Fanfic: Uma Vez Amantes (TERMINADA)
Preferiu ignorar a pergunta. Enquanto Alfonso
supervisionava o trabalho de embalar e lacrar as evidências, ela voltou a examinar
a área.
Amanhã, decidiu, ampliaria a busca até
achar o restante do esqueleto ou ser obrigada a desistir. Reservara apenas duas
semanas para este caso.
- Terminou? Estou encerrando o
expediente.
Sentada atrás da mesa sobre a qual
estavam espalhados os ossos que analisava, Anahí ergueu a cabeça e abaixou a
lupa.
- Terminei. Analisei cada corte e
ranhura destes ossos. Como eu imaginava, os entalhes foram provocados por
dentes de animais. Amanhã vou dar início a uma busca sistemática na região onde
foram encontrados.
Alfonso franziu a testa.
- Vou designar alguém para ajudá-la.
- Não precisa.
- Você não vai ficar zanzando pela
floresta sozinha. Alguém foi assassinado por lá.
- Não temos certeza disso.
Ele a fitou furiosamente, mas ela não
desviou o olhar.
- Você é teimosa como uma mula - ele
murmurou após alguns segundos.
Ela se lembrou do passado. As
discussões deles jamais duraram mais do que alguns minutos. Um dos dois sempre
acabava rindo da teimosia do outro, e, depois, encerravam o assunto fazendo amor
ou levando Thadd para tomar sorvete.
- Eu sei. - Ela sorriu, espreguiçou-se
e bocejou. - Vou para casa. A que horas vai chegar amanhã?
- Às sete.
Ele se apoiou na mesa para estudar a
coleção de ossos. Em meio ao cabelo escuro dele, Anahí notou alguns fios
brancos. Não muitos, mas alguns.
Cabelos brancos? Alfonso?
Sempre o considerara a essência do
homem, imutável, intocado pelo tempo, um modelo a partir do qual ela julgava
todos os outros homens que já conhecera. Considerava perturbadora a noção de
que ele era tão vulnerável ao tempo quanto todo o resto da humanidade.
- A que horas você pretende chegar? -
perguntou ele, endireitando-se.
- Mais ou menos na mesma hora.
Pegando a bolsa e olhando ao redor
para ver se não esquecera nada, ela deixou a sala de reuniões passando pelo
escritório de Alfonso, que trancou as portas e a seguiu pelo largo corredor que
levava à entrada do prédio.
- Quer sair para jantar? - convidou
ele.
Ela se deteve e olhou para ele por
sobre o ombro.
- Não, obrigada. Vou visitar Winona.
Eu liguei para ela hoje. Está me esperando.
Ele assentiu.
Após passar em casa para trocar de
roupa, Anahí dirigiu-se para os arredores da cidade pela Rota 17. A poucos
quilômetros dos limites da cidade, ela parou diante do que parecia ser um
depósito de lixo - e, na verdade, era.
Aplaca que dava ao lugar o nome de Stop`n
`Swap, era praticamente ilegível. Abaixo dela havia outra anunciando que
ali se fabricava e vendia mel.
O terreno diante da casa estava
coberto de itens domésticos e automobilísticos descartados. Uma dúzia de gatos
dormia ao ar livre. Dois bodes postados sobre uma carreta enferrujada olharam
para Anahí quando ela estacionou e abriu o portão. O cão de guarda sequer abriu
os olhos quando ela se aproximou.
A ansiedade de ver a mulher que ela amava
quase tanto quanto a própria família impulsionou Anahí na direção da entrada do
trailer onde morava Winona Cobb, que estava de pé diante da porta.
- Anahí! - ela gritou calorosamente, e
abraçou Anahí, quando esta subiu os blocos de concreto que faziam às vezes de
escada.
Winona continuava a mesma - o mesmo
coque com os cabelos grisalhos, o mesmo rosto redondo e alegre, os mesmos olhos
castanhos inteligentes, e o corpo baixinho e robusto.
