Fanfic: Sedução Fatal (Terminada)

- Você se deixou levar pelo sentimento - ele acres­centou.
- Do contrário ainda estaria fora dessa. - Ele terminou de dar o último nó e
testou para ver se estava firme.

- O que você fez comigo? - Sua voz soou rascante de
início, mas a cada palavra pronunciada sua voz foi voltando a parecer a mesma.

- Chama-se transe. Geralmente é muito mais difícil
de resistir. Mas como você está ligada em Alfonso, resiste a meu charme. Achei
que este seria o caso quando vi como ele ficou arrasado ontem à noite. - Ele
apertou a corda novamente. - Esta corda é para isso.

- Achei que você fosse amigo dele.

-  E sou. - Uma luz torturada lhe tocou os
olhos, como se houvesse um conflito interno no fundo de si mesmo. Bem versus
mal. Inimigos contra amigos. - Mas a autopreservação vem primeiro. Não posso
deixá-lo aparecer para a transformação. E não deixarei.

- É você - Anahí disse, começando a entender. -
Você é Sam Black.

- Eu era. Muito, muito tempo atrás. Também fui Sam
Sawyer. Billy Black. E agora sou Garret Sawyer. Coisa de vampiro. Temos de nos
proteger, e por isso mudamos. As pessoas morrem. Vampiros mudam de nome.

- Mas você é um herói. - Que coisa estúpida de se
dizer, mas foi o que lhe veio à mente naquele momento. Garret era Sam Black. O
Sam Black.

- Não era nada disso. Era apenas um garoto de sorte
defendendo meu lar. Minha gente. - Balançou a cabe­ça e aquela luz torturada
retornou. Suas palavras eram apertadas de dor. - Tive sorte, sim. Mas minha
sorte acabou. - Ficou tenso ao perceber que falara demais. - Não sou herói
nenhum. Sou um vampiro. Lembre-se disso.

- Por que está fazendo isso?

- Para manter Alfonso fora do caminho para poder fa­zer
o que tenho de fazer. Se ele estiver ocupado procu­rando por você, e estará,
pois vocês dois agora estão conectados, não irá me confrontar. Jamais saberá
quem sou.

- Ele não vai perder a chance de voltar a ser
humano para procurar por mim. - Ao dizer as palavras, sentiu que estava errada.
Ele viria atrás dela como Garret previra, perdendo assim sua chance de
redenção.

- Se ele vier atrás de mim, direi que é você e ele
irá atrás de você.

-  Quando chegar a hora, veremos isso. Mas
agora, não.

- Por que não me mata simplesmente? - As pala­vras
saíram sem que ela pensasse antes. Idiota. Não lhe dê idéias.

Mas ela sabia que matá-la já havia passado pela ca­beça
dele. Por alguma razão, ele preferiu não fazer isso. Dava para ver pela
gentileza com que ele conferiu a cor­da em seu tornozelo. Conferiu as mãos.

- Está bem apertado.

Ele não pareceu acreditar, mas fingiu recuar e
afrou­xou os nós, soltando um pouquinho de nada.

- Melhor? - Olhou-a nos olhos.

-  Obrigada. - Ela o observou se levantar e
cami­nhar pelo celeiro, conferindo se as persianas estavam fir­mes no lugar. -
Por que não o mata de uma vez? Assim não teria de passar a eternidade
desconfiando. Você já fez isso antes.

- Não tive a intenção...

- Não teve a intenção de quê? De matá-lo? Você é um
vampiro. É o que você faz.

Ele parou, tenso.

- Tentando me convencer, não é? Talvez você não
ligue tanto para ele quanto eu penso.

Mas ela ligava sim para Alfonso. E Garret também.

- Ele vai matá-lo - ela disse.

-  Não tenho dúvida. Por que acha que estou me
dando a este trabalho todo? - Ele se aproximou dela. - Não quero matar Alfonso,
mas também não quero que ele me mate. -- Ele pegou uma fita crepe da mochila,
tirou um pedaço e debruçou sobre ela.

- Não precisa... - A fita tapou-lhe a boca e tudo
que saiu foi um urro.

- Quanto mais tempo ele levar para descobri-la, me­lhor.
A transformação terá acabado então.

E do contrário?

Alfonso o mataria. Ela sabia.

Por mais que detestasse Garret, ela não podia
deixar Alfonso fazer isto. Não porque se importasse com aquele vampiro traidor.
Não, se importava com Alfonso. Não con­seguiria viver com ele se matasse Garret
Sawyer.

Porque Alfonso não era assassino.

Podia ser um vampiro, mas não era frio nem implacá­vel.
Ele se importava com as pessoas. Com ela. E com Garret.

Ela fechou os olhos, pedindo ajuda a Alfonso.