assim.