Ninguém sabia ao certo de onde ela
viera, e Winona jamais revelara tal informação. Mas, como as montanhas, ela já
fazia parte do cenário local.
Anahí e o pai a visitavam
freqüentemente durante as férias de verão que passavam na região. A senhora
sempre lhes servia vinho caseiro e limonada e os mandava para casa com sacolas
de legumes frescos que ela cultivava na pequena horta que mantinha ao lado do
trailer.
- Deixe-me olhar para você, menina -
disse ela, segurando Anahí diante de si.
Ela tomou as mãos de Anahí e a
analisou com um sorriso.
Na mesma hora, uma expressão alarmada
apareceu no seu rosto. Winona soltou as mãos de Anahí como se elas a houvessem
queimado. Cruzou os braços e cambaleou para trás.
Deixando-se cair em uma cadeira, ela
levou a mão trêmula ao colar de contas.
- Winona? - Anahí indagou, alarmada.
Ela se agachou ao lado da cadeira de
balanço acolchoada.
- Duas caras - Winona murmurou, com os
olhos fechados e o rosto bronzeado empalidecendo. - Uma mulher... Duas caras.
Ela lentamente começou a sacudir a
cabeça de um lado para o outro.
O coração de Anahí batia com força.
Havia se esquecido das visões de Winona. A mulher era conhecida por seus dons
mediúnicos. Fora ela quem dissera a Alfonso onde encontrar Thadd, quando
estavam procurando por ele.
- Pode ver mais alguma coisa? - ela
perguntou baixinho.
- Um quarto. Há um homem sobre a cama.
Nu. Ele está dormindo. A mulher está procurando alguma coisa... Está revirando
os bolsos dele...
Anahí aguardou até que a amiga se
calasse. Winona abriu os olhos e levou a mão à cabeça.
- Traga-me um copo de vinho de amoras,
e, depois, prepare um pouco de chá de camomila.
Anahí obedeceu. Quando o chá ficou
pronto, serviu duas xícaras que adoçou generosamente com mel.
- Está se sentindo melhor? - perguntou
sentando-se em um banquinho.
- Estou. Quem foi a última pessoa na
qual tocou, antes de vir me visitar? - Winona perguntou, após tomar um gole de
vinho.
Anahí pensou no seu dia. Depois de
voltar para a cidade, passara a tarde inteira na sala de reuniões de Alfonso,
examinando os ossos.
- Não toquei em mais ninguém desde
Frank Many Horses... Não, eu apertei a mão de Derrick Hawk quando deixei a
reserva.
Ela tentou se lembrar se ela e Alfonso
haviam se tocado. Não. Haviam passado o dia inteiro evitando-se. Na verdade,
após lhe mostrar a sala de reuniões, ele a deixara e só retornara pouco antes
das 17h.
- É tudo de que consigo me recordar -
completou. - Você se lembra do que disse?
Winona assentiu.
- A mulher de duas caras. Uma
escondendo a outra. Podia ver ambas, mas não sei quem eram as duas. Foi uma das
visões mais estranhas que já tive.
- Você parecia estar assustada.
- Não era eu. Era ela... Eram elas.
Havia apenas um corpo. Mas duas caras. - Winona suspirou e tomou outro gole de
vinho. - Presenti que ela estava zangada... muito zangada... mas também
amedrontada.
A visão de Winona deixara Anahí toda
arrepiada.
- Acha que a visão veio de mim? -
perguntou, procurando uma pista para aquele mistério.
- Veio - disse Winona. Ela,
subitamente, parecia preocupada. - E tem mais.
- O que foi?
- Você pode...
Eu acho que... Pode haver algum perigo. - Ela franziu a testa e fechou os
olhos. Após um minuto de silêncio, sacudiu a cabeça. - Nada. Mas pressenti
perigo.
- Bem, talvez algo venha mais tarde.
Quer me mostrar sua horta? Adorava aqueles pequenos tomates que você cultivava
quando eu era criança. E o manjericão, parecia até perfume para mim.
