Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)

No dia seguinte, Alfonso abriu a porta
da caminhonete para Anahí quando veio buscá-la. Ele sequer encostou em seu
corpo, o que a deixou aliviada. Ambos estavam calados, constrangidos um com o
outro. Melhor assim, precisavam manter distância.

Durante a noite, chegara à decisão de
que devia ignorar todos os sinais de tempestade entre ela e Alfonso. Não tinha
mais 19 anos, portanto era capaz de se controlar. Afinal, não tivera nenhum
problema em fazê-lo com alguns homens muito atraentes, na Califórnia.

Após alguns minutos de conversa
formal, desistiram de falar. Chegaram à sede tribal da reserva em menos de uma
hora.

Ao entrarem, foram levados a uma sala
de reuniões. Uma caixa de madeira entalhada já estava sobre a mesa. Sara Lewis,
que, de acordo com Alfonso, trabalhava no Native American Museum, estava de pé
do outro lado da mesa.

Anahí sorriu e acenou com a cabeça
para a jovem, que retribuiu o cumprimento com cautela.

Alguns dos anciões da tribo haviam
comparecido para ver o que aconteceria. Nos fundos do aposento, estava o chefe
tribal, Frank Many Horses, e a seu lado o advogado Derrick Hawk, também um dos
líderes tribais.

- Derrick! - Anahí exclamou, bastante
surpresa. Eles tinham a mesma idade e haviam brincado juntos, quando crianças.

- Fiquei sabendo que você está de
volta.

Derrick era tão alto quanto Alfonso.
Usava os cabelos longos trançados e os olhos eram negros como a noite. O nariz
arqueado e as faces pronunciadas evidenciavam a origem cheyenne.

Com um sorriso caloroso, o advogado
aproximou-se dela.

- Anahí, a filha do professor que anda
por aí fazendo perguntas pessoais - brincou ele. Seu sorriso desapareceu. -
Agora, está aqui para fazer suas próprias perguntas.

- Isso mesmo. Estão com os ossos?

Derrick a pegou pelo braço e a
conduziu até o velho que estava de pé nos fundos do aposento. Alfonso veio
atrás deles. Anahí notou como o olhar dele se alternava entre ela e Derrick,
como se estivesse avaliando o que havia entre os dois.

O advogado tribal apresentou-a a tio
Frank, como se ela já não o conhecesse há anos.

- Como está? - perguntou debilmente ao
velho líder tribal.

- Bem. E o seu pai?

- Ele manda lembranças. Deve terminar
no verão o novo livro das histórias tribais. Disse que, assim que acabar, vem
lhe trazer um exemplar.

- Ótimo - disse ele, olhando ao redor,
como se estivesse cansado.

Um jovem policial tribal lhe puxou uma
cadeira.

- Aqui, tio Frank - disse. - O senhor
precisa descansar. O dr. Hunter nos incumbiu de cuidar disso.

- Kane - zombou o ancião. - Parece
minha babá. Quando ele se sentou, fez um sinal para que o jovem trouxesse uma
cadeira para Anahí. Com a cadeira posicionada de frente para a dele, Anahí se
sentou, e o ancião pronunciou-se novamente.

- Kane precisa encontrar uma boa
mulher, como o primo teve a sorte de fazer.

Ele olhou com afeição para o sobrinho.

- Derrick? - Anahí indagou.

- É. Na semana passada. - O advogado
sorriu e gesticulou na direção do tio. - Ele está se tornando um casamenteiro
de primeira.

- Eu lhe desejo toda felicidade -
disse ela, baixinho. Derrick assentiu.

- Conhece a história dos ossos? -
perguntou tio Frank.

- Um pouco. Mas por que não me conta
novamente, para que eu refresque minha memória?

Tio Frank contou mais uma vez a
história que ela já havia lido nos relatórios inicias do FBI e escutado de Alfonso.
A seqüência dos acontecimentos era a mesma. Depois que o ancião ficou em
silêncio, ela agradeceu e pediu para ver as evidências.

- Não é digno que os restos de um
ancestral sejam maculados pelos métodos dos homens brancos - disse ele, de cara
amarrada.

- A investigação forense - esclareceu Derrick.

Anahí fitou o chão, enquanto pensava
em uma solução.

- Não realizarei nenhum teste sem a
permissão da tribo - prometeu.

Ela notou que Alfonso estremeceu
diante dessa revogação de autoridade. Anahí levou o dedo aos lábios, para que
ele permanecesse em silêncio, e voltou o olhar para o chefe tribal.

Tio Frank a fitou demoradamente e
depois assentiu.

Anahí sentiu-se aliviada. Não
precisaria fazer valer sua autoridade de representante do governo federal.

- Agora venha aqui - disse tio Frank,
levantando-se e abrindo os braços. Ela se deixou abraçar calorosamente, e lutou
contra as súbitas lágrimas. - Você nos dará o prazer de sua companhia em uma
refeição, em breve?

- Eu adoraria.

comentem!!!