Após admirar a horta, em especial as
abóboras, escolheram uma enorme melancia, colheram-na e Anahí a carregou até os
fundos do trailer.
O local parecia um oásis cheio de
flores e de árvores frutíferas, tão pacífico e agradável quanto o pátio da
frente, atravancado e completamente bagunçado com os objetos do ganha-pão de
Winona.
Durante a refeição, que consistiu em
legumes, pão fresco e queijo de cabra, beberam chá gelado.
Após se fartarem com duas enormes
fatias de melancia de sobremesa, as duas se sentaram em espreguiçadeiras para
conversar.
- Fale-me de sua vida - pediu Winona,
gentilmente. Anahí contou de suas viagens e de seus estudos.
- Você não faz idéia do quanto um
pouco de pesquisa pode revelar a respeito das pessoas nos dias de hoje, até
mesmo dos que viveram há milhares de anos. Provavelmente terei que verificar o
DNA dos ossos encontrados na reserva.
- Os líderes tribais não vão gostar
disso - previu Winona, sem precisar recorrer aos dons mediúnicos.
Anahí franziu a testa.
- Eles deixaram a opinião deles bem
clara. Prometi não fazer nada sem a permissão deles. Disso, quem não
gostou foi Alfonso. Primeiro vou vasculhar bem a área. Pela profundidade das
manchas de terra, os ossos não podem ter sido enterrados há mais de vinte ou
trinta anos. É claro que, à vezes, a natureza pode nos enganar. Eu posso estar
errada.
Elas seguiram conversando. Anahí se
deu conta de que há muitos anos não conversava com alguém daquela maneira, pelo
menos desde que ela e Alfonso costumavam planejar o futuro.
- O que foi? - indagou Winona.
- O quê?
- Algo a deixou triste.
Anahí fitou o rosto marcado. Ela
suspirou e tomou um gole de chá gelado, antes de responder.
- É difícil... retornar ao lugar onde
todos os seus sonhos morreram.
- E morreram mesmo? - Winona perguntou
gentilmente.
- Morreram.
- Mas sempre há recomeços. Você é
jovem demais para desistir da vida.
- Eu não desisti. - Anahí forçou uma
risada. Ela beliscou de leve o braço. - Ai! Está vendo? Ainda estou viva.
Winona sorriu diante da tolice.
- Nenhum homem na Califórnia a
agradou?
O sorriso de Anahí desapareceu.
Subitamente, sentiu a dor da solidão.
- Não - admitiu. - Saí com alguns
homens, mas...
- Mas nenhum deles é o seu verdadeiro
amor.
Com
um gesto impaciente, Anahí afastou uma mecha de cabelo dos olhos. Seu olhar fitou o infinito.
galera sei que essa web é meio cansativa.
mas garanto as vocês que é uma história linda.
você vão gosta.
por isso continuem comentando.
besos!!!
Autor(a): annytha
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obrigados pelo comentários. continuem comentando muito. - Você já esteve apaixonada, Winona? - Todo mundo já se apaixonou uma vez na vida. - Como ele era? - Anahí se endireitou na espreguiçadeira, curiosa a respeito da vida daquela mulher. - Você já foi casada? - Não. Ele era um poeta. El ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 87
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kikaherrera Postado em 15/04/2010 - 00:44:25
Amei a reação do Poncho.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
++++++++++++++++++++++++++
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:56
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rss Postado em 08/04/2010 - 21:21:55
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kikaherrera Postado em 08/04/2010 - 20:51:35
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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kikaherrera Postado em 08/04/2010 - 20:51:27
AYA se casaram novamente que lindo.Estou curiosa para saber a reação do Poncho.
POstaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
kikaherrera Postado em 05/04/2010 - 22:31:15
Que pedido lindo o que o Poncho fez para a Annie.
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa -
rss Postado em 05/04/2010 - 12:25:37
posta maissssssssssssss
pena q/ já tá no final -
rss Postado em 05/04/2010 - 12:25:37
posta maissssssssssssss
pena q/ já tá no final